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Elemaq Paraf
Elemaq Paraf
Engenharia de Projeto
O conteúdo apresentado ao longo deste texto foi desenvolvido com a preparação das disciplinas “Pro-
jeto Mecânico Integrado”, “Projeto de Elementos de Máquinas” e “Complementos de Elementos de
Máquinas”. A necessidade deste material foi por proporcionar aos estudantes uma base para estudo
na situação de pandemia devido ao Covid-19 e da adaptação do curso à modalidade de Ensino Não
Presencial Emergencial no ano de 2020. Conteúdo de diversas referências foram compilados nesta
apostila de modo a facilitar o acesso à bibliografia fundamental dos cursos para os alunos que estão
impossibilitados de acessar a Biblioteca Comunitária da UFSCar.
iii
iv
Sumário
1 Definições Básicas 3
1.1 Nomenclatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Representação Técnica de Roscas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Tipos e dimensões comerciais de parafusos normatizados . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Parafusos de Potência 13
2.1 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Perfis Padronizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Cargas na Movimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3 Parafusos de Fixação 23
3.1 Orientações Gerais de Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 Seleção inicial de diâmetro e espaçamento entre parafusos . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3 Dimensionamento de juntas parafusadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3.1 Rigidez de parafuso e material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3.2 Carregamento estático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3.3 Concentração de tensões na raiz do filete de rosca . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.4 Carregamento cíclico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3.5 Escolha da força de pré-carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.4 Controle de força e torque de aperto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.5 Influência da temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5 Rebites 59
5.1 Tipos e Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.2 Dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
v
vi SUMÁRIO
II Soldas 67
6 Principais Processos 69
6.1 Soldas Arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.2 Resistência Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.3 Representação Técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.3.1 Símbolos Gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.3.2 Desenhos de fabricação para uniões soldadas . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
III Anexos 93
vii
viii LISTA DE FIGURAS
3.3 (a) Erro comumente cometido de enfraquecimento na região indicada pela seta e (b),
(c) possíveis correções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Exemplos de fixação de peças no corpo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.5 Exemplos de fixação tampas genéricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.6 Exemplos de uniões com centragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.7 Exemplos de uniões sem centragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.8 Exemplos de uniões de peças (tubos) de parede fina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.9 Exemplos de fixação de tampas em cilindros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.10 Cabeça de biela de motor e parafusos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.11 Comprimentos do parafuso e da montagem para estimativa de rigidez do parafuso. . . 33
3.12 Área de compressão em uma união com parafuso passante e porca através do modelo
de cone de pressão [3]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.13 Modelo de tronco de cone para parafuso rosqueado diretamente no flange [3]. . . . . 37
3.14 Gaxetas confinadas e não-confinadas em união rosqueada. . . . . . . . . . . . . . . 38
3.15 Análise de comportamento de parafusos pré-carregados (Fi ) e a adição de uma carga
de trabalho (P). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.16 (Carregamento de trabalho P variando ciclicamente ao longo do tempo entre os ex-
tremos Pmin e Pmax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.17 Análise de comportamento de parafusos pré-carregados (Fi ) e a adição de uma carga
de trabalho cíclica (P(t)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.18 Diagrama de Goodman para uma união parafusada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.19 Algumas soluções para controle de torque em uniões parafusadas. . . . . . . . . . . 49
3.20 Comportamento de junta parafusada com materiais de diferentes propriedades tér-
micas submetido a aquecimento: (a) situação inicial; (b) dilatação dos elementos
independente das restrições; (c) posição final de equilíbrio. . . . . . . . . . . . . . . 50
7.1 Acabamentos em cordões de solda de filete e espessura efetiva: (a) plano; (b) côncavo;
(c) convexo; (d) perna do filete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
7.2 Orientação do cordão de solda em relação ao carregamento: (a) transversal; (b) lon-
gitudinal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
7.3 Suporte unido à peça base por três filetes de solda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
7.4 Dimensões da peça e localização dos cordôes de solda . . . . . . . . . . . . . . . . 85
x LISTA DE FIGURAS
Lista de Tabelas
xi
xii LISTA DE TABELAS
1
CAPÍTULO 1
Definições Básicas
1.1 Nomenclatura
A Figura 1.1 apresenta uma representação da rosca de perfil triangular, identificando seus componen-
tes e características geométricas gerais. Em uma rosca externa, como a mostrada na figura, o diâmetro
externo é o diâmetro nominal da rosca, d. O filete tem um perfil, triangular na figura, que faz uma
trajetória helicoidal sobre a direção axial do elemento, formando a crista do filete de rosca. O ponto
mais interno do filete de rosca recebe o nome de raiz e a ele está associado o diâmetro de raiz, dr . Um
diâmetro intermediário entre o de raiz e o nominal é chamado de diâmetro de passo ou primitivo, d p .
A distância entre dois filetes consecutivos, na direção axial é chamada de passo de rosca, p.
Figura 1.1: Características de uma rosca de parafuso de fixação: d diâmetro nominal; d p diâmetro de
passo; dr diâmetro de raiz; p passo; rosca métrica utiliza um ângulo de perfil de rosca de 60°.
3
4 CAPÍTULO 1. DEFINIÇÕES BÁSICAS
Figura 1.2: Proporções detalhadas da rosca métrica ISO, externa e interna, para uso geral, perfil
nominal e descrição dos parâmetros em função do passo p. [4]
6
Tabela 1.2: Medidas nominais para roscas normais série 1
Designação Passo φ de Rosca ex- Rosca in- Rosca ex- Rosca in- Arredon- Seção trans- φ da Abertura
da rosca passo terna terna terna terna damento versal sob broca da chave
tração sextavada
d=D p d p = D2 dr D1 h3 H1 R At S
[mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm2 ] [mm] [mm]
M1 0,25 0,84 0,69 0,73 0,15 0,14 0,04 0,46 0,75 -
M 1,2 0,25 1,04 0,89 0,93 0,15 0,14 0,04 0,73 0,95 -
M 1,6 0,35 1,38 1,17 1,22 0,22 0,19 0,05 1,27 1,25 3,2
M2 0,4 1,74 1,51 1,57 0,25 0,22 0,06 2,07 1,6 4,0
M 2,5 0,45 2,21 1,95 2,01 0,28 0,24 0,07 3,39 2,05 5,0
M3 0,5 2,68 2,39 2,46 0,31 0,27 0,07 5,03 2,5 5,5
M4 0,7 3,55 3,14 3,24 0,43 0,38 0,10 8,78 3,3 7,0
M5 0,8 4,48 4,02 4,13 0,49 0,43 0,12 14,2 4,2 8,0
M6 1,0 5,35 4,77 4,92 0,61 0,54 0,14 20,1 5,0 10,0
M8 1,25 7,19 6,47 6,65 0,77 0,68 0,18 36,6 6,8 13,0
M 10 1,5 9,03 8,16 8,38 0,92 0,81 0,22 58,0 8,5 16,0
Dentre os valores tabelados mostrados para a rosca normal está o parâmetro At . Este parâmetro
é importante para o dimensionamento, pois trata-se da menor área na região do filete de rosca que
suporta o carregamento normal a que o parafuso é submetido. A menor área está na raio do filete,
no entanto ela não é uma circunferência, pois o filete descreve uma trajetória helicoidal. Uma vez
que nem sempre este valor está disponível em tabelas (por exemplo, ele não é apresentado para os
parafusos de rosca fina, Tabela 1.3). Utiliza-se como aproximação para o cálculo da área At a área
de uma circunferência cujo diâmetro é tomado como a média entre os diâmetros de raiz e primitivo.
Equacionando-se os diâmetros em função do passo p e a área At em função dos diâmetros:
dr = d − 1, 226869p (1.1)
d p = d − 0, 649519p (1.2)
π d p + dr 2
At = (1.3)
4 2
Substituindo-se d p e dr na expressão para At tem-se os valores em função do diâmetro nominal e
do passo, ou seja, os dados nominais padronizados da rosca:
π
At = (d − 0, 938194p)2 (1.4)
4
Alguns dos principais tipos, com descrição geral de suas faixas de dimensões, normas e áreas de
aplicação são apresentados na Tabela 1.4, retirada de [4].
8 CAPÍTULO 1. DEFINIÇÕES BÁSICAS
Faixa
Representação gráfica Execução Norma Aplicação, propriedades
nominal
Parafusos sextavados
M1,6
Com haste e até ISO Parafusos de vasta aplicação na
rosca normal M64 4014 construção de máquinas, aparelhos e
M1,6 automóveis. No caso de rosca até a
Com rosca nor- até ISO cabeça: maior resistência à fadiga
mal até a cabeça M64 4017
M8x1
Com haste e até ISO Em comparação à rosca normal: menor
rosca fina M64x4 8765 profundidade do filete, passo menor,
M8x1 capacidade de carga maior, maior
Com rosca fina até ISO profundidade mínima de parafusamento
até a cabeça M64x4 8676 le .
M3
Com haste del- até ISO Parafuso tensor, para cargas dinâmicas,
gada M20 24015 na montagem correta dispensa trava de
segurança.
M8
Parafuso de até DIN 609 Fixar a posição de componentes evi-
guia ou de M48 tando deslocamentos, a haste de guia
ajuste transfere forças transversais.
Parafusos sextavados para estruturas de aço
M12
Com grande até DIN Estruturas de aço: ligações à prova de
abertura de M36 6914 deslocamento (GV), ligações sujeitas a
chave tração e cisalhamento (SL).
M12
Parafuso de até DIN Estruturas de aço: ligações à prova de
guia com M30 7999 deslocamento (GVP), ligações sujeitas a
grande abertura tração e cisalhamento (SLP).
de chave
1.3. TIPOS E DIMENSÕES COMERCIAIS DE PARAFUSOS NORMATIZADOS 9
Dentre os diversos tipos de parafusos disponíveis, algumas Tabelas detalhadas serão apresenta-
das aqui como referência para realização de trabalhos na disciplina. As Tabelas, com dimensões
12 CAPÍTULO 1. DEFINIÇÕES BÁSICAS
comerciais segundo as normas indicadas, são apresentadas no Apêndice A. São apresentados parafu-
sos comerciais de diversos tipos (com ou sem haste, com haste fina, de guia, cabeça com sextavado
externo ou interno), porcas tipo 1 normais e autotravantes e arruelas para estruturas de metal.
CAPÍTULO 2
Parafusos de Potência
2.1 Aplicações
Uma das principais utilizações de um elemento com rosca é na movimentação controlada de ele-
mentos mecânicos. Habitualmente costuma-se ver a combinação de um parafuso e uma porca como
elementos de fixação. Tal aplicação será apresentada adiante. Ao se considerar a barra roscada (aqui
denominada fuso) girando em torno de seu eixo e impedindo-se a rotação da porca (que neste caso,
como não tem a função de fixação, será chamada de castanha), o que se verifica é que para uma en-
trada de movimento rotativo do fuso tem-se como saída o movimento linear da castanha. Sendo o
ângulo de hélice da rosca constante ao longo de todo o fuso, para uma rotação constante de entrada, a
saída é uma velocidade linear também constante, que pode ser facilmente determinada. Assim como
a relação de velocidades é constante, a relação de deslocamentos, desde que eliminadas folgas, tam-
bém o é. O mecanismo fuso-castanha pode então ser utilizado para aplicações que exigem precisão
de posicionamento. Desde que no limite suportado pelo elemento de rosca, o mecanismo pode ser
utilizado para aplicação ou transmissão de força. Na Figura 2.1 pode-se observar um desenho es-
quemático da transmissão de um torno apresentado por [14]. Ressalta-se o mecanismo de avanço
automático do carro porta ferramentas, que é feito por um fuso cuja rotação de entrada é derivada do
movimento principal e a castanha associada fornece o movimento linear do porta ferramentas. Este
recurso de movimentação é utilizado sobretudo no torneamento de roscas, que exigem um passo con-
trolado, dado pelo correto controle da velocidade de entrada e relação de transmissão. Na figura 2.2,
apresentada em [13], tem-se a construção interna de um elevador para automóveis de acionamento
manual que utiliza uma chave de catraca acoplada na extremidade superior para acionar um parafuso
responsável pela elevação de uma carga útil de até 10 ton.
Assim, a ideia de um fuso consiste em uma barra rosqueada que pode girar sobre seu próprio eixo.
Na barra rosqueada é montada uma “porca” (que por não ter função de fixação será designada como
castanha) na qual se impede o giro por alguma solução mecânica. Essa montagem faz com que ao
girar o fuso através de algum acionamento a castanha caminhe linearmente em uma direção. Ao se
13
14 CAPÍTULO 2. PARAFUSOS DE POTÊNCIA
Figura 2.1: Esquema de transmissão de avanço automático do carro porta ferramentas de um torno
universal. [14]
Figura 2.2: Desenho técnico de elevador de automóveis com acionamento manual movido através de
parafuso de potência. [13]
2.2. PERFIS PADRONIZADOS 15
inverter o sentido de rotação a castanha anda na direção oposta ao caso anterior. O fuso possui pelo
menos um filete de rosca formando uma hélice em torno de uma haste. A rosca pode ter mais de um
filete, por exemplo, caso tenha dois filetes, a rosca o fuso é dito possuir duas entradas de rosca. O fuso
pode então ser caracterizado pela quantidade de entradas de rosca que possui. Outra característica de
uma rosca padronizada é seu passo, definido como a distância axial entre a mesma referência em dois
filetes consecutivos. O avanço é definido como a distância axial correspondente a uma volta completa
do fuso. Chamando-se de e o número de entradas, p o passo, a o avanço e d o diâmetro primitivo da
rosca, apresenta-se um esquema na Figura 2.3 mostrando os parâmetros para fusos com uma e duas
entradas de rosca, ambos com o mesmo passo. Para uma entrada de rosca apenas, p e a são iguais.
Para e entradas de rosca, então, o avanço para cada volta é dados por:
a = ep (2.1)
Figura 2.3: Esquemas mostrando fusos com uma e duas entradas de rosca e visualização do diâmetro
primitivo, inclinação do flanco da rosca e acoplamento com a castanha.
Conhecido o passo da rosca pode-se calcular a velocidade linear da castanha em função da rotação
n do fuso. Para uma rotação n em rpm, avanço a em mm, número de entradas e, passo p em mm e
velocidade linear v em mm/s:
n n
v= a = ep (2.2)
60 60
fabricação e permite ser utilizada em conjunto com uma castanha bipartida, que pode ser fechada
sobre a rosca do fuso (ver Figura 2.7). Se as cargas são apenas unidirecionais, pode ser utilizado o
padrão dente de serra, uma vez que sua geometria prevê contato em um flanco apenas do perfil, mas
tem uma constituição mais robusta, possibilitando suportar cargas axiais mais elevadas que uma rosca
trapezoidal ou quadrada de mesmo passo.
Figura 2.4: Esquema de rosca de potência de diâmetro nominal d, passo p e filete de perfil quadrado.
Figura 2.5: Proporções detalhadas da rosca métrica trapezoidal ISO, externa e interna, para uso em
movimentação e descrição dos parâmetros em função do passo p. [4]
2.3. CARGAS NA MOVIMENTAÇÃO 17
Figura 2.6: Proporções detalhadas da rosca métrica dente de serra, externa e interna, para uso em
movimentação e descrição dos parâmetros em função do passo p. [4]
vação e abaixamento da carga, no qual o corpo considerado é o fuso e a força F é a força média
produzida pelo torque no diâmetro d. As equações deduzidas diretamente desse equilíbrio (deriva-
das do equilíbrio nas direções x e y) levam às expressões aplicadas a roscas cujo perfil é retangular.
Para dentes com uma angulação α no perfil dente, como o exemplo mostrado na Figura 21, há uma
decomposição de forças adicional.
Figura 2.8: Diagramas de corpo livre do filete de rosca com uma carga sendo elevada (a) ou baixada
(b).
Assim, para a elevação de carga, as equações de equilíbrio podem ser escritas como:
∑ Fx = 0
µN cos λ + N sin λ − F = 0
∑ Fy = 0
P + µN sin λ − N cos λ = 0
P
N=
cos λ − µ sin λ
µ cos λ + sin λ
F =P
cos λ − µ sin λ
Encontra-se portanto uma relação entre a força aplicada no diâmetro primitivo (d) e a carga sendo
elevada pelo parafuso de potência. A variável de maior interesse, entretanto, não é a força aplicada,
e sim o torque. Uma vez que a força é aplicada no diâmetro primitivo, o torque desejado é dado pelo
produto de F e o raio primitivo do fuso, ou seja, d/2. Assim:
d µ cos λ + sin λ d πdµ + a
Tu = P =P (2.3)
2 cos λ − µ sin λ 2 πd − aµ
Procedimento análogo pode ser feito para a situação em que a carga é baixada, conduzindo à
equação:
2.3. CARGAS NA MOVIMENTAÇÃO 19
d µ cos λ − sin λ d πdµ − a
Td = P =P (2.4)
2 cos λ + µ sin λ 2 πd + aµ
A utilização de um tipo de rosca cujo perfil não seja retangular introduz um ângulo de inclinação
na face do filete de rosca, α, que cria um componente de força perpendicular ao plano em que foram
desenhados os diagramas de corpo livre referentes à rosca de perfil retangular. Em se tratando de uma
rosca métrica essa inclinação é de 30°(o filete tem perfil triangular com ângulo total de 2α = 60°).
As expressões para subir e descer a carga podem ser reescritas como:
d µ cos λ + sin λ cos α d πdµ + a cos α
Tu = P =P (2.5)
2 cos λ cos α − µ sin λ 2 πd cos α − aµ
d µ cos λ − sin λ cos α d πdµ − a cos α
Td = P =P (2.6)
2 cos λ cos α + µ sin λ 2 πd cos α + aµ
Nas quais d é o diâmetro primitivo da rosca, λ é o ângulo de inclinação do filete de rosca, µ é o
coeficiente de atrito de Coulomb entre fuso e castanha, P e a carga movimentada, a é o avanço por
rotação da rosca, α é o ângulo de inclinação do flanco do filete e T é o torque necessário. Note que
se existe algum contato adicional entre a castanha e o fuso, como por exemplo anéis de vedação para
impedir a entrada de sujeira no contato entre as roscas, ou um colar entre o fuso e sua estrutura de
apoio (ver Figura 2.9) uma parcela adicional de torque deve ser considerada e somada aos termos já
deduzidos. Somando-se esse termo, as Equações 2.5 e 2.6 tornam-se:
d πdµ + a cos α dc
Tu = P + µc P (2.7)
2 πd cos α − aµ 2
d πdµ − a cos α dc
Td = P + µc P (2.8)
2 πd cos α + aµ 2
Figura 2.9: Representação do atrito adicional devido a um colar de encosto axial com diâmetro médio
dc e coeficiente de atrito µc .
O coeficiente de atrito em parafusos de potência está, em geral, na faixa de 0,10 a 0,15. Algumas
estimativas mais específicas são fornecidas por [3] e apresentadas aqui nas Tabelas 2.1 e 2.2 referindo-
20 CAPÍTULO 2. PARAFUSOS DE POTÊNCIA
se respectivamente e valores de µ e de µc .
Uma das grandes dificuldades mecânicas é a retirada de folgas neste mecanismo. Caso haja folga
as roscas de fuso e castanha, ocorrerá preda de precisão, sobretudo na inversão do sentido de giro
do acionamento. Soluções como a castanha bipartida e pressionada contra o fuso e o uso de duas
castanhas com rotação acoplada pré-tensionadas por mola posicionada no vão entre elas são soluções
antigamente muito utilizadas, mas que aumentam o atrito e desgaste de componentes ou que tem um
limite de torque em que é viável. Dentre as soluções mais aplicadas pela mecânica de precisão está o
uso do fuso de esferas recirculantes, como o exemplo mostrado na Figura 2.10, referente ao produto
desenvolvido pela empresa Bosch Rexroth Ltda. Neste mecanismo entre as ranhuras rosqueadas no
fuso e na castanha utilizam-se esferas similares às de rolamentos que preenchem todo o caminho
helicoidal existente entre o par fuso e castanha. Tais esferas são de tamanho calibrado de modo a
minimizar a folga entre os componentes. Após percorrerem todo o caminho helicoidal entre as peças,
as esferas são realimentadas, voltando ao início do caminho, de modo a homogeneizar o desgaste
ao longo de sua vida. Por isso são conhecidos como esferas recirculantes. A grande quantidade de
esferas permite uma melhor distribuição de carga, permitindo o trabalho com cargas altas, bem como
o uso de elementos rolantes faz com que o atrito de movimentação seja baixo. Neste tipo de elemento
é importante o uso de vedações eficientes pois a contaminação pode diminuir significativamente a
vida do componente.
Catálogos destes fusos, como por exemplo [2], possuem todos os detalhes geométricos para fi-
xação da castanha no elemento a ser movimentado, recomendações sobre a fixação do fuso ao acio-
namento e sobre os apoios, incluindo recomendações de mancais de rolamentos e formas de fixação
dos mesmos, assim como as capacidades de carga dinâmica ou estática (esta utilizada para movimen-
tação lenta) e limites de velocidade linear recomendados para a castanha. Tais elementos devem ser
utilizados para compor o Part Number do elemento comercial que dará sua designação única com as
características que atendam as especificações do projetista.
2.3. CARGAS NA MOVIMENTAÇÃO 21
Figura 2.10: Fuso de esferas recirculantes mostrando a disposição das esferas e das vedações
nas extremidades da castanha. Disponível em: https://www.boschrexroth.com/pt/br/
produtos/grupos-de-produtos/tecnologia-de-acionamento-linear/topicos/fusos/
fusos-de-esfera/index.
Diferentes soluções tecnológicas vem sendo desenvolvidas por grandes fabricantes, cada qual
com determinadas características que atendem melhor determinado setor de aplicação. Uma navega-
ção pelos sites de fabricantes para conhecer tais tecnologias é recomendado, assim como a contínua
atualização por parte de projetistas.
22 CAPÍTULO 2. PARAFUSOS DE POTÊNCIA
CAPÍTULO 3
Parafusos de Fixação
• quantidade de parafusos;
Uma vez que se utiliza sempre que possível em uniões parafusadas elementos comerciais, algumas
dessas variáveis tem uma quantidade limitada de opções. Para o projeto de uniões parafusadas, ter
em mãos uma tabela de dimensões comercialmente disponíveis, incluindo as classes de resistência,
geralmente inscritas na cabeça do parafuso.
Aqui o foco será dado a parafusos que sigam normas, preferencialmente a ISO, caso contrário a
norma DIN.
23
24 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
Quando não se pretende utilizar elementos comerciais que sigam alguma norma e sim pretenda-
se usinar a rosca, seja interna ou externa, existem recomendações para garantir a boa usinagem e
qualidade do produto final que devem ser seguidas. Para roscas externas referem-se a distâncias
necessárias para a saída de ferramenta que garantam o comprimento útil desejado e distâncias limites
que a rosca deve ter de escalonamentos em peças. Para roscas internas, as recomendações referem-se
ao furo de broca inicialmente feito antes da usinagem da rosca. As recomendações são apresentadas
na Tabela 3.2.
Quando são necessários recuos em roscas internas ou externas, devem ser feitos de acordo com
norma adequada, como exemplificado através da Tabela 3.3.
A usinagem de rosca interna em uma peça deve seguir orientações referentes à profundidade
mínima de rosca para garantir que o comprimento rosqueado efetivo (intersecção entre a rosca do
parafuso e o trecho rosqueado na peça, indicado pela variável le ) seja obtido. O comprimento le é
função dos materiais da peça e da classe do parafuso. Como o material da peça pode ser muito menos
resistente que o material do parafuso, existe a obrigação de garantir que o rosqueamento entre as
peças seja feito por um número mínimo de filetes, conforme exemplificado na Tabela 3.4. Nota-se
que algumas combinações de classe de parafuso não são válidas. Para materiais mais específicos,
deve-se buscar uma literatura mais aprofundada.
d
0,4 M2 1,0 1,2 2,3
x 1 ; x2 0,45 M2,5 1,1 1,35 2,6
0,5 M3 1,25 1,5 2,8
0,6 - 1,5 1,8 3,4
0,7 M4 1,75 2,1 3,8
d
e1 conforme DIN 76 Profundidade de parafusamento para rosca fina: multiplicam-se os valores por 1,25
Fonte: adaptado de [4].
27
28 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
O flange utilizado muitas vezes na união por parafusos tem dimensões mínimas conforme apre-
sentado na Tabela 3.5. Os valores sugeridos aplicam-se a peças fundidas, ne entanto é uma referência
que pode ser extrapolada para outras condições através do bom senso do projetista.
Material da peça
Elementos do Ferro Aço, fun-
flange: fundido dição de
cinzento, alta resis-
ligas tência
leves,
bronze
Altura mínima h 1, 5d 1, 2d
Dimensões 1, 2d 1, 2d
mínimas das
superfícies
trabalhadas (a,
R, D/2)
Distância mí- 1, 3d 1, 2d
nima b da linha
de centro do pa-
rafuso à parede
trabalhada
Distância mí- 1, 7d 1, 5d
nima A da linha
de centro do
parafuso até a
borda externa
do flange
É necessário que flanges cilíndricos sejam centrados, pois os parafusos são supostos trabalharem
apenas com carregamento normal, ou seja, a menos que seja utilizado um parafuso especialmente
designado para, não deve haver cisalhamento em sua seção transversal. Na Figura 3.1 (a) e (b) pode-
se ver o esquema convencional de centragem, no qual um dos flanges tem um ressalto e o outro tem o
correspondente rebaixo, alinhados com o menor diâmetro do flange. Na Figura 3.1 (c) há um esquema
de montagem que forma um degrau no diâmetro interno do flange, mas elimina a necessidade de
usinagem do rebaixo. Na Figura 3.1 (d) mostra-se que também é possível fazer a centragem através
do diâmetro externo de um dos flanges.
Quanto às dimensões, o furo passante do flange deve ficar a uma distância mínima de 3 ou 4
mm do ressalto de centragem, casso contrário ocorre uma seção com uma espessura muito pequena
√
causando sua fragilidade excessiva. A altura deste ressalto pode ser estimada através de hr = 0, 5 D,
de acordo com a nomenclatura indicada na Figura 3.2, segundo a qual D é o diâmetro externo do
ressalto de centragem.
O principal erro que se comete no projeto de uniões flangeadas é o enfraquecimento do flange
causado pelo rebaixamento de centragem, Figura 3.3 (a). O enfraquecimento pode ser eliminado
aumentando-se a espessura do flange, como mostrado na Figura 3.3 (b), ou, caso seja possível, pela
3.1. ORIENTAÇÕES GERAIS DE PROJETO 29
Figura 3.3: (a) Erro comumente cometido de enfraquecimento na região indicada pela seta e (b), (c)
possíveis correções.
Quanto às formas construtivas que são comumente utilizadas em problemas gerais, [13] apresenta
diversas soluções para fixação de tampas, peças, peças de parede fina e uniões com ou sem centragem.
Algumas das figuras são reproduzidas a seguir, com uma breve explicação de cada caso na respectiva
legenda.
Em situações específicas pode ser necessária a utilização de parafuso customizado, fabricado para
atender exigências específicas de determinada aplicação. Um exemplo é o parafuso para fixação da
30 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
biela no girabrequim de um motor automotivo, como apresentado por [13], mostrando a aplicação
geral e o detalhamento geométrico e de acabamento do parafuso, Figura 3.10.
l = ad (3.4)
Em que a tem faixas recomendadas em função da rigidez dos flanges. Assim, para flanges de
pequena dimensão, a = 6 até 8; para rigidez média a = 8 até 10; para flanges de elevada rigidez
32 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
tensionadas por parafusos de grandes dimensões a = 10 até 12. Tais valores não se aplicam para
sistemas com pressão interna, apenas a carregamentos simples. Para pressurização interna há o risco
de vazamento em caso de espaçamento muito grande entre parafusos. Assim, além do uso de uma
vedação (gaxeta) em toda a área de contato, emprega-se uma relação de espaçamento de parafusos
com a = 3 até 6, com os menores valores sendo empregados quando o risco de vazamento é maior,
cuidando-se que haja espaço para a ferramenta de aperto do parafuso, [3]. Para flanges circulares, a
condição pode ser escrita como:
πD f
3≤ ≤6 (3.5)
nd
Em que D f é o diâmetro do círculo em que estão posicionados os parafusos no flange e n é a
quantidade de parafusos utilizados.
Embora estas referências quantidade e diâmetro de parafusos e espessura de flange sejam reco-
mendadas para casos simples, em geral sem influência significativa de temperatura ou de carrega-
mentos cíclicos, elas ainda podem ser utilizadas como uma estimativa inicial que deve ser verificada
através de cálculos apropriados.
Algumas regras práticas para uma estimativa inicial de quantidade e disposição de parafusos es-
tão apresentadas na seção 3.2. Trata-se, como já ressaltado, de uma orientação inicial, que deve ser
verificada através do correto dimensionamento da junção. Caso a junta parafusada trabalhe sob carre-
gamento estático, o problema é mais simples e deve-se verificar se a seção transversal dos parafusos
suporta o carregamento a que está solicitado e verificar se não é atingido um limite no qual o carrega-
mento provoca a abertura da junta, que pode causar um afrouxamento da mesma ao longo do tempo.
Caso os carregamentos de trabalho sejam variáveis ou cíclicos, o estudo das condições de fadiga no
parafuso faz-se importante além das condições anteriormente citadas para o caso estático. Se os coefi-
cientes de segurança não estiverem em conformidade com as necessidades de projeto, deve-se alterar
geometria (diâmetro e/ou comprimento) e/ou quantidade e/ou classe de resistência dos parafusos até
que se obtenham coeficientes adequados.
3.3. DIMENSIONAMENTO DE JUNTAS PARAFUSADAS 33
Para o dimensionamento é fundamental o estudo da rigidez tanto do parafuso como da peça sendo
fixada (que será tratada adiante como “material”). A rigidez é o que vai relacionar as forças atuando
com os deslocamentos sofridos pelas peças. O parafuso sofre uma carga de tração, portanto tem um
alongamento em relação a seu comprimento original. Já o material, sofre uma carga de compressão,
diminuindo seu tamanho. A relação entre a rigidez de ambos os componentes mostra o ponto de
equilíbrio quando submetido a um pré-aperto e permite estimar quanta a carga de trabalho adicional
que pode ser aplicada ao sistema sem que haja o risco de ocorrem um afrouxamento ou uma abertura
da junta indesejada.
EA
K= (3.6)
l
Na qual E é o módulo de elasticidade, A é a área da seção transversal e l é o comprimento do
cilindro.
O material muitas vezes não tem o formato cilíndrico, mas mesmo assim a expressão ainda pode
ser empregada. A região de atuação da compressão do parafuso deve ser determinada para uma correta
avaliação da área A que deve entrar nos cálculos. A seguir apresentar-se-ão as estimativas de rigidez
de cada um desses componentes individualmente e a seguir a análise de sua interação em casos de
carregamento estático e cíclico. Inicialmente considera-se uma junção utilizando-se parafuso e porca
convencionais. Para generalizar, o exemplo será feito com parafuso com haste e com a utilização de
uma arruela, conforme ilustrado na Figura 3.11, que também apresenta a notação que será empregada
no cálculo.
As dimensões comerciais segundo a norma DIN ISO de vários modelos de parafusos são apresen-
34 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
tadas no Apêndice A. Em geral, de posse do comprimento e diâmetro desejados para o parafuso, [3]
diz que a dimensão b é estimada por:
2d + 6 l p ≤ 125 e d ≤ 48
b= 2d + 12 125 < l p ≤ 200 (3.7)
2d + 25 l > 200
p
Com todas as dimensões em [mm]. É recomendável, no entanto, sempre consultar uma tabela de
fornecedor que pode apresentar soluções adicionais que já são de uso comum.
Rigidez do parafuso
O parafuso é feito de aço, portanto todo ele tem o mesmo módulo de elasticidade, igual a Eaco . O
primeiro trecho corresponde à haste do parafuso, e portanto tem diâmetro d em parafusos normais,
ao qual corresponde uma área A = (πd 2 )/4. O comprimento total do parafuso (l p ) é tabelado, assim
como o comprimento total com rosca (b), como pode ser observado na Tabela ??. O valor lh é
determinado por lh = l p − b. A rigidez desse primeiro trecho, então, é dada por:
Eaco A
Kh = (3.8)
lh
O trecho com rosca que efetivamente trabalha (lr ) tem início após a haste e vai até a superfície
de contato entre a arruela e a porca. Sendo conhecidos o comprimento da haste do parafuso, lh , o
comprimento do material, lm , e a espessura da arruela, ta , o comprimento efetivo de rosca pode ser
dado por:
lr = (lm + ta ) − lh (3.9)
Eaco At
Kr = (3.10)
lr
Em que a área At é a área sob tração na região da rosca, valor tabelado ou que pode ser calculada
pela Equação 1.4.
A rigidez total do parafuso, K para f , é calculada da mesma forma que a rigidez de molas em série:
1 1 1
= + (3.11)
K para f Kh Kr
Dentre os diversos tipos de parafusos, cada um tem sua geometria específica, mas o trecho que
contribui para a rigidez é basicamente formado por cilindros lisos ou com rosca, cada um com sua
geometria específica, devidamente tabelada para parafusos com norma. Assim a teoria apresentada
pode ser adaptada conforme a conveniência.
3.3. DIMENSIONAMENTO DE JUNTAS PARAFUSADAS 35
Rigidez do material
A rigidez do material envolve todas as peças sendo pressionadas pelo conjunto parafuso e porca. Isso
inclui arruelas, peças eventualmente de materiais diferentes e, se necessário, materiais que tenham a
função de vedação (gaxetas) caso a união deva suportar, por exemplo, um gás pressurizado no interior
de uma câmara.
Imaginando-se, por exemplo, uma junta formada por parafuso, tampa de alumínio, vedação de
borracha, corpo de ferro fundido, arruela de aço e porca, deve-se contabilizar a contribuição de cada
elemento entre o parafuso e a porca para a determinação da rigidez total do material:
1 1 1 1 1
= + + + (3.12)
Kmat Kalum Kvedac Kfofo Karruela
Cada um desses elementos tem uma espessura determinada e um material específico. No entanto,
para a determinação da rigidez o fator que traz incertezas é a área da seção transversal que resiste
ao carregamento. Pode-se imaginar que longe da região do furo do parafuso a influência da pressão
exercida é menor, assim tal região não contribui para a rigidez do material. Pode-se também imaginar
que entre a área sob a cabeça do parafuso e a área de contato com a porca, a influência do material é
direta. Essa região cilíndrica contribui diretamente, no entanto, ao se afastar dessa região, a contribui-
ção é cada vez menor, até um ponto em que deixa de ser significativa. Pode-se imaginar a região de
influência com o formato externo de um barril, iniciando sob a cabeça do parafuso, aumentando gra-
dativamente seu diâmetro até a posição intermediária e depois diminuindo novamente até o diâmetro
externo da porca. Imaginando-se dessa forma, cada trecho de material diferente não teria uma área
constante ao longo de sua espessura, o que faz necessário o uso de hipóteses para estimar uma área
média para cada trecho e assim poder estimar a rigidez total do material.
Neste texto, a abordagem adotada será a do cone de pressão. Nesta hipótese assume-se que a
porção de material que contribui para a rigidez é a região compreendida entre um cone que se abre
na direção do material a partir da cabeça do parafuso com um ângulo α en relação à linha de centro
e fecha-se a partir do ponto médio até a porca de fixação, conforme ilustrado na Figura 3.12(a). O
ângulo α depende dos materiais utilizados no flange, sendo que as combinações mais usuais levam a
valores no intervalo 25◦ ≤ α ≤ 33◦ . Segundo recomendações de [3] e [10] aqui será adotado o valor
de 30°.
Deve-se ressaltar que tal procedimento deve ser utilizado apenas se houver material na região do
cone. Para furação de parafusos em material muito delgado a área da seção transversal real deve ser
utilizada, pois será menor que a calculada através da teoria do cone de pressão.
Tomando-se a nomenclatura conforme a Figura 3.12(b), a relação de força e deslocamento em um
elemento de cone de espessura dx pode ser escrita como:
EA
P= dδ (3.13)
dx
Na qual o termo entre parêntesis representa a rigidez do elemento. A área pode ser escrita como
a área de uma coroa circular na qual o diâmetro externo corresponde ao diâmetro da seção externa
do cone a uma distância x contada a partir do contato com a cabeça do parafuso e o diâmetro interno
corresponde ao diâmetro do furo do parafuso, que pode ser aproximado pelo seu diâmetro nominal d.
36 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
Figura 3.12: Área de compressão em uma união com parafuso passante e porca através do modelo de
cone de pressão [3].
P πEd tan α
K= = (2t tan α+D−d)(D+d) (3.14)
δ ln (2t tan α+D+d)(D−d)
0, 5774πEd
K= (3.15)
ln (1,155t+D−d)(D+d)
(1,155t+D+d)(D−d)
A Equação 3.15 deve ser utilizada para cada trecho de cone com altura t, furo com diâmetro d e
diâmetro na seção mais estreita do cone com valor D.
Na Figura 3.13, adaptada de [3], sugerem-se as dimensões que devem ser tomadas em conside-
ração para o cálculo de rigidez do material quando não se utiliza porca, e sim a rosca é construída
diretamente em um dos flanges. Neste modelo considera-se a região de atuação do parafuso como um
volume cônico conforme mostrado na figura. O comprimento total a ser considerado nos cálculos,
3.3. DIMENSIONAMENTO DE JUNTAS PARAFUSADAS 37
tanto para as estimativas de rigidez do parafuso quanto para a zona afetada no material é:
Figura 3.13: Modelo de tronco de cone para parafuso rosqueado diretamente no flange [3].
h + t2 t2 < d
2
l= (3.16)
h + d t2 ≥ d
2
sempre tender para a rigidez de seu componente mais fraco. Assim, em algumas aplicações, quando
a gaxeta é muito menos rígida que os demais componentes, basta que se calcule a rigidez da gaxeta.
Tal análise deve ser feita verificando-se a diferença em ordem de grandeza das rigidezes envolvidas.
Caso a diferença seja pequena ou exista dúvida sobre a necessidade de cálculo de todas as rigidezes
envolvidas, esta última opção deve ser tomada e a rigidez completa do material deve ser estimada,
incluindo flanges, tampas, gaxetas, arruelas etc.
(a) Aplicação da pré-carga Fi e correspondentes desloca- (b) Deslocamentos devido a carga adicional;
mentos;
Figura 3.15: Análise de comportamento de parafusos pré-carregados (Fi ) e a adição de uma carga de
trabalho (P).
Observando-se o diagrama com as forças e rigidezes envolvidas, Figura 3.15, pode-se equacionar
a relação entre Ppara f e Pmat como:
Ppara f Pmat
∆δ = =
K para f Kmat
Utilizando-se o fato que P = Ppara f + Pmat , isolando-se Pmat e substituindo-se na expressão:
Ppara f P − Ppara f
=
K para f Kmat
Isolando-se Ppara f :
K para f
Ppara f = P (3.17)
K para f + Kmat
40 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
Definindo-se uma constante de proporcionalidade de rigidez como sendo a divisão entre a rigidez
do parafuso e a soma das rigidezes de parafuso e material:
K para f
C= (3.18)
K para f + Kmat
Podem-se escrever as relações entre P, Ppara f e Pmat como:
Ppara f = CP (3.19)
O termo (1 −C) também pode ser escrito como uma relação de rigidezes:
Kmat
(1 −C) = (3.22)
K para f + Kmat
Um caso crítico pode ser identificado pelos gráficos da Figura 3.15: quando o carregamento P é
elevado o suficiente para fazer com que ∆δ seja igual a δmat . Neste caso, toda a compressão que foi
aplicada ao material é recuperada, o que indica a separação ou abertura da junta. Chamando-se de P0
o carregamento em que ocorre a separação de junta e sabendo-se que para que essa condição ocorra
Pm at deve ser numericamente igual a Fi , pode-se utilizar a Equação 3.20 para definir P0 :
Fi
P0 = (3.23)
(1 −C)
Assim, para uma determinada junta caracterizada por Kmat , K para f e Fi , o limite de carga em rela-
ção à separação da junta é P0 . Definindo-se um coeficiente de segurança como sendo o carregamento
limite dividido pelo carregamento atuante, pode-se escrever a partir de 3.23:
P0 Fi
Nsep = = (3.24)
P P(1 −C)
Uma vez que a junta é construída para que os parafusos sejam solicitados apenas quanto a tração,
também pode-se definir um coeficiente de segurança quanto ao escoamento elástico:
Sy Sy At Sy At
Ny = = = (3.25)
σmax Fpara f Fi + Ppara f
Na qual Sy é a tensão de escoamento do material e σmax é a tensão máxima de tração atuando no
parafuso.
no filete de rosca do parafuso. [10] sugere que o coeficiente de concentração de tensões para fadiga
(K f ) seja calculado por:
k f = 5, 7 + 0, 02682d (3.26)
Na qual d é o diâmetro nominal do parafuso. A equação de cálculo mostra um valor alto para a
concentração de tensões, variando de cerca de k f ≈ 5, 8 para um parafuso M3 até k f ≈ 7, 2 para um
M56, para exemplificar dentro de uma faixa ampla de aplicação em parafusos estruturais.
Também há registros de que cerca de 65% das falhas em parafusos ocorrem na rosca, no plano da
face da porca que encosta no material.
Em uniões parafusadas com carregamento cíclico, além da carga de trabalho há também a carga
devido ao pré aperto do parafuso. Essa combinação de carregamentos leva à existência de um car-
regamento alternado, sobre o qual aplica-se o fator k f e também a um carregamento médio, sobre o
qual deve-se aplicar também um fator de concentração, representado pela variável k f m . Dada à alta
pré-carga usual em parafusos, a tensão máxima nominal, na maioria dos casos, estará na condição
k f |σmax nominal | > Sy . Assim, k f m deve ser estimado por:
Sy − k f σa nominal
kfm = (3.27)
|σm nominal |
Em que Sy é a tensão de escoamento e os índices a e m referem-se, respectivamente, a alternado
e médio. O valor de k f m para condições de pré-aperto usuais deve ficar próximo de 1,0, ou seja, o
parafuso trabalha em uma condição próxima de seu limite de escoamento em relação ao carragamento
médio. Se k f m é calculado a partir da Equação 3.27, a combinação de tensão alternada e média
sempre estará sobre a linha de escoamento (linha que une Sy no eixo das tensões médias a Sy no
eixo das tensões alternadas) nos critérios de fadiga empregados. Caso o pré aperto seja pequeno, e
a condição obtida obedeça k f |σmax nominal | < Sy , adota-se k f m = k f , ou seja, os concentradores para
fadiga aplicados às tensões alternadas e médias são iguais.
uma força Fi e um carregamento ciclicamente variável P que, ao longo do tempo, assume valores
entre Pmin e Pmax , conforme representado na Figura 3.16.
Figura 3.16: (Carregamento de trabalho P variando ciclicamente ao longo do tempo entre os extremos
Pmin e Pmax .
(a) Aplicação da pré-carga Fi e correspondentes desloca- (b) Deslocamentos ∆δ1 devido a carga de trabalho Pmin ;
mentos;
(c) Deslocamentos ∆δ2 devido a carga de trabalho Pmax ; (d) Forças internas e distribuição do carregamento ex-
terno.
Figura 3.17: Análise de comportamento de parafusos pré-carregados (Fi ) e a adição de uma carga de
trabalho cíclica (P(t)).
A fração de carga aplicada no parafuso em cada situação pode ser escrita com auxílio das Equações
3.18 e 3.19 como:
Falt
σa nom = (3.34)
At
Fmed
σm nom = (3.35)
At
Fi
σi nom = (3.36)
At
Cada um destes termos deve ser corrigido pelo concentrador de tensões k f se a tensão é alternada
ou k f m se a tensão é média. O cálculo dos concentradores de fadiga é mostrado nas equações 3.26 e
3.27. Assim:
Falt
σa = k f σa nom = k f (3.37)
At
Fmed
σm = k f m σm nom = k f m (3.38)
At
Fi
σi = k f m σi nom = k f m (3.39)
At
O critério de Goodman, caso o parafuso esteja seguro quanto à fadiga, é graficamente mostrado na
Figura 3.18(a), na qual o ponto de trabalho está abaixo da linha de Goodman, portanto seguro quanto
a este critério. A Figura 3.18(b) ilustra um caso de falha quanto ao critério.
Nota-se que o ponto de partida é uma tensão média σi correspondente à pré-carga Fi inicialmente
aplicada. O fator de segurança em relação à fadiga é dado pela divisão entre a distância da linha que
sai da coordenada (σi ; 0) até sua intersecção com a linha de Goodman e a distância entre a coordenada
(σi ; 0) até o ponto de coordenadas (σm ; σa ). Se o componente está na região segura, o coeficiente de
segurança N f é maior ou igual a 1,0. Caso contrário, o coeficiente fica no intervalo 0 < N f < 1.
Matematicamente, utilizando-se as equações que descrevem a linha de Goodman e a linha de
3.3. DIMENSIONAMENTO DE JUNTAS PARAFUSADAS 45
Se (Sut − σi )
Nf = (3.40)
Se (σm − σi ) + Sut σa
Na qual Se é a tensão limite de fadiga e Sut a tensão limite de resistência, conforme mostrado nos
gráficos da Figura 3.18.
Em [3] recomenda-se que, para carregamentos estático e de fadiga, deve-se usar como pré-carga:
0, 75F para conexões não permanentes, conectores não reutilizados
prova
Fi = (3.42)
0, 90F para conexões permanentes
prova
Para outros materiais, que não estejam tabelados em função da tensão de prova, a recomendação
é de utilizar S prova = 0, 85Sy [3]. Em [10] recomenda-se o fator de 90% da resistência de prova para
montagens com carregamento estático e de 75% ou mais para o caso de montagens com carregamento
dinâmico.
d p (µ + tan λ cos α) dc
Ti = Fi + Fi µc (3.43)
2 (cos α − µ tan λ ) 2
Em uma aproximação simplificada pode-se tomar d p como sendo o diâmetro nominal do parfuso d
e o diâmetro médio da cabeça do parafuso como sendo dc , dado pela média entre o diâmetro nominal
do parafuso d e o tamanho padrão de diâmetro de cabeça do parafuso ou da porca, que é cerca de
1, 5d. Dessa forma:
Ti ≈ Ki Fi d (3.45)
Com:
(µ + tan λ cos α)
Ki ≈ 0, 5 + 0, 625µc
(cos α − µ tan λ )
Percebe-se que para o cálculo de Ki há grande dependência dos coeficientes de atrito na cabeça do
parafuso (µc ) e na região dos filetes (µ). Handbooks e manuais técnicos [4] fornecem como valores
de referência para o coeficiente de atrito no filete os valores:
Em [10] apresenta-se uma estimativa aproximada, aplicada à roscas lubrificadas apenas, em que
se considera µ e µc como iguais a 0,15 e calcula o valor de Ki para todas as roscas padrão dos sistemas
UNC e UNF. A partir dos resultados sugere-se que o torque Ti necessário para obter uma pré-carga
desejada Fi seja dado por:
Ti ≈ 0, 21Fi d (3.46)
Em [3] ressalta-se o fato de que para µ e µc tomados como iguais a 0,15, Ki assume valores próxi-
mos de 0,20 sem que importe o tamanho do parafuso empregado ou se as roscas são grossas ou finas.
[8] sugere valores um pouco diferentes: Ki = 0, 15 para quando houver qualquer tipo de lubrificação
e Ki = 0, 2 para roscas secas e bem limpas, sempre ressaltando que tratam-se apenas de aproximações
e que variações entre montagens aparentemente idênticas devem ser esperadas, recomendando assim
o uso de testes e análises estatísticas dos resultados.
Se os valores de atrito médios envolvidos são conhecidos, o aperto feito com torquímetro seria su-
ficiente para assegurar as condições de cálculo ao fornecer uma pré-carga Fi totalmente determinada.
No entanto este procedimento muitas vezes não é suficientemente preciso, pois além da importân-
cia do coeficiente de atrito na expressão, cuja sensibilidade pode levar a significativas variações na
pré-carga, depende também, entre outros fatores de menor influência, da condição da rosca. Assim
parafusos apertados com mesmo torque podem apresentar diferentes valores de pré-carga.
Para diminuir a influência do atrito pode-se conduzir o aperto dos parafusos em uma mesa vibra-
tória, que acaba diminuindo as forças de atrito, melhorando o controle feito por torque.
Também pode-se utilizar o controle de ângulo de aperto no parafuso, conforme demonstrado em
[12]. Este tipo de controle é mais preciso que o controle feito apenas com uso de um torquímetro
desde que devidamente calculado. Uma formulação simples é apresentada a seguir, no entanto nela
são desprezadas as deflexões que o filete sofre durante o aperto, que podem ser significativas, o que faz
com que esta formulação seja muito limitada, devendo ser empregada com cautela, sendo necessários
ensaios experimentais no tipo de junção considerada para ajustar o efeito das deformações dos filetes.
Considerando-se que o parafuso e a peça sendo fixada possuem rigidez diferente, sabe-se que
sob o carregamento de aperto do parafuso cada uma sofrerá um deslocamento diferente. O para-
fuso aumentará seu comprimento de um valor δ para f enquanto a peça sofrerá uma diminuição δmat .
Analisando-se o deslocamento da porca ao longo da direção axial do parafuso (que será atribuído à
variável δ ), verifica-se que pode ser escrito como:
Os deslocamentos envolvidos podem também ser escritos em função da força de pré-carga envol-
vida e da rigidez de cada componente. Assim:
1 1
δ = Fi + (3.48)
K para f Kmat
O ângulo de inclinação da rosca λ pode ser escrito em função do passo (p) e do diâmetro primitivo
do parafuso (d p ) como:
48 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
p
tan λ = (3.49)
πd p
O deslocamento da porca de um valor δ corresponde a um giro da porca por um arco s de uma
circunferência de diâmetro d p é escrito como:
δ
s= (3.50)
tan λ
E o valor do comprimento de arco s se relaciona ao ângulo de giro da porca ν por:
dp d p 2π
s= ν= ν° (3.51)
2 2 360
Na qual ν e ν° correspondem ao ângulo de giro da porca em radianos ou graus, respectivamente.
Eliminando-se o comprimento de arco s e em seguida isolando-se o termo ν°:
δ d p 2π
= ν° (3.52)
tan λ 2 360
δ 360
ν° = (3.53)
tan λ πd p
Finalmente, substituindo-se δ e tan λ :
1 1 1
ν° = 360Fi + (3.54)
p K para f Kmat
O aperto então é feito através de uma eliminação de folgas no sistema, seguido de um aperto
suave com chave, apenas para garantir o contato compacto das superfícies de apoio. A seguir é feito
o aperto de acordo com uma sequência que depende da configuração da junta, primeiro com um
ângulo ν°/2, e depois, seguindo novamente a mesma sequência de aperto, com ν°/2 até o ângulo
completo. A principal fonte de erros neste processo consiste em determinar o início real do começo
do aperto. Com experiência de montagem e testes em produtos é possível a minimização deste erro.
Uma abordagem na qual aplica-se com uso de torquímetro um valor intermediário de carregamento
(muitas vezes aplicado em mais de uma etapa, e sempre seguindo uma sequência pré-estabelecida de
aperto) e em seguida faz-se a aplicação do controle de ângulo de aperto é utilizada em equipamentos
como cabeçotes de motores. Neste caso há grande influência da junta utilizada entre o bloco do motor
e o cabeçote na especificação dos torques intermediários e ângulos de aperto, bem como a força divido
a dilatações térmicas que aparecem nos componentes da união, calculadas na temperatura de trabalho
do motor (em motores de automóveis convencionais, cerca de 90 °C).
Existem ainda diversos outros métodos para controle de aperto dos parafusos, uma vez que em
determinados tipos de equipamentos tal controle é essencial para a produção. Há, por exemplo,
parafusos especiais com controle de tensão em que o bocal é projetado para ter uma seção mais
frágil, que se quebra quando o aperto atinge um determinado torque, interrompendo o aperto (Figura
3.19(a)). Outra solução é o uso de arruelas que possuem indicadores de tensão, formados por relevos
em sua superfície que são achatados durante o aperto, de modo a poder ser correlacionado com a
pré-carga no parafuso (Figura 3.19(b)). Técnicas de ultrassom também têm sido utilizadas através
3.5. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA 49
da correlação entre o tempo das ondas sonoras refletidas e a tensão e estiramento a que o parafuso
está sujeito. Outra técnica empregado é o aperto até o escoamento, que permite o uso de sistemas
automáticos. Ao iniciar o escoamento o torque deixa de variar linearmente com a rotação aplicada.
Neste ponto há rotação que não é acompanhada de aumento significativo no torque, o que pode ser
detectado de maneira automática por um sistema de controle devidamente ajustado.
Na qual αmat e α para f são os coeficientes de dilatação linear do material e parafuso, respectiva-
mente, ∆Tpara f e ∆Tmat as diferenças de temperatura de trabalho de parafuso e material, respectiva-
mente, em relação à temperatura em que foi feita a montagem do conjunto e l o comprimento útil
do parafuso, conforme a Figura 3.12. Supondo-se que o material tenha um coeficiente de dilatação
maior e que o parafuso, a carga na junta por um eventual aquecimento é proporcional à diferença de
dilatação ∆l junta , conforme ilustrado esquematicamente nas Figuras 3.20(a) e (b).
A lei de Hooke trata material e parafuso como molas, cujo alongamento é proporcional à força
por meio de uma constante de rigidez elástica. O equilíbrio diz que ambos os elementos estão sujeitos
a uma força térmica, Pterm , que provoca um encurtamento no material, proporcional à sua rigidez
Kmat e um estiramento do parafuso, também proporcional a sua rigidez K para f . Para a imposição
50 CAPÍTULO 3. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO
Pterm Pterm
∆l junta = l(αmat ∆Tmat − α para f ∆Tpara f ) = + (3.57)
Kmat K para f
Figura 3.20: Comportamento de junta parafusada com materiais de diferentes propriedades térmicas
submetido a aquecimento: (a) situação inicial; (b) dilatação dos elementos independente das restri-
ções; (c) posição final de equilíbrio.
Sendo a rigidez do parafuso mais fácil de se calcular, ela pode ser utilizada como base para o
desenvolvimento posterior:
Pterm = (1 −C)E para f Aeq para f (αmat ∆Tmat − α para f ∆Tpara f ) (3.59)
3.5. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA 51
Uma vez que o parafuso não tem uma seção constante ao longo de todo seu comprimento e sim
uma área na região da haste (A) e outra na região da rosca (At ), ainda é preciso definir o cálculo de
Aeq para f .
Conforme Equação 3.11 a rigidez do parafuso é dada por:
1 1 1
= +
K para f Kh Kr
Escrevendo-se em termos de parâmetros de rigidez do cilindro e eliminando-se o módulo de elas-
ticidade por de tratar de um único material:
l lh lr
= +
Aeq para f A At
lAAt
Aeq para f = (3.60)
lh At + lr A
No caso da sobreposição de efeitos estudados até agora, o parafuso é submetido a uma pré-carga
Fi , a uma carga de trabalho Ppara f e à carga térmica Pterm .
Fpara f = [(0, 75 a 0, 9)Fprova ] + [CP] + [(1 −C)E para f Aeq para f (αmat ∆Tmat − α para f ∆Tpara f )] (3.61)
Fpara f = [(0, 75 a 0, 9)Fprova ] − [(1 −C)P] + [(1 −C)E para f Aeq para f (αmat ∆Tmat − α para f ∆Tpara f )]
(3.62)
Caso se utilize a Equação 3.58 em função dos parâmetros do material ao invés do parafuso, chega-
se à seguinte expressão para Pterm :
Igualando-se 3.59 e 3.63 pode-se obter uma expressão para a área equivalente do material:
(1 −C)E para f Aeq para f (αmat ∆Tmat − α para f ∆Tpara f ) = CEmat Aeq mat (αmat ∆Tmat − α para f ∆Tpara f )
são utilizados para a junção fixa por parafusos. Para tanto a rigidez do material deve ser escrita
em função de tantos valores de Emat i , Amat i e lmat i quanto forem necessários, deixando as equações
demasiado longas, e, portanto, fugindo ao escopo deste texto.
CAPÍTULO 4
O carregamento a que as uniões foram dimensionadas foi em relação a tensões normais. Parafu-
sos convencionais não são projetados para suportar carregamentos de cisalhamento. No entanto uma
construção especial, em que a haste do parafuso tem dimensões e acabamento controlados, de diâ-
metro maior que a região rosqueada e que deve ser montado em furo com ajuste especificado com a
região da haste, conforme já exemplificado na Tabela 1.4, pode ser utilizada em situação de carrega-
mento de cisalhamento. Na Tabela são identificados como parafusos guia ou de ajuste. Um exemplo
de seu uso é mostrado ena Figura 4.1 [9]. Na primeira situação mostrada na figura todo o cisalhamento
é suportado pelo corpo do parafuso, que tem seu diâmetro ajustado aos furos das peças. No segundo
caso todo o cisalhamento deve ser absorvido pela força de atrito entre as faces de contato das peças,
força esta induzida pela pré-carga no parafuso. O terceiro caso faz uso de buchas de cisalhamento,
com diâmetro ajustado aos furos das peças, combinados com parafusos convencionais.
53
54 CAPÍTULO 4. PINOS E PARAFUSOS SUBMETIDOS A CISALHAMENTO
A segunda solução, que depende inteiramente do atrito para absorção do carregamento de cisalha-
mento é a mais barata, pois não exige ajuste entre haste e furo ou bucha e furo. No entanto depende
do correto nível de aperto para garantir que a força de atrito seja maior que o carregamento transver-
sal existente. Sendo Fmax a força transversal máxima que pode ser transmitida, P a carga normal no
parafuso, n a quantidade de parafusos, µ o coeficiente de atrito entre as faces em contato e At a área
tracionada no núcleo da rosca do parafuso, a tensão atuante no parafuso é:
P Fmax ∼
σ= = = σad (4.1)
At n µAt n
Outra forma de abordar o problema de cisalhamento é através do uso conjunto de parafusos con-
vencionais (que são solicitados a carregamento normal) e pinos de diâmetro ajustado (que suportam o
carregamento de cisalhamento). Esta solução pode ser utilizada também para os parafusos ajustados
ou para as buchas de cisalhamento com a devida adaptação dos parâmertos de área e propriedades de
materiais.
Os principais tipos de pinos são apresentados, por exemplo, por [4] de maneira clara e de fácil
visualização. A tabela geral de tipos e propriedades é reproduzida aqui, Tabela 4.1.
Para a explicação do dimensionamento de pinos em cisalhamento será utilizado um exemplo sim-
ples. Seja a fixação proposta na Figura 4.2, em que a peça é parafusada em uma estrutura principal e
submetida a um carregamento P que induz um carregamento de cisalhamento que é suportado pelos
quatro pinos posicionados entre cada para de parafusos. A carga P está posicionada a uma distância l
do centróide referente à posição dos pinos.
Primeiramente, deve-se localizar o centróide referente aos elementos que suportarão o carrega-
mento de cisalhamento. No esquema mostrado, a posição é óbvia, uma vez que os pinos estão dispos-
tos em cruz totalmente simétrica. Caso a disposição dos elementos seja assimétrica ou use elementos
de diferentes tamanhos de seção transversal, as coordenadas do centróide podem ser determinadas
55
por:
∑n1 Ai xi
x̃ = (4.2)
∑n1 Ai
∑n1 Ai yi
ỹ = (4.3)
∑n1 Ai
57
P
|F1 i | = (4.4)
n
O momento M pode ser decomposto em forças F2 j e seu correspondente braço r j . No exemplo
proposto, dada a simetria de geometria, todos os pinos estarão sujeitos a componentes forças iguais
devido ao momento. Em situações gerais, as forças F2 j podem ser calculadas por:
Mri Plri
|F2 i | = = (4.5)
∑nj=1 r2j ∑nj=1 r2j
A força resultante deve ser obtida pela composição vetorial de F1 e F2 em cada pino. Para este
exemplo, a maior resultante é no pino localizado mais à direita, no qual a resultante vale F = F1 + F2 .
(a) Cargas transferidas para o centróide; (b) Cargas resultantes em cada pino;
A tensão de cisalhamento é dada pela força resultante dividida pela área da seção transversal do
pino (As ):
F
τs = (4.6)
As
A tensão de cisalhamento usualmente é confrontada diretamente com a tensão de escoamento em
cisalhamento, que pode ser estimada por:
Rebites
• rebite maciço: haste cilíndrica maciça com uma cabeça em uma das extremidades. A extremi-
dade oposta é sujeita à deformação pelo impacto de uma ferramenta como um martelo ou uma
pistola rebitadeira;
• rebite tubular ou semi-tubular: são similares aos rebites maciços, no entanto a extremidade
da haste oposta à cabeça é oca, com formato tubular. Esta modificação permite a redução da
59
60 CAPÍTULO 5. REBITES
força de aplicação;
• rebite cego: também chamado de rebite de repuxo ou rebite pop, possui uma haste tubular e
dentro dela um mandril, que é puxado com uma ferramenta manual ou pneumática e com isso
provoca a expansão da haste tubular oposta à cabeça do rebite. Este tipo de rebite é dito cego
por não necessitar de acesso ao lado oposto para deformar sua haste.
Rebites maciços são utilizados em uniões que exigem uma resistência estrutural elevada. Estrutu-
ras metálicas de prédios, pontes, navios e aplicações aeronáuticas são exemplos típicos (Figura 5.2).
Rebites tubulares completos são em geral utilizados em couro, plásticos, madeira ou outros materi-
ais macios [5]. É mais comum em equipamentos gerais o uso dos semi-tubulares (Figura 5.3). Um
esquema típico de rebitagem através de rebites cegos é mostrado na Figura 5.4, retirada de um catá-
logo de fabricante. Fica claro como eles podem ser aplicados tendo acesso apenas a um dos lados da
placa sendo fixada. Isso permite o projeto de estruturas reforçadas e relativamente leves construídas
com baixo custo, como exemplificado em Figura 5.5. Em (a) a placa recebe o reforço de uma chapa
dobrada de tal maneira que seu perfil assume o formato de uma onda trapezoidal. Com essa fixação,
aumenta-se a rigidez quanto a flexão em torno do eixo x. No entanto a rigidez referente à flexão em
torno do eixo z continua similar. A adição de uma nova placa, mostrado em (b), corrige esse aspecto,
e os rebites de fixação dessa nova placa só podem ser aplicados com acesso a uma face da placa fi-
nal. Constrói-se assim uma estrutura com rigidez alta sem um aumento excessivo na massa quando
comparado ao ganho em rigidez.
(a) Rebite de repuxo; (b) Esquema com dimensões antes e depois da instalação;
Figura 5.4: Catálogo de rebites de repuxo da empresa Âncora Sistemas de Fixação. Dispo-
nível em: http://ancora.com.br/downloads/catalogo/produtos/rebites.pdf (Acesso em
11/11/2020).
62 CAPÍTULO 5. REBITES
5.2 Dimensionamento
A força axial atuando na haste do rebite produz uma tensão normal de tração σR . Considerando-
se um coeficiente de atrito µ entre as chapas, a máxima força que o atrito permite transferir de uma
chapa a outra através de um único rebite é dada por:
Na qual SR é a seção transversal do rebite. A força que ultrapassa Natrito causa uma cortante na
haste do cilindro, levando a uma tensão de cisalhamento τR0 . assim, a força total transmitida de uma
chapa a outra através de um rebite pode ser escrita como:
Na qual τR exprime uma resistência ao cisalhamento. De posse de uma carga total P que deve ser
transmitida de uma chapa a outra, a quantidade necessária de rebites (nR ) pode ser dada por:
P P
nR = = (5.3)
N τR SR
Cálculos de estruturas de aço pedem também a verificação da pressão média (σl ) exercida no
contato entre a superfície cilíndrica do furo e da haste do rebite. Sendo s a espessura da chapa
considerada e d o diâmetro da haste do rebite, tem-se:
N = σl ds (5.4)
d2
σl ds = τR π
4
σl s
d=4 (5.5)
τR π
Que fornece um diâmetro que provê uma seção resistente ao cisalhamento para a junção con-
siderada. Dados experimentais permitem que se admita a relação σl ≤ 2, 5τR . Sua substituição na
expressão 5.5 fornece uma condição para o diâmetro d que dispensa a verificação da tensão σl :
d ≤ 3, 2s (5.6)
64 CAPÍTULO 5. REBITES
Além da verificação do rebite, muitas vezes é necessária também a verificação da chapa que sofre
um enfraquecimento devido à diminuição de sua seção transversal pelos furos dos rebites. Assim
considerando que a chapa rebitada tenha uma área de seção transversal S (total, sem descontar a
furação), e que tenha uma área útil Sn (descontando a área da linha de furos de rebites), a força P
pode ser escrita como:
P = nR N = σ Sn (5.7)
A área Sn é calculada a partir de S descontando-se a área dos furos em uma linha crítica:
Sn = S − ng sd (5.8)
Aqui utiliza-se ng para a quantidade de rebites pois a costura pode ser feita em mais de uma linha,
assim a seção crítica pode não conter a quantidade total de rebites nR . Como exemplo, na Fig. 5.7 o
total de rebitas nR = 7 em cada lado da união e na seção crítica da chapa, identificada como “Seção
crítica I”, são quatro rebites apenas (ng = 4). σ é a tensão normal na seção mais perigosa da chapa
rebitada, e que deve ser comparada com o critério adotado para o material. Cabe ressaltar também que
no tipo de montagem deste exemplo, existem duas interfaces de contato e, portanto, duas interfaces
de atrito com a mesma força normal. A equação análoga à força de atrito anteriormente apresentada
(Eq. 5.1) para este exemplo é:
Tal raciocínio pode ser aplicado quando há mais de duas peças sendo unidas pelo conjunto de
rebites.
Outros dos modos de falha possíveis podem ser minimizados com o correto espaçamento entre
rebites e a partis da borda da chapa. Para cada tipo de aplicação planejada normas específicas (como
5.2. DIMENSIONAMENTO 65
por exemplo a ABNT NBR 9580) devem ser consultadas para se obter a correta orientação sobre o
assunto. Cabe ressaltar que a indústria aeronáutica é um dos grandes usuários deste tipo de fixadores
e possui normas bastante específicas para evitar falhas catastróficas nas aeronaves. No entanto, em
aplicações gerais, pode-se adotar como referência para estimativa inicial:
Para uniões que empregam uma linha de rebites apenas a distância do centro do rebite até a borda
da chapa paralela à linha de costura não deve ser menor que duas vezes o diâmetro do rebite. O
espaçamento entre o rebite e a borda da chapa perpendicular à linha de rebites deve ser maior que 1,5
vezes o diâmetro do rebite; O espaçamento entre rebites não deve ser menor que 2,5 vezes o diâmetro
do rebite;
Tais condições estão ilustradas na Figura 5.8. Em geral, de modo a satisfazer a Equação 5.6,
busca-se adotar a condição de d = 3s.
Aqui foram demonstradas apenas as equações mais básicas do dimensionamento de juntas rebita-
das. Informações mais aprofundadas podem ser encontradas em [9].
66 CAPÍTULO 5. REBITES
Parte II
Soldas
67
CAPÍTULO 6
Principais Processos
A soldagem é um processo de união permanente feita pela fusão de materiais em sua interface de
contato através da aplicação de temperatura, pressão e condições metalurgicas apropriadas [6].
Os processos, ainda segundo [6], são classificados em quatro classes:
1. Soldagem por fusão: processos que utilizam a fusão parcial dos materiais e peças envolvidas
na união;
2. Soldagem no estado sólido: são processos nos quais não ocorre a fusão dos materiais envolvi-
dos;
3. Brasagem: processos nos quais ocorre a fusão somente dos materiais de adição e não das peças
a serem unidas e a temperatura de fusão dos materiais de adição está acima de 450°C;
4. Solda branda: mesmo princípio da brasagem, mas nesse caso a temperatura de fusão dos
materiais de adição está abaixo de 450°C.
Como vantagens dos processos de soldagem está a junção permanente de peças diferentes for-
mando uma única peça, com uma resistência mecânica que pode ser tão grande quanto ou mesmo
maior que das peças originais e que é feita de maneira economicamente viável. Há um uso mais
eficiente dos materiais, uma grande liberdade de concepção e projeto de componentes e um aumento
na velocidade de fabricação, facilitando a manutenção de cronogramas associados. Por outro lado o
processo é mais difícil de ser automatizado, muitas vezes tendo que ser feita de maneira manual, por
operador qualificado, a alta energia envolvida torna o processo perigoso se não tomados os devidos
cuidados, pode ser de difícil inspeção, uma vez que defeitos podem ficar ocultos abaixo da superfície
visível e o aporte de calor pode causar empenamentos ou mudar as propriedades mecânicas do metal
base na região próxima à solda.
69
70 CAPÍTULO 6. PRINCIPAIS PROCESSOS
A documentação de desenhos industriais de uniões soldadas, no caso geral, é formada pelos dese-
nhos das peças brutas, do plano de execução da união soldada, do desenho de tratamento mecânico
posterior e desenho da peça soldada em sua forma final. Na Figura 6.4 apresenta-se um exemplo dos
desenhos do processo de construção desenvolvido de uma união soldada. As peças brutas (desenhos
6.4(a) e 6.4(b)) são desenhadas da maneira como serão levadas para o processo de soldagem, com
todos os sobremetais indispensáveis para o tratamento mecânico final da união. As superfícies das
peças brutas que definem o encaixe das peças na união soldada são geradas de forma definitiva, indi-
cando suas tolerâncias e acabamentos de maneira definitiva. No desenho do conjunto soldado 6.4(c),
o produto é apresentado como deve ser após o processo de soldagem. São informados somente os
72 CAPÍTULO 6. PRINCIPAIS PROCESSOS
dados que devem ser mantidos: dimensões do conjunto, dimensões da costura de solda, dimensões
que determinam o posicionamento das peças entre si (na ausência de superfícies de apoio), bem como
dimensões indispensáveis para fabricar complementos da solda. As demais dimensões somente com-
plicam o desenho e desviam a atenção do executor. As dimensões indispensáveis para informação são
apresentadas entre parêntesis, destinguindo dimensões de informação e de execução. É obrigatório
apresentar as dimensões externas do conjunto entre parêntesis se são de informação ou sem parênte-
sis se são de execução, ou seja, que devem ser mantidas no componente. No desenho do conjunto
mecânico 6.4(d) o produto é representado da mesma forma que deve ter após usinagem mecânica,
apresentando todas as dimensões de execução com as tolerâncias adequadas. As demais dimensões
são informadas como de informação. O desenho da peça soldada 6.4(e) deve conter todas as informa-
ções indispensáveis e suficientes para definir a funcionalidade da peça. As dimensões intermediárias
da soldagem e usinagem da peça bruta são omitidas.
Figura 6.4: Desenho técnico de uniões soldadas: (a) e (b) peças brutas; (c) conjunto soldado; (d)
conjunto mecânico; (e) peça soldada. [11]
Figura 6.5: Execução simplificada de desenhos de uniões soldadas: (a) e (b) peças brutas; (c) conjunto
mecânico soldado; (d) peça soldada. [11]
74 CAPÍTULO 6. PRINCIPAIS PROCESSOS
CAPÍTULO 7
Para cada serviço de soldagem há um procedimento que irá produzir a junta ao menor custo possível.
Para a definição do procedimento deve-se possuir o conhecimento dos fatores que afetam o tipo de
solda a ser executado. Segundo [1] os principais fatores a se considerar são:
1. Tipo de junta a ser executada, incluindo ângulo, abertura de raiz e acabamento de face de raiz;
4. Comprimento do arco;
5. Velocidade do arco;
A maioria desses fatores podem ser obtidos por experimentação em uma junta simples. Itens como
tipo e tamanho do eletrodo, polaridade, corrente e características do arco são feitas segundo recomen-
dações do fabricante. O engenheiro deve estar ciente da existência desses problemas e considerá-los
no projeto da junta. O dimensionamento do cordão refere-se à especificação de dimensões do cor-
dão para manutenção de resistência compatível com a peças base sendo unidas e evitar o excesso de
solda. Em soldas de topo, com penetração total, a solda deve ser feita ao longo de toda a interface de
contato entre as placas sendo soldadas. Assumindo-se que a resistência do cordão seja pelo menos
equivalente ao do material de base, hipótese válida se a solda foi apropriadamente realizada, não há
necessidade de cálculos em problemas estáticos. Contudo para soldas de penetração parcial a execu-
ção de cálculos de verificação pode ser necessária. Quando há a soldagem de aços liga, é necessário
que as propriedades do metal base e do metal de adição combinem. Isto pode ser feito pela seleção
de um eletrodo com propriedades adequadas. Já quando a solda é de materiais base de alta resis-
tência, muitas vezes dev-se utilizar um eletrodo com propriedades inferiores ao metal base, assim o
dimensionamento deve ser realizado.
75
76 CAPÍTULO 7. DIMENSIONAMENTO DE CORDÕES DE SOLDA
Em soldas de filete é possível haver um cordão de solda muito pequeno ou muito grande, e aqui
se faz necessária a determinação do tamanho apropriado.
É recomendado que a resistência do eletrodo seja o mais próximo possível ao metal base a ser
soldado. Em situações em que aços de alta resistência sejam empregados como metal base o metal
da solda acaba sendo mais fraco. Isso também ocorre quando se deseja uma melhor resistência à
rachaduras. Soldas em que o metal do eletrodo seja muito melhor que o metal base são, em geral, não
recomendadas [10]. Em uma solda de uma barra de aço 1010 com uma de aço 1018, o metal da solda
será uma mistura do material do eletrodo e dos aços 1010 e 1018. também uma barra estirada a frio
soldada tem suas propriedades substituídas pelas propriedades de laminado a quente nas cercanias da
solda [3].
pernas da solda iguais a h, tem-se que t = 0, 707h. Caso a solda seja côncava, o valor de t deve ser
computado em relação ao ponto mais profundo de concavidade, conforme Figura 7.1(b). Caso a solda
seja convexa, Figura 7.1(c), o valor de t poderia, em teoria, ser superior aos 0, 707h já discutidos. No
entanto, dada irregularidade no acabamento de uma solda cujo reforço não foi retificado, costuma-se,
em favor da segurança, utilizar o mesmo valor de t válido para acabamento plano.
Figura 7.1: Acabamentos em cordões de solda de filete e espessura efetiva: (a) plano; (b) côncavo;
(c) convexo; (d) perna do filete
A solda de filete deve também respeitar tamanhos mínimos de perna em função da espessura dos
elementos sendo unidos. Valores de referência são apresentados por [1] e reproduzidos na Tabela 7.2.
[1] apresenta seus valores referentes a soldas de filete aplicadas à construção de pontes, para as quais
recomenda-se uma perna mínima de 5 mm. Para outras aplicações, menos críticas, pode ser aceito o
tamanho de perna igual a 3 mm para materiais com espessura inferior a 6 mm, conforme apresentado
na referida Tabela.
Tabela 7.2: Tamanho mínimo de perna para solda de filete em aplicações comuns [1].
admissível dado pelas propriedades do metal de adição considerado. Podem também estar sujeitas a
carregamentos cíclicos, e neste caso os efeitos referentes à fadiga dos materiais devem ser conside-
rados. Neste tópico apresentam-se considerações sobre a situação de carregamento estático divididas
em dois grupos: o primeiro quando o carregamento é aplicado diretamente na linha de ação do cordão
de solda, sendo portanto aplicado diretamente sobre o mesmo; o segundo grupo consiste em um car-
regamento aplicado fora da linha de ação do cordão, o que induz, além do carregamento diretamente
aplicado, um efeito de flexão ou torção devido à excentricidade do carregamento.
Em relação ao critério que irá definir uma tensão admissível utilizada como limite para o dimensi-
onamento do cordão de solda, muitas vezes ele é dependente da aplicação, assim normas e referências
específicas devem ser consultadas. Como exemplo, a tabela 7.3, reproduzida de [3], apresenta algu-
mas recomendações fornecidas pelo American Institute of Steel Construcution (AISC) referentes à
tensões admissíveis para soldas de topo sob diferentes tipos de carregamentos. A utilização destes
valores já inclui no cálculo da tensão admissível um fator de segurança de projeto.
Tabela 7.3: Tensões permitidas pela norma AISC para metal de solda. [3]
Figura 7.2: Orientação do cordão de solda em relação ao carregamento: (a) transversal; (b) longitudi-
nal.
Na situação de um carregamento alinhado com o filete de solda, o fluxo de força passa da peça
A para a peça B através das áreas de interface com o filete. Em ambos os casos, a tensão nessas
7.3. JUNTAS SOLDADAS SOB CARREGAMENTO ESTÁTICO 79
interfaces é um cisalhamento por uma área cujo valor é Asol = lh, em que l é o comprimento da solda
e h é sua perna. Embora estas sejam as áreas de interface, como já ressaltado, a menor área suportando
o carregamento é a área definida como A = lt, em que t é a menor distância entre a raiz da solda e
a face teórica da solda, conforme a definição mostrada na Figura 7.1. Assim, o dimensionamento é
feito de calculando-se as tensões através desta segunda área.
Quando o carregamento é transversal ao filete, nas duas áreas de interface com as peças A e B as
tensões são de natureza diferente: na interface com a peça A as tensões são normais (σ ) e na interface
com a peça B são tensões de cisalhamento (τ). Neste caso, em favor da segurança e simplicidade de
cálculos, também será considerada a a área A = tl para os cálculos e a comparação será feita com a
tensão de cisalhamento. Mesmo não sendo fisicamente preciso, esta forma de cálculo é mais segura
dadas as irregularidades presentes na solda e sua dificuldade de inspeção. Assim, uma abordagem
mais conservadora é tomada.
Na falta de uma norma ou de orientações específicas de estimativa para o critério, estabelece-se a
tensão admissível (τadm ) como sendo:
Sys 0, 577Sy
τadm = = (7.1)
Nd Nd
Na qual Nd é o coeficiente de segurança de projeto desejado, Sys é a tensão de escoamento ao
cisalhamento e Sy a tensão de escoamento normal do metal da solda. Então a tensão máxima no filete
de solda não pode exceder o valor admissível.
Uma estimativa de cargas estáveis permitidas em função do tamanho de solda de filete e nível de
resistência do eletrodo é apresentado por [3] e reproduzido na Tabela 7.4. Assume-se que as pernas
do filete são iguais a h e apresentam-se as tensões admissíveis de cisalhamento e a força por unidade
de comprimento máxima permitida.
Tabela 7.4: Carga permitida para vários tamanhos de soldas de filete [3].
Quando o carregamento não está alinhado ao cordão de solda (isto é, ao centróide definido pelas áreas
dos cordões que fazem a fixação) deve-se adotar procedimento similar ao executado para parafusos e
80 CAPÍTULO 7. DIMENSIONAMENTO DE CORDÕES DE SOLDA
pinos quando solicitados a cisalhamento (para um caso em que o carregamento induza torção) ou um
procedimento análogo para carregamentos que induza flexão.
Considerando um exemplo com geometria similar ao exemplo apresentado para pinos sob cisa-
lhamento, no qual os pinos são substituídos por cordões de solda ao longo de três arestas na borda
do suporte, conforme Figura 7.3. Cada cordão pode ser caracterizado por um comprimento, li , com
i = 1...3 e por uma espessura efetiva de filete t, correspondente a um filete cujo valor da perna é h.
Figura 7.3: Suporte unido à peça base por três filetes de solda.
O procedimento de cálculo segue a mesma lógica do caso dos pinos: em um passo inicial é
definido um centróide referente aos cordões de solda e, em relação a este ponto, é feito o deslocamento
da força e calculado o torque equivalente. Na análise de pinos, como estes possuem uma dimensão
relativamente pequena, os carregamentos foram considerados como forças concentradas.
A posição do centróide do cordão completo de solda, dado um sistema de coordenadas qualquer
é calculado por:
∑n1 Ai xi ∑n1 li xi
x̃ = = n (7.2)
∑n1 Ai ∑1 li
∑n1 Ai yi ∑n1 li yi
ỹ = = n (7.3)
∑n1 Ai ∑1 li
Em que xi e yi são as coordenadas do centróide de cada trecho de comprimento li da solda em que
a geometria é dividida.
Nas quais a expressão escrita em função dos comprimentos assume que a espessura do cordão de
solda será mantida constante ao longo de todo o comprimento.
Como o cordão tem o carregamento distribuído em uma área significativa, a análise tomará como
parâmetro as tensões de cisalhamento τ. A seguir, uma tensão de cisalhamento diretamente aplicada
à área da solda é calculada através de:
P P
τd = =
Asolda t(l1 + l2 + l3 )
7.3. JUNTAS SOLDADAS SOB CARREGAMENTO ESTÁTICO 81
Este componente de tensão está igualmente distribuído ao longo de todo o comprimento soldado,
orientado na direção de P.
O componente dado pela torção pode ser calculado por:
T
τT = r
Jxy
Na qual T é o torque, r é avaliado nos pontos mais distantes do centróide, uma vez que são
possíveis candidatos a pontos mais solicitados e Jyx é o momento de inércia polar da área da solda,
referente ao ponto do centróide. As equações para o cálculo de momentos de inércia de uma solda
linear (que pode ser considerada um retângulo de dimensões li e t) estão resumidas na Tabela 7.5. Para
outras geometrias, o projetista deve consultar bibliografia específica ou utilizar programas adequados
que já calculam todos os momentos de inércia. Desta maneira, o cálculo da inércia polar considera
que cada cordão é um retângulo de dimensões t e li , assim a fórmula de inércia de área do retângulo
deve ser empregada, além de, se necessários, o teorema dos eixos paralelos (teorema de Steiner) para
cordões deslocados do centróide mas paralelos ao mesmo e de rotação para uma solda inclinada em
relação ao sistema de coordenadas considerado para transferir sua inércia para o centróide geral do
cordão.
Para simplicidade dos cálculos, quando a altura do retângulo que representa o cordão for igual a
t, o termo em que esta variável entra elevado ao cubo pode ser desprezado, desde que t << l, o que
leva a que este termo seja ordens de grandeza menor que os demais.
Tabela 7.5: Expressões para cálculo do momento de inércia de área de uma seção retangular e relação
a diversos eixos
Ixy = 0
Ix0 y0 = ∆x∆y(bh)
através do torque, faz-se a soma vetorial dos componentes para identificação do ponto realmente
mais critico. A espessura t do cordão será definida a partir deste ponto crítico. Note que os demais
pontos do cordão estarão superdimensionados quanto às tensões. O cordão deve ser dimensionado
em relação ao seu ponto mais fraco, pois em caso de início de uma falha, ela pode se propagar a partir
deste ponto.
q
0
τ = τd2 + τT2 (7.4)
Para a determinação da espessura devem ser considerados coeficientes de segurança para a defini-
ção de uma tensão de cisalhamento admissível. Assim:
Sys
τadm = (7.5)
Nd
Em que se assume Sys = 0, 577Sy para obtenção do limite de escoamento ao cisalhamento a partir
da tensão normal de escoamento.
τ 0 ≤ τadm (7.6)
Tabela 7.6: Filete de solda sob torção, dados de entrada: cálculo de solda submetida à cisalhamento
P 15000 93, 75 ˆ
τd = = =− j MPa
Asolda t(55 + 80 + 25) t
Aqui usou-se a notação vetorial no final para ressaltar a direção e auxiliar na composição final das
tensões. O torque T :
7.3. JUNTAS SOLDADAS SOB CARREGAMENTO ESTÁTICO 83
E o torque, vetorialmente, pode ser escrito como T = −1328906k̂ Nmm. As tensões são dadas
por:
1 ~ 214, 3 287, 5 ˆ
τ~A = T × r~A = î − j MPa
Jxy0 t t
1 ~ 214, 3 75, 2 ˆ
τ~B = T × r~B = î + j MPa
Jxy0 t t
1 ~ 313, 2 75, 2 ˆ
τ~C = T × r~C = − î + j MPa
Jxy0 t t
214, 3 381, 23 ˆ
τ~Atotal = î − j MPa
t t
214, 3 18, 53 ˆ
τ~Btotal = î − j MPa
t t
313, 2 18, 53 ˆ
τ~C total = î − j MPa
t t
Fazendo-se a soma vetorial para obtenção do módulo máximo de tensão, que por inspeção ocorre
no ponto A (maior combinação de carregamentos):
84 CAPÍTULO 7. DIMENSIONAMENTO DE CORDÕES DE SOLDA
437, 3
τA0 total =
t
Para a estimativa da espessura mínima do cordão deve-se igualar τA0 total à tensão admissível τadm :
Flexão
Quando o carregamento está fora do plano do cordão de solda, são induzidas tensões normais em
cada filete, além de um cisalhamento direto. Em uma das faces do filete há uma tensão normal σ
componente dado pela flexão pode ser calculado por:
M
σF = c
Iii
Na outra face há uma tensão de cisalhamento (τ) que para o dimensionamento aqui proposto será
tomado como:
M
τ F = σF = c
Iii
Este será o componente de tesão utilizado no dimensionamento e que deverá compor, em conjunto
com o cisalhamento direto, a tensão máxima atuante na peça.
Aqui, novamente os momentos de inércia devem ser calculados segundo as expressões fornecidas
na Tabela 7.5 para cordões lineares.
O cisalhamento direto é dado da mesma forma que no caso anterior:
P P
τd = =
Asolda t (∑ni=1 li )
O ponto crítico da solda estará no ponto mais afastado da linha neutra submetido à tração. A
tensão atuante no cordão será dada pela combinação da tensão máxima devido ao momento fletor
com o cisalhamento direto.
q
τ0 = τF2 + τd2 (7.7)
Sys
τadm = (7.8)
Nd
τ 0 ≤ τadm (7.9)
Como exemplo de aplicação, seja a peça mostrada na Figura 7.4. O suporte deve ser soldado em
uma base rígida, com um cordão convexo e sofre o carregamento P = 12, 0 kN concentrado no furo
7.3. JUNTAS SOLDADAS SOB CARREGAMENTO ESTÁTICO 85
Os dados de interesse para a resolução do problema estão destacados na Tabela 7.7. Também é
necessário determinar o CG das áreas do cordão de solda. Por inspeção sabe-se que está localizado
na linha de centro vertical mostrada na Figura 7.4. Para determinar a altura do CG, considera-se um
sistema de coordenadas, por exemplo, alinhado com a parte inferior do desenho.
Assim:
x̃ = 0 mm
∑n1 li yi 50(50/2) + 40(50) + 55(50/2)
ỹ = = = 32, 1 mm
∑n1 li 50 + 40 + 50
A tensão de cisalhamento aplicada diretamente:
P 12000 85, 7
τd = = = MPa
Asolda t(50 + 40 + 50) t
A tensão devido ao momento fletor necessita o cálculo da inércia Ixx do cordão completo. Aproveitando-
se da simetria da geometria (Ixx1 = Ixx3 ):
86 CAPÍTULO 7. DIMENSIONAMENTO DE CORDÕES DE SOLDA
2
tl13
l1
Ixx = 2Ixx1 + Ixx2 + 2∆y21 A1 + ∆y22 A2 = 2 +0+2 − ỹ l1t + (l1 − ỹ)2 l2t = 38690, 5t mm4
12 2
O ponto mais crítico analisado é o que tem maior distância da linha neutra e que sofre um carre-
gamento trativo. O carregamento de compressão é suportado pela estrutura rígida na qual o suporte é
soldado, então não solicita o cordão de maneira crítica.
Mf 780000 360, 0
τm f = c= (50 − 32, 1) = MPa
Ixx 38690, 5t t
A tensão resultante é dada pela soma vetorial direta dos dois componentes de cisalhamento calcu-
lados, τd e τm f :
q 370, 1
τ0 = τd2 + τm2 f = MPa
t
Este valor pode ser comparado com a tensão admissível para estimativa de t:
Sys 370, 1
τadm = = 90, 7 MPa ≥
Nd t
Assim:
t ≥ 4, 1 mm
h ≥ 5, 8 mm
Verifica-se que a perna recomendada é maior que a espessura do elemento soldado pelos cordões
verticais (arestas l1 e l3 ), o que vai contra a recomendação dada na Tabela 7.2. Como solução, ao se
utilizar a máxima perna recomendada, de 5 mm, os resultados seriam:
h = 5, 0 mm
t = 3, 5 mm
τd = 24, 2 MPa
τm f = 101, 8 MPa
τ 0 = 104, 7 MPa
Ns = 2, 2
Caso o projeto possa conviver com o coeficiente de segurança mais baixo o problema está resol-
vido. Caso contrário alguma medida deve ser tomada, seja a mudança do projeto do suporte para
acomodar um cordão de solda mais espesso ou utilização de cordões de espessura diferente para a
aresta l2 em relação às arestas l1 e l3 ou mesmo uma avaliação que permita diminuir cargas no su-
7.4. JUNTAS SOLDADAS SOB CARREGAMENTO DE FADIGA 87
porte.
As equações propostas aqui para o dimensionamento não são totalmente corretas, há um rigor
científico que foi desprezado em sua dedução. No entanto a experiência mostra que esta formulação
atende aos problemas, mesmo com as simplificações adotadas, todas tomadas em favor da segurança.
A natureza do processo de soldagem pede a utilização de coeficientes de segurança maiores pela
dificuldade de sua inspeção, de modo que as simplificações tomadas acabam sendo favoráveis ao
projeto da união soldada.
Tipo de solda kf
Solda de topo, reforço não removido, cargas trativas 1,2
Base do filete de solda, carregamento transversal 1,5
Extremidade do filete de solda, carregamento paralelo 2,7
Junta soldada de topo T, com quinas vivas, cargas trativas 2,0
Originalmente proposto por C.H.Jennings, “Welding design”, Trans. ASME,
58: 497-509 (1936), e largamente utilizado desde então.
Métodos para estimativa desses coeficientes são reproduzidos aqui por conveniência, como suge-
ridos por [10].
Coeficiente de carregamento:
1, 0 flexão
cload = (7.12)
0, 7 carregamento axial
Para carregamentos de torção pura cload pode ser adotado como 0,577. Para carregamento combinado
de flexo-torção deve-se calcular a tensão equivalente por von Mises e usar cload = 1, de acordo com
[10].
Coeficiente de tamanho:
1, 0 para d ≤ 8mm
csize = 1, 189d −0,097 para 8 < d ≤ 250mm (7.13)
0, 6 para d > 250mm
Para carregamento axial adota-se csize = 1, 0. Para seções não circulares deve-se estimar, se ne-
cessário, um diâmetro equivalente para utilizar a equação corretamente. Maiores detalhes em [10].
Coeficiente de superfície:
csur f = 272(Sut )−0.995 (7.14)
Se
Nf = (7.17)
σa
Se Sut
Nf = (7.18)
σa0 Sut+ σm0 Se
Por exemplo, uma placa de aço com espessura 10 mm submetida a carregamento variável de 6,3
a 30 kN unida por solda de topo com profundidade completa na qual o reforço é mantido. O cordão é
transversal ao carregamento e o eletrodo empregado é o E60. Deseja-se saber o comprimento mínimo
de solda permitido para que não ocorra falha por fadiga, mantendo um coeficiente de segurança igual
a 3.
A força pode ser dividida em carregamento médio e alternado:
(Pmax + Pmin )
Pmed = = 18, 15 kN
2
(Pmax − Pmin )
Palt = = 11, 85 kN
2
Considerando a área como um comprimento L de solda a ser determinado e uma espessura igual
à espessura total da placa, as tensões nominais são:
Pmed 1815
σm nominal = = MPa
10L L
Pa 1185
σa nominal = = MPa
10L L
Nas quais a tensão é dimensionalmente correta para L dado em [mm].
Segundo a Tabela 7.8, para uma solda de topo cujo reforço não foi removido e submetida a carre-
gamento trativo, usa-se k f = 1, 2.
2178
σm = k f σm nominal = MPa
L
1422
σa = k f σa nominal = MPa
L
Para as condições de coeficiente de segurança igual a 3,0 e eletrodo E60, tem-se:
Sy = 345 MPa (Tabela 7.1); Sut = 427 MPa (Tabela 7.1); Se0 = S2ut = 213, 5 MPa (Equação 7.11
com Sut menor que 1400 MPa); cload = 0, 7 (Equação 7.12, opção por carregamento axial); csize = 1, 0
(Equação 7.13 com carregamento axial); csur f = 272(427)−0,995 = 0, 657 (Equação 7.14, adotando
acabamento superficial similar a forjamento); ctemp = 1, 0 (Equação 7.15, assumindo temperatura
de operação inferior a 450 °C); creliab = 0, 897 (Equação 7.16 assumindo confiabilidade de 90%).
Calcula-se então Se através da Equação 7.10:
Uma estimativa do valor mínimo de L pode ser feita agora utilizando-se a Equação 7.18:
Caso a fadiga não fosse considerada, o comprimento mínimo seria estimado simplesmente por
comparação da tensão máxima com a tensão de escoamento corrigida pelo fator de segurança desejado
(caso estático):
3000
σmax = σa nominal + σm nominal = MPa
L
3000 Sy
σmax = ≤ = 115 MPa
L 3
Lestatico ≥ 26, 1 mm
1. Em geral, um componente é tensionado até seu limite apenas em uma fração de sua vida ou
quantidade de ciclos. Na maior parte de sua vida o componente é solicitado com um valor bem
mais baixo, de modo que o carregamento de fadiga, em geral, não é tão crítico quanto aparenta
ser em uma primeira avaliação. recomenda-se considerar o carregamento real e não o médio de
tensões. Também recomenda-se reduzir, se possível, a faixa de tensões sem aumentar o valor
máximo ou seu valor médio;
2. Carregamentos de fadiga exigem uma fabricação cuidadosa, com transições suaves entre seções.
Recomenda-se então evitar acoplamentos ou aberturas em regiões submetidas a altas tensões,
evitar cantos vivos, tentar optar por soldas de topo ao invés de soldas com transpasse ou de
filete em T. A eliminação do reforço por retificação aumenta a resistência à fadiga, deixando-a
quase igual a uma placa lisa sem solda, no entanto adiciona um custo significativo, justificado
apenas se for essencial para o projeto. Evitar um excesso de: reforço, sobreposições, falta de
penetração e rugosidade da solda. O alívio de tensões não tem efeito significativo sobre a resis-
tência à fadiga. Muitas dificuldades são causadas por soldas muito pequenas ou componentes
muito finos;
3. Sob carregamento crítico, posicione o material tal que a direção de laminação esteja alinhada
com as forças, pois a resistência à fadiga pode ser maior nessa direção do que se posicionada
perpendicularmente às forças;
7.4. JUNTAS SOLDADAS SOB CARREGAMENTO DE FADIGA 91
4. Sempre que possível, dê forma ao componente baseado no fluxo interno de cargas e, portanto,
evite o movimento de flexão resultante
7. Evite aplicação de carregamentos excêntricos que podem causar uma flexão adicional a cada
ciclo de carregamento;
9. Uma estrutura nervurada rígida ou uma estaticamente indeterminada podem ser melhores que
uma estrutura simplesmente apoiada pois o carregamento é compartilhado por outros compo-
nentes. Consequentemente a estrutura tem menor chance de colapso imediato após uma even-
tual falha por fadiga pois esta começa a ocorrer em um dos componentes, os outro ainda podem
dar algum grau de resistência ao conjunto;
10. Evite tensões biaxiais e triaxiais, evite seções internas com restrições.
92 CAPÍTULO 7. DIMENSIONAMENTO DE CORDÕES DE SOLDA
Parte III
Anexos
93
APÊNDICE A
Parafusos sextavados com haste e rosca normal - DIN EN ISO 4014 (2001-03)
Norma Substitui: d M1,6 M2 M2,5 M3 M4 M5 M6 M8 M10
ISO DIN EN DIN SW 3,2 4 5 5,5 7 8 10 13 16
4014 24014 931 kmax 1,1 1,4 1,7 2 2,8 3,5 4 5,3 6,4
dw 2,3 3,1 4,1 4,6 5,9 6,9 8,9 11,6 14,6
e 3,4 4,3 5,5 6 7,7 8,8 11,1 14,4 17,8
b 9 10 11 12 14 16 18 22 26
l p de 12 16 16 20 25 25 30 40 45
até 16 20 25 30 40 50 60 80 100
Classe de re- 5.6; 8.8; 9.8; 10.9; A2-70; A4-70
sistência:
d M12 M16 M20 M24 M30 M36 M42 M48 M56
SW 18 24 30 36 46 55 65 75 85
kmax 7,5 10 12,5 15 18,7 22,5 26 30 35
dw 16,6 22 27,7 33,3 42,8 51,1 60 69,5 78,7
e 20 26,2 33 39,6 50,9 60,8 71,3 82,6 93,6
Para l p < 125 mm: b 30 38 46 54 66 - - - -
Para l p = 125 a 200 mm: b - 44 52 60 72 84 96 108 -
Para l p > 200 mm: b - - - 73 85 97 109 121 137
l p de 50 65 80 90 110 140 160 180 220
Classes de produto (Tab. A.9) até 120 160 200 240 300 360 440 500 500
Rosca: l p [mm] Classe Classe de 5.6; 8.8; 9.8; 10.9 Conforme
≤M12 todos A resistência: A2-70; A4-70 A2-50; acordado
A4-50
M16 a l p ≤ 150 A Comprimen- 12, 16, 20, 25, 30, 35, ... 60, 65, 70, 80, 90, ... 140, 150, 160, 180,
M24 tos nomi- 200, ... 460, 480, 500 mm
nais:
l p ≥ 160 B Exemplo de Parafuso sextavado ISO 4014 - M10 x 60 - 8.8
≥M30 todos B designação: d = M10, l p = 60 mm, classe de resistência 8.8
95
96 APÊNDICE A. TABELAS DE PARAFUSOS, PORCAS E ARRUELAS
Tabela A.2: Características de parafusos sextavados com rosca normal até a cabeça [4]
Parafusos sextavados com rosca normal até a cabeça - DIN EN ISO 4017 (2001-03)
Norma Substitui: d M1,6 M2 M2,5 M3 M4 M5 M6 M8 M10
ISO DIN EN DIN SW 3,2 4 5 5,5 7 8 10 13 16
4017 24017 933 kmax 1,1 1,4 1,7 2 2,8 3,5 4 5,3 6,4
dw 2,3 3,1 4,1 4,6 5,9 6,9 8,9 11,6 14,6
e 3,4 4,3 5,5 6 7,7 8,8 11,1 14,4 17,8
l p de 2 4 5 6 8 10 12 16 20
até 16 20 25 30 40 50 60 80 100
Classe de re- 5.6; 8.8; 9.8; 10.9; A2-70; A4-70
sistência:
d M12 M16 M20 M24 M30 M36 M42 M48 M56
SW 18 24 30 36 46 55 65 75 85
kmax 7,5 10 12,5 15 18,7 22,5 26 30 35
dw 16,6 22 27,7 33,3 42,8 51,1 60 69,5 78,7
e 20 26,2 33 39,6 50,9 60,8 71,3 82,6 93,6
l p de 25 30 40 50 60 70 80 100 110
Classes de produto (Tab. A.9) até 120 200 200 200 200 200 200 200 200
Rosca: l p [mm] Classe Classe de 5.6; 8.8; 9.8; 10.9 Conforme
≤M12 todos A resistência: A2-70; A4-70 A2-50; acordado
A4-50
M16 a l p ≤ 150 A Comprimen- 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 16, 20, 25, 30, 35, ... 60, 65, 70, 80, 90, ...
M24 tos nomi- 145, 150, 160, 180, 200 mm
nais:
l p ≥ 160 B Exemplo de Parafuso sextavado ISO 4017 - M8 x 40 - A4-50
≥M30 todos B designação: d = M8, l p = 40 mm, classe de resistência A4-50
Parafusos cilíndricos com sextavado interno e rosca normal - DIN EN ISO 4762 (2004-06)
Norma: Substitui: d M1,6 M2 M2,5 M3 M4 M5 M6 M8 M10
ISO DIN SW 1,5 1,5 2 2,5 3 4 5 6 8
4762 912 k 1,6 2 2,5 3 4 5 6 8 10
dk 3 3,8 4,5 5,5 7 8,5 10 13 16
b - 16 17 18 20 22 24 28 32
para l p - 20 25 ≥ 25 ≥ 30 ≥ 30 ≥ 35 ≥ 40 ≥ 45
l1 1,1 1,2 1,4 1,5 2,1 2,4 3 3,8 4,5
para l p ≤ 16 ≤ 16 ≤ 20 ≤ 20 ≤ 25 ≤ 25 ≤ 30 ≤ 35 ≤ 40
l p de 2,5 3 4 5 6 8 10 12 16
até 16 20 25 30 40 50 60 80 100
Classe de re- Conforme 8.8; 10.9; 12.9; A2-70; A4-70
sistência: acordado
d M12 M16 M20 M24 M30 M36 M42 M48 M56
SW 10 14 17 19 22 27 32 36 41
k 12 16 20 24 30 36 42 48 56
dk 18 24 30 36 45 54 63 72 84
b 36 44 52 60 72 84 96 108 124
para l p ≥ 55 ≥ 65 ≥ 80 ≥ 90 ≥ ≥ ≥ ≥ ≥
110 120 140 160 180
l1 5,3 6 7,5 9 10,5 12 13,5 15 16,5
para l p ≤ 50 ≤ 60 ≤ 70 ≤ 80 ≤ ≤ ≤ ≤ ≤
100 110 130 150 160
l p de 20 25 30 40 45 45 60 70 80
até 120 160 200 200 200 200 300 300 300
Classe de 8.8; 10.9; 12.9 Conforme
Classes de produto (Tab. A.9) resistência: A2-70; A4-70 A2-50; acordado
A4-50
Rosca: l p [mm] Classe Comprimen- 2,5, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 16, 20, 25, 30, ... 65, 70, 80, ... 150, 160,
tos nominais 180, 200, 220, 240, 260, 280, 300 mm
(l p ):
M1,6 a todos A Exemplo de Parafuso cilíndrico ISO 4762 - M10 x 55 - 10.9
M56 designação: d = M10, l p = 55 mm, classe de resistência 10.9
98 APÊNDICE A. TABELAS DE PARAFUSOS, PORCAS E ARRUELAS
Tabela A.5: Características de parafusos de guia sextavados com espiga roscada longa [4]
Parafusos de guia sextavados com espiga roscada longa - DIN 609 (1995-02)
M8 M10 M12 M16 M20
d
M8x1 M10x1 M12x1,5 M16x1,5 M20x1,5
SW 13 16 18 24 30
k 5,3 6,4 7,5 10 12,5
ds k6 9 11 13 17 21
e 14,4 17,8 19,9 26,2 33
b(1) 14,5 17,5 20,5 25 28,5
b(2) 16,5 19,5 22,5 27 30,5
b (3) - - - 32 35,5
l p de 25 30 32 38 45
até 80 100 120 150 150
Classe de 8.8
resistência A2-70
M24 M30 M36 M42 M48
d
M24x2 M30x2 M36x3 M42x3 M48x3
SW 36 46 55 65 75
k 15 19 22 26 30
ds k6 25 32 38 44 50
e 39,6 50,9 60,8 71,3 82,6
b(2) 36,5 43 49 56 63
b(3) 41,5 48 54 61 68
l p de 55 65 70 80 85
até 150 200 200 200 200
Classe de 8.8 Conforme
resistência A2-50 acordado
Classe de produto (Tab. A.9) l p [mm] 25, 28, 30, 32, 35, 38, 40, 42, 45, 48, 50, 55, 60... 150, 160, ... 200
d [mm] l p [mm] Classe Obs.: (1) para l ≤ 150 mm; (2) para l = 50...150 mm;
p p
(3) para l > 150 mm.
p
≤ 10 todos A Exemplo de Parafuso de guia DIN 609 - M16 x 1,5 x 125 - A2-70
≥ 12 todos B designação: d = M16, l = 125 mm, classe de resistência A2-70
Tabela A.6: Características de porcas sextavadas com rosca normal, tipo 1 [4]
Porcas sextavadas com rosca normal, tipo 1 - DIN EN ISO 4032 (2001-03)
Norma Substitui: d M1,6 M2 M2,5 M3 M4 M5 M6 M8 M10
DIN EN DIN EN DIN SW 3,2 4 5 5,5 7 8 10 13 16
ISO 4032 24032 934 dw 2,4 3,1 4,1 4,6 5,9 6,9 8,9 11,6 14,6
e 3,4 4,3 5,5 6 7,7 8,8 11,1 14,4 17,8
m 1,3 1,6 2 2,4 3,2 4,7 5,2 6,8 8,4
Classes de Conforme acordado 6, 8, 10
resistência A2-70; A4-70
d M12 M16 M20 M24 M30 M36 M42 M48 M56
SW 18 24 30 36 46 55 65 75 85
dw 16,6 22,5 27,7 33,3 42,8 51,1 60 69,5 78,7
e 20 26,8 33 39,6 50,9 60,8 71,3 82,6 93,6
m 10,8 14,8 18 21,5 25,6 31 34 38 45
Classe de produto (Tab. A.9) : Classes de 6, 8, 10 Conforme acordado
Rosca d Classe resistência A2-70; A4-70 A2-50;A4-50 -
M1,6 ... M16 A Notas: 1) Tipo 1: altura da porca m ≥ 0, 8d
M20 ... M64 B Exemplo: Porca sextavada ISO 4032 - M10-10: d = 10, classe de resistência 10
99
Porca sextavada com elemento de trava, tipo 1 - DIN EN ISO 7040 e 10512 (2001-03)
Norma Substitui: M4 M5 M6 M8 M10 M12
d
DIN EN ISO DIN EN DIN - - - M8x1 M10x1 M12x1,5
7040 SW 7 8 10 13 16 18
27040 982
10512 dw 5,9 8,9 8,9 11,6 14,6 16,6
e 7,7 8,8 11,1 14,4 17,8 20
h 6 6,8 8 9,5 11,9 14,9
m 2,9 4,4 4,9 6,4 8 10,4
M16 M20 M24 M30 M36 -
d
M16x1,5 M20x1,5 M24x2 M30x2 M36x3 -
SW 24 30 36 46 55 -
dw 22,5 27,7 33,3 42,8 51,1
e 26,8 33 39,6 50,9 60,8 -
h 19,1 22,8 27,1 32,6 38,9 -
m 14,1 16,9 20,2 24,3 29,4 -
Classe de Para DIN EN ISO 7040: 5, 8, 10
resistência Para DIN EN ISO 10512: 6, 8, 10
Porca sextavada tipo 1 (altura de porca m ≥ 0, 8d)
Notas: DIN EN ISO 7040: porca com rosca normal
Classes de produto: DIN EN ISO 10512: porca com rosca fina
Ver DIN EN ISO 4032 Exemplo: Porca sextavada ISO7040-M6-8: d = 6, classe de resistência 8
Arruelas planas com chanfro, série normal - DIN EN ISO 7090 (2001-11), substitui DIN 125-1+2
Para M5 M6 M8 M10 M12 M16 M20
roscas
Tamanhos 5 6 8 10 12 16 20
nominais
d1 min. 5,3 6,4 8,4 10,5 13 17 21
d2 max. 10 12 16 20 24 30 37
h 1 1,6 1,6 2 2,5 3 3
Para M24 M30 M36 M42 M48 M56 M64
roscas
Tamanhos 24 30 36 42 48 56 64
nominais
d1 min. 25 31 37 45 52 62 70
d2 max. 44 56 66 78 92 105 115
h 4 4 5 8 8 10 10
Materiais Aço Aço inoxidável
Espécie - - A2, A4, F1, C1, C4
Classe de 200 HV 300 HV 200 HV
dureza
Arruela ISO 7090-20-200 HV: tamanho nominal = 20
Exemplo
mm, classe de dureza 200 HV, de aço
Sempre medida nominal
Notas:
Metais não ferrosos e outros materiais conforme acordo
Classe de dureza 200 HV adequada para:
a) Parafusos e porcas sextavadas com classe de resistência ≤ 8.8 (parafuso) e ≤ 8 (porca)
b) Parafusos e porcas sextavadas de aço inoxidável
Classe de dureza 300 HV adequada para:
a) Parafusos e porcas sextavadas com classe de resistência ≤ 10.9 (parafuso) e ≤ 10 (porca)
Arruelas planas, série normal - DIN EN ISO 7091 (2000-11), substitui DIN 126
Para M2 M3 M4 M5 M6 M8 M10 M12
roscas
Tamanhos 2 3 4 5 6 8 10 12
nominais
d1 min. 2,4 3,4 4,5 5,5 6,6 9,0 11,0 13,5
d2 max. 5,0 7,0 9,0 10,0 12,0 16,0 20,0 24,0
h 0,3 0,5 0,8 1,0 1,6 1,6 2,0 2,5
Para M16 M20 M24 M30 M36 M42 M48 M64
roscas
Tamanhos 16 20 24 30 36 42 48 64
nominais
Classe de dureza 100 HV adequada para: d1 min. 17,5 22,0 26,0 33,0 39,0 45,0 52,0 70,0
a) Parafusos sextavados, classe de produ- d2 max. 30,0 37,0 44,0 56,0 66,0 78,0 92,0 115,0
to C, com classe de resistência ≤ 6.8 h 3 3 4 4 5 8 8 10
b) Porcas sextavadas, classe de produto Arruela ISO 7091-12-100 HV: tamanho nominal d = 12,
Exemplo:
C, com classe de resistência ≤ 6 classe de dureza 100 HV
APÊNDICE B
Um sistema de unidades consistentes é formado por unidades básicas de massa, comprimento e tempo
e a partir destas são formadas as unidades derivadas.
Propriedades do aço:
Massa Compri- Tempo Força Tensão Energia Módulo de
mento Densidade elasticidade
kg m s N Pa J 7, 83 × 103 2, 07 × 1011
kg m ms MN MPa MJ 7, 83 × 10 3 2, 07 × 105
kg cm s 1, 0 × 10−2 N 7, 83 × 10 −3 2, 07 × 109
kg cm ms 1,0.104 N 7,83.10 -3 2,07.103
kg cm µs 1,0.1010 N 7,83.10 -3 2,07.10-3
kg mm ms kN GPa kN mm 7,83.10 -6 2,07.102
g cm s dyn dyn/cm2 erg 7,83 2,07.1012
g cm µs 1,0.107 N Mbar 1,0.107 N cm 7,83 2,07
g mm s 1,0.10-6 N Pa 1,0.10-6 N mm 7,83.10-3 2,07.1011
g mm ms N MPa N mm 7,85.10-3 2,07.105
ton mm s N MPa N mm 7,85.10 -9 2,07.105
lbf s2 /mm in s lbf psi lbf in 7,33.10 -4 3,00.107
slug ft s lbf psf lbf ft 1,52.10 1 4,32.109
kgf s2 /in mm s kgf kgf/mm2 kgf mm 7, 98 × 10−10 2, 11 × 104
kg mm s mN kPa 1, 0 × 10−3 N mm 7, 83 × 106 2, 07 × 108
g cm ms 1, 0 × 101 N 1, 0 × 105 Pa 1, 0 × 101 N cm 7,83 2, 07 × 106
101
102 APÊNDICE B. SISTEMAS DE UNIDADES COMPATÍVEIS
Referências Bibliográficas
[1] O. W. Blodgett. Design of welded structures. The James F. Lincoln Arc Welding Foundation,
Cleveland, 1966.
[2] Bosch Rexroth AG, Schweinfurt. Screw assemblies: ball screw assemblies BASA / planetary
screw assemblies PLSA, 2018.
[3] R. G. Budynas and J. K. Nisbett. Elementos de máquinas de Shigley. AMGH, Porto Alegre, 10
edition, 2016.
[4] U. Fischer et al. Manual de tecnologia metal mecânica. Blucher, São Paulo, 2 edition, 2011.
[7] G. Manfé, R. Pozza, and G. Scarato. Desenho técnico mecânico: curso completo para escolas
técnicas e ciclo básico das faculdades de engenharia, volume 2. Hemus, São Paulo, 1977.
[8] R. L. Mott. Elementos de máquina em projetos mecânicos. Pearson, São Paulo, 5 edition, 2015.
[13] D. N. Reshetov, editor. Atlas de construção de máquinas. Hemus, São Paulo, 1979.
103