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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL CATALÃO -RC


UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE ENGENHARIA
CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PLANEJAMENTO DE LAVRA A LONGO PRAZO DA MINA


SUBTERRÂNEA DA CUTIA UTILIZANDO O MÉTODO CUT AND
FILL

BRUNO IGOR ANDRADE BARBOSA

CATALÃO/GO

JUNHO/2019
BRUNO IGOR ANDRADE BARBOSA

PLANEJAMENTO DE LAVRA A LONGO PRAZO DA MINA


SUBTERRÂNEA DA CUTIA UTILIZANDO O MÉTODO CUT AND
FILL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentadoao


Curos de Engenharia de Minas da Universidade
Federal de Goias – UFG, como requisito parcial
para obtenção do titulo de Bacharel em
Engenharia de Minas.

Area de concentração: Planejamento de Mina

Orientador: Prof. Renato de Paula Araujo

CATALÃO – GO

JUNHO/2019
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de
Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Barbosa, Bruno Igor Andrade


PLANEJAMENTO DE LAVRA A LONGO PRAZO DA MINA
SUBTERRÂNEA DA CUTIA UTILIZANDO O MÉTODO CUT AND FILL
[manuscrito] / Bruno Igor Andrade Barbosa. - 2019.
vi, 41 f.: il.

Orientador: Prof. Renato de Paula Araujo


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal de Goiás, Unidade Acadêmica Especial de Engenharia e
Administração, Catalão, 2019.
Bibliografia. Anexos.

1. Planejamento de mina. 2. Sequenciamento de Stopes. 3. Lavra


Subterrânea. 4. Cut and Fill. 5. Mina da Cutia. I. Araujo, Renato de
Paula , orient. II. Título.

CDU 622
BRUNO IGOR ANDRADE BARBOSA

PLANEJAMENTO DE LAVRA A LONGO PRAZO DA MINA SUBTERRÂNEA DA


CUTIA UTILIZANDO O MÉTODO CUT AND FILL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal de Goias – UFG, como


requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Minas

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________
Prof. Ms. Alcides Eloy Nunes (Avaliador)
Universidade Federal de Goiás – UFG

__________________________________________________________
Prof. Ms. Paulo Elias Carneiro Pereira (Avaliador)
Universidade Federal de Goiás – UFG

__________________________________________________________
Prof. Renato de Paula Araújo (Orientador)
Universidade Federal de Goiás – UFG

Aprovado em ____/____/______
AGRADECIMENTOS

A Deus por sempre estar iluminando o meu caminho e me trazendo paz e sabedoria
nos momentos em que mais precisei.

Ao Professor Carlos Cordeiro Ribeiro por todos os conselhos e orientações iniciais


acerca deste projeto.

Ao Professor Renato de Paula Araújo pela orientação final e motivação nas horas em
que pensei em desistir.

A toda equipe da Datamine Brasil que me proporcionaram uma experiência única de


estagio, onde pude aprender e desenvolver atividades indispensáveis para a realização deste.
Agradeço também em especial o Engº. Fabricio Aragaki por todas os conselhos e orientações
técnicas ensinadas a mim para o desenvolvimento deste.

Ao meu amigo César Beraldo Caetano Gomes Caetano pela parceria durante toda a
graduação e auxilio nos ajustes finais deste.

A todos os companheiros da 7ª turma e agregados, em especial o pessoal da Republica


onde vivi, que compartilharam comigo, por vários anos, os mesmos sentimentos, saudades da
família, tristezas, alegrias, angústias e conquistas.

A minha mãe Heneli Maria de Andrade, por todo apoio e sempre acreditar nos meus
sonhos.

A minha esposa Ana Carolina Rosa Stanislaw pela compreensão, carinho e paciência
durante “essa caminhada”.
i

RESUMO

Tendo em vista que a necessidade da elaboração de um plano a longo prazo para que se possa
entender o deposito como um todo e estabelecer métricas a serem cumpridas no curto prazo,
com uma interferência humana mínima na elaboração dos Stopes, garantindo um melhor
aproveitamento de todo o deposito, sem deixar de lado a questão socioambiental, pesquisou-se
sobre Planejamento e Sequenciamento de Mina Subterrânea, a fim de elaborar uma metodologia
de lavra a longo prazo para a mina da Cutia, utilizando os softwares Studio RM e UG da
Datamine. Para tanto, é necessário identificar os parâmetros básicos e essenciais no Modelo de
Blocos, gerar os Stopes, realizar o modelamento do Layout e das atividades e Gerar um Cenário
Ótimo para o método proposto. Realiza-se, então, uma pesquisa dedutiva. Diante disso,
verifica-se que a determinação da reserva lavrável e dos pilares de sustentação e segurança, o
quantitativo de estéril e minério e a sequência lógica limite em que cada um deve ser retirado,
o que impõe a constatação de que MSO fornece um stope que maximiza valor do recurso
recuperado acima de um corte, enquanto também atende os parâmetros de largura mínima e
máxima de mineração, diluições de parede, ângulos mínimo e máximo de parede, distâncias
mínimas de separação entre paradas paralelas e sub-paralelas, e alturas e larguras máximas,
obtendo resultados não monetizados.

Palavras-chave: Planejamento de mina, Sequenciamento de Stopes, Lavra Subterrânea, Cut


and Fill, Mina da Cutia.
ii

ABSTRACT

In view of the need to draw up a long-term plan to understand the deposit as a whole and to
establish metrics to be met in the short term, with minimal human interference in the preparation
of the Stopes, ensuring a better use of all the deposit, without neglecting the socio-
environmental issue, was investigated on Underground Mine Planning and Sequencing, in order
to elaborate a long-term mining methodology for the Cutia mine using Datamine's Studio RM
and UG software. To do so, it is necessary to identify the basic and essential parameters in the
Block Model, generate the Stopes, perform Layout and Activity Modeling, and Generate a
Great Scenario for the proposed method. A deductive research is then conducted. In view of
this, it is verified that the determination of the washable reserve and the support and safety
pillars, the quantity of sterile and ore and the logical sequence in which each one must be
withdrawn, which establishes that MSO provides a stope which maximizes recovered resource
value over a cut, while also meeting minimum and maximum mining width parameters, wall
dilutions, minimum and maximum wall angles, minimum separation distances between parallel
and sub-parallel stops, and heights and maximum yields, obtaining results not monetized.

Keywords: Mine Planning, Stop Sequencing, Underground Mining, Cut and Fill, Cutia Mine.
iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de Localização do Garimpo da Cutia e do Município de Curionópolis ............ 5


Figura 2: Modelo esquemático de Câmaras e Pilares ............................................................... 10
Figura 3: Método de Corte e Enchimento ................................................................................ 11
Figura 4: Método por realces em sub níveis ............................................................................. 13
Figura 5: Direção de Mergulho ................................................................................................ 16
Figura 6: Vista em planta do modelo geológico da Mina da Cutia .......................................... 16
Figura 7: Ângulo de Mergulho ................................................................................................. 17
Figura 8: Vista Lateral do Modelo Geológico da Mina da Cutia ............................................. 18
Figura 9: Espessura Média do Maciço ..................................................................................... 18
Figura 10: Vista Leste do Deposito limitado pela cava ótima .................................................. 19
Figura 11: Esquema de transição de uma mina a céu aberto e subterrânea e o Crown Pillar .. 21
Figura 12: Exemplo do método de Cut and Fill ....................................................................... 23
Figura 13: Esquema vertical dos Stopes ................................................................................... 24
Figura 14: Vista Horizontal dos Stopes .................................................................................... 24
Figura 15: Características da rampa ......................................................................................... 25
Figura 16: Vista superior da travessa ....................................................................................... 26
Figura 17: Ilustração do Shaft e das Galerias de Ventilação .................................................... 27
Figura 18: Método de Corte e Enchimento Ascendente ........................................................... 27
Figura 19: Sequencia simples do MSO para gerar stopes ........................................................ 28
Figura 20: Vista Oeste do Ore Bory com os stopes, galerias e alteamentos ............................ 30
Figura 21: Gráfico de produção limite ..................................................................................... 34
Figura 22: Vista horizontal e vertical do painel de lavra no sequenciamento .......................... 35
iv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Categorização da reserva ......................................................................................... 20


Quadro 2: Cotas das galerias, pilares de segurança e alteamentos em cada nível .................... 31
Quadro 3: Cubagem por Nivel.................................................................................................. 32
Quadro 4: Relação de estéril movimentado para o desenvolvimento ...................................... 33
v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3
2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 3
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 3

3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 4

4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ......................................................................................... 5


4.1 Histórico....................................................................................................................... 5
4.2 Geologia Regional ....................................................................................................... 6
4.3 Planejamento de Lavra................................................................................................. 7
4.4 Planejamento de Lavra Subterrânea ............................................................................ 8
4.5 Métodos de Lavra Subterrânea .................................................................................... 9
4.5.1 Método por Câmaras e Pilares .............................................................................. 9
4.5.2 Método por Corte e Enchimento ........................................................................ 11
4.5.3 Método por Realces em Subníveis ..................................................................... 12
4.6 Enchimento ................................................................................................................ 13
4.6.1 Enchimento hidráulico ........................................................................................ 14
4.6.2 Enchimento em pasta .......................................................................................... 14
4.6.3 Enchimento de enrocamento .............................................................................. 14

5 METODOLOGIA ........................................................................................................... 15
5.1 Preparação do Modelo de Blocos .............................................................................. 15
5.1.1 Analise Espacial do Depósito ............................................................................. 15
5.1.2 Determinação da transição céu aberto para subterrânea ..................................... 19
5.2 Estabelecimento da Reserva Lavrável ....................................................................... 20
5.2.1 Filtro de Recurso Medido e Indicado ................................................................. 20
5.2.2 Crown Pillar........................................................................................................ 21
5.2.3 Cut off ................................................................................................................. 22
5.3 Método de Lavra ........................................................................................................ 22
5.3.1 Painel de Lavra ................................................................................................... 23
5.3.2 Acessos ............................................................................................................... 25
vi

5.3.3 Ventilação ........................................................................................................... 26


5.3.4 Enchimento ......................................................................................................... 27
5.4 MSO ........................................................................................................................... 28

6 RESULTADOS ................................................................................................................ 30
6.1 Reserva Lavrável ....................................................................................................... 30
6.2 Resultado do Desenvolvimento ................................................................................. 33
6.3 Produção .................................................................................................................... 34
6.4 Sequenciamento ......................................................................................................... 35

7 ANALISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 37

8 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39
1

1 INTRODUÇÃO

O Planejamento de Lavra a Longo Prazo é fundamental para nortear o caminho que a


empresa trilhará nos próximos anos, é neste momento que se pensa o negócio como um todo, e
se estabelece metas quantitativas e qualitativas para o futuro. Realizar um bom Planejamento
de Longo Prazo é crucial para que a empresa seja lucrativa e alcance o sucesso.

O Setor responsável pelo Longo Prazo define as ações a serem tomadas no Curto Prazo
que objetivam maximizar o lucro ao longo dos anos do empreendimento, geralmente medido
através do Valor Presente Líquido. Utilizando-se de estratégias e de ferramentas
computacionais específicas, este poderá de forma racional aumentar a vida útil do
empreendimento e de suas reservas apenas alterando o método empregado, ou até mesmo
acumulando um outro.

Como na estória da formiga e da cigarra, quem leva a melhor é quem planeja e se antecipa
as mudanças, na vida real também funciona assim. Para que o empreendimento mineiro se torne
mais competitivo e apresente resultado se faz necessário cumprir metas traçadas anteriormente
que encaixe o orçamento a este destinado. Neste sentido, em Minas que são lavradas a Céu
aberto (método mais barato), mas que apresentam um potencial de migração para o método
subterrâneo (método mais dispendioso) ou até mesmo hibrido (parte céu aberto, parte
subterrâneo) requerem bastante atenção, pois é muito difícil saber qual o momento ideal para a
transição de método, de maneira ótima e que um método não inviabilize o outro.

A definição de qual método a ser aplicado em cada caso depende de inúmeras variáveis,
como geometria do corpo e profundidade, competência da rocha mineralizada e da encaixante,
geologia regional, topografia local, logística para levar os equipamentos, entre outros.

Muitos detalhes devem ser considerados no planejamento de uma mina, então deve-se
reunir o maior número de informações possível. Segundo BULLOCK, (2011), devem ser
coletadas primeiramente informações logicas, estrutural e mineralógica, combinada com os
dados da reserva. Com estas informações preliminares define-se o potencial método e um pré-
dimensionamento da produção da mina. A partir disso, é realizado o planejamento do
desenvolvimento de todo o resto.

O presente estudo demonstra de forma pratica o Planejamento de Lavra a Longo Prazo


para um empreendimento que estaria próximo de alcançar a Cava Ótima Matemática, e que
2

apresenta potencial para continuar produzindo através do método subterrâneo. Neste contexto,
o Projeto tem o objetivo de atender um programa de produção de 175.000 t/ano de minério
ROM1 utilizando-se o Método de Corte e Enchimento, onde já se conhece os parâmetros
econômicos, geotécnicos e geológicos. E ao final realiza-se um sequenciamento anual do
empreendimento.

Foi utilizado para o desenvolvimento deste, o relatório final de pesquisa mineral e um


Banco de Dados dos furos de sonda desatualizados da Mina da Cutia, situada no município de
Curionópolis – PA, cedidos pelo Professor Carlos Cordeiro Ribeiro em outubro de 2018, para
efeitos didáticos.

1
Run Of Mine – Utiliza-se a sigla ROM para designar de forma geral todo material saído da mina que se destina
ao beneficiamento ou a comercialização tal como se encontra.
3

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Elaborar uma metodologia de planejamento e Sequenciamento de lavra de longo prazo


para a mina subterrânea a partir de um projeto a céu aberto já existente, utilizando os softwares
Studio RM e Studio UG para automatizar o processo.

2.2 Objetivos Específicos

* Identificar os parâmetros geométricos e geológicos do depósito

* Gerar Stopes (Unidades de Produção) através do MSO (Mineable Stope Optmazer)

* Realizar o Modelamento do Layout e das atividades

*Possibilitar a realização de um cenário ótimo de produção de Ouro através do método


proposto.
4

3 JUSTIFICATIVA

A crescente preocupação com a maximização dos lucros e redução dos custos, respeitando
o meio ambiente e a segurança dos colaboradores, faz com que atividades de Planejamento
utilizando softwares específicos ganhe ainda mais importância diante deste cenário.

Os principais elementos que justificam a escolha da pesquisa proposta são:

 A necessidade de uma proposta inicial para um melhor aproveitamento do deposito


mineral através da migração do método a céu aberto para o subterrâneo na Mina da
Cutia.

 A obrigação de se realizar o Planejamento, cada vez mais preciso e de forma célere,


há uma busca diária por ferramentas que automatizem este processo, para que, cada
vez mais, o engenheiro possa exercer a sua função vital, que é analisar.

 O dever de adotar métodos de trabalho mais direcionados a sustentabilidade e


segurança das operações mineiras.
5

4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

4.1 Histórico

A Mina da Cutia está localiza-se na Vila de Cutionópolis (Figura 1), a 18 Km do centro


urbano de Curionópolis-PA. Segundo (SILVA, 2017), esta foi descoberta em 1988, sendo
explorada através de atividades garimpeiras simultaneamente ao garimpo de Serra Pelada. Até
a data do encerramento de suas atividades como garimpo ilegal, no ano de 1992, quando o então
Presidente do Brasil Collor de Melo determinou o fim da extração manual dos garimpos em
todo o País. Foram extraídos cerca de 2000 Kg de ouro.

Figura 1: Mapa de Localização do Garimpo da Cutia e do Município de Curionópolis

Fonte: Próprio autor

Atualmente a mina pertence a Cooperativa Mista do Garimpo da Cutia - COOMIC, que


tem também um contrato de parceria com a Grifo Geologia e Participações LTDA, uma
empresa ligada a Colossus Minerals, do Canadá.
6

4.2 Geologia Regional

De acordo com (SILVA, 2017) a região onde o Garimpo da Cutia se localiza, esta inserido
na Serra Leste, Província Mineral de Carajás, que abriga depósitos como Salobo, Igarapé Bahia,
Alemão, Sossego e Cristalino. Depósitos conhecidos como IOCG (Iron Oxide Copper Gold),
pois estão relacionados a zonas de brechas com magnetita/hematita, hospedadas em rochas
metavulcano-sedimentares e posteriormente hidrotermalizadas.

Conforme informações obtidas no Site do IBRAM, a região do Garimpo da Cutia ocorre


o Complexo Xingu e o grupo de Litologias de Rio Novo, composto de numerosos corpos
intrusivos graníticos a ultramáficos, além de metavulcânicos felsicos-maficos. A característica
estrutural mais evidente do local é a Zona de Falha de Cutia, que atravessa a propriedade com
uma orientação aproximada de Leste para Oeste e a divide entre Metavulcanica felsica para o
Norte e Metavulcanicas Maficas para ao Sul. Nesta falha existem Brechas que estão
mineralizadas e um sistema de Veios de Quartzo que variam de 3 a 5 metros na superfície,
contendo quantidades variadas de minerais disseminados como pirita, malaquita e oxido de
ferro, além de centelhas ocasionais de ouro visível.

A ocorrência de sulfetos, turmalina, sericita e clorita nas brechas hospedeiras da


mineralização nesta zona, são compatíveis com uma origem hidrotermal para as brechas. A
presença de carbonato de cobre (malaquita), sulfetos reliquiares e goethita indica que, apesar
das texturas serem ainda em grande parte primárias, a sua paragênese mineral já é parcialmente
supergênica. A rocha mãe com paragênese inteiramente primária (zona redutora), não ainda
atingida pela atividade garimpeira, corresponderia a brechas com sulfetos de ferro e cobre +
turmalina + sericita + clorita. As brechas teriam sido formadas por cisalhamento rúptil que
causou o faturamento das rochas e permitiu a circulação dos fluidos hidrotermais que
provocaram transformações mineralógicas tais como turmalinização, seritização, cloritização e
sulfetação. O processo de gossanização sobre as brechas deu origem a uma nova paragênese
supergênica que se superpôs a paragênese primária hidrotermal. (SILVA, 2017)
7

4.3 Planejamento de Lavra

O planejamento de lavra em uma mina é mais complexo que os planejamentos de


atividades de outros setores da indústria, principalmente devido aos seguintes fatores
(WHITTLE, 2004):

 Sequenciamento de lavra (relação entre horizontes de tempo): A lavra da


jazida, corresponde a um recurso sendo consumido. Quando se opta pelo que deve
ser lavrado em um determinado período, espacialmente determina-se a porção
inicial para o próximo período de operação da lavra, e assim, ficam restritas as
opções de como operar a lavra. Esta relação forçada, entre períodos, exige a
determinação de uma cadeia integrada de eventos, que é o caminho escolhido para
a lavra da jazida, com todas as implicações de capital e decisões operacionais
decorrentes. Planos distintos podem ser elaborados, lavrando e processando o
mesmo material, no entanto, a sequência e o tempo para a realização dos eventos,
podem tornar um plano economicamente muito mais atrativo que os demais;

 Blendagem de material: Para uma melhor performance no processamento do


material, muitas vezes parcelas individuais que não poderiam ser processadas são
combinadas com outras para que sejam aproveitadas. Geralmente em uma mina
existem grandes possibilidades de blendagem do material, gerando uma variedade
de combinações e permutações, além de inter-dependências entre as variáveis, que
os algoritmos de otimização matemática buscam;

 Pilhas de estoque: As pilhas de estocagem, quando possíveis de serem utilizadas,


possibilitam mais cenários de permutações matemáticas e além de requisitar
maiores considerações dos algoritmos envolvidos, causando sobretudo mais
complexidades para a execução dos cálculos econômicos, já que se tornam mais
flexíveis as relações temporais entre a lavra e o processamento do material;

 Incertezas: Os teores e propriedades físicas dos minerais não se encontram


distribuídos de forma constante na natureza, ao longo do corpo mineralizado. Esse
fato dificulta na sua previsão, categorização e descrição. A modelagem dos corpos
mineralizados é realizada muitas vezes a partir de informações escassas,
principalmente devido ao alto custo para se obter os dados necessários.
8

Tendo em vista os fatores citados e ainda diversas outras variáveis, conclui-se que, o êxito
no gerenciamento de toda empresa de mineração, demonstrado através da competitividade
encontrada na economia de mercado, geralmente está atrelado a tomadas de decisões
estratégicas de forma eficaz, que necessitam de significativos níveis de experiência prática e
conhecimento científico (SILVA, 2008).

A maior demanda por recursos minerais com a tendência da redução desses recursos,
exige atualmente mais dedicação e mais minúcia no desenvolvimento de estudos para se obter
sucesso na execução de projetos de mineração, com o objetivo de minimizar desperdícios,
diminuir riscos e reduzir incertezas (DUNHAM & VANN, 2007). Desde a Segunda Guerra
Mundial a indústria do mineral é pressionada a trabalhar com reservas de teores mais baixos e
maior complexidade de lavra e beneficiamento. Então três aspectos da tecnologia mineral vêm
se tornando cada vez mais importantes (JEREZ et al, 2003):

• Aperfeiçoamento dos métodos de lavra;

• Tecnologia mais eficiente aplicada na recuperação metalúrgica;

• Planejamento estratégico de lavra mais sofisticado e abrangente.

O planejamento de lavra é uma atividade naturalmente complexa, complexidade esta que


é diretamente proporcional à sua relevância.

4.4 Planejamento de Lavra Subterrânea

Aspectos ambientais e sociais que restrinjam a utilização da superfície do solo ou aspectos


econômicos, no caso do corpo mineralizado se estender muito além da superfície ou quando o
a espessura de capeamento é muito grande, são fatores que podem viabilizar um projeto de mina
subterrânea. Ainda visando ganhos econômicos, um cenário de conversão de lavra a céu aberto
para subterrânea é muito comum, mas para maximizar os lucros é primordial executar esta
conversão no tempo certo, principalmente porque um considerável tempo de espera é preciso
até que a mina subterrânea comece a sua produção, devido a processos de licenciamento e
tempo de desenvolvimento de acessos, o mau planejamento dessa conversão pode prejudicar
significativamente o fluxo de caixa do empreendimento (SILVA, 2008).
9

As maiores vantagens oferecidas pela lavra subterrânea são a maior seletividade da lavra,
menor movimentação de material, menores impactos ambientais e a menor influência de
condições climáticas na operação que permite uma produção mais uniforme durante o ano.

No que tange ao desenvolvimento de uma lavra subterrânea a mais importante das


questões a serem avaliadas é a estabilidade do maciço rochoso, Portanto estudos geomecânicos
são essenciais para apontar o curso de desenvolvimento e o método de lavra a serem adotados.
A seleção dos meios de acesso, do sistema de ventilação e dos métodos de suporte são algumas
das decisões que serão afetadas por esses estudos (SHINOBE, 1997).

O método de extração a ser utilizado normalmente é aquele que gerará melhor retorno
econômico, levando em conta a necessidade de segurança e permitindo a lavra mais otimizada
possível de acordo com as particularidades geológicas do deposito. Algumas das características
que determinam a escolha do método de lavra são, a qualidade do maciço de minério e
encaixantes, as dimensões e orientação do corpo mineralizado, as feições estruturais, o teor do
depósito, os efeitos que serão gerados na superfície, a infraestrutura local e o preço dos produtos
comercializados (SILVA, 2008).

4.5 Métodos de Lavra Subterrânea

Neste item, será apresentada uma abordagem dos métodos para os quais se tem a possível
utilização de enchimento (backfill).

4.5.1 Método por Câmaras e Pilares

No método por câmaras e pilares, o minério é escavado abandonando pilares como


mecanismos de sustentação e de suporte aos tetos e às paredes. Este método é indicado para
corpos mineralizados extensos e espessos com pouco mergulho cujas encaixantes sejam
competentes, assim permitindo a viabilidade na execução e no trânsito de equipamentos de
lavra (VISSOTO, 2013).

Por essas condições, geralmente não há a necessidade da utilização de suportes de apoio


e sustentação artificiais, então o uso de enchimento é feito mais como solução para espaço de
disposição dos rejeitos gerados do que por medidas de segurança e estabilidade (TEIXEIRA,
2018).
10

O processo de lavra por câmaras e pilares geralmente ocorre da seguinte forma, efetua-se
a perfuração de desenvolvimento das câmaras e dos acessos comumente utilizando jumbos, em
seguida através do desmonte de rochas por explosivos o material é desagregado e então
carregado para os pontos de extração com utilização de carregadeiras e caminhões rebaixados
ou LHDs (HAMRIM, 2001). A figura 2, a seguir, ilustra a aplicação do método.

Figura 2: Modelo esquemático de Câmaras e Pilares

.Fonte: SOUZA (2017)

Legenda: 1– Cable bolt; 2 – Bancada Vertical; 3 – Pilar ; 4 - Camada Horizontal.


11

4.5.2 Método por Corte e Enchimento

Neste método de lavra por corte e enchimento os espaços vazios gerados pela escavação
obrigatoriamente necessitam ser preenchidos para que a lavra continue (SOUZA, 2017).

Este método é mais seletivo, portanto, é bastante utilizado em corpos com características
mais irregulares, com maiores variações de teores ao longo de sua mineralização e com rochas
encaixantes de média ou baixa competência. Nesse método as áreas de parede ficam exportas
por um curto período de tempo, uma vez que a lavra é sequenciada de forma ascendente e em
tiras da base até o topo do alargamento. A altura da seção de lavra é definida pela resistência
mecânica das rochas encaixantes, sendo assim o método é aplicável a corpos de minério
descontínuos em que a diluição seria um problema para os outros métodos (HARTMAN, 1982
apud VISSOTO, 2013).

O processo de lavra por corte e enchimento geralmente ocorre da seguinte forma, utiliza-
se jumbos para realizar a perfuração de desenvolvimento das galerias, em seguida é feito um
desmonte com explosivos e o transporte é feito através de chutes ou com auxílio de
carregadeiras e caminhões. A figura 3, a seguir, ilustra a aplicação do método.

Figura 3: Método de Corte e Enchimento

Fonte: Adaptado de Atlas Copco, 1997.


12

4.5.3 Método por Realces em Subníveis

O método de realces é aplicado em corpos com alto grau de mergulho (verticais ou


subverticais), em que tanto o corpo quanto as encaixantes tenham boa competência. Neste
método o corpo de minério é dividido em stopes que são algo como de fatias do corpo, esses
stopes de grandes volumes são desmontados e escoados através de chutes e travessas de
produção. Atualmente os stopes são planejados com o auxílio de softwares de planejamento de
lavra, como DATAMINE que será utilizado neste trabalho, com a intenção de otimizar as
dimensões dos stopes, causando menor diluição e perca de minério (TEIXEIRA, 2018).

Para um desmonte bem sucedido é necessário criar fácies livres denominadas slots, que
são uma região na extremidade do stope onde são feitos furos mais próximos com uma razão
de carga maior para se gerar uma face livre suficiente para comportar o desmonte. A perfuração
dos painéis de lavra geralmente são realizadas por perfuratrizes do tipo fandrill e para o
desenvolvimento dos acessos utiliza-se jumbos. Para se retirar o material fragmentado dos
realces, são utilizadas carregadeiras do tipo LHD e para transportar o minério podem ser
utilizados caminhões rebaixados, vagões sobre trilhos ou correias transportadoras a depender
do projeto da mina (SOUZA, 2017).

Na lavra por realces em subnível são abandonados entre dois níveis os sill pillars que são
pilares horizontais de espessura variável e os rib pillars que são pilares verticais, que são
utilizados para reforçar a estabilidade nos realces. Com a utilização de enchimento (backfill) ao
realizar o preenchimento dos realces abertos, tem-se um relevante aumento na recuperação da
lavra auxiliado os rib pillars contrubuindo para a sustentação da escavação evitando o
abatimento dos mesmos (HARTMAN et al., 2002).

A Figura 4, a seguir, representa um esquema do método por realces em subníveis.


13

Figura 4: Método por realces em sub níveis

Fonte: Adaptado de Atlas Copco, 2000.

4.6 Enchimento

O preenchimento de vazios gerados pela exploração mineira feito com rejeito da lavra, o
chamado backfill, resulta tanto em benefícios geomecânicos quanto ambientais, o que é de
grande interesse dos empreendimentos mineiros, que gera cada vez mais interesse em estudar
e compreender o comportamento e propriedades físicas doas diversos tipos de enchimento
(VISSOTO, 2013).
14

4.6.1 Enchimento hidráulico

O enchimento hidráulico ou hydraulicfill é composto de rejeitos finos com porcentagem


de sólidos entre 50% e 70%, transportados por um sistema de bombas e tubos com fluxo
turbulento. Com essa elevada quantidade de água, torna-se obrigatório utilizar um sistema de
drenagem e contenção. O enchimento hidráulico também é utilizado para o controlar a
subsidência, já que este tende a se fluir e preencher os vazios gerados, distribuindo as tensões
(GOMES, 2016).

4.6.2 Enchimento em pasta

O enchimento em pasta ou pastefill utiliza cimento ligante em conjunto com os rejeitos


finos, sua composição tem de 78% até 87% de sólido, que dispensa a utilização de drenagem
de água, uma vez que a água é absorvida pelo cimento sendo incorporada a sua matriz. Por
outro lado, o elevado teor de sólidos implica em uma menor fluidez, o que acaba tornando o
transporte do material mais oneroso (GOMES, 2016).

4.6.3 Enchimento de enrocamento

O enchimento de enrocamento ou Rockfill é composto por agregados (material grosseiro)


em conjunto com rejeitos finos, o que muitas vezes faz com que seja necessário uma maior
quantidade de ligantes para garantir a resistência desejada, se tornando um método mais caro.
O transporte costuma ser feito de forma separada com um sistema projetado para levar o
material mais grosso enquanto o material mais fino é transportado por bombas e tubos
(GOMES, 2016).
15

5 METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido a partir do relatório final de pesquisa mineral e do banco
de dados de 18 furos de sonda na Mina da Cútia. O banco de dados forneceu parte da informação
necessária para operação nos softwares Studio RM e UG e o relatório as complementou os dados
necessários para rodar o MSO. Ao final deseja-se obter um resultado satisfatório para a
viabilidade técnico-econômica do método de Corte e Enchimento.

5.1 Preparação do Modelo de Blocos

A primeira atividade ao se manipular um banco de dados previamente estabelecido é


verificar a existência de erros básicos, como Gap2 e Overlap3 e de possíveis erros severos.

5.1.1 Analise Espacial do Depósito

Conhecer o Deposito mineral é de suma importância para o desenvolvimento mineiro,


pois é nesta hora que se realiza os primeiros filtros do que se pode aplicar para aproveitar aquele
bem mineral. Com o modelo geológico delineado e o modelo de blocos inferido partiu-se para
a etapa de analise espacial do modelo. Seguindo as etapas abaixo.

Direção de Mergulho

A direção de mergulho segundo (Medeiros 2017) é a orientação em relação ao norte, de


uma linha resultante da intersecção entre a superfície do objeto e um plano horizontal
imaginário. Para este caso identificou-se no modelo geológico, através do histograma de
frequência dos azimutes, que a direção de mergulho deste maciço é 185º em relação ao Norte,
ou seja, o corpo mergulha para o Sul, como pode ser observado na figura 5, abaixo. Esta
informação é extremamente útil para alimentar o MSO.

2
Gap é um tipo de erro onde se gera uma cavidade no furo de sonda, ou seja, um vazio deixado pela falta de
dados ou por manipulação incorreta.
3
Overlap é outro tipo de erro gerado no banco de dados onde a mesma amostra está definida de duas ou mais
formas diferentes. Geralmente ocorre ao imputar os valores no banco de dados.
16

Figura 5: Direção de Mergulho

Fonte: Próprio autor

A figura 6, abaixo, é uma vista em planta e ilustra de forma bem clara que o corpo está
mergulhando em direção ao Sul.

Figura 6: Vista em planta do modelo geológico da Mina da Cutia

Fonte: Próprio autor


17

Ângulo de Mergulho

O ângulo de mergulho “dip” é definido pelo ângulo diedro entre o plano geológico e o
mergulho real, e pelo quadrante para o qual mergulha o plano. Se o corpo mineral está na
posição horizontal não se tem inclinação e o mergulho é zero graus, se for vertical o mergulho
é de 90 graus de acordo com (Medeiros 2017). Neste caso o histograma (figura 7) aponta que o
dip é de 46º. Este dado também é muito útil para alimentar o MSO e também para justificar o
método de lavra.

Figura 7: Ângulo de Mergulho

Fonte: Próprio autor

A figura 8, a seguir, é uma vista lateral e mostra de forma bem visual que o corpo
mergulhando com um ângulo aproximado de 45º, reforçando assim as informações obtidas
através do histograma.
18

Figura 8: Vista Lateral do Modelo Geológico da Mina da Cutia

Fonte: Próprio autor

Espessura Media do Maciço

Também foi plotado um histograma, verificando a coluna HORTICK, para identificar a


espessura média horizontal do corpo mineral. Este dado se torna bem-vindo, visto que, para se
definir o método de lavra se faz necessário esta informação. E como pode ser observado na
figura 9, abaixo, a espessura média é de 32 metros.

Figura 9: Espessura Média do Maciço

Fonte: Próprio autor


19

5.1.2 Determinação da transição céu aberto para subterrânea

A determinação dos limites da cava final de qualquer projeto de mineração é um dos


maiores desafios de um projeto.

Segundo (Carmo, 2006), A determinação do Limite de cava a céu aberto é definido no


início do projeto, porem ao longo da vida útil do empreendimento deve-se sempre realizar a
manutenção deste limite. Um dos propósitos do plano de exaustão de minas a céu aberto é
determinar a cava final ótima, baseando-se em um modelo econômico sujeito a restrições
técnicas e visando à maximização do valor atual líquido do projeto. O algoritmo e mais
conhecido para -se definir esse tipo de função foi publicado por Lerchs e Grossmann (1965). O
algoritmo de Lerchs e Grossmann tem sido aceito como padrão de teste em comparação com
outros algoritmos equivalentes, que têm sido propostos, porque ele resolve o problema
correspondente, segundo a teoria dos grafos, ao corte mínimo e fluxo máximo.

O limite da cava a céu determinada de acordo com a cava ótima gerada no NPV
Scheduller alcança profundidade máxima de 35 metros que será atingida na cota 230, se forem
respeitados os ângulos de talude e altura da Berma aberto, e que pode ser observado através da
ilustração abaixo (figura 10), a intersecção na cor vermelha e a topografia na cor verde. A partir
desse ponto, realizar a lavra através do método atual deixa de ser interessante. Então a
continuidade da atividade mineira só será economicamente interessante através da lavra
subterrânea.

Figura 10: Vista Leste do Deposito limitado pela cava ótima

Fonte: Próprio autor


20

5.2 Estabelecimento da Reserva Lavrável

Segundo o (Cury, 2017) uma reserva provável de minério é a parte economicamente


lavrável de um recurso mineral indicado e, em alguns casos, medido, já uma reserva provada
de minério é a parte economicamente lavrável de um recurso mineral medido. Inclui materiais
diluídos e descontos sobre perdas, que podem ocorrer quando da lavra do material.

5.2.1 Filtro de Recurso Medido e Indicado

Para a este projeto foram considerados apenas os Recursos Medidos e Indicados, pois
estes, são as partes do recurso mineral para a qual a massa, a densidade, a forma, características
físicas, o teor e conteúdo mineral podem ser estimados com razoável nível de confiança.

Os softwares da Empresa Datamine identificam o tipo de recurso e classificam-no de


acordo com o nível mostrado no quadro 1 abaixo. Através da ferramenta EXTRA do Studio foi
possível atribuir o valor “0” para teores inferidos e potencias no Modelo de Blocos.

Quadro 1: Categorização da reserva

CATEGORY Tipo de Recurso

1 Medida

2 Indicada

3 Inferida

4 Potencial

Fonte: Próprio autor


21

5.2.2 Crown Pillar

Segundo Lopes G. F (2012) A espessura de Crown Pillar é a estrutura rochosa segura que
fica entre o teto da galeria da mina subterrânea e a superfície topográfica, neste caso o fundo
do último ano da mina a céu aberto. Esta medida é definida pela Geotécnia de acordo com a
resistência e qualidade do maciço e encaixantes.

A imagem (figura 11) abaixo ilustra os limites da mina a céu aberto, a profundidade de
transição ótima, o Pilar entre a mina a céu aberto e a subterrânea (Crown Pillar) e logo abaixo
o projeto da mina subterrânea.

Figura 11: Esquema de transição de uma mina a céu aberto e subterrânea e o Crown Pillar

Fonte: Bakhtavar e Shahriar, 2007

Com base no Projeto de Lavra da EDM 2016, o Crown Pillar foi definido com 45 metros
para fins didáticos. Para uma aplicação real se faz necessário um estudo Geotécnico especifico
para este mérito, afim de não se abandonar mais minério do que o extremamente necessário,
nem tampouco entre na faixa de segurança, que deve ser respeitada por questões de estabilidade.

Para o planejamento da lavra subterrânea inicialmente foi transladado a topografia da


cava final ótima em 45 metros para baixo. Posteriormente foi gerado um modelo com apenas
22

os blocos abaixo desta superfície, afim de que a mina fosse desenvolvida a partir deste faixa
garantindo os níveis de segurança.

5.2.3 Cut off

Segundo a CPRM, Teor de corte ou simplesmente Cut Off é o teor limite do minério,
abaixo deste valor, se torna anti-economico. Cut off não é um valor rígido visto que envolve ou
pode envolver diversas variáveis como o custo e disponibilidade de energia, localização e custo
de frete, valor atual de mercado, políticas de incentivo, etc. A própria alteração do cut off, face
as novas variáveis, pode modificar a própria economicidade e até a viabilidade de uma jazida
ao aumentar ou diminuir as reservas explotáveis.

O teor de corte merece uma atenção especial, não podendo ser definido a “toque de caixa”.
Não sendo a definição de valores de corte e econômicos o objetivo deste, foi então definido
para efeitos didáticos o valor de 3.47g/t de AU, baseado também no Projeto de Lavra da EDM
2016.

5.3 Método de Lavra

Levando em consideração a Geometria dos corpos, a geologia local, a competência da


rocha, foi considerado neste trabalho o método de Cut and Fill.

Segundo (Stephan, 2011), o método divide o deposito em fatias horizontais, que


posteriormente serão removidas, neste caso de baixo para cima. O minério é perfurado,
detonado e removido do stope. Após o minério ser retirado, o vazio resultante é preenchido com
material de enchimento (“backfill”). O enchimento serve como suporte para as laterais do stope
e como plataforma para os equipamentos quando a próxima fatia for minerada. A figura 12, a
seguir, representa um esquema de avanço do método.
23

Figura 12: Exemplo do método de Cut and Fill

Fonte: SME Mining Engineering Handbook, 2011.

Segundo Hambley D. F. 2011, o método é recomendado, por exemplo, quando minério


e/ou estéril são pouco competentes, o que limita as dimensões das escavações em subsolo e
permite pouco tempo entre a retirada do minério e a deposição do enchimento. As vantagens
são: Investimento moderados para implantar o método; minimiza-se a subsidência; recuperação
mais elevada; menor diluição; e do ponto de vista ambiental a melhor opção, o rejeito pode ser
levado para o subsolo. Já as desvantagens são: o elevado custo operacional, compensando
apenas em minérios de elevado valor e a atividade de enchimento pode enrolar o ciclo de
produção, se não for bem pensada.

5.3.1 Painel de Lavra

Tendo em vista o planejamento a longo prazo, foi então dividido em blocos maiores.
Verticalmente o depósito tem painéis de 52 metros cada, que por sua vez é composto por uma
galeria de acesso de 5 metros ao fundo de altura, de 15 alteamentos de 2,8 metros e um Sill
Pillar ou Crown pillar ao topo, a seguir pode ser visualizado este esquema (figura 13).
24

Figura 13: Esquema vertical dos Stopes

Fonte: Próprio autor

O primeiro nível limita-se ao topo com um Crown Pillar, já os outros três níveis a partir
do 15º alteamento são limitados por um Sill Pillar 4 de 5 metros de altura, horizontalmente esse
depósito terá potencia de 32 m por 5m de largura, como mostra a imagem (figura 14) abaixo.

Figura 14: Vista Horizontal dos Stopes

Fonte: Próprio autor

4
Sill Pillar é o mesmo que Pilar de soleira, ou seja é um pilar entre um realce avançado e um piso previamente
lavrado.
25

5.3.2 Acessos

A rampa de acesso aos níveis de lavra foi pensada de modo a ser embocada pelo footwall5
na cota 215, com 15% de inclinação e seção de 5 metros de largura por 5 metros de altura
arqueada ao topo com um raio de 1 metro cada. Esta se desenvolve em “8”, sendo o menor raio
de curvatura dentro mina igual a 25 metros, essas características podem ser observadas na
imagem (figura 15) a seguir.

Figura 15: Características da rampa

Fonte: Próprio autor

O painel de lavra por sua vez, é acessado através das “Crosscuts” ou Travessas,
representado na imagem (figura 16) a seguir, que são galerias também de seção 5x5x1 metros,
e medem 50 metros cada. Essas ligam o painel a rampa e são extremamente necessárias para
garantir uma maior estabilidade geotécnica do maciço e para que caso haja um eventual
problema em determinado nível não afete os demais, nem tampouco a rampa.

5
Footwall é a parte inferior de uma falha inclinada ou de um depósito mineral.
26

Figura 16: Vista superior da travessa

Fonte: Próprio autor

5.3.3 Ventilação

A Chaminé (Shaft) principal de exaustão deverá ter um dimensionamento especifico para


este sistema. Preliminarmente, para efeitos didáticos, supõe-se a seção de diâmetro de 2,5
metros, sendo ilustrado na imagem (figura 17) a seguir. O Shaft foi projetado para ser instalado
na zona de estéril. Os mesmos serão abertos com maquinas do tipo rase boring, de forma
ascendente e o material desmontado será carregado e transportado por carregadeiras, tipo LHD,
até o ponto de carregamento dos caminhões.

A tubulação de ventilação para adução de ar puro foi projetada para ser instalada na parte
central/superior da rampa. E deverá ser dimensionada de acordo com a NR 22.

No primeiro nível por estar próximo do emboque, a exaustão do ar será realizada através
de sistemas ligados a própria rampa. Já nos demais níveis será construído um acesso com seção
arqueada de 4x4x1 ligando o Shaft ao OreDrive.
27

Figura 17: Ilustração do Shaft e das Galerias de Ventilação

Fonte: Próprio autor

5.3.4 Enchimento

As atividades de enchimento dos Stopes serão dividias em etapas, a primeira etapa as galerias de
minério lavradas serão todas preenchidas com material cimentado, sendo iniciada na galeria mais
distante da saída. Ao fim d desta etapa as galerias paralelas serão lavradas e preenchidas com material
não cimentado, possivelmente estéril. A imagem (figura 18) abaixo ilustra em perspectiva o
processo de corte e enchimento para uma situação similar a essa.

Figura 18: Método de Corte e Enchimento Ascendente

Fonte: SME Mining Engineering Handbook, 2011.


28

Como medida de segurança, sempre os primeiros stopes a serem lavrados serão os mais
distantes da saída para a rampa, pois caso aconteça algo imprevisto durante o processo de lavra
reduz-se as chances de pessoas e equipamentos ficarem retidos em meio aos escombros.

5.4 MSO

Segundo os desenvolvedores, o Mineable Shape Optimiser (MSO) é uma ferramenta de


planejamento de mina estratégica que automatiza o projeto de formas de sustentação para uma
variedade de métodos de Stope para minas subterrâneas.

Segundo o Help do software , o MSO imita o que um engenheiro faria, gera e avalia
milhares de iterações, levando em conta a geometria do stope, bem como as restrições
geológicas e geotécnicas para calcular a forma ideal que maximiza o valor. Ele tambem
identifica não apenas as formas de stope a serem extraídas, mas também as que devem ser
deixadas para trás. Resultando arquivos de strings, wireframe, e em seguida, avalia esta de
acordo com o modelo de blocos.

Este algoritimo maximiza o valor do recurso recuperando acima de um corte, enquanto


tambem atemde aos parametros geometricos e operacionais, procurando formas ideais que
possam ser minadas, tendo em conta a geometria do Orebody. A imagem (figura 19) abaixo
ilustra resumidamente como o MSO trabalha, atraves dos dados imputados gera-se um único
stope que posteriormente será replicado de acordo com as restriçoes impostas, ate preencher
todo o deposito.

Figura 19: Sequencia simples do MSO para gerar stopes

Fonte: Adaptado do Help do Datamine


29

Nesta etapa foram imputados o modelo de blocos trabalhado anteriormente e definido o


objeto a ser otimizado, no caso o Ouro, assim como a densidade, os valores de Potência, Dip e
Strike do Depósito. Tambem foi definido as dimensões dos Stopes de Galeria, de alteamentos
e de Sill Pillar. Foi gerado então um cenario onde se desejava maximizar a quantidade de Stopes
atraves do Teor de Corte.
30

6 RESULTADOS

Todos os dados foram inseridos no software Datamine. Para cada bloco foram atribuídos
todos os valores a todas as variáveis do modelo.

6.1 Reserva Lavrável

O MSO gerou os Stopes, representados na figura 20, visto em seção NS, respeitando as
restrições impostas, como o Crown Pillar (zona entre as linhas vermelhas), o sillpillar (faixas
vermelhas dentro do deposito), as galerias (faixa azul) e o número de alteamentos (em verde)
solicitados em cada nível. Elaborando de fato, automaticamente os mesmos.

Figura 20: Vista Oeste do Ore Body com os stopes, galerias e alteamentos

Fonte: Próprio autor


31

A divisão vertical da mina entre Níveis, Sub níveis (alteamentos) e Sill Pillar do depósito
esta visualmente ilustrado na imagem acima e descrito em cotas, com referência na Lapa6, cada
item apresentado através da quadro 2 abaixo.

Está é de suma importância para a devida orientação no planejamento de lavra de uma


mina subterrânea, pois através desses dados de todos os painéis se torna possível uma cubagem
mais precisa e consequentemente saber quanto de qual material o depósito tem em cada nível.

Quadro 2: Cotas das galerias, pilares de segurança e alteamentos em cada nível

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

Crown / Sill Pillar 233 181 129 77

Sub nível 15 230.2 178.2 126.2 -

Sub nível 14 227.4 175.4 123.4 -

Sub nível 13 224.6 172.6 120.6 -

Sub nível 12 221.8 169.8 117.8 -

Sub nível 11 219 167 115 -

Sub nível 10 216.2 164.2 112.2 -

Sub nível 9 213.4 161.4 109.4 -

Sub nível 8 210.6 158.6 106.6 -

Sub nível 7 207.8 155.8 103.8 -

Sub nível 6 205 153 101 74.2

Sub nível 5 202.2 150.2 98.2 71.4

Sub nível 4 199.4 147.4 95.4 68.6

Sub nível 3 196.6 144.6 92.6 65.8

Sub nível 2 193.8 141.8 89.8 63

Sub nível 1 191 139 87 60.2

Galeria 186 134 82 54

Fonte: Próprio autor

6
Lapa é o mesmo que piso em uma mina subterrânea
32

Através da cubagem do modelo de blocos (quadro 3), observou-se que o volume da


reserva lavrável é de 2.290.160,64 m³, onde serão retiradas 36,15 toneladas de Ouro com uma
recuperação de mina de 90%.

Verificou-se também que nos 2.497.917,91 ton do material disponível para os pilares de
segurança ocorre 9,5 ton de Ouro contido, e que 42% deste ouro encontra-se no Sill Pillar e
58% no Crown Pillar.

Quadro 3: Cubagem por Nível

Massa Au Ouro Contido


Densidade Volume (m³)
(ton.) (g/ton.) (ton.)

Crown Pillar 2.75 1789992.00 650906.18 3.25 5.817

Nível 1 Sub níveis 2.75 645249.30 234636.11 5.73 3.698

Galeria de Min. Inicial 2.75 242776.22 88282.26 6.02 1.461

Sill Pillar 2.75 299136.93 108777.07 6.17 1.846

Nível 2 Sub níveis 2.75 3217477.26 1169991.73 6.36 20.451

Galeria de Min. Inicial 2.75 369224.93 134263.61 6.02 2.222

Sill Pillar 2.75 343075.68 124754.79 5.78 1.984

Nível 3 Sub níveis 2.75 1622128.72 589864.99 5.63 9.138

Galeria de Min. Inicial 2.75 69816.73 25387.90 6.13 0.428

Sill Pillar 2.75 65713.30 23895.75 5.89 0.387

Nível 4 Sub níveis 2.75 128296.43 46656.46 4.96 0.637

Galeria de Min. Inicial 2.75 2963.32 1077.57 4.15 0.012

Total 2.75 8795850.83 3198494.43 5.51 48.082

Material a ser Explotado 2.75 6297932.92 2290160.64 5.62 36.144

Material a ser abandonado: 2.75 2497917.91 908333.79 5.28 9.534

Fonte: Próprio autor


33

6.2 Resultado do Desenvolvimento

Considerando uma produção mensal de 54 metros lineares para cada um destes acessos a
mina subterrânea, obtém se o quadro abaixo (quadro 4) apontando o comprimento, o volume
em metros cúbicos, as cotas e o tempo gasto para atingir cada nível.

Quadro 4: Relação de estéril movimentado para o desenvolvimento

Total Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


Comprimento
984.8 89.38 374.2 306 215.22
(m)
Volume m³ 53166.35 4825.35 20201.92 16520.01 11619.07
Rampa
214 - 201 - 145.4 - 99.95 -
Cotas 219 - 67
201 145.4 99.95 67
tempo (meses) 18.24 1.66 6.93 5.67 3.99
Comprimento
936.61 182 320.71 373.9 60
(m)
CrossCut Volume m³ 23012.51 4471.74 7879.84 9186.72 1474.20
Cotas - 201 145.4 99.95 67
tempo (meses) 17.34 3.37 5.94 6.92 1.11
Comprimento
180 - 110 47 23
(m)
Volume m³ 883.13 - 539.6875 230.5938 112.8438
Shaft
255 - 145.4 - 99.95 -
Cotas 255 - 75 -
145.4 99.95 67
tempo (meses) 3.33 - 2.04 0.87 0.43
Comprimento
150 - 78 52 20
(m)
Gal. de Ventil. Volume m³ 2973 - 1545.96 1030.64 396.4
Cotas - - 145.4 99.95 67
tempo (meses) 2.78 1.44 0.96 0.37

Fonte: Próprio autor

Observa-se que para o Nível 1 não existem valores para a galeria de ventilação e para o
Shaft, pois para o projeto foi levado em conta que o empreendimento é de uma cooperativa de
garimpeiros, passa também neste momento por um período de transição de céu aberto para
subterrânea e que este nível está a apenas 89,4 metros do emboque, que foi feito dentro da cava
a céu aberto. Portanto a adução e exaustão para este painel será realizada pela própria rampa.
34

6.3 Produção

A vida útil da mina será de 37 anos (figura 21) considerando uma alimentação anual da
usina de 175.000 ton de minério ROM, onde os 5 primeiros meses de produção se dará no
desenvolvimento de acessos para atingir o Nivel 1. A partir deste ponto, até meados do quinto
ano as operações se concentrarão apenas em operações ligadas a exploração do primeiro nível.

No início do 4º ano inicia-se a construção do Shaft que atenderá os Níveis 2, 3 e 4. O


início deste se dará na cota 255 e finalizando a primeira etapa na cota 145.4, onde será instalada
uma galeria exclusiva para exaustão do ar.

No segundo semestre do 5º ano as operações de construção da rampa retornarão à ativa,


atuando por mais 1 ano, com o objetivo de atingir o Nível 2 simultaneamente com o fim da
lavra do primeiro nível.

Figura 21: Gráfico de produção limite

Grafico de Produção
250000 1.2

200000 1
Produção (t/ano)

0.8
150000

REM
0.6
100000
0.4
50000 0.2
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728293031323334353637
Tempo (ano)

Massa de minerio por ano (ton) Massa de Estéril por ano (ton)
REM Massa de Ouro Contido (ton)

Fonte: Próprio autor


35

6.4 Sequenciamento

Ao acessar o primeiro nível, inicia–se a lavra das galerias primaria e secundaria,


garantindo o acesso ao último stope de cada painel a ser aproveitado. Na sequência inicia-se a
lavra da primeira etapa, seguindo a sequência ilustrada na figura 22, abaixo.

Na primeira etapa serão lavrados aproximadamente 50% de toda a galeria, ao final de


cada abertura esta é completada com material cimentado. Na segunda etapa outros 40% serão
aproveitados e posteriormente enchidos com material não cimentado. A terceira etapa só será
realizada ao final do enchimento das etapas anteriores nos painéis que estão situados
paralelamente.

Figura 22: Vista horizontal e vertical do painel de lavra no sequenciamento

Fonte: Próprio autor


36

Após 17 meses do início da mineração da galeria inicia –se os alteamentos dos painéis
deste nível, que também seguirão esta sequência, perdurando por no mínimo mais 45 meses a
uma taxa de alimentação de 175000 ton/ano da usina.

Para os próximos níveis a rampa será desenvolvida de modo a coincidir com o termino
da lavra do nível acima, até a completa exaustão desta. O gráfico Gantt de sequenciamento
desta pode ser apreciado no anexo I.
37

7 ANALISE DOS RESULTADOS

O projeto de continuação da lavra do deposito em estudo com a transição para uma mina
subterrânea pelo método de corte e enchimento se mostra muito interessante, pois permite lavrar
cerca de mais 6,3 milhões de toneladas de minério que representa cerca de 72% da jazida, este
volume lavrado possui aproximadamente 38 toneladas de ouro contido, gerando uma sobrevida
de mais 37 anos ao empreendimento.

O método de corte e enchimento além de maximizar a recuperação do deposito pois utiliza


de material estéril como suporte geomecânicos, também resolve um problema muito comum
que é o passivo ambiental gerado, o método minimiza este problema pois retorna com o material
para seu local de origem.

O Material do Crown Pillar e do Sill Pillar apesar de serem dispositivos de segurança,


que devem ser respeitados e não ter as suas cotas invadidas, de acordo com este projeto, estes
apresentam um enorme potencial para serem lavrados do futuro, pois apresentam teores médios
acima do Cut Off utilizado em todo o projeto da mina subterrânea e também uma boa quantidade
de minério, que poderá se viabilizar, caso futuros estudos geotécnicos apontem maneiras de se
aproveitar estes com segurança. Daí a importância de se conhecer e entender todo o deposito.
38

8 CONCLUSÃO

O trabalho foi de grande valia para discussões a respeito do planejamento de longo prazo
para minas subterrâneas, onde se utiliza o método de Cut and Fill, que além de ter demonstrado
a elaboração de uma metodologia através dos softwares, também possibilitou a geração de um
cenário ótimo de produção de ouro, tendo em vista as restrições operacionais e escassez de
dados reais.

Na elaboração dos Stopes cerca de 3.544.296,38 toneladas com teor médio de 1,3 g/ton
de material foi desconsiderado para o planejamento de lavra atual, pois não atingiu o CutOff
exigido. Visando então um futuro aproveitamento deste deposito, que se encontra a 170 metros
do principal, foi projetado que a rampa principal fique entre os dois depósitos, porém um pouco
mais próxima da corpo principal, respeitando os limites econômicos.

É importante salientar que cada projeto trabalha com um teor de corte diferente, que deve
ser analisado para cada mina de acordo com a alimentação da usina, a qualidade do material e
a recuperação metalúrgica deste. O valor econômico gerado pela mina considerando o
aproveitamento de 38,05 ton de ouro contido e a grama do ouro valendo em média a R$ 160,00,
o deposito vale em média R$ 6.087.461.822,00 , desconsiderando os custos de CAPEX e
OPEX.

Novos estudos em trabalhos futuros devem ser realizados para dimensionamento dos
equipamentos que conseguirão dar suporte a essas operações e garantir a produção desejada,
assim como ser levantados os custos de CAPEX e OPEX para determinação do valor presente
liquido do projeto, o que dimensionará a real atratividade econômica do projeto.
39

REFERÊNCIAS

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ANEXO I

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