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Praia Do Sítio
Praia Do Sítio
Praia Do Sítio
Set 2005
A Praia do Sítio faz parte do Parque de
Itapuã, e está localizada na extremidade
Sul do Rio Guaíba, no município de Viamão,
a pouco mais de um quilômetro do Farol de
Itapuã, onde as águas do Guaíba alcançam
a Lagoa dos Patos.
Colonização
Em 1773 um padre português foi mandado para a Praia do Sítio para iniciar a colonização, segundo o Comandante
Cary Ramos Vale, do Veleiros do Sul. Depois vieram os Açorianos de Rio Grande que, considerando o lugar muito
pedregoso, preferiram estabelecer-se na Sesmaria do Dornelles, atual Porto Alegre, declarou Cary.
Quase 30 anos depois, o velejador tem ainda bem vivo na memória o passeio até a Ponta das Desertas, de bug.
Incluindo a Praia de Fora, são 15km de areias brancas (linha branca na imagem acima). "Em alguns lugares eu
ouvia o croc croc das conchas quebrando, de tanta que tinha", diz Luciano.
Dona Maria
Nas andanças para o levantamento, no final dos anos 70, Luciano conheceu a Dona Maria do Canto, uma senhora
de cor parda, com 80 anos. Era
nativa da região, mais
especificamente da Praia do Canto,
ou seja o canto norte da Praia do
Sítio. As terras da Dona Maria iam
até a Ponta da Fortaleza. Dizia-se
bisneta do Gen. Bento Gonçalves e
mostrava um documento antigo
escrito em letras que lembravam o
gótico, em papel grosso, que
provava sua ascendência ilustre,
embora ilegítima, como reconhecia.
Pedra da Argola
Conta também Chaguinhas, que havia algo
curioso na região. Era a chamada Pedra da
Argola. A pedra está localizada entre a Praia
do Tigre e o Farol. A pedra foi furada e uma
grande argola foi chumbada (fixada com
chumbo). Tempos depois a argola sumiu.
Pedra do Bombeador
Segundo Cary, no topo do Morro do Campista (Praia do Sítio) está a Pedra do Bombeador, assim batizada pelos
Farrapos. Com vista privilegiada da foz do Guaíba, era de lá que um sentinela ficava vigiando (bombeando) o rio.
Em cima da pedra há um furo, de finalidade desconhecida. Pode ter sido feito pelos Farrapos ou pelos índios.
Cachaça na farinha
Dona Maria contou também que os navios descarregavam sacos pretos para serem levados a Porto Alegre, por
terra. Era o contrabando chegando. O Comandante Astélio Bloise dos Santos Habeas Corpus, que navegou muito
por ali, conta que como fiscal da Receita Federal, fez apreensões de contrabando na região, inclusive na Ilha do
Junco. O Comandante Augusto Chagas comenta que navios uruguaios fundeavam na Praia do Sítio e embarcavam
farinha de mandioca. Escondidas na farinha, levavam garrafas de cachaça de contrabando.
Pegadas de animais
Pegadas e fezes de animais na praia
mostram o quanto ela é freqüentada pelos
atuais moradores, dentre eles os bugios, que
dão um show no amanhecer (quando não
tem vento forte). Mais sobre os bugios.
Flora e fauna
A flora é composta por vegetação rasteira,
barranceira e algumas figueiras que
aparentam ser seculares, dentre outras
espécies.
Segundo o Comandante Nelson Fontoura,
biólogo e Prof. Titular da PUC, a Praia do Sítio
apresenta o mesmo "elenco faunístico" que
o resto do Parque de Itapuã, como, por
exemplo, capivara, bugio, lontra, mão-pelada,
cuíca (estes três últimos alimentam-se de
fauna aquática). Também a cutia, tatú-
mulita, gambá, zorrilho, furão, preá, graxaim
(do mato e do campo) e ouriço-caixeiro.
Outros locais
Cary e seus mergulhadores acharam armamento, balas de canhão e peças diversas também na Praia das
Pombas (Saco do Farias), Ponta Grossa e na Ponta da Fortaleza, tomada pelos Imperialistas desembarcados na
praia das Pombas.
Caça ao tesouro
Nas caminhadas pelo mato do Morro do
Campista, Luciano encontrou enormes
buracos, alguns com mais de 3 metros de
profundidade, cavados sob raízes de
figueiras. Coisas de nativos alcoolizados, à
cata de tesouros, diz o velejador.
Tainhota no camboim
Os pescadores preparavam tainhadas para o
jantar dos visitantes, normalmente vindos de
Porto Alegre. As tainhas pequenas,
desvisceradas, mas com escamas, eram
fixadas de cabeça para baixo a uma vara de
camboim falquejada, e espetada ao lado do
fogo de chão, conta Luciano.
Abrigo
A praia do Sítio é um bom abrigo para fundeio
com ventos nordeste ou sudeste (predominantes). A direção aproximada da praia é NNE-SSW. "Há boa
profundidade para chegar próximo à margem. O fundo, de um modo geral, é de areia firme, nem sempre adequado
para certos tipos de âncoras", diz o Comandante Geraldo Knippling, meu Mestre, em sua obra "O Guaíba e a Lagoa
dos Patos". Há quem tenha passado trabalho à noite por ter a âncora garrado.
Pernoitar fundeado na
praia do sítio, com vento
forte do NE ou SE, é
marcante. Como o vento
chega na praia por cima
do morro, não há onda,
mas o efeito é notável.
Assobia e encrespa a
água. Os estais vibram
bastante e as adriças
batem muito, se não
estiverem bem
ajustadas. É muito
recomendável ter uma
boa âncora, como a
bruce, para poder dormir
tranqüilo em noites de ventos fortes. O barco fundeado movimenta-se lenta e continuamente. Não balança, mas
fica boiando pra lá e pra cá. Na foto acima (observe o veleiro fundeado) vê-se as manchas das rajadas (fracas) na
água. É uma situação bem diferente das noites que passei fundeado por lá.
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