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Teorias Sociológicas Da Criminalidade (Macrossociologia) - Teorias Do Consenso e Do Conflito
Teorias Sociológicas Da Criminalidade (Macrossociologia) - Teorias Do Consenso e Do Conflito
TEORIAS
SOCIOLÓGICAS
DA
CRIMINALIDADE
@prof.diegopureza
/profdiegopureza
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Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Teorias Sociológicas da Criminalidade
Sumário
Teorias de nível individual ........................................................................................................3
Teorias biológicas (bioantropológicas): ................................................................................3
Teorias psicológicas: .............................................................................................................3
Teorias de nível sociológico (Macrossociológicas ou Sociologia Criminal) ...............................3
Teorias do Conflito / de Cunho Argumentativo ....................................................................4
Teorias do Consenso / Funcionalistas / da Integração .........................................................4
TEORIAS CRIMINOLÓGICAS EM ESPÉCIE ......................................................................................5
Escola de Chicago (1920-1940) ................................................................................................5
Teoria da Desorganização Social (Teoria Ecológica) .............................................................6
Teoria Espacial Defensável ...................................................................................................6
Teoria das Janelas Quebradas (The Broken Windows Theory) .............................................6
Teoria/Política de Tolerância Zero .......................................................................................7
Teoria dos Testículos Despedaçados / Quebrados / Esmagados (Breaking Balls Teory) ......7
Teoria da Associação Diferencial / Aprendizagem / Social Learning ........................................8
Teoria da Identificação Diferencial .......................................................................................8
Teoria do Condicionamento Operante .................................................................................9
Teoria do Vampiro................................................................................................................9
Teoria do Reforço Diferencial ...............................................................................................9
Teoria da Neutralização .......................................................................................................9
Teoria da Subcultura Delinquente ......................................................................................10
Teoria da Anomia / Estrutural-funcionalista ......................................................................10
Teoria do Labelling Approach (Rotulação, Etiquetamento, Interacionismo simbólico ou
Reação Social) ........................................................................................................................12
Teoria Crítica, Radical, Marxista ou Nova Criminologia ..........................................................13
Teoria Abolicionista (Liberdade Individual Máxima) ..........................................................14
Teoria Minimalista..............................................................................................................15
Teoria Neorrealista de Esquerda (Antiliberal) ....................................................................15
Criminologia Cultural e Mídia .................................................................................................15
Teoria “Queer” .......................................................................................................................15
Teoria Feminista .....................................................................................................................16
Criminologia Racial .................................................................................................................17
Teoria do Mimetismo .............................................................................................................22
Teoria do Cenário da Bomba-Relógio (Tincking time bomb scenario) ....................................22
Teoria da Coculpabilidade e o princípio da parcialidade positiva do juiz ...........................23
Efeito Lúcifer: Experimento de Milgram e Aprisionamento de Stanford ............................24
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Trabalham com a ideia de que a prática do delito está associada a fatores congênitos do
indivíduo, ou melhor, ao próprio organismo do criminoso. O delinquente seria um ser
biologicamente distinto dos demais cidadãos.
Logo, são teorias que visam localizar e identificar em alguma parte ou no funcionamento do
organismo do delinquente o fator diferencial que explica a conduta delitiva (tais como
deformidades, doenças mentais, tumores, atavismo, etc.), enquanto consequência patológica
ou disfuncional.
Teorias psicológicas:
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Ademais, a maioria das teorias que analisaremos em capítulo próprio pertencem à esse
grupo, apontando como fatores determinantes da delinquência a sociedade.
Variando de teoria para teoria, a sociedade seria a culpada ou responsável em parte pela
criminalidade, seja por proporcionar aos indivíduos potencialmente criminosos o ambiente
propício, seja por criar o criminoso em processos de estigmatizações, preconceitos, etc.
O pensamento criminológico contemporâneo recebe fortes influências de dois grandes
movimentos: as teorias do consenso e teorias do conflito.
Postulados das teorias do conflito: toda a sociedade está sujeita a mudanças contínuas, sendo
que cada indivíduo poderá cooperar para a sua dissolução.
Com esse entendimento, algumas teorias do conflito chegam a enxergar o criminoso como uma
espécie de “agente revolucionário ou de transformação social” (considerados por alguns como
sendo os sucessores dos “proletariados” de Marx) – algumas teorias chegam a demonstrar até
certo apreço pela figura do delinquente.
São exemplos de teoria do conflito:
Labelling approach (Etiquetamento, Rotulação, Interacionismo simbólico ou da Reação Social)
e Teoria Crítica (Radical, Marxista, Nova Criminologia)
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Originada nos Estados Unidos, a Teoria das Janelas Quebradas foi cunhada pelos
criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling (obra: The Police
and Neiborghood Safety – “A Polícia e a Segurança da Vizinhança”, publicada na revista Atlantic
Monthly em 1982), apresentando um vínculo peculiar entre desordem/descaso e delinquência.
Para entender a conclusão é necessário conhecer as pesquisas empíricas que inspiraram a
teoria ora estudada:
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até então preservado que havia estacionado em Palo Alto. Com isso, poucas horas após a janela
ter sido quebrada, o veículo foi completamente destruído por pessoas que por ali passavam.
A conclusão foi de que, com o exemplo de que algo está abandonado, haverá o recado
subliminar de ausência de vigilância, de abandono, gerando, por conseguinte, a sensação de
impunidade. Nesse sentido, pessoas que só não praticam crimes por receio da punição passam
a não mais enxergar obstáculos para praticarem suas vontades.
Com isso, o que a Teoria das Janelas Quebradas apresenta para a segurança pública é a ideia
de que a tolerância de delitos menores (aplicando, por exemplo, medidas alternativas ao invés
de pena), acaba por estimular os criminosos a praticarem delitos cada vez mais graves e
violentos.
Logo, é de extrema importância aplicar punição com rigor sobre qualquer delito,
independentemente da gravidade, como forma de desestimular a delinquência na prática de
crimes mais graves (caráter preventivo e dissuasório da pena).
Também se evitaria que determinados bairros até então considerados perigosos se
tornassem verdadeiras zonas de concentração da delinquência.
Por fim, destaca-se que a teoria das janelas quebradas inspirou a Política de Tolerância Zero,
a seguir estudada.
Fruto de inspiração da teoria das janelas quebradas, a teoria da tolerância zero foi
implementada pelo ex-Prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, também decorrente do
chamado movimento de Lei e Ordem (Law and Order), se tratando de uma filosofia jurídico-
política baseada em medidas criminais sem qualquer discricionariedade por parte das forças
policiais (limitavam-se em aplicar a lei igualmente para todos os que praticassem as mesmas
condutas), cujo sistema de justiça criminal apresentava punições iguais a todos aqueles que
cometessem os mesmos crimes, independentemente do grau de culpa do indivíduo.
Perceba que tal política aplicava de forma estrita a filosofia da teoria das janelas quebradas,
com penas firmas para todos os crimes, até mesmo aqueles considerados mais leves, sem
possibilidade de penas alternativas (a punição era certa sobre os criminosos).
A finalidade era incutir no pensamento comum a ideia de que as leis e regras de convivência
deveriam ser respeitadas (mesmo que por meio da intimidação na aplicação das penas),
proporcionando, a médio ou a longo prazo, ambientes seguros para a população, bem como
reconquistando a confiança no Estado por parte de todos.
Obviamente, ao incutir na população o hábito de respeitar a legalidade, a política de
tolerância zero também alcançaria a redução nos índices de criminalidade.
Também inspirada na teoria das janelas quebradas, aplica entendimento semelhante, porém
não com o enfoque sobre as penas (como ocorre com a política de tolerância zero), mas com
destaque para a atuação das forças policiais.
Segundo essa teoria, a atuação policial deve ser firme, com rigor, inflexível, até mesmo contra
crimes considerados leves ou de menor potencial ofensivo pois, aos policiais pressionarem os
criminosos com firmeza, farão com que estes últimos fujam.
O criminoso, se sentindo intimidado pela polícia, se afastaria por perceber que não teria “vida
fácil” em seus intentos criminosos.
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A crítica que essa teoria sofre por parte da doutrina recai sobre o fato de que não é capaz de
eliminar ou diminuir a criminalidade, mas de apenas realoca-la. A criminalidade apenas seria
deslocada para regiões com atuação menos efetiva das forças policiais.
Baseada no pensamento de Edwin Sutherland (1883-1950), inspirado, por sua vez, nos
ensinamentos do sociólogo e jurista francês, Gabriel Tarde, trabalha o pensamento segundo o
qual o crime não consiste apenas em uma inadaptação de pessoas pertencentes as classes
menos favorecidas (não está vinculado apenas à pobreza), vez que não é praticado com
exclusividade por seus integrantes (ricos também praticam crimes).
Defende que comportamento humano tem origem social, e o homem, ao aprender a conduta
desviada, associa-se com referência nela. Sendo o cidadão estimulado a aprender e repetir os
comportamentos praticados no círculo social ao qual pertence, seria capaz de aprender também
a praticar crimes, como acontece ao se aprender uma profissão. Aprende a criminalidade desde
os meios e métodos (modus operandi) até os respectivos resultados e “vantagens”.
O indivíduo é convertido em delinquente no momento em que os valores predominantes no
grupo, do qual faz parte, ensinam o delito. Isso pode acontecer especialmente quando os
exemplos de comportamentos criminosos superam os de boa conduta, a exemplo de famílias
com membros envolvidos com a criminalidade, círculo de amizades desvirtuados, etc.
Se aprende o crime assim como se aprende uma boa ação. O delito não tem como causa
fatores hereditários, mas sim a influência do meio. É aprendido mediante a comunicação com
outras pessoas.
Para Sutherland, era necessário processos de comunicação pessoal direta (convivência ativa)
para que o sujeito aprendesse a criminalidade com seus pares (divergindo nesse ponto de
Gabriel Tarde que defendia a ideia de aprendizagem por meio da mera imitação, funcionando o
indivíduo como mero receptor passivo de informação).
Importante: no final da década de 30, Edwin Sutherland cunhou a expressão White-collor crime
(“Crime de Colarinho Branco”), explicando que membros de elites e de classes abastadas
também praticavam crimes (geralmente, delitos de ordem econômica) por estarem inseridos
em ambientes cujos membros estavam corrompidos (aprendiam, por exemplo, atos de
corrupção). Tal teoria trouxe grandes avanços no Direito Penal Econômico.
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positiva com personagens delinquentes, ao passo que há ao mesmo tempo uma relação
negativa sobre os personagens que representam agentes de combate ao crime.
Teoria similar à anterior, surgiu nos anos de 1960, por meio dos estudos de Robert
Burguess e Ronald Akers (The Differential Association Reinforcement Theory of Criminal
Behavior – 1966), que defendiam a ideia de que a conduta delinquente é fruto das experiências
passadas do indivíduo, derivando de uma série de estímulos contínuos que o indivíduo recebe
ao longo da vida.
Segundo os mencionados autores, o processo de aprendizagem é otimizado pelo o que
chamaram de princípios psicológicos de condicionamento operante, podendo serem positivos
ou negativos.
Condutas podem ser reforçadas e estimuladas por meio de princípios de
condicionamento positivos, a exemplo do pai que premia o filho com gratificações por praticar
boas ações, ou negativos, como em casos de abusos familiares em que filhos são castigados por
qualquer comportamento (sendo capaz de estimular as vítimas a se tornarem criminosas no
futuro).
Teoria do Vampiro
A Teoria do Vampiro é similar às teorias anteriores, porém, volta as atenções para casos de
vítimas de abusos, estabelecendo que vítimas de violência sexual na infância, a título de
exemplo, são propensas a serem também abusadoras e violentas na vida adulta.
Não raras as vezes, vítimas de abusos acabam se tornando abusadoras na vida adulta. Daí a
expressão “vampiro”, personagem folclórico cujo poder é de sugar o sangue de suas vítimas e,
mantendo-as vivas, terá o poder de transformá-las também em vampiros.
Exemplo: pessoa privada de direitos econômicos (pobre), seria propensa a praticar crimes
patrimoniais visando saciar as próprias vantagens.
Importante destacar que esta teoria também considera outros fatores como estimulantes de
condutas criminosas, a exemplo de fatores bioquímicos e biológicos.
Influenciada pela Escola Clássica, defende como forma de prevenir crimes a certeza da
punição (a impunidade estimula a prática de novos crimes).
Teoria da Neutralização
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Anomia possui origem grega, significando ausência de lei (a = ausência + nomos = lei),
servindo para a sociologia criminal para apresentar a ideia de que, diante do fracasso dos meios
regulares de proteção social (descrédito na certeza da punição, por exemplo), bem como
descrédito das normas e dos valores sociais, será possível se atingir um estado de completo
abandono das regras de convívio social (anarquia), importando na chamada anomia.
Apesar de ser espécie de teoria do consenso, ante seu caráter estrutural-funcionalista, a
teoria da anomia possui predicados Marxistas, e foi cunhada por Robert King Merton (artigo
Social Structre and anomie, em American Sociological Review, 1938), inspirado nos
ensinamentos de Émile Durkheim. Fazendo uma síntese dos mencionados autores, podemos
explicar a criminalidade por meio de uma ótica sociológica sustentando que determinado
comportamento pode ser considerado criminoso por violar o consciente coletivo (valores
comuns da sociedade).
Ademais, afastando das ideias da Escola Positivista, a teoria da anomia afasta a ideia do crime
como anomalia (dispensando estudos biológicos), passando a adotar uma concepção
puramente sociológica).
A partir da perspectiva que se enxerga o fenômeno criminal sob o prisma sociológico, a teoria
da anomia chega às seguintes conclusões:
➢ Crime: qualquer comportamento capaz de violar o consciente coletivo, ou seja, lesões aos
valores preponderantes na sociedade;
➢ Pena: passa a ser instrumento de defesa do consciente coletivo e preservação da sociedade.
Mas como definir o que é, de fato, consciente coletivo? Evidentemente, será mais preciso
uma análise de cada grupo social, diagnosticando quais os valores preponderantes em cada
local, porém, a teoria da anomia nos fornece diretrizes mínimas para a correta compreensão do
fenômeno criminal: é a estrutura social responsável por definir os fins e metas culturais
dominantes, bem como quais os meios institucionalizados considerados legítimos.
Fins e metas culturais podem ser definidos como os alvos almejados pela maioria dos
cidadãos, tais como a riqueza, o sucesso, qualidade de vida, status social, estabilidade, etc,
enquanto que os meios institucionalizados considerados legítimos são os modelos de condutas
consideradas corretas para atingir os fins e metas culturais, tais como o trabalho, estudos,
esforço pessoal, etc.
A partir da ideia acima, Robert King Merton apresenta 5 possibilidades de adaptações
distintas de um sujeito aos meios institucionalizados (alguns legítimos e outros não) visando
alcançar as metas culturais:
a) Conformidade (comportamento modal): é o modelo de adaptação comum (legítimo e não
criminoso) em que o sujeito aceita as metas culturais elencadas pela sociedade, bem como os
meios institucionalizados legítimos para alcança-las.
Exemplo: indivíduo aceita a ideia de que precisa trabalhar para alcançar sucesso profissional,
ainda que dessa forma precise de anos para atingir metas.
b) Inovação: aqui o indivíduo até aceita as metas culturais, todavia, rejeita os meios legítimos
elencados pela estrutura social, passando a praticar condutas desviadas como meio para atingir
fins e metas culturais.
Exemplo: indivíduo quer riqueza e status social (metas culturais dominantes), porém, rejeita a
ideia de trabalho e passa a buscar tais metas por meio de assaltos a mão armada (meios
ilegítimos).
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Exemplo: indivíduo não concorda com a ideia de que só se consegue sucesso ou status social
por meio da riqueza, todavia, mesmo assim permanece em sua rotina de trabalho e estudos
deixando de praticar qualquer conduta delituosa (pratica hábitos ritualísticos como o trabalho
rotineiro mesmo sem acreditar que seu fruto será o sucesso ou que o sucesso seja mesmo
importante).
Em síntese:
Meios Culturais (status, poder, Meios Institucionalizados
Modos de Adaptação
riqueza, qualidade de vida, etc.) (escola, trabalho, etc.)
Conformidade Aceita Aceita
Inovação Aceita Não aceita
Ritualismo Não aceita Aceita
Evasão/Retraimento Renúncia Renúncia
Rebelião Não aceita Não aceita
A conclusão é de que com o fracasso na perseguição das metas culturais (insucesso, por
exemplo), somado a escassez dos meios institucionalizados (desemprego, desigualdade social,
ensino público precário, etc.), a sociedade caminhará para um estado de anomia, ou seja, estado
de desordem com comportamentos desviados e estranhos às normas sociais (crimes).
Importante frisar que, segundo essa teoria, a prática de crimes em índices mínimos pode ser
tolerada por se tratar de um fenômeno comum e natural, porém, se alcançado índices elevados
e alarmantes de criminalidade, estaremos diante de um estado de desordem social e de caos,
com o risco de subversão dos valores até então dominantes somados com a completa descrença
no sistema normativo de condutas, acarretando no estado de anomia.
Teoria cunhada em 1960 por Erving Goffman, Edwin Lemert e Howard Becker (autores da
Nova Escola de Chicago), inspirados pelas doutrina de Émile Durkheim, defendem que o crime
é produto de um processo social formal e informal de interação, seleção, discriminação e
estigmatização.
Segundo essa teoria, para que um fato seja considerado criminoso é necessário a criação de
uma norma penal incriminadora. Tal norma seria preparada pelas elites dominantes com a
finalidade de subjugar outras classes. A ideia básica é de que o processo de criminalização
primário funcionaria como instrumento de proteção dos interesses individuais e egoístas da
classe dominante (elites políticas e empresariais).
A partir daí, duas correntes surgem criando variações da teoria do Etiquetamento:
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Ademais, atualmente muitos defensores desta teoria marxista passa a enxergar o criminoso
como um novo agente revolucionário (status anteriormente empregado à classes de
proletariados). Justamente por esse motivo, alguns enxergam o criminoso até mesmo com certo
apresso, por entenderem se tratar de um agente transformador visando preparar uma nova
ordem social.
Justamente por não ventilar exceções às causas do crime, atribuindo culpa exclusivamente
ao capitalismo, é que tal teoria é também chamada de radical.
Sendo assim, podemos destacar como características da Teoria Crítica:
- O Direito Penal se ocupa de defender os interesses do grupo social dominante;
- Reclama compreensão e até apreço pelo criminoso;
- Critica severamente a criminologia tradicional;
- O capitalismo é a base da criminalidade;
- Propõe reformas estruturais na sociedade para a redução das desigualdades e,
consequentemente, da criminalidade.
Importante também apontar as diversas críticas sobre essa teoria:
Críticas:
I – Retira do ser-humano qualquer possibilidade de auto responsabilidade ao culpar
exclusivamente o sistema capitalista, considerando o criminoso como uma mera vítima da
sociedade e da classe em que foi inserida.
II – Não explica os crimes dos mais abastados e não explica o não cometimento de crimes por
outras pessoas que também vivem em classes menos favorecidas.
III – Aponta apenas problemas em países capitalistas, deixando de analisar por completo os
crimes praticados em países socialistas/comunistas, a exemplo da antiga União Soviética com
índices elevados de criminalidade durante o comunismo, dentre outros exemplos como a
criminalidade em países como Cuba, Venezuela, Nicarágua, dentre outros.
Surge na Escandinávia, na década de 1990, com a criação do KRUM (que, traduzida, significa
Associação Sueca Nacional para a Reforma Penal).
Defendem a abolição do Direito Penal, excluindo, consequentemente, a prisão juntamente
com todo o sistema de justiça criminal.
Parte da ideia de que o Direito Penal não soluciona conflitos – ao contrário, seria fator capaz
de criar novos crimes por meio de processos de estigmatizações seletivos.
Com isso, a solução viria de instrumentos informais (diálogos, tratamentos médicos ou
psicológicos, concórdia, solidariedade etc.) ou de outras instâncias de controle menos
repressivas como o Direito Civil e o Direito Administrativo.
Apresentam as seguintes ideias visando solucionar o conflito criminal:
a) Anarquismo: defendem o fim do Estado Penal. Sugerem que os indivíduos, passando a
serem todos de total liberdade (sem freios legais impostos pelo Estado) estaria preparado para
alcançar um estado de fraternidade e solidariedade plena, dispensando o sistema punitivo;
b) Marxismo: argumentam que o fim do sistema penal seria válido por representar mero
instrumento de repressão cujo objetivo é ocultar os conflitos sociais;
c) Cristão e liberal: sem o Estado ditando regras e imputações, o indivíduo resumiria todos
os seus problemas a fatores econômicos (assuntos financeiros ocupariam seus próprios
conflitos).
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Tema: Teorias Sociológicas da Criminalidade
Por fim, para muitos a ideia do abolicionismo não passa de utopia – ainda assim,
extremamente perigosa dada a sua capacidade de criar uma sociedade anárquica.
Teoria Minimalista
Trata-se de uma espécie de “abolicionismo moderado”, apregoando que o Direito Penal deve
subsistir de maneira mínima, sendo aplicado apenas sobre casos extremamente graves.
A pena privativa de liberdade, por exemplo, seria medida excepcionalíssima, sendo que o
Estado deveria aplicar medidas alternativas de repressão (prestação de serviços à comunidade,
pagamento em cestas básicas, multa etc.).
A título de exemplo, negam a possibilidade de aplicação da prisão aos crimes praticados por
organizações criminosas e tráfico internacional de armas e fogo sob o argumento de que as
finalidades não seriam alcançadas, quais sejam, a eliminação dos criminosos e o afastamento
dos instintos delinquentes dos indivíduos.
Teoria “Queer”
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Teoria Feminista
Por mais que se busque a necessidade de estudar e analisar ainda mais o contexto das
mulheres no crime, a resposta que o sistema penal brasileiro dá – não só o sistema
penal, mas a sociedade em si – mostra o recorte social até mesmo dentro das questões
de gênero, visto que não há a possibilidade de concentrar mulheres como um só grupo;
por mais que seus crimes sejam colocados como impotentes, as mulheres encarceradas
pertencem desproporcionalmente a determinados grupos étnicos minoritários.
Os esudos de gênero são base na teoria feminista, entretanto eles ainda trazem as
mulheres brancas como paradigma, revelando um caráter colonialista. A partir dessa
universalização, surgiram outras análises das criminologias feministas em diferentes
vieses, dando espaço para novas abordagens criminológicas, tais como as teorias
feministas negras (black feminist criminology), a teoria queer (queer criminology) e a
teoria latino-americana (criminologia marginal).
Nesse sentido, a análise de gênero não deve ser colocada de forma isolada nos estudos
criminológicos, visto que a discriminação não é a mesma para todas, mas perpassa por
variados âmbitos dentro das próprias questões de gênero, dando espaço para novos
paradigmas criminológicos com a inclusão de marcadores sociais no campo da
criminologia.
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Criminologia Racial
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Direito Penal Subterrâneo, conforme leciona Eugênio Raul Zaffaroni, é exercido pelas agências
executivas de controle (controle social formal) - portanto, pertencentes ao Estado - à margem da lei e de
maneira violenta e arbitrária, contando com a participação ativa ou passiva, em maior ou menor grau,
dos demais operadores que compõem o sistema penal. Trata-se de violências exercidas por agentes
públicos, à margem da lei e de forma oculta e velada. Dessa forma, na prática, o Sistema Penal
Subterrâneo acaba por “institucionalizar” a pena de morte, desaparecimentos, torturas, sequestros,
exploração do jogo, da prostituição, entre outros delitos.
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Em que pese se tratar de fruto da Teoria Crítica, a Criminologia Racial critica os expoentes da
criminologia marxista pela omissão história em nunca tratarem de aspectos raciais. Em síntese,
tem bases filosóficas marxistas, por também partir da ideia de divisão de classes a partir do
sistema capitalista, mas se aproxima da Teoria do Etiquetamento por concluir que o racismo
estrutural é fruto da organização da sociedade por elites brancas dominantes (rótulo imposto
por elites compostas por brancos racistas).
Segundo a teoria das atividades rotineiras, para que o ambiente esteja propício para o
cometimento de um crime, é necessário a convergência de espaço e tempo em, ao menos, três
elementos:
– Agressor provável: criminoso motivado por alguma doença, ou pela ganância, vontade de
lucro fácil, desorganização social etc.;
– Alvo adequado: confunde-se com o objeto do crime, podendo ser uma pessoa, local ou
objeto. A noção do valor do alvo pelo criminoso pode aumentar ou diminuir o risco da ocorrência
do crime;
– Ausência de guardião ou vigilância adequada capaz de evitar o delito: trata-se de pessoas,
agentes estatais ou instrumentos preordenados para a defesa de alguém ou de algo, podendo
ser formal (polícia, guardas) ou informal (segurança particular, cerca elétrica etc.).
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Tema: Teorias Sociológicas da Criminalidade
A presente teoria volta as atenções para as investigações policiais. A polícia judiciária, como
representação de uma das diversas formas de apresentar diagnósticos sobre a criminalidade,
costuma encontrar padrões sobre a atividade criminosa.
Nesse sentido, podemos mencionar alguns exemplos de padrões capazes de fornecer
informações úteis em futuras medidas de prevenção:
• Espécie de crime: qual o crime praticado;
• Modus operandi: diagnóstico da maneira como criminosos praticam determinados
crimes;
• Ambiente/espaço/local: determinados crimes podem ocorrer com maior frequência
em algumas regiões ou bairros, a exemplo dos chamados hot spots (locais com
grande concentração de determinados crimes);
• Pessoas: padrões de delinquência a exemplo de reincidentes ou padrões de vítimas
com pessoas que costumar sofrer com frequência dos mesmos crimes (vítimas de
golpes, de assaltos, de assédios etc.);
• Tempo: espécies de crimes que costumam ocorrer no mesmo período (exemplo:
assaltos que costumam ocorrer no período noturno de determinado bairro pouco
iluminado);
• Eventos: índices criminais que sobem em determinadas épocas ou eventos (exemplo:
crimes de estupros sendo praticados em maior escala no carnaval).
Possivelmente você já deve ter ouvido ou lido a seguinte frase: “a oportunidade faz o ladrão”.
É a representação mais simples e direta da teoria da oportunidade.
Segundo seus defensores, Clark e Felson (1998), a oportunidade em se praticar determinado
delito (juntamente com possíveis recompensas), está entre as principais causas da prática de
crimes.
Ainda conforme os autores acima, a teoria da oportunidade destaca algumas máximas:
• As oportunidades representam um fator muito importante na causa de todos os
delitos;
• Oportunidades para o crime são precisamente específicas;
• Oportunidades devem ser analisadas em cada caso concreto, conforme o tempo e
lugar do contexto criminoso;
• Oportunidades dependem de rotinas diárias;
• Um delito pode gerar oportunidades para outros;
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Teoria que constitui verdadeira aberração importada da área da economia (não pertence ao
Direito e não foi introduzida por meio de métodos científicos na Criminologia).
A teoria da graxa sobre rodas procura enxergar aspectos positivos em algumas práticas
corruptas e criminosas no âmbito da Administração Pública.
A noção seria de que em algumas práticas corruptas determinadas burocracias seriam
desrespeitadas e, com isso, a população e a economia seriam indiretamente beneficiadas (a
máquina estatal se movimentaria de maneira mais célere).
Representa a famosa e desagradável frase: “rouba, mas faz”.
Sobre o título, a ideia é que mediante certos atos corruptos o indivíduo sujaria as próprias
mãos, porém tal ato poderia ser capaz de fazer a máquina estatal se movimentar com maior
eficiência (daí a expressão “graxa sobre rodas”).
Teoria que rechaça a ideia defendida pela teoria da graxa sobre rodas, afastando qualquer
noção positiva em atos de corrupção.
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A ideia é que não há nenhum ato ou reflexo que justifique a corrupção, merecendo ser
tratada como crime, sofrendo os rigores da lei penal, em todos os casos.
A expressão “bola de neve” foi escolhida com base na ideia de que um ato de corrupção
(especialmente os atos não punidos) geram outros atos corruptos, ou seja, apresenta a noção
de que a corrupção funciona como uma espécie de contaminação (crescendo na medida em que
é praticada sem nenhum combate ou medida preventiva), assim como uma bola de neve lançada
abaixo (crescendo na medida em que passa por caminho com neve, aderindo-a, até encontrar
algum obstáculo).
A presente teoria nada mais é do que uma síntese de alguns dos principais valores da Escola
Clássica:
- Livre-arbítrio: o criminoso é um ser dotado de racionalidade, escolhendo praticar crimes
de maneira livre;
- Finalidade dissuasória da pena: sendo o criminoso um ser dotado de razão, a pena deve
ser aplicada com a finalidade de intimidá-lo, por meio do medo (coação psicológica),
desestimulando-o a praticar novos crimes.
Todavia, recebe críticas por não se importar com as bases etiológicas do crime, deixando de
se preocupar com outras causas (internas e externas) que podem influenciar o indivíduo na
prática de crimes.
Trata-se de teoria que resume alguns dos valores da Escola Positivista, contando como
principal defensor o médico legista italiano Cesare Lombroso, baseando-se no:
• Determinismo biológico: o acaso não existe, sendo o criminoso fruto de
hereditariedade (carga-genética “criminosa” ou com tendências ao crime diante de
fatores orgânicos) ou patologias;
• Criminoso nato: em razão de características físicas e morais visíveis no indivíduo
(estigmas degenerativos), era possível diagnosticá-lo como criminoso;
• Atavismo: manifestação de características no organismo fruto de gerações passadas
(“é bandido assim como seu avô foi um dia”).
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Disciplina: Criminologia para concursos
Tema: Teorias Sociológicas da Criminalidade
Teoria do Mimetismo
Teoria inspirada por romance publicado por Jean Larteguy (Les centurions) em 1960, busca
demonstrar que há hipóteses em que a aplicação da tortura seria admitida (flexibilização de
direitos e garantias fundamentais de suspeitos) em casos de terrorismo.
A ideia é de que, sendo capturado um terrorista, bem como encontrando-se em tempo de
desativar uma possível bomba programada para matar diversas pessoas, na hipótese de recusa
do terrorista em colaborar, admitir-se-á a aplicação da tortura como meio para se obter
respostas no intento de salvar vidas inocentes.
Para os adeptos dessa teoria, o raciocínio é muito simples: diante de uma situação de grande
perigo iminente, em que há conflito entre dois bens jurídicos (vida de diversos inocentes versus
integridade física e psicológica de um terrorista), a vida dos inocentes deverá preponderar sobre
a saúde do criminoso.
Apesar de tal teoria não ser admitida no Brasil e em diversos outros países, importante
destacar que até mesmo para seus adeptos alguns requisitos deverão ser preenchidos para a
correta aplicação da medida:
➢ Casos específicos: é necessário que o ataque terrorista ocorra em local certo e determinado,
não se admitindo tortura em casos genéricos e vagos;
➢ Ataque iminente: o ato terrorista se concretizará em curto prazo, não se admitindo torturas
em casos de terrorismo já consumado (bomba já explodiu);
➢ Potencialidade do ataque: o ato terrorista deve colocar em risco número expressivo de
pessoas;
➢ Envolvimento direto: os suspeitos torturados devem guardar vínculo direto com o ato
terrorista;
➢ Utilitarismo: certeza de que o suspeito possui a informação devida para evitar o ataque;
➢ Ausência de opções (inevitabilidade): inexistência de qualquer outra opção ou caminho para
se obter a informação necessária;
➢ Subsidiariedade: todas as tentativas de obtenção da informação sobre o suspeito foram
esgotadas;
➢ Motivação específica: torturador deve buscar exclusivamente as informações para evitar o
ataque, evitando excessos e tentativas de punições ou castigos;
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➢ Excepcionalidade: medida deve ser excepcional, não se admitido a sua aplicação de forma
rotineira, com frequência habitual.
A teoria da Coculpabilidade, cunhada pelo jurista argentino Eugênio Raul Zaffaroni, parte do
pressuposto de que, uma vez constatado a prática de um crime, chega-se à conclusão de que o
Estado fracassou.
Perceba que tal teoria leva em consideração as desigualdades sociais, estigmas e injustiças
sobre minorias proporcionadas ou toleradas pelo Estado.
Se o Estado não cumpre com as metas elencadas na Constituição Federal, será também
responsável pela conduta do criminoso (daí a ideia de coculpabilidade, ou igualmente culpado).
Nesse sentido, como responsabilizar o Estado? Fazer com que o restante da sociedade
cumpra em parte a pena seria inconstitucional (violação da pessoalidade da pena) e aplicar pena
ao Estado (ente abstrato) também não faria sentido.
Respondendo a tal indagação, os adeptos dessa teoria nos apresentam duas hipóteses
distintas:
Exemplo: casal de andarilhos que moram nas ruas e que não tiveram oportunidades de ter
uma moradia decidem manter relações sexuais em praça pública durante a madrugada. São
surpreendidos pela polícia e conduzidos até a delegacia diante do crime de ato obsceno. Em
casos assim, defensores da teoria da coculpabilidade defendem o afastamento da punição.
Exemplo: morador de rua, faminto, decide por furtar alimentos de mercearia. Nesse caso,
responderá pelo crime de furto, com a possibilidade de ser beneficiado por atenuante genérica
prevista no artigo 66 do Código Penal.
Como outra forma de compensar desigualdades sociais, implementar uma justiça chamada
humanitária e compensar a sociedade da ineficiência estatal, surge o chamado princípio da
parcialidade do juiz.
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A regra, a luz da Constituição Federal de 1988, é pela aplicação da lei penal de maneira
imparcial pelo julgador, todavia, há corrente de pensamento que defende a noção de que não
existe juiz imparcial.
Exemplo: juiz que aplica penas distintas em casos semelhantes, sendo uma pena
rigorosa para indivíduo marginalizado e pena meramente simbólica para indivíduo elitizado.
Exemplo: juiz que decide por aplicar atenuante genérica sobre criminoso que praticou
furtos no bairro por reconhecer que o condenado não foi “nasceu privilegiado” ou em “berço
de ouro”, sendo, ao longo da vida, estigmatizado e marginalizado.
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Alguns homens foram separados, sendo que os alvos do experimento ocupavam os personagens de
professores. Os demais foram divididos entre supervisores e alunos – nestes dois grupos, os homens
sabiam que se tratava de um experimente e, portanto, atuavam visando a que os “professores”
acreditassem na espontaneidade de cada detalhe.
Para cada resposta incorreta os “professores” eram orientados a apertarem um botão que acionaria
choques sobre o respectivo aluno. Em verdade, como os “alunos” também eram atores, erravam de
propósito algumas perguntas e, assim que os professores acionavam o botão, fingiam reações distintas
para darem a entender que estavam sofrendo dores com os choques (era tudo fantasioso visando enganar
os professores).
Muitos professores ficavam desconfortáveis com os sofrimentos aparentemente suportados pelos alunos
e questionavam os atos aos supervisores. Os supervisores, por sua vez, ordenavam que continuassem
com os choques afirmando que se responsabilizariam por tudo, mesmo sendo os professores a apertarem
o botão. Muitos professores, mesmo desconfortáveis, continuavam com o experimento, alguns, inclusive,
chegaram a aumentar a voltagem dos choques.
Finalidade inicial: o experimento visava entender até onde poderia ir a obediência de alguém diante da
pressão de um superior hierárquico para, posteriormente, tentar compreender a base da obediência de
muitos soldados nazistas que obedeciam as ordens de superiores para praticarem genocídio e outras
atrocidades contra judeus.
Com anúncio prometendo o pagamento de $ 15,00 por dia, 24 (vinte e quatro) alunos voluntários foram
selecionados para participar de experimento que duraria duas semanas. Eram alunos sem antecedentes
criminais e sem qualquer histórico de violência ou uso de drogas.
Todo o porão do departamento de psicologia foi modificado visando simular uma penitenciária (os
voluntários não sabiam que realizariam o experimento na própria universidade de Stanford, acreditavam
que haviam sido levados para uma penitenciária de verdade).
Metade dos voluntariados foram escolhidos aleatoriamente para assumirem o papel de carcereiros,
enquanto que a outra metade dos voluntários foram selecionados, também aleatoriamente, para
desempenharem o papel de criminosos condenados.
Para dar mais predicados de realismo ao experimento, todos os protocolos de prisão foram seguidos. Os
voluntários “criminosos” foram algemados e levados à delegacia, onde foram fichados e transportados,
com os olhos vendados, para um suposto presídio local – que, conforme explicado em linhas anteriores,
se tratava do porão do Departamento de Psicologia de Stanford.
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Com todos presentes na “penitenciária”, os carcereiros receberam uniformes idênticos aos utilizados na
respectiva profissão, enquanto que os presos receberam uniformes brancos, sendo apenas identificados
por números.
As regras simbólicas foram informadas aos dois grupos com uma única limitação: não seria permitida
qualquer violência física. No restante, cada um teria a liberdade de desempenhar o seu respectivo papel.
Com o início do experimento, o resultado foi desastroso a tal ponto que precisou ser interrompido em
apenas 6 (seis) dias. Isso porque os carcereiros, em pouco tempo, estavam praticando toda a sorte de
tortura psicológica e humilhação sobre os presos. Chegaram a separarem os presos em dois grupos (os
piores e os melhores presos). De outro lado, alguns dos presos realizaram uma pequena rebelião
ocasionando a expulsão de um dos membros do experimento, enquanto que a outra parcela dos presos
simplesmente se sujeitavam de forma passiva às humilhações e pressões excessivas praticadas pelos
guardas.
Resultado: em pouco tempo foi possível perceber que fatores externos como a estrutura de poder que
um exerce sobre o outro, bem como papéis definidos pela sociedade e seus respectivos ambientes,
podem influenciar o psicológico das pessoas. Pessoas aparentemente normais podem ser influenciadas
pelo seu entorno, se tornando em pouco tempo pessoas agressivas.
Por fim, surge a expressão Efeito Lúcifer como desdobramento das consequências dos
Experimento de Milgram e Aprisionamento de Stanford, fazendo alusão ao fato de que o ser
humano, ao ser colocado em ambiente de estresse, com papéis pré-definidos pela sociedade,
com pressões de poderes sobre subjugados, poderá invocar o seu pior lado, ou seja, uma pessoa
aparentemente normal, inserido nas circunstâncias mencionadas, poderá em pouco tempo agir
com extrema violência e maldade.
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