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CONCURSO PÚBLICO IGP/RS 2017 – PERITO CRIMINAL

EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO IGP/SC Nº 001/2017


PERITO CRIMINAL: GERAL
PROVAS DE CONHECIMENTO ESPECÍFICO: específica a cada um dos cargos da
carreira de Perito Oficial e terá 40 questões.
Entomologia Forense: Conceito, Fauna Cadavérica, Subdivisões da Entomolo
gia Forense e suas Aplicações e Tratamento de Material Entomológico (Coleta,
Transporte, Criação e Identificação). 1-2 Questões.

IESES - Instituto de Estudos Superiores do Extremo Sul


2
Literatura Nacional

3ª Ed. 2011 1ª Ed. 2010 1ª Ed. 2013 1ª Ed. 2014

3
Bibliografia
A brief history of forensic entomology. Benecke M. Forensic Science International
120:2-14 (2001).

Efeito da Temperatura no Controle de Rhyzopertha dominica (F.) (Coleoptera,


Bostrichidae) em grãos de trigo. D.W. Souza; A.N. Vargas; I. Lorini; A.M. Freitas; J.B. Val.
http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/110_20142011_23-49-17_193.PDF

Calliphoridae (Diptera) Coletados em Cadáveres Humanos no Rio Grande do


Norte. Andrade HTA, Varela-Freire AA, Batista MJA, Medeiros JF. Neotropical Entomology
34(5):855-856 (2005).

Cem anos da Entomologia Forense no Brasil (1908-2008). Pujol-Luz JR, Arantes LC,
Constantino R. Revista Brasileira de Entomologia 52(4):485-492, dezembro (2008).

Coprophanaeus lancifer (Linnaeus, 1767) (Coleoptera, Scarabaeidae) activity


moves a man-size pig carcass: Relevant data for forensic taphonomy. Ururahy-Rodrigues A,
Rafael JA, Wanderley RF, Marques H, Pujol-Luz JR. Forensic Science International 182 (2008)
e19–e22.

Effects of temperature on the development and abundance of the Sheep Blowfly


Lucilia sericata (Diptera: Calliphoridae). Walla R, Frencha N, KL Morgana. Bulletin of
4
Entomological Research 82:125-131 (1992).
Forensic Entomology and Main Challenges in Brazil. Gomes L, Von Zuben CJ.
Neotropical Entomology 35(1):001-011 (2006).

Insect Larvae Used to Detect Cocaine Poisoning in a Decomposed Body. KB


Nolte, RD Pinder, WD Lord. Journal of Forensic Sciences 37(4):1179-1185 (1992).

Key to the adults of the most common forensic species of Diptera in South
America. de Carvalho CJB, Mello-Patiu CA. Revista Brasileira de Entomologia 52(3): 390-
406 (2008).

Lessons From the Body Farm. Mertens J. Law Enforcement Technology


30(6):32-38 (2003).

Rate of development of forensically-important Diptera in southern Brazil.


Krüger RF, Kirst FD, de Souza ASB. Revista Brasileira de Entomologia 54(4): 624–629
(2010).

Six forensic entomology cases: description and commentary. Benecke M.


Journal of Forensic Sciences 43(4):797–805 (1998).

The Black Soldier fly Hermetia ilucens (Diptera: Stratiomyidae) as a potential


measure of human postmortem interval: observations and case histories. Lord WD, Goff
ML, Adkins TR. Journal of Forensic Sciences 39(1):215-222 (1994). 5
Entomologia – estudo dos insetos

O que são Insetos?

- São Invertebrados
- Possuem exoesqueleto quitinoso
- Tem duas antenas
- Olhos compostos
- Apresentam 3 pares de patas articuladas
- Tem o corpo dividido em 3 segmentos (cabeça, tórax e abdome)
- Poiquilotérmicos, pecilotérmicos, ectotérmicos ou heterotérmicos

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Grupo animal mais numeroso e diverso
5 – 10 milhões de espécies, só 1 milhão são conhecidas
55% de seres vivos e 3 de cada 4 das espécies de animais

Ocupam quase todos ambientes

Sucesso evolutivo
- Pequeno tamanho corpóreo (diversos habitats, pouco volume de
alimentação)
- Ciclo de vida geralmente curto, reprodução rápida, muitos
descendentes
- Plasticidade fisiológica e alimentar
- Grande capacidade de dispersão (asas e tamanho, ovos,
resistência, transporte...)
7
Relação insetos-homem

Maléfica Benéfica
- Parasitismo - Polinização
- Vetores de doenças - Rec. $$ (alimento,
- Pragas agrícolas apicultura, Sericicultura)
- Pragas urbanas - Chave fundamental na
Cad. Alimentar
- Decomposição da
matéria orgânica
- Desbridamento biológico
https://www.youtube.com/watch?v=Xntdc49nfPQ

8
Entomologia Forense (EF)

9
(*) Entomologia Forense?
EF é o estudo da biologia de insetos, principalmente,
além de outros artrópodes, em casos onde tais seres
(vestígios) sejam respostas para questões criminais
ou cíveis (forum).
- Forensic acarology: an introduction. Exp Appl Acarol. 49(1-2):3-13. 2009.

- Postmortem injuries inflicted by crawfish: morphological and histological


aspects. Forensic Sci Int. 2011 Mar 20;206(1-3):e49-51.

- Artefact in forensic medicine: postmortem rodent activity. J Forensic Sci.


1994;39(1):257-60.

- Post-mortem injuries by a dog: a case report. J Forensic Leg Med.


2010;17(4):216-9.

- Indoor postmortem animal interference by carnivores and rodents: report


of two cases and review of the literature. Int J Legal Med. 1999;112(2):115-
9. (https://www.youtube.com/watch?v=dTkXPe9bzxo). 10
Entomologia Forense
Apresenta diversas aplicações, mas a EF é popularmente
relacionada à insetos e “vermes rastejantes” na cena de
investigações de mortes, principalmente por aparecerem como
astros em programas de TV.

Holometábolos (Gr. holo significa


total e metabolos significa mudança) –
insetos que apresentam metamorfose
completa. O adulto é totalmente
diferente das formas imaturas. Ocorrem
profundas transformações. Adultos não
sofrem mudas de exoesqueleto (ecdise).

No Brasil, porém, é matéria praticamente desconhecida nos


meios policiais e jurídicos, pode ser subestimado/ignorado como
vestígios pelos peritos, pelo próprio desconhecimento e baixa
frequência de uso. 11
12
No Brasil, pouco estudos em cadáveres humanos.
10 (dez) publicações!

- Freire (1914);
- Salviano et al. (1996);
- Carvalho et al. (2000);
- Oliveira-Costa & Lopes (2000);
- Oliveira-Costa et al. (2001);
- Oliveira-Costa & Mello-Patiu (2004);
- Andrade et al. (2005);
- Pujol-Luz et al. (2006);
- Oliveira & Vasconcelos (2010) e
- Kosmann (2011).

OLIVEIRA, Rodrigo Gonçalves de. et al. Entomofauna cadavérica no


Instituto Médico Legal do estado do Rio de Janeiro. Revista Eletrônica
Novo Enfoque, v. 15, p 51-54, 2012.
13
(*) Classificação
(subdivisões da Entomologia Forense)

URBANA

DE PRODUTOS ESTOCADOS

MÉDICO-LEGAL

14
Classificação
URBANA - área cível envolvendo a infestação de
insetos em imóveis, por exemplo cupins em imóveis
PATOLOGIAS; tempo de infestação e se ocorreu antes ou
depois da compra. Árvores que caem, postes de madeira,
etc... CELULOSE (papel, tecido)

15
Ciclo de vida de cupins (ISOPTERA)

Hemimetábolos – Mudança pela metade. Não é total.


Formas imaturas similares ao adulto. 16
Classificação

DE PRODUTOS
ESTOCADOS-
contaminação de produtos.
Geralmente alimentos ou
outros onde a sua presença
não é desejada. O desafio para
a EF seria determinar quando
ocorreu a infestação e qual são
os infestantes.

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*Baratas, formigas e moscas
DE PRODUTOS ESTOCADOS
(Grãos armazenados, produtos acabados, macarrão, biscoito, etc)

- Milho, trigo, sorgo, arroz e feijão...


- Perdas causadas pelos insetos durante o armazenamento pode
equivaler, ou mesmo superar as provocadas pelos insetos a campo.
- A infestação inicia no campo, antes da colheita.
- Diferentes danos (grão, fezes, fungos, ácaros).
- Ga$to$ com controle químico (fosfina, DDT, piretróides...), físico
(temperatura, umidade) e biológico (feromônios, plantas).

INFESTAÇÃO PRIMÁRIA – atacam o grão inteiro e sadio


- Interna – perfuram e penetram para completar ciclo vida
- Externa – destroem exterior, consomem interior, sem ciclo interno

INFESTAÇÃO SECUNDÁRIA – não atacam grão inteiro e sadio,


dependem de outros para atacar grãos partidos, ou já danificados.

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- Consumo humano X consumo animal
- Tolerância de acordo com a sociedade
- Milho a granel e em sacaria a perda é pequena, mas espiga...
- Redução valor nutritivo

19
Gorgulho ou caruncho do milho
(Sitophilus zeamais e S. oryzaes)
COLEOPTERA

20
Traça dos cereais (Sitotroga cerealella)
LEPIDOPTERA

21
Broca pequena do grão (Rhyzopertha dominica)
COLEOPTERA

22
Classificação
MÉDICO-LEGAL – envolve a área criminal, como no
estudo e pesquisa em mortes violentas.

23
Miíases (berne?)
Infecção de pele causada por larvas de moscas em tecidos
cutâneos necrosados ou não.
Se alimentam de tecido vivo (BIONTÓFAGAS).
Qualquer vertebrado!
Áreas tropicais e subtropicais, subdesenvolvidos, precariedade(?)

Bicheira X Berne
Pele ferida recente Pele íntegra
Vários ovos Ovos transportados
Em cada ferimento várias larvas Uma larva por orifício
Penetração profunda, órgãos Penetração subcutânea

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Miíase primária (berne) – ovos sobre a pele sadia,
eclodem e larvas invadem tecidos subcutâneos. Dermatobia
hominis e Callitroga americana. Cada larva fica em seu próprio
orifício. Ovos transportados por artropodes ou sobre vegetação.
Cutânea ou furunculosa

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Miíase secundária (bicheira) – Adulta ovoposita junto
a feridas abertas ou cavidades. Penetração pode ser profunda
CAVITARIA. Cochliomyia hominivorax. Várias larvas em um
mesmo orifício.

Miíase acidental ou pseudo miíase – quando se ingere um alimento


que esteja infectado por larvas de mosca. Raro.
Stratyomidae (Hermetia illuscens); Syrphidae; Muscidae;
Tephritidae (bicho de goiaba).
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Perito Criminal RJ/2013

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Histórico
China, século XIII, (1235)
Sung T’zu (The washing
away of wrongs)
homicídio nas cercanias
de uma plantação de arroz

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Uma parte do capítulo 5 do Sung T’zu. Caso resolvido com ajuda dos insetos
29
Francesco Redi 1668 Geração Espontânea

Louis François
Etienne Bergeret
(1814-1893)

1855, criança no piso

Moradores atuais Moradores anteriores


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(*) FAUNA CADAVÉRICA
1894 - Jean Pierre Mégnin (1828 – 1905)

- Insetos que visitam cadáveres (8


legiões)
- Sucessão de modo previsível no
padrão europeu.
- No processo de decomposição
(até 3 anos)
Europa

Mas e no Brasil?
- Área territorial (latitude)
- Clima
- Entomofauna
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As oito legiões (Padrão de sucessão)
Legionários da morte preparando o terreno para outros grupos

1ª Legião – dípteros da espécies Musca domestica, Muscina


stabulans e Calliphora vomitoria, aparecem de 8 - 15 dias e vão até
o surgimento dos ácidos graxos.

2ª Legião – Lucilia coesar, Sarcophaga carnaria, S. arvensis, S.


latricus, Cynomya mortuorum, permanecem de 15-30 dias de
acordo com a temperatura ambiental, surgindo tão logo o odor
fétido inicie.
3ª Legião – Dermestes lardarius, D. frischii, D. undulatus, Aglossa
pinguinalis. Desenvolvem-se num período de 20 a 30 dias, três a seis
meses após a morte e caracterizam-se por uma avidez de destruição.

4ª Legião – Pyophila patasionis, Antomhya vicina, e os coleópteros


da espécies Necrobia coeruleus, Necrobia ruficollis, surgem depois
da fermentação butírica da matérias graxas.
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5ª Legião – Tyreophora cynophila, T. furcata e T. anthropophaga
Lonchea nigrimana, Ophyra cadaverina, Phora aterrina,
Necrophorus humator, Silpha littoralis, Silpha obscura, Hister
cadaverinus, Saprinus rotundatus. Aparecem na fase de liquefação
enegrecida das substâncias que foram consumidas pelas legiões
anteriores.
6ª Legião – Uropoda nummularia, Tyroglyfus cadavennus,
Glyciphagus cursor, glycyphagus spinipes, Trachynotus siro,
Serrator necrophagus, Coepophagus e Achinopus. Absorvem
todos humores que ainda restam dos cadáveres, deixando-o
completamente dissecado e mumificado.
7ª Legião – Aglossa cuprealis, Tineola biseliela, Tinea pellionela,
Attagenus pellio, Anthrenus museorum que destroem os
ligamentos e tendões. Seu aparecimento ocorre entre doze e vinte
e quatro meses.

8ª Legião – Tenebrio obscurus e Plinus bruneis que consomem


todos detritos que os outros insetos deixaram e cuja fase se realiza
em torno de três anos após a morte.
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Podemos dividir as legiões em quatro grupos

Primeiro – são as espécies necrófagas, 1ª e 2ª legiões,


dípteros e coleópteros.

Segundo – insetos que predam os necrófagos,


dificultam o IPM, 3ª legião.

Terceiro – espécies que são necrófagas e predadoras,


4ª e 5ª legiões.

Quarto – ácaros , coleópteros, cadáver como habitat,


6ª, 7ª, e 8ª legiões.

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Brasil
Início do século XX, algumas pesquisas
Resultados promissores
Dificuldades: carência de dados taxonômicos e biologia

Edgar Roquete-Pinto (1884-1954) estudos RJ (1908)


Oscar Feire (1914 a 1923) estudos na Bahia
Depois um grande esquecimento...
Lançaram as bases da EF nos trópicos.

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Registraram a diversidade da fauna de insetos necrófagos em
regiões de Mata Atlântica, então ainda bastante preservadas.

Tais trabalhos foram realizados pouco tempo depois da


publicação do livro de Mégnin (1894), e chamaram a atenção
por postura crítica e seu esforço em desenvolver métodos
adequados às condições locais do Brasil.

Oscar Freire 1923


(1) Não há exclusivismo de espécies de insetos para cada fase da
putrefação;
(2) É fator de importância a concorrência vital entre os necrófagos;
(3) Influi na sua presença ou na sua ausência a riqueza em espécies e
gêneros da região, a distribuição geográfica;
(4) Não há isocronismo dos períodos da decomposição cadavérica, e
(5) Uma cronologia precisa é impossível (Freire 1914b, 1923; Pessôa
& Lane 1941).
36
FATORES QUE INTERFEREM NO COLONIZAÇÃO
• Condições atmosféricas como temperatura e umidade do ar no local
• Exposição ou não do corpo ao sol
• O tamanho e peso do corpo
• A quantidade de roupas sobre o corpo
• Tipo de solo (úmido, seco, com vegetação, pavimentado, etc.) sobre o qual o
corpo se encontra
• Fauna entomológica da região (urbana, rural, litoral, interior, etc.)
• Localização do corpo (local aberto, local fechado, porta-malas, sótãos e forros...)
• O tempo de ovoposição dos insetos/artrópodes
• Calor metabólico da massa de larvas
• Capacidade de dispersão das larvas e pupas
• Competição intra e inter-específicas entre os insetos e outros animais
• Ferimentos presentes e expostos na carcaça
• Drogas/medicamentos utilizados pela vítima
• Variações sazonais
• Localização geográfica/latitude
• Espécie de animal a que pertence o cadáver

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Classificação da fauna frequentadora de cadáveres

Necrófagos – adultos ou imaturos se alimentam dos tecidos


(Dípteros, Coleópteros e Lepidópteros).

Omnívoros – se alimentam tantos dos tecidos em


decomposição, quanto da fauna associada (Himenópteros
Coleópteros).

Parasitas e predadores – parasitas se utilizam do corpo da


fauna para se desenvolver. Predadores se alimentam de
estágios imaturos de necrófagos. (Coleópteros, Dípteros,
Ácaros, Himenópteros e Dermápteros).

Acidentais – encontram o cadáver por acaso, por estar em


meio a seu habitat natural (colêmbolos, percevejos, aranhas,
centopeias, tatuzinhos...)
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Grupos de interesse forense mais encontrados

DÍPTEROS - são as moscas. Principal e mais


abundante grupo de interesse forense
CALLIPHORIDAE – geralmente coloração com reflexo
metálico (azul, violeta, verde ou cobre) principalmente no
abdome
SARCOPHAGIDAE – comumente de cor cinza com 3 listras
longitudinais no corpo, muitas cerdas e olhos vermelhos,
abdome geralmente ornamentado no padrão xadrez com
brilho acinzentado ou enegrecido
MUSCIDAE - Musca domestica

COLEÓPTEROS – segundo maior grupo de


interesse forense. Necrófagos e predadores. Em
geral, ocorrem mais tarde que os dípteros
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HIMENOPTERA (formigas)

Lesões serpentiformes, pontuadas, de coloração do amarelo ao


marrom, remoção da camada de pele superficial, como
arranhões, que evoluem até a remoção da camada de tecidos
subjacentes. Em alguns casos o destacamento da pele forma um
amontoado de pele similar aqueles encontrados em cadáveres
em estágio de decomposição mais avançado

- As mandíbulas das formigas produzem lesões nos


vasos mais superficiais, causando sangramento pós morte.

- Também há lesões químicas, similares as às produzidas


em vida por queimadura de ácido, ou cigarro, Solenopsis sp,
produz trilhas de forrageamento evidenciada pelo ácido fórmico.

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ARTEFATOS!

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ARTEFATOS!

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ARTEFATOS!

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ARTEFATOS!

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Larvas de
dípteros

Larvas de
coleópteros

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Padrão de sucessão entomológica,
principais ordens de Interesse forense

“Este estudo poderá ser feito em relação aos


cadáveres expostos ao ar livre e aos cadáveres
inumados; no entanto, apenas na primeira condição
reside a importância da determinação da cronologia da
morte.” França, 2015.

55
Padrão de Sucessão Entomológico
- Carcaça = ecossistema
- Preferência de cada espécie por determinada fase
- Cautela ao comparar dados de diferentes regiões e
espécie de carcaças

56
Noções médico-legais para a cronotanatognose
“Vários são os fatores internos e externos que influenciam na
marcha da morte, e por isso sua cronologia varia de caso para
caso” França, 2015.

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(*) Aplicações da Entomologia Forense

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ENTOMOTOXICOLOGIA

Midazolan ?
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- Culex pipiens pallens and Aedes albopictus
- 48 h, terceiro dia já há degradação/digestão

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Entomologia Forense Molecular

- Para correta utilização da EF, a id é essencial.


- Dificuldades na id, chaves antigas, imaturos...
- DNA do inseto para id. de espécies. 1994
- DNA humano em insetos hematófagos e necrófagos
- Fragmentos insetos, exúvias, pupários vazios...
- 18 spp de dípteros de interesse forense têm suas
sequências gênicas disponíveis on line.

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Bakersfield, USA, (west coast)

Família brutalmente assassinada!!


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Suspeito

Álibi – Columbus, Ohio (Costa leste)


Recibos de cartões, registros, carro alugado...
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7.000Km rodados!!
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7.000Km rodados!!
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Carro lavado, mas insetos no radiador...
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Bases de dados entomológicos robustas
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INVESTIGAÇÃO SOBRE ORIGEM GEOGRÁFICA DE AMOSTRAS DE Cannabis sativa (LINNAEUS) POR
MEIO DE FRAGMENTOS DE INSETOS ASSOCIADOS À DROGA PRENSADA: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO. Marcos Patrício Macedo, 2010.
78
Crosby, T. K.; J. C. Watt; A. C. Kistemaker & P. E. Nelson. 1986. Entomological identification of the
origin of imported Cannabis. Journal of the Forensic Science Society 26: 35:44.
79
Estimativa de intervalo post mortem
(IPM) por entomologia
Estimativa do tempo de morte – também chamada de intervalo post
mortem é um dos assuntos mais complexos da ML. (França, 2015)

Dado pela estimativa de idade de um inseto (Muscóide) associado


a um corpo em decomposição (!).
- Deve ser usado o estágio larval mais velho encontrado =
primeiras posturas

80
Há basicamente 3 métodos de estimativa:
- o fisiológico (fatores intrínsecos como enzimas)
- o curvilíneo (temperaturas extremas ↑ e ↓)
- o linear (grau-hora ou grau-dia acumulado)

GDA
Relaciona dados de desenvolvimento de espécies criadas em
laboratórios com condições ambientais da mesma espécie
encontrada sobre o cadáver.
- Conceito utilizado primeiro na entomologia agrícola
- Em 1991 passou a ser usado na EF

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Grau-dia acumulado (GDA)
O GDA é um conceito de tempo e temperatura, como a idade dos
espécimes coincide essencialmente com o calor acumulado
durante o seu desenvolvimento, este conceito pode ser usado para
estimativa de IPM.

Apesar de vários fatores que podem


influenciar o desenvolvimento, o
processo depende basicamente da
temperatura. Insetos são animais
pecilotérmicos
82
Grau-dia acumulado (GDA)
Diferentes espécies requerem um n° definido de GD para
completar seu desenvolvimento e cada estágio tem seu
próprio requerimento total de calor.

GHA Esperado = (25° - 10°) x T desenvolvimento (h)


GDA Esperado = GHA/24 83
GHA Esperado = (25° - 10°) x T desenvolvimento (h)
GDA Esperado = GHA/24 84
QUESTÃO 78 – Atualmente os métodos mais utilizados para a estimativa de
Intervalo Pós Morte Entomológico empregam os cálculos de Grau-Dia Acumulado
(GDA) e Grau-Hora Acumulado (GHA), pois eles diminuem o peso das diferenças
de temperatura entre as diferentes regiões. Em uma localidade do Rio Grande do
Sul, insetos da espécie Chrysomya albiceps presentes em um cadáver levaram 20
dias para se desenvolver da incubação do ovo até a emergência do adulto a uma
temperatura média de 23ºC e uma temperatura limiar de 13ºC. Se pudermos
utilizar o GDA inferido nesse primeiro caso para analisar um outro caso de morte
violenta, similar ao anterior, envolvendo o mesmo inseto e a mesma temperatura
limiar, em uma outra localidade no estado de Mato Grosso, cuja temperatura
média do período foi de 33ºC, provavelmente, quantos dias seriam estimados de
IPM, considerando o intervalo de tempo entre a incubação do ovo até a
emergência do adulto e ignorando outros fatores que por ventura pudessem
influenciar o desenvolvimento do inseto?

A) 5 dias.
B) 8 dias.
C) 10 dias.
D) 15 dias.
E) 20 dias.

GHA Esperado = (25° - 10°) x T desenvolvimento (h)


GDA Esperado = GHA/24 85
GHA x GDA

Cálculo de grau hora acumulada (GHA). Quando médias diárias


de temperatura são convertidas em grau-hora. Para Higley &
Heskel (2001), esse nível de exatidão não existe, pois a
acumulação termal da meia-noite ao meio dia não é a mesma
do meio dia à meia-noite. Para utilizar (GHA) é necessário ter
os dados horários de temperatura disponíveis (o que é raro
acontecer na prática forense).

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(*) Coleta, transporte, criação e identificação

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Coleta, transporte, criação e identificação
Coleta de adultos – usar rede entomológica ou puçá + anestésico (éter,
acetato de etila). Armadilha adesiva (1m do copo). Sacos adaptados. Insetos
mais lentos podem ser coletados com pinça. Guardar separados para evitar
predação. Conservar em álcool 70%. Etiqueta com dados – Cadeia de
custódia.

91
Coleta, transporte, criação e identificação

Coleta de imaturos – Chegada! Localização (!). Com pinças ou pinceis.


No caso de ovos o recipiente deve ter papel filtro umedecido. Para larvas deve
conter fonte de alimentação. Coletar larvas de diferentes instares. Buscar 5m
distante do cadáver. Anotar a cor do pupário e pupários vazios. Coletar
amostras de solo. Etiqueta dados

Acondicionamento e Transporte (máx. 12h)


Adultos – manter em álcool 70%
Pupas – frasco com vermiculita , seragem e solo local não
furar a tampa;
Larvas - 50% vivas em frascos com vermiculita e alimento, não
perfurar a tampa;
- 50% mortas (em água quente 70°) e conservar em
álcool 70%;
Ovos – em placa de Petri com papel filtro úmido;

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Coleta, transporte, criação e identificação

93
Coleta, transporte, criação e identificação

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96
QUESTÃO 79 – A Entomologia Forense é a ciência que aplica os
conhecimentos relativos à Biologia e Ecologia dos insetos com objetivo de
esclarecer questões de interesse para a justiça. Os insetos podem auxiliar
a elucidar casos de morte violenta, maus tratos, origem de entorpecentes,
infestações em alimentos e pragas urbanas. Em relação aos principais
grupos de insetos de interesse forense, relacione a Coluna 1 à coluna 2.
Coluna 2
( ) Díptero de coloração verde-azulada ou roxa e com
Coluna 1
espiráculo protorácico escuro, relacionado por diferentes
1. Chysomya albiceps.
autores, como componente da fauna cadavérica nas fases
2. Cochliomya hominivorax.
iniciais da decomposição.
3. Chysomya megacephala.
( ) Insetos associados à produção de lesões pós-morte
4. Bostrichidae.
irregulares e extensas em tecidos moles e
5. Coprophanaeus lancifer.
desmembramentos de apêndices esqueléticos.
( ) Insetos cujas fêmeas adultas ovipõem em animais
A ordem correta de vivos e os imaturos se desenvolvem como parasitas
preenchimento dos alimentando-se de tecidos vivos produzindo miíases em
parênteses, de cima humanos.
para baixo, é: ( ) Díptero de cor verde-dourada, com espiráculo
protorácico branco e frequentemente associado com as
A) 3 – 5 – 2 – 1 – 4.
fases iniciais da decomposição cadavérica.
B) 1 – 4 – 5 – 3 – 2. ( ) Insetos conhecidos por infestar diferentes tipos de
C) 2 – 5 – 1 – 4 – 3. alimentos produzidos a partir de cereais, em especial o
D) 5 – 3 – 2 – 4 – 1. trigo.
E) 3 – 1 – 5 – 2 – 4.
97
The Body Farm. Centro de Antropologia Forense da
Universidade do Tennessee foi inaugurada pelo Dr. William
Bass em 1971.

98

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