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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

L477f Leet, Kenneth M.


Fundamentos da análise estrutural [recurso eletrônico] /
Keneth M. Leet, Chia-Ming Uang, Anne M. Gilbert ; tradução:
João Eduardo Nóbrega Tortello ; revisão técnica: Pedro V. P.
Mendonça. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2010.

Editado também como livro impresso em 2009.


ISBN 978-85-63308-34-4

1. Engenharia – Análise estrutural. I. Uang, Chia-Ming. II.


Gilbert, Anne M. III. Título.

CDU 624

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Seção 5.7     Grau de indeterminação 207

A
Ax

B 90° C D
Bx

By CL CR Dy

Figura 5.32

5.7 Grau de indeterminação


Em nossa discussão anterior sobre estabilidade e indeterminação, no Foto 5.2: Duas colunas inclinadas de um pórtico
Capítulo 3, consideramos um grupo de estruturas que podiam ser tratadas rígido de concreto armado. O pórtico suporta uma
como um único corpo rígido ou como vários corpos rígidos com libera- ponte estaiada.
ções internas fornecidas por rótulas ou rolos. Agora, queremos ampliar
nossa discussão para incluir pórticos indeterminados — estruturas com-
postas de barras que transmitem cortante, carga axial e momento em
determinada seção. As abordagens básicas discutidas no Capítulo 3 ainda
se aplicam. Iniciaremos considerando o pórtico retangular da Figura
5.33a. Essa estrutura de nós rígidos, fabricada a partir de uma única barra,
é suportada por um apoio de pino em A e um rolo em B. No ponto D,
existe uma pequena abertura entre as extremidades das barras que separa
a viga em balanço dos nós C e E. Como os apoios fornecem três restrições
que não formam um sistema de forças paralelas nem concorrentes, con-
cluímos que a estrutura é estável e determinada; isto é, estão disponíveis
três equações da estática para calcular as três reações de apoio. Após as
reações serem avaliadas, as forças internas — cortante, axial e momento — Foto 5.3: Barras inclinadas de um pórtico rígido
em qualquer seção podem ser avaliadas, passando-se um plano de corte fabricado com placas de aço.
pela seção e aplicando-se as equações de equilíbrio no diagrama de corpo
livre em qualquer lado do corte.
Se as duas extremidades da viga em balanço fossem agora conectadas
pela inserção de uma rótula em D (ver Figura 5.33b), a estrutura não seria
mais estaticamente determinada. Embora as equações da estática nos
permitam calcular as reações para qualquer carga, as forças internas den-
tro da estrutura não podem ser determinadas, pois não é possível isolar
uma seção da estrutura como um corpo livre que tenha somente três for-
ças desconhecidas. Por exemplo, se tentarmos calcular as forças internas
na seção 1-1, no centro da barra AC na Figura 5.33b, considerando o
208 Capítulo 5     Vigas e pórticos

Figura 5.33: (a) Pórtico estável externamente


P C D E P C D
determinado; (b) pórtico internamente indetermi-
nado no segundo grau; (c) corpo livre do canto
superior esquerdo do pórtico articulado; (d) anel
fechado internamente indeterminado no terceiro M
grau; (e) corpo livre do canto superior esquerdo
do anel fechado (veja d).
V
F
A B

(a)

P C D E P C
Dx

rótula
M Dy
1 1
V
F
A B (c)

(b)

3 MD Dy
P C D E P C
Dx

M
2 2
V
F
A B
(e)

(d)

equilíbrio do corpo livre que se estende da seção 1-1 até a rótula em D


(ver Figura 5.33c), deverão ser avaliadas cinco forças internas — três na
seção 1-1 e duas na rótula. Como só estão disponíveis três equações da
estática para sua solução, concluímos que a estrutura é indeterminada no
segundo grau. Podemos chegar a essa mesma conclusão reconhecendo
que, se removermos a rótula em D, a estrutura se reduzirá ao pórtico
determinado da Figura 5.33a. Em outras palavras, quando conectamos as
duas extremidades da estrutura com uma rótula, uma restrição horizontal
e uma restrição vertical são adicionadas em D. Essas restrições, que for-
Seção 5.7     Grau de indeterminação 209

necem caminhos de carga alternativos, tornam a estrutura indeterminada.


Por exemplo, se uma força horizontal é aplicada em C no pórtico deter-
minado da Figura 5.33a, a carga inteira deve ser transmitida pela barra CA
para o pino em A e para o rolo em B. Por outro lado, se a mesma força é
aplicada no pórtico da Figura 5.33b, uma porcentagem da força é transfe-
rida pela rótula no lado direito da estrutura para a barra DE e, então, pela
barra EB para o pino em B.
Se as duas extremidades do pórtico em D forem soldadas para formar
uma barra contínua e maciça (ver Figura 5.33d), essa seção terá capaci- A B
dade de transmitir momento, assim como cortante e carga axial. A adição
de restrição de curvatura em D aumenta para três o grau de indetermina- (a)
ção do pórtico. Conforme mostrado na Figura 5.33e, um corpo livre típico
de qualquer parte da estrutura pode desenvolver seis forças internas des-
conhecidas. Com apenas três equações de equilíbrio, a estrutura é inter-
namente indeterminada no terceiro grau. Resumindo, um anel fechado é
internamente indeterminado estaticamente no terceiro grau. Para estabe-
lecer o grau de indeterminação de uma estrutura composta de vários anéis
fechados (um pórtico de construção de aço soldado, por exemplo), pode- A B
mos remover restrições — internas ou externas — até que permaneça uma MB
estrutura de base estável. O número de restrições removidas é igual ao
(b) Bx
grau de indeterminação. Esse procedimento foi apresentado na Seção By
3.7; consultar Caso 3.
Para ilustrar esse procedimento de estabelecer o grau de indetermina-
ção de um pórtico rígido pela remoção de restrições, consideraremos o M V M
pórtico da Figura 5.34a. Ao avaliar o grau de indeterminação de uma
estrutura, o projetista sempre tem uma variedade de opções com relação F F
V
às restrições que devem ser removidas. Por exemplo, na Figura 5.34b,
podemos imaginar que o pórtico é cortado exatamente acima do engaste
em B. Visto que essa ação remove três restrições, Bx, By e MB, mas deixa
uma estrutura estável em forma de U conectada no engaste em A, concluí­
mos que a estrutura original é indeterminada no terceiro grau. Como
procedimento alternativo, podemos eliminar três restrições (M, V e F) (c)
cortando a viga mestra em meio vão e deixando duas vigas em balanço
estáveis e determinadas em forma de L (ver Figura 5.34c). Em outro
exemplo (ver Figura 5.34d), uma estrutura de base estável e determinada
pode ser estabelecida pela remoção da restrição de momento em A (fisi-
camente equivalente a substituir o engaste por uma articulação fixa) e
MA MB
pela remoção da restrição de momento e horizontal em B (o engaste é
substituído por uma articulação móvel). Bx
Como segundo exemplo, estabeleceremos o grau de indeterminação
do pórtico da Figura 5.35a removendo restrições internas e externas. (d)
Como um de muitos procedimentos possíveis (ver Figura 5.35b), pode-
mos eliminar duas restrições removendo completamente a articulação
fixa em C. Uma terceira restrição externa (resistência ao deslocamento Figura 5.34: Estabelecendo o grau de indetermi-
horizontal) pode ser removida pela substituição da articulação fixa em B nação pela remoção de apoios até que reste uma
por uma articulação móvel. Neste estágio, já removemos restrições sufi- estrutura estável e determinada. (a) Um pórtico
com extremidades engastadas; (b) o engaste em B
cientes para produzir uma estrutura externamente determinada. Se agora removido; (c) a viga mestra cortada; (d) articula-
cortarmos as vigas mestras EF e ED, removendo mais seis restrições, ções móvel e fixa usadas para eliminar restrição de
restará uma estrutura estável e determinada. Como no total foram remo- momento e horizontal em B e o momento em A.
210 Capítulo 5     Vigas e pórticos

G H I vidas nove restrições, a estrutura é indeterminada no grau nono. A Figura


5.36 mostra várias estruturas adicionais, cujo grau de indeterminação foi
avaliado pelo mesmo método. Os estudantes devem verificar os resulta-
dos para conferir sua compreensão desse procedimento.
F D Para o pórtico da Figura 5.36f, um método para o estabelecimento do
E
grau de indeterminação é considerar a estrutura da Figura 5.35a com as
três articulações fixas em A, B e C substituídas por engastes. Essa modi-
A
ficação produziria uma estrutura semelhante àquela mostrada na Figura
B C
5.36f, mas sem as rótulas internas. Essa modificação aumentaria os graus
(a) de indeterminação estabelecidos anteriormente de 9 para 12. Agora, a
adição de oito rótulas para produzir a estrutura da Figura 5.36f removeria
oito restrições de momento internas, produzindo uma estrutura estável e
indeterminada no quarto grau.

3 3

1 2

(b)

Figura 5.35: (a) Pórtico a ser avaliado; (b) remo-


ção de restrições (os números na figura se refe-
rem ao número de restrições removidas nesse (a) (b)
ponto para produzir a estrutura de base).

tirante

(c) (d ) (e)

Figura 5.36: Classificação de pórticos rígidos.


(a) Estável e determinado, 3 reações, 3 equações
da estática; (b) arco sem articulação, indetermi-
nado no terceiro grau, 6 reações e 3 equações da
estática; (c) indeterminado no primeiro grau, 3
reações e 1 força desconhecida no tirante, 3 equa-
ções da estática; (d) indeterminado no sexto grau
(internamente); (e) estrutura estável e determi-
nada, 4 reações, 3 equações da estática e 1 equa-
ção de condição na rótula; (f ) indeterminado no
quarto grau; (g) indeterminado no sexto grau. (f) (g)

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