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SistemasAquiferoPortugal Ficha M12 Almeida
SistemasAquiferoPortugal Ficha M12 Almeida
Identificação
Unidade Hidrogeológica: Orla Meridional
Bacia Hidrográfica: Ribeiras do Sotavento
Distrito: Faro
Concelhos: Faro, Loulé e Olhão
Enquadramento Cartográfico
Folhas 606, 607, 610 e 611 da Carta Topográfica na escala 1:25 000 do IGeoE
Folha 53-A do Mapa Corográfico de Portugal na escala 1:50 000 do IPCC
Folha 53-A da Carta Geológica de Portugal na escala 1:50 000 do IGM
ALPORTEL
TAVIRA
LOULÉ FARO
606
607
53A OLHÃO
610
611
Enquadramento Geológico
Estratigrafia e Litologia
Praticamente, toda a área ocupada pelo sistema corresponde a uma plataforma bastante
plana, ocupada na sua maior parte pela formação Areias de Faro-Quarteira. O Miocénico
subjacente aflora apenas nalguns locais, sendo a área de afloramento bastante reduzida.
Trabalhos de prospecção geofísica, realizados por Geinaert et al. (1982), indicam que a
espessura pode ultrapassar os 300 m, aumentando para Sul. O sector mais espesso, situado na
Campina, é limitado lateralmente por falhas, uma acompanhando de perto a estrada Faro-
Portimão, prolongando-se até Patacão e outra situada perto dos limites com as formações
cretácicas a leste, nas imediações de Conceição. Para oeste da falha Faro-Patacão a espessura
do Miocénico reduz-se consideravelmente.
(Silva, 1988)
Tectónica
As formações que constituem o sistema aquífero da Campina de Faro fazem parte de uma
estrutura monoclinal com inclinação suave para sul. No entanto, como já foi referido,
Antunes e Pais (1987) consideram uma deformação importante na Campina de Faro que
justificaria a aparente grande espessura do Miocénico nessa região. Os depósitos quaternários
assentam em discordância angular sobre os miocénicos e são sub-horizontais.
Hidrogeologia
Características Gerais
O sistema aquífero da Campina de Faro é limitado a Norte pelas formações menos
permeáveis do Cretácico; estende-se para leste até Olhão e para Oeste contacta com o Sistema
Aquífero de Quarteira, sendo provável a existência de conexão hidráulica entre eles. A Sul, é
limitado pelo mar. A sua área é de 86,4 km2 .
Os depósitos plistocénicos suportam um aquífero livre superficial. As formações
subjacentes, miocénicas, abrigam um aquífero confinado multicamada. As observações de
campo e a análise dos dados referentes a sondagens efectuadas neste sistema, apontam para a
independência entre os dois aquíferos. Em apoio desta afirmação podemos referir um ensaio
prolongado, efectuado numa captação implantada no Miocénico, com observações num furo
captando apenas as formações detríticas no qual não se observou nenhuma variação de nível.
Por outro lado, os dados referentes a uma antiga campanha de sondagens indicam a existência
de vários furos com artesianismo repuxante, situação essa que indica a presença de uma
camada confinante, entre os dois aquíferos. No entanto, não se pode pôr de lado a hipótese de
existir conexão hidráulica nalguns sectores, devido à inexistência dessa camada confinante.
Há que referir, ainda, a conexão hidráulica que foi estabelecida em muitas captações,
nomeadamente nas antigas noras que captavam o aquífero superficial, no fundo das quais
foram, posteriormente, executados furos para captar o Miocénico. Essa conexão poderá ter
uma importância muito grande, pois permite a contaminação do aquífero miocénico,
relativamente bem protegido, por águas do aquífero superficial, muito vulnerável à
contaminação devido às actividades agrícolas e pecuárias.
O aquífero superficial recebe recarga directa a partir das precipitações. Devido à quase
inexistência de afloramentos, o Miocénico terá que ser recarregado de forma indirecta. Parte
da recarga far-se-á através do leito das linhas de água, nomeadamente através da ribeira do
Rio Seco. De facto, neste curso de água, foram efectuadas medidas de caudal, em vários
locais, que mostraram uma diminuição progressiva de caudal, para jusante da povoação de
Estoi, verificando-se perdas, dependentes do caudal da ribeira, que poderão atingir os 100%
nalgumas situações. Por exemplo, em 1985, efectuaram-se duas medições que indicaram
perdas, ao longo da referida ribeira, superiores a 100 L/s.
Pensa-se, no entanto, que esta não será a origem mais importante da recarga do Miocénico
da Campina. Tudo indica que existirão transferências importantes a partir dos calcários
jurássicos situados mais a norte. A conexão hidráulica entre estes calcários e o Miocénico
seria feita em zonas onde a presença de falhas, ou outros condicionalismos estruturais,
levassem à ausência das formações cretácicas menos permeáveis. Como zonas suspeitas de
apresentar estas características, destacam-se a área entre a Navalha e Gambelas, a Oeste de
Faro, e o corredor que acompanha o curso superior da ribeira do Rio Seco, a Norte de
Conceição. Em relação à existência de falhas, a área correspondente à do Sistema Aquífero é
atravessada por vários acidentes extensos, de orientação principal NNW-SSE a NNE-SSW,
que foram reconhecidas em trabalhos de campo e/ou em estudos de prospecção geofísica.
Desvio
Média Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo
padrão
7,0 4,8 0,4 4,2 6,0 8,0 44
611/115
8
Nível Piezométrico (m)
6
4
2
0
-2
-4
-6
Aug-78
Aug-79
Aug-80
Aug-81
Aug-82
Aug-83
Aug-84
Aug-85
Aug-86
Aug-87
Aug-88
Aug-89
Aug-90
Aug-91
Aug-92
Aug-93
Aug-94
Aug-95
Aug-96
Aug-97
Aug-98
Aug-99
606/647
10
8
Nível Piezométrico (m)
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
Mar-78
Mar-79
Mar-80
Mar-81
Mar-82
Mar-83
Mar-84
Mar-85
Mar-86
Mar-87
Mar-88
Mar-89
Mar-90
Mar-91
Mar-92
Mar-93
Mar-94
Mar-95
Mar-96
Mar-97
Mar-98
Mar-99
Figura M12.6 – Evolução do Nível Piezométrico no piezómetro 606/647
Balanço Hídrico
As entradas no sistema são constituídas pela recarga directa, por perdas nos cursos de água,
e por eventuais transferências a partir doutros sistemas. A recarga directa provavelmente não
excederá, em média, os 10 hm3 /ano, tendo em conta a área do sistema que é de cerca de
86 km2 , a precipitação média de cerca de 550 mm e a taxa de recarga das Areias e
Cascalheiras de Faro-Quarteira, que deverão situar-se entre 15 e 20% da precipitação. Quanto
às outras contribuições, a sua quantificação é ainda mais difícil de obter, mas deverão
aproximar-se do valor necessário para fechar o balanço hídrico, pois é de admitir que o
sistema se encontre em equilíbrio, dado que os níveis médios tendem a ser mantidos,
exceptuando o caso já referido.
As saídas para abastecimento público tiveram um máximo em 1994, ano em que atingiram
2,3 hm3 . A partir desse ano decresceram, situando-se em 1997 em cerca de 1 hm3 . As
extracções para rega estimam-se em cerca de 12 hm3 /ano com base nos inventários da
DRAOT Algarve.
Qualidade
Considerações Gerais
Sob o ponto de vista de qualidade química das águas subterrâneas, a Campina de Faro
representa um caso paradigmático da influência de processos de contaminação devidos
fundamentalmente à agricultura intensiva (Almeida e Silva, 1987, Silva et al., 1986). Esses
processos antropogénicos, aliados a processos naturais, dão origem a águas com uma qualidade
bastante deficiente, tornando-a, em muitas áreas imprópria para consumo, sem um adequado
tratamento, e, mesmo imprópria para outros fins, incluindo a rega. Tratando-se de um sistema
multiaquífero, verificam-se diferenças acentuadas entre o quimismo do aquíferos superior livre
e do inferior confinado. Dada a dificuldade de estabelecer com segurança quais as amostras
provenientes exclusivamente de um ou do outro aquífero, faz-se a caracterização em conjunto.
Os VMRs são ultrapassados, praticamente, em todos os iões maioritários e condutividade e
os VMAs relativos aos Nitratos, Sódio, Dureza total e Magnésio, são ultrapassados numa
percentagem considerável de furos.
As fácies predominantes são a bicarbonatada cálcica, cloretada sódica e mistas (Figura
M12.8). As principais estatísticas relativas às águas deste sistema são apresentadas no Quadro
M12.2.
Campina de Faro
A DRAOT Algarve monitoriza quatro pontos relativamente aos nitratos e fazendo a análise
de tendências deste parâmetro, verifica-se que apenas num ponto (referência 611/201) se
observa um aumento regular com uma taxa de cerca de 7 mg/L, por ano, a partir de 1991.
Uso Agrícola
A maioria das águas analisadas pertence às classes C3 S1 (78%) e as restantes à classe C2 S1
(22%) pelo que representam risco de alcalinização dos solos baixo e risco de salinização
médio a alto (ver Figura M12.8). Quanto aos parâmetros fisico-químicos, nenhum excede o
VMA. A condutividade excede o VMR em cerca de 40% dos casos e os cloretos excedem
aquele limite em cerca de 85% das análises e os nitratos em 86%.
Bibliografia
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