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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

Instabilidade:
Flambagem de Barras de Secção Delgada por
Torção e Flexão

MUNIR RACHID
DAGOBERTO DARIO MORI

SÃO CARLOS
2020
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
Departamento de Engenharia de Estruturas

INSTABILIDADE:
Flambagem de Barras de Secção
Delgada por Torção e Flexão

MUNIR RACHID
DAGOBERTO DARIO MORI

São Carlos, julho de 2001


reimpressão
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS:
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qualquer meio -eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos
xerográficos, de fotocópia e de gravação - sem permissão, por escrito,
do(s) autor(es).
. ~,

APOSTILA

--- ......... -----,---


·~

,,/
___________ ___,

Rachid, Munir
R 118i Instabilidade: flambagem de barras de secção delgada por
torção e flexão I M.Rachid, D.D. Mori. --São Carlos: Escola de
Engenharia de São Carlos-USP, 1993.
166p.
ISBN 85-85205-03-2
1. Estruturas - Instabilidade. I. Mori, Dagoberto Dario. 11.
Titulo

18.CDD- 624.171
SUMÁRIO

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I

Lista de Símbolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . II

1. INSTABILIDADE LATERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1. Introdução 1
1.2. Esforços e Deslocamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1. 3. Dedução das Equações Diferenciais 9
1.4. Integração do Sistema de Equações 16
1.5. Vínculos de Garfo- Exemplo de Integração ........... 19
Força aplicada sem excentricidade 21
Força aplicada com excentricidade em relação ao
eixo z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Força aplicada com excentricidade em relação
aos dois eixos principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.6. Vínculos de Garfo- Caso Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Força aplicada sem excentricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Força aplicada com excentricidade em relação ao
eixo z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Força aplicada com excentricidade em relação
aos dois eixos principais 38
1. 7. Esforços de Segunda Ordem 38
Extremidades com vínculos de garfo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Barra engastada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.8. Círculo de Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1. 9 . Exemplos de Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1.10. Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

2. FLAMBAGEM POR TORÇÃO E FLEXÃO- CARREGAMENTO QUALQUER ..... 71


2 .1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2 .2 . Esforços e Deslocamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
2.3. Expressão da Energia Potencial Total . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Energia de deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Energia potencial dos esforços aplicados . . . . . . . . . . . . 78
Energia potencial dos esforços internos de
la. ordem nas deformaçães de 2a. ordem . . . . . . . . . . . . . . 80
Energia potencial total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
2.4. Dedução das Equações Regentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
2.5. Exercícios de Aplicação . ·. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
2. 6. Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
3. CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
3.1. Influência do Bimomento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Bimomento alterando a espécie do problema 138
Bimomento alterando a espécie do problema
e o valor crítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
3.2. Introdução a Estruturas Discretizadas . . . . . . . . . . . . . . . 148
Matriz de rigidez elástica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Matriz de rigidez geométrica 148
Determinação do carregamento crítico . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Determinação da matriz de rigidez geométrica
[Kg] segundo considerações de energia ...... ·~· ...... 150
Matriz de rigidez/ em teoria de 2a. ordem/
de barras deformáveis 154

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165


I

APRESENTAÇÃO

Em publicação anterior [1] tratamos dos conceitos básicos


da instabilidade elástica considerada como parte da análise do
equilíbrio de estruturas em teoria de segunda ordem.
Após estudo de modelos demonstrativos, foi feita, naquela
publicação, uma revisão da flambagem de EULER com algumas
considerações sobre flambagem por flexão no regime plástico.
Com esta publicação queremos ampliar o estudo em regime
elástico do equilíbrio em teoria de segunda ordem, considerando o
equilíbrio geral no espaço de vigas esbeltas de esqueleto aberto,
conforme teoria de VLASSOV [4]

São Carlos, junho de 1993.

MUNIR RACHID
DAGOBERTO DARIO MORI

Edição do Texto: MARTA REGINA COUTO FARIA


Desenhos: FRANCISCO CARLOS GUETE DE BRITO
Referências Bibliográficas e Ficha
Catalográfica: MARIA NADIR MINATEL
II

LISTA DE SÍMBOLOS UTILIZADOS

p/ P. Força concentrada genérica


1

py p Força concentrada na direção y


I
yi
pz p Força concentrada na direção z
I
zi
Mo I
M.1 Momento aplicado genérico

Myi Momento aplicado no plano xz

Mzi Momento aplicado no plano xy

Bo B. Bimomentos aplicados
I
1

p Força distribuída genérica

Py e Pz Componentes de p nas direções y e z, respectivamente

N Força normal
vy e vz Forças cortantes nas direções y e Z 1 respectivamente

M Momento fletor

My e Mz Momentos fletores nos planos xz e xy, respectivamente

B Bimomento

Mt Momento torçor total

Me Momento de torção livre

Mft momento de flexo-torção


p p e pct> : Valores críticos
V I
w
(J Tensão normal
T Tensão tangencial
E Deformação específica
')' Distorção
u Energia de deformação
T Energia potencial
EPT Energia potencial total
E Módulo de elasticidade
G Módulo de elasticidade transversal
CG Centro de gravidade da secção
D Centro de torção
SI A Área da secção
I e I Momentos principais de inércia da secção
y z
III

Momento de inércia à torção

Momento setorial de inércia


Sistema de referência da barra
x é o eixo longitudinal pelos centros de gravidade das
secções
y e z são os eixos principais da ~ecção

(y pode indicar também deslocamento na direção y)

r Ordenada perpendicular ao esqueleto/indica também o


comprimento de comparação na torção
w Área setorial
dX 1 dr 1 ds, dw, etc : elementos infinitésimos
característica geométrica da secção que regula a
a influência do bimomento na teoria de · segunda ordem
(VLASSOV)
K e Kz Coordenadas do centro do círculo de estabilidade
y

R Raio do círculo de estabilidade/indica também reação


genérica
v e w Deslocamentos genéricos nas direções y e Z 1 respectiva-
mente
VD e WD Deslocamentos do centro de torção

Yo e ZD Coordendas do centro de torção

<P Deslocamento angular


u Empenamento
t Espessura
iD Raio de giração

jy e jz Segmentos" característicos da secção


11

a e b Coordenadas do ponto de aplicação de força longitudi-


nal nas direções y e z, respectivamente/indicam também
constantes de integração/indicam também parâmetros de
elásticas/indicam também dimensões genéricas
e Excentricidade do ponto de aplicação da força tranver-
sal em relação ao centro de torção
ey e e z Projeções da excentricidade nas direções principais
t Comprimento
J Função de BESSEL
a e e Ângulos genéricos
n Número inteiro
kl e k 2 Constantes de mola de tração-compressão
IV

k3 Constante de mola angular

k/ k Parâmetros de equações diferenciais


a
À. e ó.1 Raízes da equação característica/À indica também auto
1
-valor/ó.1 indica também deslocamento genérico

i Raíz imaginária/como subscrito indica elemento genérico


/:; Deslocamento axial
S, c e m Coeficientes adimensionais dos deslocamentos/s indica
também ordenada no esqueleto/m indica também momento
aplicado no plano yz 1 por unidade de comprimento

Elementos genéricos da matriz de rigidez

[K ] Matriz de rigidez elástica


e
[K ] Matriz de rigidez geométrica
g
[Y] Auto vetor
{x} Vetor deslocamento
{x} Vetor das ações
[K] Matriz de rigidez
a Derivada parcial
Linha como expoente ('} : indica derivação em relação a x/aplica-
da a uma letra indicativa de ponto, significa posição
deslocada do ponto
Subscrito cr ( ) indica valor crítico
cr
Quando houver possibilidade de confusão/ os esforços .de 2a . ordem
serão explicitamente indicado como, por exemplo: (Mt} a. momento
2
torçor de segunda ordem

Indica item da bibliografia

Outros símbolos, não listados 1 serão explicados quando de sua


utilização.
CAP Í T UL O I

INSTABILIDADE LATERAL

1.1. INTRODUÇÃO

A flambagem por flexão, também chamada flambagem de


EULER, quando no regime elástico, é apenas uma forma particular da
instabilidade maia geral a que uma barra pode estar sujeita. Esta
forma particular ocorre quando são satisfeitas certas condições
que serão estudadas nesta publicação.
Para ilustrar estas diferentes possibilidades de
alteração do estado de equilíbrio, recorre-se a um modelo
simplificado, ou seja, a uma cruz rígida ABCD, conforme fig. 1.1.
Quatro barras rígidas estão articuladas, com a cruz,
respectivamente, nos pontos A, B, C e D e, pelas extremidades
opostas, articulam-se com a terra: na posição inicial de
equilíbrio, as barras são perpendiculares ao plano de fixação e ao
plano ABCD.
Mais três molas completam a vinculação: são duas molas
de tração-compressão (respectivamente, de coeficientes R1 e R2 ) e
uma mola de torção (de coeficiente R3 ), dispostas no plano da cruz
conforme indicado nas figuras 1.1a) e b).
O deslocamento genérico para uma pos1çao vizinha, onde
será estudado o equilíbrio, pode ser decomposto nas translações v
e w e na rotação ~' estando as suas direções e sentidos indicados
na fig. 1.lc) . A posição deslocada genérica da cruz ABCD está
representada na fig. 1.ld) por A'B'C'D'.
Na fig. 1.2, estuda-se o equilíbrio do modelo na direção
do deslocamento v.
O equilíbrio dos momentos em relação a um eixo passando
pelas articulações inferiores das barras ligadas em·C e D fornece:

(R v)l - pv =O (1.1)
1
Estão sendo usadas as aproximações usuais da teoria de
segunda ordem, não trabalhando, portanto, a mola fixada em D neste
deslocamento v. A cruz sofre uma translação v sendo que as quatro
barras rígidas recebem a mesma parte da carga (P/4) e·se inclinam
de um mesmo ângulo em relação às posições iniciais.
-2-

c
c)
A

b]

d]

F 1 G. Ll
-3-

v k bl
l
lP
t A

1
I I
I I
I I
I I
I I
I I
I I
I I
I I
f r
I I
I l
I I
I I
I I
I I
I I
I I
I J
I I
I 1
I I
I I
J I
I I
J I
I
I I
I I
I I
I I
I I
I I

p t E..t E..t
4 4 4

Pv
4---;r - R 1 v: o

COMO [ l.l)

FI G. 1. 3
-4-

O possível equilíbrio na posição deslocada, governado


por (1.1), exige que as reações atuantes em cada barra tenham a
resultante com a linha de ação na direção do eixo da barra, como
indicado em detalhe na fig. 1.2b) para uma das barras. Portanto, a
equação {1.1) pode ser interpretada como traduzindo o equilíbrio
da cruz ABCD na direção do deslocamento v, como indicado na fig.
1. 3.
Analogamente para o deslocamento w, obtem-se:

R tw - Pw :::; O (1. 2)
2

Parq. o deslocamento angular rp, os pontos A1 B 1 C e D


deslocam-se, nas direções perpendiculares aos braços da cruz 1 de
uma distância· arp, conforme fig. 1.4.

li : :
r i I II

\ Po ct>
41"'""

f
FIG. 1.4
-5-

Esta figura mostra os esforços atuantes na cruz e em uma


das barras. A interação horizontal entre a barra e a cruz provém
da imposição de equilíbrio da barra, como no caso das translações.
Pode ser observado que a reação da barra sobre a cruz tem o mesmo
sentido do deslocamento.
O equilíbrio da cruz nas direções dos braços é trivial e
considerando-se os momentos em relação a um eixo vertical contendo
a carga P, obtem-se:

ou

o (1. 3)

As equações (1.1), (1.2) e (1.3) são desacopladas e cada


uma delas conduz a um valor crítico da carga P. De fato, após
cancelamento dos fatores comuns, respectivamente, v, w e cj;J,
obtêm-se os seguintes valores críticos:

(1. 4)

e
p3 = R3 2
a

Nestas condições, o modelo perderá sua posição inicial


de equilíbrio quando a carga P atingir o menor valor dado pelas
equações (1.4). Este valor mínimo dependerá dos valores relativos
2
dde R ,R e R /a sendo, portanto/ possível variá-los de tal
1 2 3
forma que a perda de estabilidade possa ocorrer segundo qualquer
um dos deslocamentos considerados.
Se os valores relativos das constantes das molas forem
tais a tornar P o menor valor dado pelas (1.4)1 o modelo da fig.
3
1.1 perderá sua estabilidade por uma rotação da cruz rígida: este
é um exemplo ilustrativo da flambagem por torção que será estudada
para o caso de barras esbeltas.
A perda de estabilidade pelo valor crítico P ou P não
1 2
constitui novidade em relação aos modelos usuais de flambagem por
flexão [1) . Deve ser notado, entretanto 1 que a translação da cruz
(v ou w) constitui apenas uma das formas possíveis de perda de
estabilidade.
-6-

A disposição das molas no exemplo considerado tornou as


três equações de equilíbrio {L J.) , (L 2) e (L 3) desacopladas
contendo, cada uma, apenas um dos deslocamentos v, w ou 4;. Uma
disposição diversa, como será visto no exercício 1.10 .1, pode
fazer que as equações não sejam mais desacopladas.
Um valor crítico resultante da resolução de um sistema
de duas equações nas quais figurassem, por exemplo, v e 4; seria
ilustrativo da carga crítica de instabilidade lateral a qual, como
será visto neste capítulo, é caracterizada por uma posição
deslocada composta simultaneamente de translação e rotàção.

1.2. ESFORÇOS E DESLOCAMENTOS

Abarra elástica cuja estabilidade será estudada está


referida a um sistema de eixos xyz como indicado na fig. 1.5: y e
z são os eixos principais de inércia da secção e x é o eixo
longitudinal passando pelos centros de gravidade das secções.
O carregamento consistirá de duas forças P longitudinais
aplicadas nas secções extremas com excentricidades a e b nos eixos
y e z respectivamente. O caso geral de carregamento será tratado
no próximo capítulo.
No caso geral sejam os esforços solicitantes:
N - força normal
Mt - momento torçor
B - bimomento
MY e Mz - momentos fletores
V
y
e Vz - forças cortantes

Na fig. 1.5 estão indicados todos os esforços


solicitantes com seus respectivos sentidos positivos.
De acordo com esta convenção a tensão normal a,
convencionada positiva quando de tração, será [2] :

(f (1. 5)

onde o momento Mz positivo traciona as regiões com ordenada y


positiva, e My positivo traciona aquelas com ordenada z positiva e
o bimomento B positivo traciona as regiões com área setorial w
positiva.
-7-

Em 1.5 as características geométricas da secção são:

S - área

I e I - momentos principais de inércia


y z
J - momento setorial de inércia
w

w - valor genérico da área setorial com polo no centro


de torção D

y FI G. 1.5

Os deslocamentos, na direção e sentido dos eixos X 1 y e


z, serão indicados, respectivamente, por u, v e w, e o ângulo de
rotação será indicado por ~-

Para se determinar a deformação da barra é necessário se


dispor de u, v e w como funções de x, y e z.
A hipótese de que a secção mantém sua forma na projeção
sobre o plano yz permite [2] que se estudem os deslocamentos como
funções apenas de x, isto é:

v 0 (x) = deslocamento do centro de torção na direção de y

deslocamento do centro de torção na direção de z

~ (x) rotação da secção em torno de um eixo longitudi-


nal passando pelos centros de torção.
-8-

z CG

'f

D ( y • z l : Centro de torção
0 0
FI G. 1.6

O sentido positivo de ~ é o anti-horário para o


observador olhando no sentido positivo do eixo x, como indicado
nas figs. 1.5 e 1.6.
o deslocamento u é dependente de ~~ conforme a expressão
u w ~~ da flexo-torção [2].
Para relacionar v, w e ~ considera-se o deslocamento de
um ponto genérico Q(y,z) do esqueleto como a superposição de uma
translação e uma rotação da secção:
1) Translação de Q para Q' com componentes v e 0

2) Rotação de Q'D' em torno do ponto D 1


de um ângulo ~- Com
as indicações da fig. 1.6, tem-se:

Portanto, por superposição, tem-se:

v
(1. 6)
-9-

1.3. DEDUÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

Por se demonstrar [2] que o centro de torção D da secção


é o centro de rotação em um deslocamento puramente de torção, ele
é escolhido como ponto representativo da secção e a deformação da
barra será representada pelas funções v 0 (x), w0 (x) e ~(x).
As condições que devem satisfazer estas funções de x
serão expressas por três equações diferenciais cuja dedução será
feita a seguir:

FIG. 1.7

Por hipótese de cálculo a secção transversal é constante


com x. A fig. 1.7 mostra uma barra genérica com o carregamento que
será considerado neste capítulo.
Os esforços solicitantes de primeira ordem são dados
por:

N p

My = Pb (1. 7)

M Pa
z

Neste capítulo, não será considerado o efeito do


bimomento; portanto a expressão (1.5) passa a ser:

{1. 8)
-10-

A conhecida relação entre o momento fletor e a segunda


derivada do deslocamento será usada duas vezes para as flexões nos
planos xy e xz. A teoria de flexo-torção [2] fornece a relação
correspondente para a torção.
Têm-se então:

EI
z
VIl
D
-Mz

EI y w" = -My {1. 9)


D

EJW </JII I - GJt cp' = -Mt

onde Jt é o momento de inércia à torção da secção. As equações 1.9


são válidas no regime .elástico, sendo E o módulo de elasticidade
do material e G o módulo de elasticidade transversal.
Derivando {1. 9) 1 obtêm-se:

EI z v""
D Py

EI y w""
D Pz (1.10)

EJúJ </;"" - GJt </;" = -m

As forças transversais distribuídas Py e Pz são


consideradas positivas quando no sentido dos respectivos eixos. A
carga torçora distribuída m é considerada positiva quando no
sentido horário para um observador olhando no sentido positivo do
eixo x.
É possível demonstrar [1] que o estudo do equilíbrio na
posição deslocada, teoria de segunda ordem, pode ser realizado
considerando- se os acréscimos nas cargas distribuídas provocadas
pelos esforços axiais.
Para o caso em estudo, somente forças axiais aplicadas
nas extremidades, tem-se:

m o
Py o (1.11)

Pz o

Dessa forma, de (1.10), vêm:

z v""
EI CDY
o
EI y w"" CDZ ( 1.12)
o
Eiw rf:>HIJ - GJt cp" = -CTD
-11-
onde em CDY (carga distribuída na direção y), CDZ (carga
distribuída na direção z)' e CTD (carga torçora distribuída) são
considerados só os acréscimos tendo em vista que os valores
iniciais (1.11), são nulos.
Convém observar que na dedução que está sendo efetuada,
a tensão normal u é dada por (1.8) e, portanto, é constante com x.
Do mesmo modo o carregamento particular considerado não leva à
criação de tensões de cisalhamentp. Mais comentários serão feitos
a respeito no exercício 1.10.2.

dS

F l G. l.S

Isto posto, considere-se um elemento de volume dS dx e


os seus deslocamentos como mostra a fig. 1.8.
Para o cálculo de CDY, a fig. 1. 9 mostra que a força
adicional na direção y é dada por:

-adS v' + adS (v'+ dv') adS dv'

Distribuindo em dx, obtém-se:

dv'
adS ~ = adSv"

Donde:

CDY Ja v" dS ( 1.13)


s
-12-

dx
t t

FIG. 1.9

De maneira análoga, na direção z tem-se:

CDZ J r1 w" dS (1.14)


s
Para o cálculo do acréscimo na carga torçora distribuída
considere-se que as resultantes infinitesimais por unidade de
comprimento r1 v" dS, de w'' dS, de (1.14), estão
(1.13), e r1

aplicadas no ponto Q", ver figs. 1.6 e 1.10, da posição deslocada.

(y-y 0 1+<~+0 -}____________

v
Ow"dS
+----

O v"dS

F IG. 1.10

As distâncias destas resultantes até a nova posição D'


do centro de torção estão indicadas na fig. 1.10. Tem-se, então:
-13-

CTD-
- I[a w" (y-yD+v-v)
D -a v"(z-z D+w-wD)]dS
s .
Utilizando-se (1.6) 1 pode-se fazer:

CTD I a w" (y-y )dS


0 -I a v" (z-z )dS
0
s s

+ I a w" rp (z-z 0 } dS + I a V" rp (y-y0 }dS (1.15}

s s

Dentro das aproximações da teoria de segunda ordem que


estão sendo utilizadas, as funções v, w e rp são consideradas
suficientemente pequenas para que os quadrados e os produtos, das
funções e derivadas, possam ser desprezados.
Então (1.15) se torna:

CTD = Is a w" (y-y }dS


D -Is a v" (z-z } dS
D
(1.16}

Utilizando-se (1.13}, (1.14} e (1.16} em (1.12) 1

obtêm-se após substituição de v e w pelas expressões (1.6}

EI
z
v""
D I a [vD + ( Z- z )
0
q, J 11 dS
s
EI
z
w""
D I a [wD - (y-yD) rp]" dS (1.17)
s
EJ
w cj)""
- GJ r/J"
t -I a [wD - (y-y }c!>]"
D (y-yD} dS
s

+ I a [vD - (z-z D) ci>J" ( Z- z ) dS


0
s

Substituindo- se a pela expressão ( 1. 8} e efetuando as


derivações indicadas em (1.17), vem:

EI v""
z D

OU:
-14-

EI z v""
o s
N
v" I dS +
D sN if>" I z dS -
N
s if>" ZD I dS
s s s

M Mz M
z z
+I- v"D I y dS + I if>" I y z dS - I ZD if>"I y dS
z z z
s s s

M My M
y
+...L v" I z dS + 2
z dS - ZD z dS
I
y
D I y
if>" I I y
if>" I
s s s

Portanto tem-se, após efetuar as integrações:

(1.18)

Analogamente obtém-se:

EI y w""
D =N w"O + N y D if>" - Mz if>" (1.19)

Para a terceira equação, considere-se:

EJ w if>"" - GJt ~, = I(-NS


s
+
M r: y + M
I: z )( z v 0 + z
2
~,

M
- 2z z Art -z v" + z 2 +Iy
z
O "' O D O
z

2 2
Y if>" + 2y Yo if>" - Yo wr; - Yo

Donde:

EJ
w~,, - GJt if>" ~ (j>" IY - Nz 0 v 0 + Nz~(j>" + ~z (j>"Iz ydS
2

z s

+ Myvo + ~Y 3
if>"Iz ds- 2Myzo(j>" + ~ I 2
rp" + Ny0 w0
y s

M M
2
+ Ny
o rp" - Mz w"D + -r; z rp" I i dS - 2Mz y D rp" + I y if>"I/ zdS
s y s
(1. 20)
-15-

Seja i o o raio de giração polar em relação ao centro de


torção:

2 2
I
y
+ Iz
.2 (1.21)
lo = Yo + ZD + s

Sejam K e K características geométricas da secção


y z
definida por:

K
y
1
2 zI J ciy
2
+ z ) dS
s (1.22)

K
z
1
2yI J ci z + z2) dS
s
as quais têm dimensão de comprimento.

Levando as expressões (1. 21) e (1.22) em (1.20),


obtém-se:

EJw1J"" - GJt 1J"

+ (M -Nz ) v" - (M -Ny )w" (1.23)


y D D z D D

Portanto o sistema de equações diferenciais procurado


será:

EI z v""
D
- Nv"D + (Nz D -My )cj:J" = O

EI w"" - Nw" - (Ny -M )cj:J" = O (1.24)


y D D D z

Este sistema de equações diferenciais lineares a


coeficientes constantes é válido para os casos de solicitação por
momento fletor constante e forças longitudinais em barras
prismáticas, podendo ocorrer perda de estabilidade por:

a) Flambagem tipo EULER com o aparecimento somente de 1

elástica de flexão/ caracterizada por deslocamentos w na


0
direção z ou v na direção y ;
0
-16-

b) Instabilidade puramente torcional, com o aparecimento


somente de elástica de torção, caracterizada por rotações
~ em torno do centro de torção D;

c) Instabilidade lateral com o aparecimento simultâneo de


elásticas de flexão e torção.

O mais
das vezes, no casos usuais, principalmente na
vigas altas (I z > I y ) comumente utilizadas na prática em
engenharia, a flambagem lateral é caracterizada· pela formação de
uma elástica de flexão w (x) e elástica de torção dada por ~(x).
0

1.4. INTEGRAÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES

O caso geral de carregamento será considerado no próximo


capítulo. A situação aqui considerada, inclusive a simplificação
referente ao bimomento, teve por objetivo particularizar para um
tipo de problema de instabilidade regido pelo sistema (1.24), de
equações diferenciais ordinárias, homogêneas e de coeficientes
constantes.
Basicamente pode-se esperar que o estudo conduza a dois
tipos de soluções:

1) Problema de auto-valores - as constantes multiplicadoras


das soluções individuais não podem ser determinadas na sua
totalidade; trata-se de um problema de la. espécie com
elásticas determinadas apenas sua forma e sendo os valores
críticos do carregamento determinados pela aplicação das
condições de contorno e anulação do determinante dos
coeficientes.

2) Problema de 2a . espécie - as elásticas são determinadas


para qualquer valor do carregamento mas para um, ou mais
valores determinados, que são chamados de valores últimos,
as funções matemáticas definidoras da elástica degeneram
para valores infinitos.

Isto posto, sejam as soluções de (1.24) dadas por:

VD =A eÀx

B eÀX ( 1. 25)

~ C eÀx
-17-

o procedimento usual de substituição de (1.25) em (1.24)


fornece:

2
(EI À2 - N) À A + o + o
z

2 2 (Ny - M ) ÀZ C O
o + (EI y À - N)À B D z ·
(1. 26)

2
(Nz - My ) À A (Ny - M )À 2 B + [EJwÀ2 - N'1 20 - 2My ·(K z -z )
D o z 0

Para soluções não todas nulas nas constantes A, B e C, a


anulação do determinante é exigida e conduz à equação
característica:

2 2
(EI À2 - N) À o (Nz - M ) À
o y
z

2 2 2
o (EI y À - N) À -(Ny- Mz ) À
o = o
2 2
[EJwÀ -Ni~-2My (Kz -z )
2
(Nz - My ) À - (Ny - M ) À
D o z 0
·2
-2Mz (Ky -yo )-GJt ]À (1.27)

A equação (1. 27) tem 12 raízes em À. A análise destas


raízes conduz a conclusões sobre as soluções (1.25).
Se À = Àk for uma raiz de multiplicidade n, então n
soluções linearmente independentes são:

n- 1
I • • • • • I X

Se À = Àk for uma raiz real, então, À = -Àk também será


raiz de (1.27). Neste caso as soluções correspondentes são:

-À X
e k
-18-

Combinando linearmente estas duas soluções linearmente


independentes, obtêm-se duas outras soluções com a mesma
propriedade:

senh \X e

Se À for urna raiz complexa, então seu

conjugado X - b
k
i também será raiz de (1.27). Neste caso,

as soluções:

podem ser substituídas por:

Cada raiz fornece uma solução a ser utilizada em (1.25).


As soluções gerais serão dadas por:

12
VD I'\
k=1
fk (x)

12
WD I Bk fk (x) ( 1. 28)
k=1

12
if; I ck fk (x)
k=1

Serão, ao todo, 36 constantes '\r Bk e Ck a serem


determinadas. As funções fk (x) são as descritas anteriormente.
Para uma viga de vão l, o carregamento e a vinculação
das extremidades fornecem ·quatro condições de contorno para cada
uma das funções v 0 , w0 e if;. Estas 12 condições são insuficientes
para a determinação das constantes.
Para se obter as 24 relações restantes, leva-se cada
raiz \:. ao sistema (1. 26) . Sendo Àk uma das raízes que anulam o
determinante (1. 27), as três equações do sistema não são mais
independentes reduzindo-se, portanto, a duas equações. É possível,
então, colocar duas constantes em função da·terceira. Como são 12
raízes, no total têm-se as 24 relações procuradas.
-19-

No caso geral das equações ( 1. 24) o processo é mais


fácil de descrever do que aplicar, como será verificado nos
exercícios. Deve ser observado, também, que, no caso de raiz nula
(À=O), a possível relação entre constantes correspondentes não é
fornecida por (1.26) uma vez que as três equações são satisfeitas
para quaisquer valores das constantes.
Será observado, também, que o processo utilizado
usualmente [3] [4], conduz à força crítica correta com menos
volume de trabalho, não informando, entretanto, qual a espécie de
problema que está sendo tratado (la. ou 2a. espécie) e não
fornecendo as elásticas dos problemas de 2a . espécie, nos quais
elas são determinadas.
Nos exemplos tratados a seguir serão consideradas várias
condições de vinculação e vários tipos de secção, de modo a
ilustrar os procedimentos de resolução e discutir as observações
gerais que podem ser efetuadas sobre os valores críticos. Serão
também feitas considerações sobre as elásticas determinadas
(problemas de 2a . espécie) ou determinadas apenas em sua forma
(problema de la. espécie} e sobre os esforços de 2a. ordem.

1.5. VÍNCULOS DE GARFOS - EXEMPLO DE INTEGRAÇÃO

Seja uma barra de comprimento e vinculada nas


extremidades de modo a ter os deslocamentos v, w e t;/> impedidos
(vínculos de garfo) .
Tenha esta barra secção duplamente simétrica. Então:

Yo ZD o

I + I
.2 y z
lo s
K K o
y z

Para mais uma simplificação, considere-se uma secção com


área setorial nula de modo que se tenha:

Considerando um carregamento de compressão excêntrica,


ou seja, invertendo o sentido das forças P na fig. 1.7, têm-se:
-20-

N -P

My -Pb

Mz -Pa

Com estas considerações f as equações ( 1. 24). se reduzem


a:

~" O
D + P v"O + Pb
EI z v"" =

EI
y
w""
D
+ P w" - Pa
D
~~~ o (1.29)

(Pi 2 - GJ )~" + Pb v" - Pa w" = O


0 t D D

Haverá 10 condições de contorno:

vo (O) v
0
(l) o

v" (O) v" (l) Pa


D D EI
z

w
0
(O) = WD (e) o (1.30)

w" (O) w" (l) Pb


D o EI y

~(O) ~ (e l o

o processo descrito anteriormente em linhas gerais pode


ser simplificado pela integração preliminar de cada uma das
(1.29) f obtendo-se:

EI
z
v"D + p VD + Pb ~ Dl + D2 x

EI y w"D + p WD - Pa ~ = D3 + D4 x (1. 31)

(Pi~ - GJt)~ + Pb v 0 - Pa w = D + D6 x
0 5

Com a aplicação das condições de contorno ( l . 3 O) f o


sistema (1.31) se reduz a:
-21-

EI z v"o + p v o + Pb if> Pa

EI y w"o + p wo - Pa if> Pb (1.32)

(Pi~ - GJt) if> + Pb v 0 - Pa w0 o

Para a resolução do sistema (1.32) serão considerados 3


casos:
1) força aplicada sem excentricidade;
2) força aplicada com excentricidade em apenas um dos eixos
principais;
3) força aplicada com dupla excentricidade.

1.5.1. FORÇA APLICADA SEM EXCENTRICIDADE


Fazendo a= b =O no sistema (1.32), obtém-se um sistema
com 3 equações desaclopadas:

EI
z
v"o + p VO o

EI y wrr + p wo o (1.33)
o

(Pi~ - GJt) if> o

Para a resolução da primeira, basta observar que a

equação característica tem 2 raízes imaginárias ± H z


i. As

condições v 0 ( 0) = v {l) = o fornecem o valor da força crítica:


0

2
7r EI
p z
(1.34)
v e2

Trata-se de um problema de la. espécie com formação de


uma elástica de flexão no plano yx determinada apenas na sua
forma:

(1.35)

Com o mesmo procedimento, a segunda equação fornece a


força crítica:
-22-

p (l.36)
w

Esta força crítica corresponde a uma flambagem por


flexão no plano zx, sendo a elástica, determinada apenas na sua
forma, dada por:

(l. 37)

Da terceira equação tira-se ou a solução trivial (~ - O)


ou o valor da força crítica:

p~ (l.38)

Esta força crítica corresponde, a uma perda de


estabilidade com elástica de torção ou flambagem puramente
torcional, sendo também indeterminada a função ~(x}.
Na prática, a força crítica da viga será considerada
como o menor valor de Pv , Pw ou P~.
'f'

lO em lO em
~
1
VINCULO VÍNCULO
DE GARFO DE GARFO

1 r
f l~
X

I
z
!777777T
'j

l
~
.Q.= 4,5 m
,l Secção
12

(espessura: 0,4 em)

F I G. 1.11

Para a barra representada na fig. 1.11, tem-se:


-23-

4
I 267 em
y
4
I 461 em
z =
2
s 17,6 em

.2 2
~D = 41,4 em

4
Jt = 0,939 em

2 2 vem:
Assumindo E = 21000 kN/cm e G 8000 kN/cm I

P 472 kN
v
P 273 kN
w
P~ 181 kN (= força crítica para estes dados numéricos)

1.5.2. FORÇA APLICADA COM EXCENTRICIDADE EM RELAÇÃO AO EIXO Z

Fazendo b = O no sistema (1.32) obtém-se:

EI z v"D + P v
0
= Pa

EI
y
w"D + P w - Pa
0
~ o (1.39)

;2D
(p -'- - GJt )A.
'+' - Pa w0 = 0

Para a resolução da la. equação, que é desacoplada das


outras, seja a equação característica:

2
EIZ À + p o

Considerando a solução particular v a, a solução


0
geral será:

As condições v (O) = v (l) = O são suficientes para a


0 0
determinação das constantes, resultando:
-24-

+- cos;?r;+ _1_-_c_o_s~;?r; e
sen;?r;f
__E_i-=..z__ s e n ; ? r ; x

(1.40)

A elástica é determinada para cada valor de P. O valor


P dado por (1.34) é considerado como valor crítico pois faz as
v
ordenadas da elástica tenderem a valores infinitos.
Trata, portanto/ a la. equação de (1.39) de um problema
de 2a . espécie. Convém observar que o valor crítico pode ser
determinado pela resolução da equação homogênea correspondente:

EI z v"D + P v D = O

com as mesmas condições utilizadas. Neste caso só seria possível a


determinação do valor crítico da força sem a determinação da
elástica (1.40). Não seria atendida/ observe-ser a condição de
momento não nulo nas extremidades. Não obstante r repita-se r é
possível obter o valor correto da força crítica.
Voltando ao sistema (1.39) r sejam consideradas as duas
últimas equações. Da terceira é possível obter cp como função de
WD :

Pa
WD (1.41)
p·lD2 - GJt

Usando esta relação r a segunda se torna uma equação


somente na função w :
0

EI y W
11
D + P (1 - o ( l. 42)

Este processo de se reduzir o sistema de duas equações/


com duas funçõesr a uma equaçãor com somente uma função 1 é
equivalente ao processo descrito anteriormente.
A equação (1.42) será escrita como:

onde:

p
(1.44)
EI y
-25-

A equação característica correspondente à equação


diferencial (l. 43) tem raízes ± k i. A solução geral pode ser
a
escrita como:

Com as condições de contorno w0 (O) = w (t) O conclui-


0
se que a força crítica será dada pela equação:

1T
k (1.45)
a 7

e que a elástica de flexão é determinada somente na sua forma:

(l.46)

Antes de resolver a equação (1.45), deve ser observado


que a expressão (1.46) para w satisfaz também as demais condições
0
de contornoi o mesmo acontece com ~ que será dado por:

(l.47)

A força crítica resultante da resolução de (1.45)


corresponde, portanto, a um caso de instabilidade lateral conforme
definido anteriormente. De (1.44) e (1.45) tem-se, então:

Ou usando (1.36) e (1.38):

(a 2 - i~) p2 + (P + p ~ ) J.O
.2 .2
w p - pwp~ J.O o
com raízes:

.2 2
-(Pw + P~ ) lo
. 2 ± io j(pw
+ p ) 2 lo + 4(a - . 2)
lo Pw P ~
p ~
2 . 2)
2(a - lo
(1.48)

2
Para a < i~ , haverá sempre duas raízes positivas (P de
2
compressão) . Para a > i~ as duas raízes terão sinais opostos.
Para a = ± i a equação se degenera em uma equação de lo . grau
0
-26-

com uma raiz positiva, sendo que a outra raiz muda de sinal
através do valor infinito.
Para dados numéricos, consider-se novamente a fig. 1.11,
admitindo-se a força P aplicada no plano yx com excentricidade a.
O valor P
v
= 472 kN, que representa uma força crítica de segunda
espécie, deve ser comparado com os valores críticos de
instabilidade lateral. Estes serão:

para a 1 em p 174 kN (maior raiz 292)

p 109 kN

para a 10 em p 85,9 kN (compressão)

e P -407 kN (tração)

1.5.3. FORÇA APLICADA COM EXCENTRICIDADE EM RELAÇÃO AOS DOIS EIXOS


PRINCIPAIS

Considerando novamente o sistema (1.32), agora com a e b


não nulos, pode-se aplicar o processo geral de resolução descrito
em 1.4 ou reduzir o número de equações, colocando ~ em função de
e WD.
Seja a resolução direta do sistema (1.32). Inicialmente
considera-se o sistema homogêneo correspondente:

EI z v"D + p VD + Pb~ o

EI y w"
D
+ p WD - Pa ~ o (1.49)

(Pi~ - GJt) ~ + Pb VD - Pa w0 o

A solução será dada pelas expressões (1.25) que são aqui


reescritas:

VD A e ÀX

ÀX
WD B e (1.50)

~ c e ÀX

Após substituição destas funções e derivadas em (1.49) e


ordenação dos termos, obtém-se um sistema de equações algébricas
nas constantes:
-27-

2
(EI
z
À + P)A +PbC = o

(EI À2 + P)B -PaC = o (1. 51)


y

-PaB ( .2 - GJt)C o
PbA + Pl.D

Para a existência de soluções não triviais nas


constantes, anula-se o determinante dos coeficientes de (1.51):

EI À2 + p o Pb
z

o EI À2 + p -Pa o ( 1. 52)
z

p' 2
Pb -Pa J..D - GJt

A equação (1.52) pode ser considerado de duas maneiras


distintas. Dado um determinado valor de P, ela é uma equação
biquadrada em À com 4 raízes. Ordenando, esta equação toma a
forma:

+ [ ( P i~ - GJt ) - (a 2 + b 2 ) P P2 J o (1. 53)

Por outro lado, para um determinado valor de À, (1.52)


pode ser considerada como uma equação cúbica em P com 3 raízes. A
ordenação correspondente fornece:

.2
( J..D a2
-

4
- EI z EI y GJt À = O ( 1. 54)
-28-

A simetria do determinante de (1.52) permite demonstrar


2
que as raízes >.. de (1.53) são reais. Pode-se também demonstrar
que (1.54) fornecerá 3 raízes reais na força P.
As raízes À serão colocadas na forma:

À1 (\i

À2 = -8 i
1
(1.55)

À3 02 i

À4 = -8 i
2

sendo

82 -À2 -À2
1 1 2
(1. 56)
ó2 -À2 -À2
2 3 4

onde 8 e 8 2 são reais.


1
A solução (1.50) do sistema homogêneo (1.49) utilizará,
então, as funções trigonométricas.
Antes, há necessidade de se achar uma solução particular
para o sistema não homogêneo (1.32). Admitindo-se, como solução
particular, v , w e ~ constantes, a substituição em (1.32)
0 0
fornece:

+Pb ~ Pa

-Pa (/) = Pb (1.57)

+ (Pi~ - GJt) (/) o

Donde:

b (1.58)

(/) o

A solução geral de (1.32) será dada, então, por:


-29-

VD Al sen(\ x + A2 cosõ 1 x + A3 senõ 2 x + A4 cosõ 2 x + a

WD B1 senõ 1 x + B2 cosõ 1 x + B3 senõ 2 x + B4 cosõ 2 x + b

1> c1 senõ 1 x + c 2 cosõ 1 x + c 3 senõ 2 x + c 4 cosó 2 x


(1.59)

As constantes A e B podem ser colocadas em função das


constantes C correspondentes através das duas primeiras equações
dos sistema (1.51). Têm-se:

-Pb
Al cl
p - ô2 EI
1 z

-Pb
A2 c2
p - ô2 EI
1 z
(1. 60)

-Pb
A3 c3
p ó2 EI
2 z

-Pb
A4 c4
p - ô2 EI
2 z

E mais:

Pa
B1 = c1
p - ô2 EI
1 y

Pa
B2 c2
p - ô2 EI
1 y
(1.61)

Pa
B3 c3
p - ó2 EI
2 y

Pa
B4 c4
p - ô2 EI
2 y

Para a determinação das constantes c serão usadas as


seguintes condições de contorno:
-30-

cjJ (o) o v
0
(O) = 0 (1.62.a)

cp(t) = 0 ; v
0
(f.) = 0 (1.62.b)

Das condições (1.62.a) é possível tirar:

-c4
-a (P - oi EI
2
) (P - Ó~ EI
2
)
( 1. 63)
Pb EI 2 ( ó~ - ó~)

Com estas expressões, as condições (1.62.b) fornecem:

1 - c os ól t
c2
sen 8 t
1
(1.64)

1 - c os õ2 t
c4
sen ó2 t

Antes de escrever as expressões das elásticas, seja


feita uma discussão sobre as expressões (1.63) e (1.64) que
fornecem as constantes.
Note-se inicialmente, que c2 e c4 somente podem ser
2 2
dadas por (1.63) quando ó
2
# 8 1 . Analogamente, as relações (1.60)
e (1. 61) somente são válidas quando valores de P não anulam os
respectivos denominadores.
Determinadas c2 e c4 , as expressões (1.64) fornecem as
constantes c1 e c3 no caso de serem, respectivamente:

sen ó t #O
1
(1. 65)

Obtidas as constantes, as elásticas serão determinadas


pelas expressões (1.59):

1 - cos ó2 t ) .
( -------r-~- sen ó2 x + cos ó x + a
sen o2t 2

(1. 66)
-31-

a 2 (P - 822 EI z ) (P - 821 EIZ) ( 1 - cos 81 .e


WD 2 ) (P - 82 EI ) sen (\.e sen 81x + COS o1 X)
(82
b EI z 2 - o 1 1 y

2
a (P - 021 EI z ) (P - 022 EIZ) ( - cos 02 .e
+ 2
b EI z ( 822 - o1 ) (P - 822 EI y )
sen õ .e
2
sen o2 x + cos 8 2X) +b
(1. 67)

- cos 82 .e
sen
82
.e sen o2 x +.cos

(1.68)

Pode ser observado que se uma das raízes deixar de


satisfazer as desigualdades (1.65), as expressões (1.66), (1.67) e
(1.68) fornecerão valores infinitos para v 0 , w0 e ~: esta é
precisamente a definição de força crítica para problemas de 2a.
espécie.
Portanto, para o caso em estudo, a força crítica será
obtida quando uma das raízes (1.55) for 1ri/t de modo a se ter
sen o .e ou sen 8 2 .e nulo. Para esta raiz a equação (1.54)
1
fornecerá 3 raízes em P das quais a menor, para efeitos práticos
será considerada como a força crítica.
Para dados numéricos, considere-se novamente a barra da
fig. 1.11 admitindo-se as excentricidades:

a 3 em

b 4 em
2
Com os demais dados já considerados e fazendo >-. =
2 2
-1r j.e , a equação (1.54) fornecerá a força crítica:

P 133 kN
cr

sendo as outras raízes, respectivamente, 327 kN e 1353 kN.


-32-
Para qualquer valor de P inferior ao crítico, as
elásticas são determinadas. Por exemplo, fazendo P = 12 O kN, a
2
equação (1.53) fornece duas raízes negativas em 8 , obtendo-se por
(1.56):

81 = 1,795323467/450

82 2,712009684/450

Estes resultados introduzidos em (1.66), (1.67) e (1.68)


fornecem as funções v (x), w0 (x) e ~(x). As condições de contorno
0
são todas obedecidas. No meio do vão têm-se os valores:

v 0,2133 em
0
w0 -5,736 em

~ 0,7715 rad

1.6. VÍNCULOS DE GARFOS - CASO GERAL


Seja agora considerado o sistema (1.24) para uma barra
de vão l, secção qualquer, vinculada por garfos nas extremidades.
O carregamento será constituído por duas forças iguais P de
compressão aplicadas nas secções extremas com excentricidades a e
b, como definidas anteriormente.
Usando as soluções dadas por (1.25) no sistema de
equações (1.24), obtém-se o sistema de equações algébricas (1.26)
onde se pode fazer:

N -P

M
y
-Pb (1. 69)

Mz -Pa

como anteriormente.
A equação (1.27), resultante da anulação do determinante
dos coeficientes do sistema (1.26), pode, então, ser escrita como:
-33-

2
p + EI À
z
o P(b-z )
0

2
À6 o p + EI À
y
-P(a-y )
D
o

-P(a-y ) p. 2 + 2Pb(K -z
P(b-z ) ~D 0
)
0 D 2
2
+ 2Pa(Ky-y0 )-GJt+EJwÀ

(1. 70)

Dado um determinado valor de P, (1.70) é uma equação em


2
À com uma raiz nula de multiplicidade 3 e mais 3 raízes reais.
Imposto um determinado valor de À não nulo, (1.70) é uma
equação cúbica na força P.
Às condições de contorno (1.30) são acrescentadas mais
2, resultante da anulação do bimomento nas secções extremas:

c/>" (O) = c/>" (e) = O (1. 71)

Às soluções (1. 59) serão acrescentados mais 2 termos


2
correspondentes à terceira raiz não nula em À e as soluções
particulares não são mais a, b e O, respectivamente. A
manipulação, sensivelmente mais volumosa que a efetuada no caso já
considerado, para a determinação das constantes leva à conclusão
que a força crítica resultará da equação (1.70) quando uma das
2
raízes À2 for igual a -7f ;i, como anteriormente. As passagens
intermediárias são deixadas para os leitores eventualmente
interessados na verificação da conclusão enunciada.
2 2
Para esta raiz À = -7f ;e2 , a equação (1. 70) pode ser
escrita como:

p - p
v
o P(b-z 0 )

o p - p
w
-P(a-y )
D
o (1. 72)

P (b-z ) -P(a-y )
0 D

+P(aj + bj )
y z
-34-

Em (1.72) estão sendo usadas as notações (1.34) e (1.36)


sendo (1.38) generalizada para:

(1. 73)

Lançou-se mão, também, das notações:

2 (K
y
(1. 74)
J. z 2 (K - z )
2 0

A equação (1. 72) é geral para extremidades vinculadas


por garfos e determina o valor crítico da força P como a menor
raiz positiva. Será visto mais à frente que/ dependendo das
excentricidades pode haver raiz negativa, significando uma força P
de tração.

1.6.1. FORÇA APLICADA SEM EXCENTRICIDADE

Fazendo a= b = O na equação (1.72), esta se reduz a:

( p- p ) ( p- p ) ( p- P )i2 - ( P- P ) P2 z 2 - ( P- Pv ) P2 y 2 o
v w ifJ D w D 0
(1. 75)

O menor valor de P obtido pela resolução da equação


cúbica (1.75) é considerado o valor crítico.
Para dados numéricos, seja calcular a força crítica para
o problema da fig. 1.12.
Têm-se, então:

4
I
y
2304 em
4
I 6750 em
z
2
s 72/00 em
.2
J.D 831,2 em2
2
Jt 24/00 em
6
J
w
= 192375 em
26,56 em

o
-35-

12cm
~PLANO
lo
xy É DE SIMETRIA
1
A
T I TB
I l l E S PES SlJcRA t "~em
~ I t
I
i
1 r E = 21000 kN/-cm
2

I I I
G : 8000 lrN/-cm 2
I
I
I
l I
I I I
I
I I I 30 em
-,"---
z I CG I
lj I
I
I I
I I
1.2,50 I
I
I
L: r-·
I
I
1
:::.1
..!..+, l(
ll!o l_~
/77777

c
y
o
~
t =4m ·
,L
I
I
14,06 I
I
l
I
~o
FIG. 1.12

Por (1.34) I (1.36) e (1.73) r têm-se:

P 8744 kN
v
P 2985 kN
w
Pq; 530,8 kN

Neste caso particular, lembrar que z 0 = O, a equação


(1. 75) fornece uma raiz igual a Pv e as outras resultam da
equação:

(i~ y~ ) P i~ i~ p w p <P
2
- - ( p w + p q;) p + = o

Com os dados numéricos, têm-se as raízes:

P = 22776 kN e p

Portanto a força crítica será:

P 459,8 kN
-36-

Corno, por (1.69), MY e M2 são nulos, pode-se observar


que a raiz P = P corresponde à la. equação das (1.24), que fica
w
desacoplada no caso considerado e equivale a um problema de la .
espécie de flambagem por flexão no plano XY. As duas outras
constituem um sistema de equações em w0 e levando a sua
resolução, às outras duas raízes, as quais corresponde a um
problema de la . espécie, de instabilidade lateral, com as
elásticas indeterminadas w (flexão no plano xz) e ~ (torção) .
0
A análise das equações (1.24) permite ainda concluir que
o desacoplamento da la. equação, com força cêntrica, ocorre para o
caso considerado devido à simetria da secção (z 0 = O) .

1.6.2. FORÇA APLICADA COM EXCENTRICIDADE EM RELAÇÃO AO EIXO Z

Supondo a existência de uma excentricidade em relação ao


eixo Z (a~ 0), a equação (1.72) aplicada ao caso da fig. 1.12,
onde o eixo Y é de simetria, se reduz a:

Uma raiz de (1.76) é, novamente, P = P v , correspondente


à primeira das equações (1.24) desacoplada das outras duas.
As outras duas raízes resultam da equação:

.2
+ P w P ~ ~D o (1.77)

De (1.22), calcula-se:

Ky = -1,100 em

De (1.74), vem:

jy = -55,32 em

Calculadas as características geométricas (conforme


pedido no exercício 1.10.9) a resolução da equação (1.77) depende
da excentricidade. Os resultados estão indicados na Tabela 1.1
para diversos valores de a, lembrando que (1.76) tem ainda a raiz
P = P 8744 kN (para qualquer valor de a) .
v
-37-

TABELA 1.1
a p OUTRAS RAÍZES
cr OBSERVAÇÕES
em kN kN

+5 646,0 22711 Notar diferença entre os valores


críticos para excentricidades com
-5 355,1 33179
sinais contrários
--
+10,17 1060 ± o:, Estes valores de a transformam
(1. 77) em •lma equação de lo. grau
-12,37 ~65,3 ± 00
em P

+15 1693 -5261 A raiz negativa significa força p


aplicada como tracão
-15 24.3,2 -81762

o 459,8 22776 Força cêntrica conforme item 1.6 .1

+26,56 2985 -691,4 Força no centro de torção

Nota-se que, ao se deslocar a força de compressão do


centro de ;ravidade (a= O) para o centro de torção aumentando a
excentricidade (O<a<y0 ), o valor crítico aumenta. Este resultado
pode ser explicado pelo fato de aparecer, ao se deslocar a
força como mencionado, um momento fletor que diminui a tensão de
compressão nos pontos A e B e aumenta a tensão de compressão nos
pontos C e D, figura 1.12.
Sendo, em uma análise isolada, a tensão de compressão
responsável pela instabilidade, a alteração descrita favorece a
estabilidade porque os pontos C e D estão nconfinados" pela mesa
CD e os pontos A e B "livres".
Como a diminuição em A e B ocorre concomitantemente com
o aumento em C e D, a partir de um certo valor de a (a=yo), o
valor crítico passa a diminuir. A explicação física mais rigorosa
que isto ocorre para a=y0 repousa na análise dos esforços de 2a.
ordem que será feita mais adiante.
Com a força aplicada no centro de torção (a;y ), as 3
0
equações (1.24) tornam-se desacopladas. Os valores críticos serão,
então, Pv' Pw e uma outra raiz dada por:

p (1.78)
'2 '
~D + a JY
-38-

Para excentricidade negativa, força da compressão acima


do CG 1
o raciocínio inverso explica a diminuição do valor crítico.

1.6.3. FORÇA APLICADA COM EXCENTRICIDADE EM RELAÇÃO AOS DOIS EIXOS


PRINCIPAIS

Fazendo a e b não nulos na equação (1.72) 1 resulta uma


equação cúbica na força P. A menor raiz será considerada como o
valor crítico para as aplicações práticas; raízes negativas/ como
já explicado/ terão o significado de força aplicada como tração.
A equação (1.72) escrita em potências decrescentes de P
é:

.2 +aJ. y +b"J z -
[ ~D (a-yD)2 - (b-zD)2JP3

-[(Pv +P)
2
w (i 0 +aj y +bj z ) - Pv (a-y
. o
) 2 -Pw (b-z o ) 2 + P,-~..'P i2
0
]p2

-P p p .2 o (1.79)
v w cp ~D

Para dados numéricos considere-se novamente a barra da


fig. 1.12r assumindo a=-Scm e b=±Scm. A resolução de (1.79)
fornece:

Pc r 354r9 kN (as outras raízes são 8326 e 44919)

É interessante observar quer aplicada uma força menor

que 354/9 kNr a equação (1.70) permite a resolução de À2 e,


portanto r em À. Então, as funções v
0
(x) r w (x)
0
e rp (x) são
determinadas, caracterizando um problema de 2a . espécie.

1.7. ESFORÇOS DE 2a. ORDEM

Nas equações (1.24) figuram os momentos fletores de la.


ordem:

My = -Pb
Mz -Pa

para P aplicada como na fig. 1.7.


-39-

Sendo constantes os momentos fletores, as forças


cortantes de la. ordem serão nulas:

Vy M'z = O

Vz = M'y O

o momento torçor de la . ordem, com a suposição de


bimomento de la. ordem nulo, também é nulo.

B O

Para achar os esforços de 2a. ordem, considere-se,


inicialmente, a primeira equação das (1.24) reescrita como:

EI z v""
D
= N v"D - (N z D - My ) ~"

Integrando uma vez, tem-se:

EI
z
v"'
D
= N v"D - (N z D - M)
y
~~ + D
1
(1.80)

As equações (1.9) são válidas em teoria de la. e de 2a.


ordens. Derivando a primeira tem-se:

EI z v"' - (M') (1.81)


D z 2a.

Comparando (1. 8 O) com (1. 81) , conclui- se que a força


cortante de 2a. ordem na direção y é dada por:

(1.82)

sendo o primeiro termo já conhecido da flexão de 2a . ordem [1] ,


representando o segundo a contribuição da rotação da secção e
sendo n uma constante a ser determinada pelas condições de
1
contorno.
Integrando-se (1.80) mais uma vez, vem:

EI z v"D ( 1. 83)
-40-

De (1.83) e da primeira das (1.9) novamente se conclui


que o momento fletor de 2a. ordem em relação ao eixo z é dado por:

( 1. 84)

Analogamente são deduzidas as expressões:

-N wO1 - (N y D - Mz )~ 1
- D3 (1.85)

(1.86)

Proceda-se, agora, ao estudo correspondente para a


torção. Da última das (1.24), tira-se:

(1.87)

Integrando-se uma vez, tem-se:

EJ w ~" 1
- [Ni~ + 2MY ( Kz - z 0 ) + 2Mz ( KY - y 0 )

+ GJt]~~ (1.88)

Seja a última das (1.9) em teoria de 2a. ordem:

EJ ~"I
w
- GJ
t
~I = - (M )
t 2a.
(1. 89)

A equação (1.9) representa [2] a repartição do momento


torçor Mt entre o momento de torção livre Me e o momento de
flexo-torção Mft dados, respectivamente, em teoria de la. ordem
por:

GJt ~~ (1.90)

-EJ
ú)
~"I (1. 91)

Comparando (1.89) com (1.88), é possível concluir que a


expressão (1.91) continua válida em teoria de 2a. ordem:

(Mft )2a. -EJ


ú)
~~~~ (1.92)
-41-

Conclui-se, também, que (1.90) será substituída por:

(Mg) 2 a. = [Ni~ + 2My{Kz- z 0 ) + 2Mz (Ky- y 0 ) + GJt]cP'


(1.93)

O momento torçor total será dado, em teoria de 2a .


ordem, por:

(1. 94)

sendo n uma constante a ser determinada pelas condições de


5
contorno.
Existirá, também, um bimomento de 2a. ordem dado por:

= (1.95)
(B)
2 a.
EJ
w c/>"

Pela integração de (1.88) e rearranjo dos termos,


comparando-se com (1.95) tem-se:

(1.96)

As constantes de integração D.1 , == 1, . . . . . . , 6 são I

determinadas como já observado, pelas condições de contorno.


1

Serão considerados, a seguir, os casos de vinculação mostrados na


fig. 1.13.

,L
ol Garfo e Garfo b) Engastomento e extremidade
livre

FIG. 1.13
-42-

1.7.1. EXTREMIDADES COM VÍNCULOS DE GARFOS

Considere-se, novamente, o carregamento por forças


excêntricas iguais aplicadas nas secções extremas, fig. 1. 7. As
condições de vinculação da fig. 1.13a:

</J (O) = <j;(e) O

fornecem, por (1.84):

(Mz) 2 a. -D
2
para x o

(M )
z 2a.
= -D l
1
- D
2
para x

Sendo o momento aplicado dado pelo produto da força


normal pela excentricidade, tem-se:

De (1.82) e (1.84) vem, então:

-P v P(z 0 - b)</J' (1.97)


(V )2
Y a. 0+
(Mz) 2 a. (1. 98)

Na expressão (1.97) o primeiro termo já é conhecido da


flexão em teoria de 2a. ordem [1] . Não fica difícil entender o
aparecimento do segundo termo, quando se nota que a elástica de
flexão v foi generalizada para uma elástica resultante de flexão
0
e torção (1.6). De fato, a reta longitudinal contendo as forças
t..~Dl. ~J.,_~t_:L~q,_fi. U...Q q.J....cw,_Q :JoÇ~ d,ada -qor:

donde a expressão (1.97).


Na expressão ( 1. 9 8) , o termo Pa representa o momento
fletor de la. ordem. O termo -Pv é acrescentado quando a elástica
0
é somente de flexão [1] de 2a . ordem. Os termos restantes provêm
da rotação da secção, com a generalização há pouco mencionada.
Analogamente, as condições:
-43-

o
cp (o) cp(l) = o

permitem achar por (1.86):

D -Pb
4

Donde 1 por (1.85) e (1.86), vêm:

-P w' - P(y - a)cp' (1. 99)


D D

(MY) 2 a. (1.100)

com interpretações análogas ou já efeutuadas.


Sejam considerados/ agora, os esforços de 2a. ordem
referentes à torção. O momento de flexo-torção será dado por
(1.92), as tensões de cisalhamento correspondentes são constantes
[2] na espessura da parede.
O momento de torção livre, resultante das tensões de
cisalhamento linearmente [2] distribuídas na espessura, com valor
nulo no esqueleto/ será dado por (1.93).
O momento torçor será a soma destas duas parcelas,
podendo ser calculado também pela expressão (1. 94) . O bimomento
será dado por (1.96). As constantes n e D são calculadas pelas
5 6
condições de contorno:

o
cp (o) cp (l) o

Donde se conclui, analogamente aos momentos fletores:

para x o

para x
-44-
Como está sendo suposto que as forças nas extremidade
estão sendo aplicadas sem produzir bimomento (restrição que será
levantada nos Capítulos seguintes), tem-se:

D5 = O

Portanto, de (1.94) e (1.96) vêm, respectivamente:

(Mt) 2a. (1.101)

(B) 2 a.

(l.102)

Na expressão (1.101) , os termos Paw e -Pbv são


0 0
facilmente reconhecidos: são as contribuições dos momentos
fletores de la. ordem (Pa e Pb respectivamente) para o momento
torçor de 2a . ordem. Os termos Pv0z 0 e - Pw0y D podem ser
visualizados como momentos em relação ao centro de torção das
componentes cortantes -Pv e -Pw
0 0,
respectivamente.
Já no caso da expressão (1.102), os termos são de
interpretação física mais difícilr pela prória natureza do esforço
bimomentor que não é fácil de ser visualizado fisicamente mesmo em
teoria de la. ordem: quem não ficou surpreendido no primeiro
contacto com a teoria de flexo-torção, em descobrir que um perfil
z tracionado pelo centro de gravidade sofria rotação?

1 • 7 • 2 • BARRA ENGASTADA

Seja o caso da Fig. l.13b) com uma extremidade


1

engastada e a outra livre. O carregamento é constituído por uma


força P de tração aplicada na extremidade livre com
excentricidades a e b, como definidas anteriormente.
Também neste casor os esforços ae la. oraem são
constantes, satisfazendo as restrições estabelecidas neste
Capítulo.
Considerem-se,. então, as expressões (1.82), (1.84),
(1.85), (1.86), (1.94) e (1.96) e as seguintes condições de
contorno:
-45-

VD (o) o
WD (o) o
cf>' (o) o

(Vy)2a. o em X = o

(M )
z 2a.
= Pa em X t

(Vz)2a.= o em X = o

(MY) 2 a. = Pb em X t

(Mt) 2 a. o em X o

(B)2a. o em X t

Tem-se então:

D O
1
D
2 -Pa + P[z cf>(l) - v (t)] - Pbcf>(l)
0 0
n3 O

D -Pb- P[y0 cf>(e) + w (t)] + Pacf>{l)


4 0
D = O
5
D6 -[Pi~ + 2Pb(kz-z )
0 + 2Pa(ky-yD) + GJt]cf>(l)

-P(b-z )v (t) + P(a-y )w (e)


0 0 0 0

Então, os esforços solicitantes de 2a. ordem serão


dados, pelas expressões gerais com a utilização destas constantes.

1.8. CÍRCULO DE ESTABILIDADE

Já foi visto como das equações gerais (1.24) chega-se à


equação (1.70), com a utilização das expressões (1.69) dos
esforços solicitantes de la . ordem.
Considere-se, agora, conhecida uma raiz À correspondente
à situação crítica, determinada pelas condições de contorno. Seja:

À õi
(1.103)
-46-
Sejam as notações (1.34), (1.36) e (1.73) reescritas
como:

p 82 EI
v z

p 82 EI (1.104)
w y

1
pc/J -.-2- (82 EJw + GJt)
10

(como se sabe, 8 1r/R.. no caso de extremidades vinculadas com


garfos).
A equação (1.70) pode então ser escrita como:

p - p
v
o P {b - z )
0

o p - p
w
"'P(a - y D )

P(b- z )
0
-P(a- y )
0 (P-P c/J) i~

+2Pa {Ky -y0 ) +2Pb (~ -zz)

(1.105)

que é a mesma que (1.72) com outras notações.


Desenvolvendo (1.105) e arrumando, obtém-se;

(P -P)(Pc/J- P) + (P - P)(Pc/J- P)
v w

2b(Kz - z 0 ) 2a {KY - y 0 )
+
P(Pc/J - P) + P(Pq, - P)
o (1.106)

Dadas as coordenadas (a,b) 1 do ponto de aplicação da


força P (1.106) é uma equação cúbica em P com 3 raízes reais, das
1

quais a menor é considerada o valor crítico (no uso de raízes


negativas, a menor em valor absoluto).
Dado um determinado valor de P/ a equação (1.106)
representa o lugar geométrico dos pontos {a,b) da secção onde deve
ser aplicada a força P para que uma das raízes da equação seja
igual ao valor dado.
É intuitivo que/ para uma força P de compressão,
qualquer que seja a excentricidade, haverá um ou mais valores
-47-

críticos finitos.
O mesmo não é verdade quando se aplica uma força de
tração: por exemplo, P aplicada dentro do núcleo central só
provoca tensões de tração e, neste caso, não pode haver perda de
estabilidade.
Quer se saber qual é a região do plano da secção onde
pode ser aplicada a força P de tração sem ocorrer a instabilidade
da viga (região de estabilidade) .
Para se achar o limite desta região, basta lembrar que,
estando o ponto (a, b) dentro da região, (1.106) terá 3 raízes
positivas. Se o ponto (a,b) não pertencer à região, uma das raízes
será negativa, então, no limite, uma das raízes muda de sinal.
Esta mudança de positivo para negativo não pode se
processar pelo valor nulo: os pontos do limite seriam "pontos
mágicos 11 nos quais forças nulas provocariam a instabilidade da
viga.
Neste caso, a mudança do valor positivo para o negativo
deve se processar através do limite para o valor infinito.
Portanto, para se achar o limite da região procurada
basta fazer:

lim [expressão (1.106)]


p~

Para se levantar a indeterminação da forma como (1.106)

está escrita, dividem-se os denominadores por P2 , antes de se


efetuar o limite.
Obtém-se finalmente:

(a - y ) 2 - 2b(K- z ) - 2a(K - y ) - i 2 = O
2
(b - z ) +
o o z o y o o
(1.107)

A equação (1.107) representa uma circunferência que


limita o assim chamado círculo de estabilidade com centro no ponto
(K , K ) e raio R dado por:
y z
I I
K2 + K2 y z (1.108)
y z + s
-48-

1.9. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

1.9.1. PRIMEIRO EXEMPLO

Seja calcular o valor crítico da força P aplicada


centricamente na barra esquematizada na fig .1.14 cuja secção é
constituída por uma cantoneira de abas iguais com os dados
indicados:

2...±---·+f·-- i~
/7?7777

l
1
4m

O.EMAIS DADOS
OA SECÇÃO:

5 = 28,1 cm 2
SECÇAO ·4
Iy : 1028 em

4
Iz = 256,3 cm

MATE R1 A L

E : 2 l 000 kN I em 2

G = 8 000 kN I cm 2

Fl G. l.l4

A equação (1. 75) se aplica para o cálculo desejado,


bastando fazer z 0 = O.
Uma das raízes será:

2
p
1T 21000 256,3 (1)
2
400

Cancelando (P - Pv ) em (1.75), obtém-se a equação de

segundo grau nas raízes restantes:

o { 2)
-49-

Os dados do exemplo fornecem:

p
-i 2J.OOO J.028
1332 kN ( 3)
w

Para o cálculo de P~, tem-se, preliminarmente:

4
8,5J.9 em

(4,17 -
0 953
' )
2
~ = 5,223 em (4)

.2 (5,223)2 + 1028 + 256,3 2


~D 72,98 em ( 5)
28,1

Então:

8000 8,519
pcp 72,98
933,8 kN (6)

Com (3), (4), (5) e (6), a equação (2) · fornece as


raízes:

P = 674,8kN e p = 2944kN

A menor raiz deve ser comparada com P . Conclui-se que o


v
valor crítico será, então, dado por (1): valor crítico de
flambagem por flexão, com elástica v(x) determinada apenas na sua
forma (problema de la . espécie) .

1.9.2. SEGUNDO EXEMPLO

A viga esquematizada na fig. l.J.S, com a secção


indicada, ficasubmetida a um momento fletor constante M. Seja
calcular o valor crítico de M.
-50-

3m l.r Sem w

0,5 -.f-
1,-----.---....,1
-,f- '-------,yo=--_ _.
I
I
I
X I.
-hr!---~-----. --------t-t- .,--~CG
z
y l2cm
y

\
-W-o,s
2 2
E= 21000 kN /cm G = 8000 kN /cm

F l G. 1.15

Pode-se partir das equações diferencia.is (1.24) r

fazendo-se, com a hipótese de M ser aplicado no plano xy:

N O

M O
y

Mz =M

Tem-se, então, admitindo-se, ainda, que o plano xy seja


plano de simetria:

EI
z
VIril
D
= o

EI y w""
D
+ M f/>" o ( l)

EJ <PJT" + (M jy - GJ ) f/>', + M w" o


w t o

onde está sendo usada também a la. das expressões (l.74)


A la. equação do sistema (l) é desacoplada das demais e
traduz, matematicamente, a flexão da viga no plano xy, não
informando sobre a estabilidade.
Para resolver as outras duas, que contêm as duas funções
-51-

w (x) e ~(x), proceda-se a uma integração preliminar, obtendo-se:


0

EI y w"D + M ~
(2)

As condições de contorno:

w ( 0)
0
w ( l)
0
o
~(O) ~ (l) o
( 3)
w" (O) w"(l) o
D D
~~~ (o) ~" ( l) o

permitem anular as constantes a 1..

Tira-se da la. das equações (2):

EI y
-~ w"D (4)

Colocando-se (4), e sua 2a, derivada, na 2a. das (2),


tem-se, após arrumação conveniente:

w""
D
+ w" -
D
o (5)

com a equação característica correspondente:

o (6)

~
Esta equação tem duas ralzes em À
2 ,
À2
1
e À~ e quatro

raízes em À, ±À 1 e ±À
2
.

Fazendo:

( 7)

pode-se escrever a solução geral de (5) como:


-52-

Das condições ( 3) renanescem quatro na função w (x) e


0
sua segunda derivada.
Esquematicamente, tem-se:

o ---7 a 6 + a8 = o

w" (O)
D
o ---7 a
6
<\2 + a
8
o22 o

donde se conclui que a = a8 o (a alternativa oi r} conduz à


6 2
solução ·trivial (w
0
= O) .
Sejam ainda as condições:

w" (l)
D
o ---7

Destas duas equações, tem-se:

o
(9)

Com a restrição, já mencionada, oi ~ ó; , de (9) tira-se

ou a solução trivial (a
5
a
7
= O) ou:

senol l = o (10)

com a indeterminado e a nulo (seria indiferente fazer seno l=O,


5 7 2
a nulo e a (ideterminado).
5 7
O valor crítico de M(M ) vem da condiçõo (10)
cr

Donde por (7) :

1fi (11)
r
-53-
Portanto a equação que determina M resulta da
cr
substituição de (11) em (6). Arrumando, tem-se:
2
7T EJ úJ )
( .e2 + GJt = O (12)

Com as notações (1.34), (1.36) e (1.73), a equação (12)


pode ser escrita como:

2
M -]·
y
P
w
M+P
w
o (13)

Com os dados numéricos do exemplo, da fig. 1.15,


calculam-se coeficientes de (13) ou (12). A seguir são indicados
estes cálculos, resumidamente:

Yo -4cm
4
I
y
9cm
4
I 144cm
z
4
0,75cm
o

+3 +8
K
y 2
1
144 o,5{ J ( -4) (16+z ) dz
2
yy2 Or875cm
. 3

J. y 9/ 75cm

As raízes de (12) são:

M = 467 9kN/cm 1 e M = -265,8kN/cm

A raíz positiva é o valor crítico de instabilidade


lateral do momento aplicado como na fig. 1.15. A raíz negativa
indica o valor crítico para M aplicado com sentido contrário.
Observar/ novamente, que a diferença entre os dois
valores críticos pode se explicar pela tração ou compressão da
região (mesa) mais reforçada.
Deve ser observado, também, que se trata de um problema
de la. espécie: as elásticas de flexão/ w (x), e de torção ~(x)
0
são identicamente nulas para M menor que o valor crítico e
indeterminadas quando M atinge o valor crítico. Faz parte das
-54-

simplificações inerentes à teoria de 2a . ordem adotada, que a


elástica v(x), de flexão no plano xy, seja suficientemente pequena
de modo a não influir nas equações regentes da instabilidade
lateral.

1.9.3. TERCEIRO EXEMPLO

Achar a expressão de M para a viga indicada na fig.


cr
1.16.

M aplicodo no plano xy

rr
~--·
~
~ X -·--·------ --- 'M
) '
..,.zlll---1-41 CG ;: O

l
,
FIG.l.l6

Das equações (1.24), com as mesmas simplificações do


exercício anterior e j y
= o, tem-se:

EI z v""
I)
O

EI
y
w""
D + M </;" o (1}

M w"
D
- G Jt </;" = O

Valem as considerações do 2o. exemplo para a la . das


equações (1). Proceda-se à integração das outras duas.
Preliminarmente, tem-se:
-55-

EI
y
wlfr
D
+ Mcp'
(2)

Integrando novamente:

EI w' 1 + Mcp
y D
( 3)

Sejam as seis condições de contorno:

la) 1> (O) o

2a) WD (o) o

3a ) cp r (O) o

4a) WD (o) o
5a) wH
D
r (O) o
6a) w"
o
(R_) :;;:: o

A la., a 2a. e a 4a. condições (geométricas) dispensam


maiores explicações. A 5a. representa a cortante (V 2 ) 2 a. nula em
x = O (não necessariamente nula para x qualquer) .
A 3a • condição não é proveniente do emperramento nulo,
corno no caso de secção com área setorial w $ O, mas da anulação do
momento torçor (Mt ) 2 a . , para x = O: como no caso em estudo, o
momento torçor é constituído só pelo momento de torção livre,
G Jtcp', tem-se esta condição.

Finalmente, a 6a. condição é resultante de (MY) 2 a . O


para x e(não necessariamente nulo para x qualquer) .
Convém observar que estas considerações sobre condições
de contorno podem ser deduzidas, ou por equilíbrio no caso
particular considerado, ou das expressões gerais dos esforços de
2a . ordem do item l. 7, bastanto lembrar que o caso de momento
aplicado pode ser considerado como limite para:
-56-

p --:--7 o
a ~ oo

Pa = M constante

Após esta longa divagação sobre condições de contorno e


esforços de 2a . ordem, apliquem-se as condições elencadas aos
sistemas (2) e (3). Obtém-se:

al O·

a2 o
a4 o

Da segunda equação de ( 3) 1 tira-se:

M
1;! WD (4)
GJt

expressão que, levada à primeira equação de (3), fornece a equação


diferencial em w0 :

w" + ( 5)
D

A solução geral de (5) é dada por:

(6)

onde:

( 7)

Com a 4a. condição anula-se a ; da 2a. tira-se:


6

Donde:
-57-

w0 = a
5
(1 - cos kx) (8)

sendo ~ dado por (4).


Da 6a. condição, conclui-se:

ou o (solução trivial: a viga


não perde a estabilidade}

ou cos kl o (com as indeterminado)

Esta última equação fornece, então, o menor valor


crítico de 2a _ espécie de instabilidade lateral:

7f
kl
2
M
cr
7f
27
j EI YGJt (9)

1.9.4. QUARTO EXEMPLO

Achar o valor crítico (P c r ) para o problema da fig.l.17.

P aplicada centricamente

p1-------- =i..t-~ SECÇÃO í CANTONEIRA DE

l
1
4 m l
1
ASAS DESlGUAIS 1

tf,27
EiXOS PR!NCI PAIS
-i(------1)
a~ 1 e. s 2°
I
E i
Iy = 1 6 5 cm 4 u
co I
1'- I
Iz = l216cm
4
r- - t1 l ...,CG
.....
~ krr _1
z c ·""r_< ~ -==tl,27

MATE RIA L
-.r---f--- OH.~~ 1
E= 21000 kN/cm 2

G = 8 O OO k N I e m2
FIG.L17
-58-

Com os dados, calculam-se:

4
Jt 18,21 em

Yo 4/688 em

ZD 3,369 em

.2 2
~D = 74,06 em

Ordenando-se (1. 75) em potências decrescentes da


incógnita P tem-se:

2
(y D 2 . 2 ) p3 [ (p p p ) .2 p 2 pw 2 J p2
+ 2 0 - ~D + v + w + cp ~D - vyD - 20

o (1)

Por (1.34), (1.35) e (1.73), calculam-se:

p 1575 kN
v

p 213 7 kN 1
w

1967 kN

A equação (1) fornece, então/ as raízes: 206 5 1 kN 1

1309 kN e 444,5 kN.


Logo, o valor crítico procurado é:

Pc r 206,5 kN

tratando-se de um problema de la. espécie,


com elásticas v 0 (x) I

w (x) e cp(x) determinadas apenas em sua forma: a viga permanece


0
reta até a força P atingir seu valor crítico quando então ocorre a
flambagem por torção e flexão nos planos xy e xz.

1.9.5. QUINTO EXEMPLO

Determinar se é possível existir um valor crítico para o


caso indicado na fig. 1.18. Em caso afirmativo/ achar a expressão
para Per
-59-

){
---il-.....- · - - . - - . - - - - - - . - - -

1 l
'I
a "st
G ".2_ E
4 i •lOa
F!G.l.l8

Sendo a força P de tração, só ocorrerá a instabilidade


se ela estiver aplicada fora do círculo de estabilidade. Neste
exemplo, bastante particular, este círculo tem centro no próprio
CG = D, pois:

K
y
K
z = O

Seu raio é dado por (1.108):

1
R
2ta

Dentro das hipóteses concernentes às barras de secção


delgada, pode-se fazer:

a
R =

Então pode existir um valor crítico.


Para determiná-lo, considerem-se as equações (1.32),
fazendo-se b = O e trocando o sinal de P e o de a:

EI
z D
VI/ - Pv
0
Pa

EI w"
y D - Pw
0
- Pa1; o ( 1)

(Pi~ + GJt) 1; + Paw0 = o


-60-

A la. equação do sistema (1) é desacoplada das demais.


Para sua resolução seja ela reescrita como:

(2)

onde:

(3)

Solução geral de (2)

( 4)

As condições de contorno:

permitem achar as constantes de integração:

-a

cosh kl e - 1
senh k e a
1

Donde:

cosh k 1 t - 1 )
a ( senh k e senh k 1 x - cosh k x + 1 (5)
1
1

A expressão (5) representa a elástica de flexão de 2a.


ordem no plano xy; como a função hiperbólica figurando no
denominador não se anula para P ~ O, não há valor crítico
referente a esta flexão.
Para resolver as outras duas equações do sistema (1),
tira-se da 3a.:

Pa (6)
c/J·=- WD
.2
P lo + GJt

Levando-se (6) na 2a. equação de (1) e, rearranjando os


termos, tem-se:
-61-

2 (7)
w"o + k 2 wo = O

onde:

p
( 8)
EI
y

A solução geral de (7) é:

(9)

As condições de contorno:

w ( 0)
0
= w ( t)
0
= 0

permitem achar a 4 = O e mais:

Donde:

ou o para k qualquer (não ocorre


2
flambagem lateral)

ou sen k 2 t = O (com a indeterminado)


3

Desta última alternativa, tira-se:

que, substituído em (8), fornece a equação determinante do valor


crítico procurado:

o (11)

Em (11), tem-se:

I
y

(com a mesma aproximação adotada


na expressão de R)
2at 3
-3-
-62-

Com as relações indicadas na fig. 1.18, a equação (11)


fornece as raízes:

p 2
O, 1548 Et

p 2
e -0,003188 Et

Portanto, o valor crítico procurado será:

P 0,1548 Et 2
cr

1.9.6. SEXTO EXEMPLO

Seja calcular o valor crítico da força P para a viga da


fig. 1.19. Dados da secção:

4
I
y
158 em
6
I 14700 em
w
Jt 15,5 em4

.2 2
lo 71,94 em

Para o material serão adotados aos mesmos das constantes


elásticas dos exemplos precedentes.

p aplicada cen tri comente

VÍNCULO VÍNCULO
DE GARFO DE GARFO

p
_..,...
/7'1. ~
X
·---------
-"------+~
,;;#;-;;.
i,=o
y
212 = 2m l 2m Secção:
perfi·! .I
I dados no E!'llunciooo l

F IG. l. 19
-63-
e
Tanto para o trecho entre os garfos (as x s
2 ), como
para o trecho em balanço, tem-se para os esforços solicitantes de
la. ordem:

N -P (1)

M
y
M
z =o
Então o problema pode ser tratado com as equações deste
capítulo, o que não aconteceria se a força fosse aplicada com
excentricidade: o aparecimento de reacões transversais nos garfos
faria os momentos fletores de la . ordem variáveis ao longo do
comprimento.
Sejam, então as equações (1.24)

EI z v""
D +
Pv"D o

EI y w"'' + Pw"o = o (2)


D

EJ w c/J"" + (Pi~ - GJt )c/J" o

As equações são desacopladas, conduzindo cada uma a um


valor crítico. A 3a. representa a elástica de flexo-torção e será
tratada posteriormente. A la. e a 2a. representam,
respectivamente, as elásticas de flexão nos planos xy e xz. Sendo,
evidentemente, as condições de contorno as mesmas para v e w0 ,
0
a 2a. deverá conduzir a um valor crítico menor, porque I < I
y z
Seja, então, a solução da 2a.:

( 3)

onde:

k
n=- y
( 5)

As condições de contorno, e respectivas explicações,


quando necessárias, são listadas a seguir:
-64-

la) w ( 0) 0
0

2a) w" (O)


D =o (momento fletor nulo)

3a) w" (e)


D
o (idem)

4a) WD (2)
e o (usando a expressão ( 3) )

5a) WD (2)
e = o (usando a expressão ( 4) )

6a) em x = e/2, w (3) = w


0 conforme 0 conforme (4)
(continuidade da inclinação)

7a) em x e/2, w0 conforme (3) = w0 conforme (4)


(continuidade do momento fletor)

(ver ( 1. 8 5 ) )

O paciente trabalho de eliminação das constantes, que é


equivalente ao não menos trabalhoso processo de anulação do
determinante dos coeficientes (para que o sistema de equações nas
constantes tenha solução diversa da trivial), conduz à seguinte
equação no valor crítico:

ke
ke ke kt tgkl cos~ kt kl
-sen~ + tgkt cos~ - ~ kt - ~ sen~ tgkt = O
tg2
( 6)

Qualquer processo de resolução de (6) por tentativas


fornece como menor raíz:

kt
1,166 ( 7)
2

De (5) vem o valor crítico:

EI y
p 5,438 ( 8)
cr T
Com os dados numéricos

p kN ( 9)
c r = 112,8

Para resolver a 3a. equação de (2), observe-se que ela é


formalmente idêntica à 2a .. Então as soluções (3) e (4), em w ,
0
-65-

podem ser usadas para~~ desde que o parâmetro k, dado por (5),
seja agora feito:

k (lO)

As condições de contorno também mantêm a analogia


formal: a la., a 4a. e aSa. dispensam maiores explicações; a 2a .,
a 3a. e a 7a. passam a se referir ao bimomento; a 6a. refere-se,
agora, à continuidade do empenamento e, finalmente, a 8a . , que
antes tinha a ver com a força cortante na extremidade livre,
refere-se agora, ao momento torçor.
Sendo a analogia formal completa, o valor crítico de P,
correspondente à flambagem puramente torcional, vem da
substituição de (10) em (7) .

.2
Pl -
D
(1,166) 2
EJW

Donde, já com os valores numéricos:

P = 1870 kN
cr

A comparação deste valor com (9), permite concluir que a


flambagem será por flexão no plano xz quando o carregamento
atingir o valor 112,8 kN.

1.10. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1.10.1. Estudar a estabilidade do modelo da fig. 1.1 quando a mola


de coeficiente k 2 for removida do ponto D e aplicada no ponto B,
mantidas a sua direção e as demais condições do item 1.1.

1.10. 2. As equações (1. 24) foram deduzidas com a utilização da


expressão (1. 8) para a tensão normal. Mostrar que se em (1. 8)
forem usados os esforços de 2a . ordem, as equações obtidas não
seriam mais lineares fugindo, portanto, da aproximação de 2a.
ordem adotada.

1.10.3. No item 1.5.2, na relação (1.41) fica invalidade se:


-66-

P i~ . - GJt = O ( 1)

Mostrar que o valor de P dado pela igualdade (1) conduz


a uma solução trivial para as duas últimas equações de (1.39).

1.10.4. A diferença formal entre as expressões (1.66) e (1.67)


provém do fato de as condições (1. 62a) e (1. 62b) terem sido
adotadas em v . Mostrar que se, ao invés, fossem usadas as
0
condições em w0 , os resultados obtidos seriam os mesmos.

Ainda com relação


1.1 O • 5 • ao i tem 1 . 5. 3 , precisam ser f e i tas
algumas observações:

la) Para serem válidas as relações (1.60) e (1.61), deve-se


ter:

p ;;=" 02 EI
1 z

p ;;=" 02 EI
2 z

p ;;=" 02 EI
1 y

p ;;=" 02 EI
2 y

Mostrar que se essas desigualdades não forem satisfeitas


o sistema (1.51) só tem a solução trivial.

2a) Para a expressão (1.63) ser válida, deve-se ter:

Mostrar que se essa desigualdade não for satisfeita, o


valor obtido para P será um valor crítico superior.

3a) Mostrar que isto também ocorre se de sen8


1
e O se
conclui:

1.10.6. Bastante ilustrativo é estudar o comportamento das


elásticas de 2a. ordem, v 0 (x), w (x) e ~(x), no item 1.5.3, para o
0
valor de P crescente de O até Pc r

Para tanto, pede-se calcular os valores extremos


-67-
v (t/2), w (t/2) e <j;(t/2) para alguns valores de P (por exemplo:
0 0
30-60-90-120 e 130 kN) e esboçar os gráficos correspondentes.

1.10.7. No item 1.5.3, uma solução simplista, comumente utilizada


em livros textos sem maiores explicações [3], consiste em se
adotar, para o sistema (1.29), as soluções:

VD =A sen r
7TX

B sen r
7TX

c sen r7l"X

a) mostrar que este processo fornece o valor correto da força


crítica embora não possa informar nada sobre as elásticas e os
esforços de 2a . ordem, uma vez que as elásticas adotadas não
satisfazem todas as condições de contorno.
b) comparar as elásticas' adotadas com as elásticas corretas
(1.66) a (1.68) para valores de P nas vizinhanças do valor
crítico.

1.10. 8. Efetuar a "manipulação, sensivelmente mais volumosa ... 11

mencionada no item 1.6 para a obtenção de (1.72)

1.10.9. Calcular as características geométricas necessárias para o


estudo da flexão e da flexo-torção para secção indicada na fig.
1.12.

1.10.10. Mostrar que a equação (1.77) fornece o maior valor de P


quando a = y 0 , ou seja, com a força P aplicada no centro de
torção D.

1.10.11. Demonstrar que (l.107) é, de fato, a equação de uma


circunferência.

1.10.12. Para a viga vinculada por garfos, da fig. 1.20, pede-se :


a) achar o valor crítico do momento M aplicado no plano de
simetria.
b') na iminencia àa peràa àe est:ào.J.YJ.àaàe, cal.cul.ar os val.ores
máximos da tensão normal e da flecha de flexão no plano de
aplicação M.
-68-

2 50 em 12 em

f
~.2t=

E
<.>
v
N

1,2~
E = 2 1000 k N I cm 2

G = 8 000 kN I cm2

F I G. 1. 20

1.10.13. Repetir o exercício anterior para a viga em balanço da


fig. 1.21.

15cm
1~
t
~....__ 1----:-r;--....;..~ =:}o,Scm
~
~--------------~~ ~------------~
~~
~
/ )M E
l
I
I
u
lO I
I
I
A-'------------~~~~------------~ ~
~
/l J.,2 m
1
l ~,6cm
E = 2 1000 k N I cm 2
2
G = 8000 kN/cm

FIG. 1.21

1.10.14. Com a fig. 1.22:

a) para M o calcular
1
p
cr
b) para p O, calcular o valor crítico de M(Mc r )

c) para M M /2, calcular o novo valor crítico de P.


cr
d) para p = p /2, calcular. o novo valor critico de M(P c r
cr
calculado no item a}
-69-

e) no item b, na iminência da perda de estabilidade, calcular


os valores máximos da tensão normal e da flecha de flexão no plano
de aplicação M .

.-tf------~-----1~ ;[~
/7777'7 -++-1 em

1
l 200 em l
1

E 21000 kN/ cm 2
G = 8 00 O k N I em'

FIG. 1.22

1.10.15. Determinar o valor crítico de P para a viga da fig. 1.23.


Quando da perda de estabilidade lateral, achar a relação entre as
ordenadas das elásticas de flexão e torção_

-t----------3--~
I FORÇA LONGITUDINAL
APLICADA NA BORDA

il SUPERJOR
LETO I
NO ESQUE-

J 2,4 m J
SECÇÃO RETANGULAR
( 1 x 24 em J

E = 21000 l<N/em 2

G = 8000 kN/em 2

FIG. 1.23

1.10.16. Determinar o valor crítico da força p aplicada


-70-

centricamente na viga da fig. 1. 24. Os dados da secção e do


material são os mesmos do item 1.9.6.

p
·--~!----------------------'·""-·
~
11111--
...

4m

F 1 6. 1. 24
CAPÍTULO II

FLAMBAGEM POR TORÇÃO E FLEXÃO - CARREGAMENTO QUALQUER

2 .1. INTRODUÇÃO

Será estudado, neste capítulo, o mesmo tipo de flambagem


estudado no capítulo anterior, levantando-se as restrições ali
contidas sobre o carregamento.
Conceitualmente não há diferença entre os dois
capítulos: o primeiro pode ser considerado como um caso particular
deste. A separação tem finalidade puramente didática. As equações
diferenciais regentes do problema, no caso de os esforços
solicitantes de la. ordem serem constantes no comprimento, são
equações com coeficientes constantes e permitem, pelo menos
teoricamente, que sejam escritas as suas soluções gerais.
Neste capítulo, como será visto, equações
diferenciais regentes terão coeficientes variáveis
dificultando-se, assim, a sua resolução direta e analítica,
tendo-se que recorrer a soluções numéricas e aproximadas.
A própria dedução das equações regentes, como é fácil de
se prever, apresenta maiores dificuldades. Optou-se, então, em se
fazer a dedução pelo método da energia: este permite uma dedução
menos trabalhosa, com maior compreensão física dos esforços
envolvidos e já deixa disponível a expressão da energia potencial
total que é a base do processo de RITZ e do processo dos elementos
finitos, em um de suas possíveis formulações, na busca de soluções
aproximadas.
Deve ser lembrado que se está adotando, nesta
publicação, o estudo em teoria de 2a. ordem: o ec:ruilíbrio é
analisado na posição deslocada considerada suficientemente próxima
da posição original, de modo que possam ser usadas expressões
aproximadas para os deslocamentos e deformações.
O grau destas aproximações ficou claro em [1] e no
Capítulo I: as aproximações adotadas são aquelas que fazem
lineares as equações de equilíbrio e, portanto, quadrát.icas as
diversas parcelas da energia potencial total.
-72-

2.2. ESFORÇOS E DESLOCAMENTOS

seja a viga de secção delgada de esqueleto aberto,


indicada na fig. 2.l.a, referida a um sistema de eixos xyz sendo x Y
um eixo longitudinal e y e z os eixos principais da secção. Como
no Capítulo I, CG é o centro de gravidade da secção , D é o centro
de torção e Q, um ponto genérico do esqueleto.
Em Q seja considerado um elemento infinitesimal de área:

dS t ds (2 .1)

sendo t a espessura da parede e ds um comprimento infinitesimal de


esqueleto.

b)

F I G. 2.1
-73-

Os deslocamentos do ponto genérico Q (y 1 z) 1 v e w1 os

deslocamentos do centro de torção D(y0 1 z 0 ), v e w , e o ângulo


0 0
de rotação, rp 1 da secção em torno do centro de torção estão
representados na fig. 2 .1.b com seus sentidos positivos. Eles
estão relacionados por (1.6) aqui repetidas:

(2. 2)

Os esforços solicitantes estão representados com seus


sentidos positivos na fig. 1.5 e, para maior facilidade de
utilização são aqui novamente listados:

N - força normal

}
M
y
momentos fletores
M
z

vy
vz } forças cortantes

B - bimomento

Mt - momento torçor

Mft- momento de flexo-torção

Mg - momento de torção livre

Como já foi visto:

(2. 3)

Os esforços externos aplicados (carregamento),


considerados neste capítulo, são listados a seguir:
p força transversal distribuída (com a restrição de
passar pelo centro de torção D) de componentes p y e

P. forças transversais concentradas (com a mesma


l
restrição de passarem por D) de componentes Py1. e
p .
z1
-74-

M.
y1
} momentos aplicados
M.
z1

B. bimomentos aplicados
1

Forças longitudinais, axiais ou não, distribuídas ou


concentradas,
~xistente no primeiro
.
podem ser consideradas,
capítulo,
levantando-se a
de elas serem concentradas e
restrição,

aplicadas nas extremidades. Não há necessidade de serem adotadas


notações específicas, porque a sua contribuição para a energia
potencial será considerada na parcela da força normal.

2.3. EXPRESSÃO DA ENERGIA POTENCIAL TOTAL


A energia potencial total (EPT) de uma viga, para maior
compreensão das diversas parcelas de sua expressão, pode ser
considerada como a soma de:
la) Energia potencial dos esforços internos ou, como é
conhecida desde os textos de graduação, energia de deformação.
Sua expressão será aqui deduzida utilizando-se os
esforços internos de 2a. ordem com as respectivas deformações.

2a) Energia potencial dos esforços externos ou, apenas


como reminiscência da mecânica dos sólidos indeformáveis, energia
potencial propriamente dita.
Na sua expressão considera-se o potencial dos esforços
aplicados em relação a um referencial arbitrário que, aqui, será
tomado como a posição original não deslocada da viga.

3a) Energia potencial dos esforços internos de la. ordem


nas deformações de 2a . ordem.

a parcela de maior dificuldade de compreensão mas é


É
exatamente aquela que completa as duas anteriores, na teoria de
2a .ordem conforme foi adotada. De fato, no cômputo do trabalho
(esforços x deformações) conforme a la . parcela, não foi levada em
conta esta contribuição.
Esta interpretação, das diversas parcelas que serão
deduzidas, é apenas uma entre as várias possíveis [5] . Como estão
sendo deduzidas expressões aproximadas (teoria de 2a . ordem) e não
expressões exatas (que constituíram teoria de 3a • ordem), outras
-75-

interpretações são possíveis, dependendo do modo como são


analisadas as diversas parcelas de energia.
É importante cuidar para que as diferentes
interpretações não sejam consideradas parcelas distintas da
energia o que provocaria a duplicação de termos na expressão
final; a comparação das equações obtidas a partir da expressão da
energia com aquelas provenientes do método ·do . equilíbrio é uma
garantia adicional.

2.3.1. ENERGIA DE DEFORMAÇÃO

Considere-se um elemento infinitesimal de volume:

dVOL = dS dx (2 .4)

como representado na fig. 2.2.a. A figura indica a única tensão


normal a ser considerada: a conforme (1.5) aqui reproduzida:

b)

cr
ELEMENTO INFINITESIMAl
DE VOlUME

ESQUELETO

F I G. 2.2

N M M B
+ ~ y + y z + w
a
8 Iz r; Jw
(2. 5}

onde as características geométricas da secção são as já


introduzidas no Capítulo I.
A fig. 2.2.b indica a distribuição da tensão tangencial
Tl!. produzida pelo momento de torção livre Me., na espessura.
-76-

Sendo a distribuição linear, com valor nulo no esqueleto, pode-se


[2] escrever:

(2. 6)

onde r é uma ordenada com origem no esqueleto e perpendicular a


ele.
Esta é a única tensão tangencial a ser considerada:
assim como a contribuição da força cortante pode ser desprezada
face à contribuição do momento fletor (1] , também a contribuição
do momento de flexo-torção pode ser desprezada em face àquela do
bimomento, conforme a analogia [2] entre flexão e flexo-torção.
Tem-se, então, para a energia de deformação:

u ~I ca E+ Te~e>dVOL (2. 7)
VOL

onde a deformação específica E e a distorção ~e são dadas pela lei


de HOOKE, respectivamente:

a
E
E
(2. 8)
Te
'Ye G

De (2.7) vem, preliminarmente, com a introdução das


( 2. 8)

2
u ~ I (~2 + T
G
e) dVOL (2. 9)
VOL

Utilizando-se (2.5) e (2.6) em (2.9) e explicitando-se


conveniente as integrais, tem-se:

M M 2
u 1
= 2E Ie f s
(~ +
z
Iz y +
I
y

y
z +
B
Jw w) dS dx

+t/2
e )
1
+ 2G Ie I I s -t/2
(2M
--r 2
Jt
dr ds dx (2 .10)
-77-

Desenvolvendo-se, chega-se a:

~ B']
M2 M2
u 1
2E fe (~2 + r
z +
I
+
J
1
dx + 2G
e
Je Jt dx (2 .11)
z y w

Considerem-se as duas primeiras expressões {1. 9) e a


expressão análoga correspondente ao bimomento:

M -EI v"D
z = z

M
y
-EI z w"D {2. 12)

B = EJw cp"

Como já foi visto, estas expressões são válidas em


teorias de la. e 2a. ordens, aplicando-se, portanto, na dedução
pretendida.
Seja ainda a relação:

{2 .13)

que será usada em vez de {1.93).


A relação {2. 13) fornecerá, portanto, apenas parte da
contribuição de Me para a energia potencial total; a parte

restante será considerada mais adiante, como poderá ser observado.


Esta separação evita a duplicação de termos conforme foi
mencionado no preâmbulo deste item. A diferença de tratamento
formal entre Me e os demais esforços é resultante da diferença

formal entre as respectivas expressões de 2a . ordem, conforme item


1.7.
Considerando-se, agora, {2.12) e (2.13), de {2.11) vem,
finalmente:

~I cp" 2
2
u {EI
z
+ EI y WD" + EJW + GJ t cp' 2 )dx (2.14)
e
onde J'á .ncio o:::stcf s.:.ndo coasidre.r-a:da: {1.} a: con:t:I.-i.bai.ção dét forçét
normal.
-78-

2.3.2. ENERGIA POTENCIAL DOS ESFORÇOS APLICADOS

Tendo sido adotada, como referencial, a posição original


da vigar a energia potencial será deduzida tomando-se 1 com o sinal
trocado, o trabalho dos esforços aplicados com os respectivos
deslocamentos.
As forças distribuídas e concentradas podem ser
aplicadas com excentricidades em relação ao centro de torção D.
Sejam estas excentricidades, espectivamente, e . e e . para uma
Yl Zl

força genérica Pi aplicada em um ponto A.1 de uma secção qualquer,


conforme fig. 2.3.

aL~
. ""-~t
A.li ,
Pyi

p.
L~ i ZI
,----..i./
I I
I I
1 I e·
I I l
I 1 I
t/
o L ____ _j
I

L ezi
'i
l
1

F I G. 2.3

No cômputo do trabalho de P.,


1
que tem sua linha de ação

passando por D, devem ser considerados os deslocamentos v i e w i


0 0
mais o deslocamento de 2a. ordem a. dado, conforme fig. 2.3 por:
1

a. e. (l - cos </>.)
1 1 1

Ou, dentro das aproximações que estão sendo adotadas:

a. (2.15)
1

Portanto, as componentes de P;r Pyi e Pzi, trabalharão,


respectivamente, com os deslocamentos v 0 i e w0 i mais as projeções
de a 1
-79-

e .
no eixo y a., e.Yl
1
(2 .16)

ezi
no eixo z a.
1 e.
1

Para a força distribuída p, componentes py e Pz'

aplicada com excentricidade e, projeções ey e a dedução é

perfeitamente análoga, dispensando sua explicitação.


Os momentos aplicados, M. trabalham com as
Y1

inclinações das elásticas, respectivamente, w0i e vÓ; (os momentos

são considerados aplicados com os mesmos sentidos das respectivas


inclinações) .
Para o bimornento B.1 aplicado em urna secção genérica,

seja suposta a sua aplicação por meio de n forças longitudinais R.


J
aplicadas em pontos com áreas setoriais w., como indicado na fig.
J
2.4.

X
>-1--iii>-U l DESLOCAMENTO LONGITUDINAL!

,'

·--- ----- -------- I -


u j = w i <l> ••t
~R·
/' j

\SECÇÃO GENÉRICA
W•W /
J

F I G. 2.4

Então, a energia potencial corespondente será dada por:

n n

TB i -.Il1=
R.u.
J J -i fl R.w.
J J
cp!1 -B.
1
cp!1 (2 .17)

Com as considerações esboçadas até aqui, tem-se para a


energia potencial dos esforços externos:
-80-

Tl = J (pyvD +pzwD +! pyey~2 +! pzez~2}dx


t

-I (Py;vo; + PziwDi + ~ Pyieyi~~ + ~ Pziezi~~)

(2.18)

2 • 3 • 3 • ENERGIA POTENCIAL DOS ESFORÇOS INTERNOS DE PRIMEIRA ORDEM


NAS DEFORMAÇÕES DE SEGUNDA ORDEM

Considere-se novamente a tensão normal u, dada por


(2.5) 1 atuando no elemento de área dS 1 indicado na fig. 2.S.a.
Na parcela U, expressão (2.14) foi considerado o
trabalho de ~ na deformação E a ela relacionada pela lei de HOOKE,
la. expressão das (2.8).
Pelos deslocamentos/ fig. 2.5.b 1 variáveis v e w, o
elemento de comprimento dx sofre uma rotação Ot, ver fig. 2. 5. c.
Esta rotação provoca um encurtamento 1 ô, do elemento dx quando
medido na direção longitudinal. O trabalho de a com õ não pode ser
computado pela expressão (2.14) e será agora considerado.

a) b)
)(

~
tt.

F I G. 2.5
-81-
Inicialmente, há que se achar uma expressão para í5.
Sejam os pontos 1 e 2 nos elementos de área dS separados por dx.
Suas posições finais são, respectivamente, 1 1 e 2 O ponto 2 é 1

1

tal que o segmento 1'2" seja paralelo ao segmento original


~- Então, tem-se com as aproximações adotadas:

1 !(/ (dv) 2 + (dw) )'


2

2 cidx 2 dx dx (2 .19)

A parcela da energia potencial total, aqui considerada,


será dada, então por:

ff a í5 dS (2. 20)
.e s

Sejam as expressões (2.2) derivadas e colocadas em


(2.19) i a seguir, sejam a expressão de ó assim resultante e mais a
expressão (2.5) de a colocadas em (2.20)

M M 2
(~ J
1 z
T2 2 f sf
.e
+- y +
I
y

z
1y z + J
B
w
wJ{[v0 + (Z - z 0 ) r/J 1

+ [wó - (y - y D ) rP 1 J
2} dS dx (2. 21)

Desenvolvendo-se as integrações indicadas, obtém-se,


finalmente:

T2 _21 f {N [l· 2D A.
'fJ 1 2 + 2 ( Yo WD - ZD VD ) 'fJ
A. 1 + VD 2 + WD 2 J
.e

+ 2 [M z (Ky - y D ) + My (K z - z )]rjJ 12 - 2M W 1 r/J 1


+ 2M v 1 r/J 1
D zD yD

(2. 22)

Em (2.22)
estão sendo utilizadas as características
2
geométricas da secção i 0 , Ky e Kz dadas espectivamente, por (1.21)
e as duas (1.22) e mais a característica introduzida por VLASSOV
[ 4] :
b L.-
~.
-

(2.23)

Assim como a tensão normal a de la.ordem trabalhou com a


deformação o/dx de 2a. ordem, deve-se esperar que a tensão
tangencial T de la. ordem trabalhe com alguma distorção y de 2a.
ordem.
Parece, entretanto, mais simples considerar o potencial
dos esforços solicitantes (cortantes e momento torçor) nos
deslocamentos diferenciados de 2 secções distantes dx entre si.
A contribuição do momento torçor é nula (ver exercício
proposto 2. 7. 1) . A seguir será deduzida a expressão da parcela
correspondente às forças cortantes.

yr l(

r dX r

.....
.... .._ ...... _
----.11
F I G. 2.6

Considere-se, inicialmente, somente uma elástica de


flexão, v {x), no plano xy, como indicado na fig. 2.6.
0
Tem-se para o potencial da cortante:

Tv = I [VY v 0 - (VY + dVY) (v0 + dv0 )] dx


t
Ou, efetuando-se:

Tv =-I (VY vo)'dx =-I lvy vol:; (2.24)


t
onde t. são os comprimentos dos trechos sem descontinuidades.
1
Então Tv é a soma dos produtos (Vy v ), nas extremidades
0
e nas secções de descontinuidade, onde existe uma força aplicada
ou um vínculo: estes produtos ou serão nulos ou iguais aos
-83-

potenciais das forças concentradas aplicadas. Portanto, Tv é


apenas outra forma de calcular o potencial das forças
concentradas.
A primeira igualdade de (2.24) pode ser escrita como:

T
v
- f vy v 0 dx - f v; v 0 dx (2. 25)
e t

Donde, pela relação entre fo.rça cortante e força


distribuída, tem-se:

-I v1!.
y
v'
D
(2. 26)

No segundo membro de (2.26), o primeiro termo (T )


v

representa, como visto acima, o potencial das forças concentradas


e o 2o. termo, como é possível observar, o potencial das forças
distribuídas.
Quando existir somente a elástica de flexão v 0 (x) , no
plano xy é indiferente o potencial ser calculado pelo primeiro
membro ou pelo segundo membro da igualdade (2.26).
No caso abordado neste capítulo, flexão nos dois planos
principais mais torção, há que se considerar os acréscimos nos
esforços cortantes provocados pela torção.

F I G. 2. 7

Estes acréscimos r representados na fig. 2. 7, causam as


seguintes alterações nos esforços cortantes:
-84-

vy passa para

vz passa para V z +V</>


y

Então, o potencial calculado por (2.26) deve ser


acrescido de:

(2. 27)

por causa da alteração de VY.


Analogamente, a alteração de Vz causa o acréscimo no

potencial:

(2.28)

Com as relações entre momentos ·fletores e forças


cortantes, tem-se:

rjJ w' dx (2.29)


D

2.3.4. ENERGIA POTENCIAL TOTAL (EPT)

Tem-se:

(2. 3 o)

Com as expressões (2.14), (2.18), (2.22) e (2.29), EPT


pode ser colocada na forma:

EPT
=Ie F (v0 , ' v"D ' WD' WD' w"D
VD' I
</>, </>I' </>")dx

1 p
-2: (Pyi VDi + p
zi WDi +
2 yi
e
yi </>~1 +
1 p
2 zi
e
zi
</>~)
1

(2.31)
-85-

F
1
v"D
2
+ EI y
,2 + EJw r:/>"2 + GJt r:/> 12
2 { EI z WD

- 2 (py VD + Pz WD) - (py e y + Pz e z ) q}

+ N [·2
lD
r:/> r2 + 2 (yD w' -
D ZD v')r:/>'
D
+ VD
r2
+ W02]

+ 2 [M z (Ky - y ) + M (K - ZD)] r:f> ,2


D y z

B
- 2
[Mz
wl
D
- My vó]r:l>' +-
Jw
uw r:/> r 2

- 2 (M' w' - M' v') r:f> (2.32)


z D y D

2.4.DEOUÇÃO DAS EQUAÇÕES REGENTES

Aplicando-se as equações de EULER do cálculo variacional


[6] 1 obtêm-se as equações regentes da flexão geral e flexo-torção
em teoria de 2a. ordem.
Na posição de equilíbrio, a energia potencial total
passa por um extremo [1] . O extremo do funcional (2. 31) será
obtido quando a posição for definida pelas funções v (x), w (x) e
0 0
r:f>(x) dadas pela solução do sistema de equações diferenciais:

( ~)"=
ôF ÔF )
1

+
av
0
- ovo
(~ ÔV"
D
Q

ôF
ÔWD
_ (a"óViT
F J +
1
(~)
ôw"
"= 0 (2. 33)
D D

ôF _
ar:~>
(8F
w ) + (8F
w) r
11

Para substituição em (2.33) sejam então preparadas:

ôF
av;;- - p
y
. (2 .34a)

_ (~) r= [N ( zD r:/> r _ V r ) ] r _ (M r:J>) 11 (2 .34b)


av D y
0
-86-

(aF ) "= ,,
EI V (2. 34c)
ãv0 z D

8F
-P (2 .35a)
ãw0 z

- 8F ) ' = -[N(y ~· + w')] '+ (M ~)" (2. 35b)


(:;:-::-;-
ow D D z
0

aF ) , = w"fl
(õW!!
D
EI
y D
(2.35c)

(2.36a)

(2.36b)

cpflll (2. 36c)

Considerando-se, ainda, a igualdade:

(M w')' -
zD
(M v')'-
yD
(M'w' - M'vi)
zD yD
= M w" - M V"
zD yD
(2.37)

de (2.33) chega-se, finalmente, às equações procuradas:


.-87-

Eiv'"'-
z D
[N(v'-z
D D
</>')]'- (My </>)"-py =O

EI w""-
y D
[N(w' +y
D D
rp')]' + (M
z
rp)"- p
z
O

(2.38)
EJ w r/J""- GJt r/J" - 2M
z (K
y
- y ) +
0

+2M
y
(K
z
- z ) + B
0 Jw
U ]rp•}'-
w
(N w')
D
'y
D
+ (N v') 'z
D D

Observe-se, inicialmente, que o sistema (2.38), no caso


particular de N, My e Mz constantes e B dos considerado, recai no
sistema (1. 24) .
Corno no sistema (2.38) os coeficientes das equações não
são constantes, não se pode mais visualizar a solução geral do
modo delineado no item 1.4.
É de se esperar, também, maior dificuldade na solução.
Corno será visto nos exercícios de aplicação, tem que se recorrer a
processos aproximados mesmo para os casos mais simples. Neste
sentido, o processo de RITZ [l] será de grande utilidade.
Permanecem válidas as observações do primeiro capítulo
sobre a classificação em problemas de la. e de 2a. espécies. Urna
discussão sobre a influência do bimomento será deixada para o
próximo capítulo.

2.5. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

2.5.1. PRIMEIRO EXERCÍCIO

Seja calcular o valor crítico da força P aplicada, sem


excentricidade em relação ao centro de torção, no meio do vão, na
viga de secção retangular da fig. 2.8. A viga é apoiada por garfos
nas extremidades.
-88-

p
p

X .•
-Hi=-..,._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - - - - - - _
z
_,_,._-N···-oo =-o

.Lt::.... /):en ~ y
Yr

J )12 l
'1
it2
1
F I G. 2.8

Para a secção, duplamente simétrica, sem propriedades


setoriais, tem-se:

K
y
K
z
o (1)

J
úJ
o

Para o carregamento e a vinculação indicados, tem-se:

Py Pz o

N - o
M
y - o
p t
M
z = 2
X no trecho o s X s
2

Então, o sistema (2.38) se reduz a:

EI
z v""
D = o
EI y w"" + (M <:/>)"
z
= o ( 3)

GJt rP" - M
z w"D = o
-89-

A la . equação de ( 3) é desacoplada das outras duas e f

intergradaf fornece a elástica de flexão no plano xyf v (x)f não


0
informando sobre a estabilidade desta configuração. Para posterior
menção, tem-se:

Pt 3
max v 48EI
(4)
0 z

Para resolver o sistema constituído pelas demais


equações de (3) f considere-se a integração preliminar da 2a.

EI y w"D 1 + (Mz cp) 1 = a 1 ( 5)

Integrando novamente:

EI y w"D + Mz cp (6)

Das expressões dos esforços de 2a. ordem:

(MY) 2 a. -EI y w"D


( 7)

-EI y 111
W
D

podem ser derivadas as condições de contorno, respectivamente:

w" (O) O
D
(8)
w 1
(O) = O
0
Considerando-se/ ainda:

M
z
(O) o (9)

e mais um condição de contorno:

cp (o) o (lO)

de (5) e (6) vem:

o
(ll)
o
-90-

Então de (6) vem:

M
z
w"D - EI cp {12)
y

Colocando-se a relação (12) na última equação do sistema


(3), obtém-se:

GJ
t
c!>" + o

Substituindo-se Mz por sua expressão e arrumando tem-se

finalmente:

2
4>" + k2 X c!> o (13)

onde:

p2
k2 = (14)
4 EI GJt
y

Antes de se apresentar os di versos processos para a


resolução de (13) convém fazer algumas observações.
A equação diferencial (13) é válida no intervalo

o s x s 2e por causa da expressão de válida apenas neste Mz,


intervalo. As condições de contorno a serem usadas são a condição
(10) e mais:

cp'(t/2) o (15)

Acredita-se que não será suplérflua uma explicação mais


detalhada da condição (15) .
-91-

F I G. 2.9

A fig. 2. 9 indica a posição original da viga


representada, para facilidade de desenho, pelo seu plano médio e a
situação final dos esforços externos (ações e reações) após a
perda de estabilidade lateral.
Para este exemplo tem-se:

Como indicado na fig. 2.9, será:

p
em x o (Mt) 2 a. 2 w
0
(i/2)

p
em X = l (Mt) 2 a. -- w (f./2)
2. D

Portantor a função momento torçor de 2a. ordem será


antimétrica como era de se esperar pela simetria do carregamento e
da vinvulação. Como, em x = i/2, não há salto em (Mt} 2 a., porque P
passa pelo centro de torção, deve-se ter em x = f./2:

(Mt) 2 a. 0

donde a condição (15) .


Logo a explicação de (15) somente como condição de
simetria não é válida pois não perduraria caso P fosse aplicada
com excentricidade em relação ao centro de torção.
-92-

Ainda uma outra observação! a equação diferancial (l3) e


as condições de contorno (lO) e (l5) são homogêneas donde se
conclui que o problema de instabilidade lateral, no caso, é um
problema de la . espécie (problema de auto-valor) com elásticas
w (x) e ~(x) determinadas apenas na sua forma.
0
Finalmente um balanço das condições de contorno.
Observar que o sistema original, 2a. e 3a. equação de (3), exige
6 condições de contorno. Já foram usadas 4: condições (8), (lO) e
( 15) . Achada a elástica ~ (x) , em função de uma constante, que
permanece indeterminada, de (12) pode-se (teoricamente pois o
manuseio prático não é w (x)
compensador) achar a elástica
0
dependente também da constante indeterminada. Seriam usadas na
integração de (12) as condições de contorno remanescentes:

W' (t/2) 0
D

sendo esta última, agora sim, causada pela simetria por ser uma
condição geométrica, ao passo que (15), no exemplo, é uma condição
de esforço.
Isto posto, seja a solução exata de (13) dada [7] pelas
funções de BESSEL de ordem ± 1/4:

(k~2)] (l7)

A condição (10) aplicada à solução (7) fornece:

a
4
= O

Donde!

(l8)

Derivando (18) tem-se:

(19)

(para maior.es detalhes sobre funções de BESSEL ver I além de [7] I

os itens [8] 1 [9] , [10] e também [1] das referências


bibliográficas) .
-93-

As condições (15) aplicada à expressão (19) fornece:

o ( 20)

A constante a não pode ser nula porque de (18)


3
ter-se-ia a solução trivial ~ = O. Então em (20) deve-se ter:

J. 3 I 4
.(k8e2) = o (21)

De uma tabela de zeros de funções de BESSEL [10]


tira-se a menor raiz de (21) :

2
ke
-8- 1, 0585

Donde, de (14) obtém-se a expressão do valor crítico de


P:

p 16,94 (22)
cr

2.5.2. SEGUNDO EXERCÍCIO

Para comparação com o resultado (22) do exercício


anterior, achar uma aproximação para Pc r pelo processo de RITZ.
Considere-se a expressão de EPT, (2.31), para este caso
particular:

e
EPT
1
2 I (EI w"
yD
2
+ GJ ~r
t
2
- 2M W
zD
r~ r - 2M r~
z
W r )
D
dx
o
e
1
(EI z v"D2 dx
-Pv
D
(l/2) + 2
Io (1)

Adotam-se elásticas aproximadas para v , w e ~'


0 0
satisfazendo as condições de vinculação necessariamente e as
condições de esforços facultativamente. Como estas elásticas
dependem de um número finito de parâmetros, transforma-se o
funcional EPT em uma função destes parâmetros. O processo
prossegue com a procura do extremo desta função, o.que conduz ou a
-94-

uma equação determinante do valor crítico (problemas de la .


espécie) ou à determinação dos parâmetros definidores das
elásticas (problemas de 2a. espécie).
Como foi visto no lo. exercício, a função v é definida
0
por uma equação desacoplada, independentemente de w e ~- Como o
0
processo de RITZ não pode alterar a natureza do problema, os
termos de (1) em v e derivadas podem ser tratados como constantes
0
independentes dos parâmetros definidores de w0 e ~- Portanto estes
termos não precisam ser considerados.
Sejam adotados, então, as elásticas:

7rX
WD = a sen r
( 2)
7rX
~ b sen r
satisfazendo as condições obrigatórias:

w (O) O
0
cp (O) O

WD {l/2) 0

Por simetria, em {1) consideram-se as integrais desde O


até t/2, dobrando-se os resultados. Tem-se então:

EPT

ou:

EPT (3)

Para se ter o extremo de EPT deve-se fazer:

a (EPT) o
aa
(4)

a (EPT) o
ab
-95-

Utilizando-se a expressão (3) no sistema (4), obtém-se:

EI
48,704 ___
Y a - 0,86685 Pb o
e3
(5)
GJt
- 0,86685 Pa + 4,9348 --e- b o

No sistema (5), para se ter solução não trivial (a e b


nulos) deve-se anular o determinante dos coeficientes o que conduz
à equação:

EIY GJt 2
240,34 - (0,86685 P) O
e4
donde se obtém uma aproximação para o valor crítico:

p l7,88 (6)
cr

A comparação com (22) do lo. exercício mostra que o


processo aproximado, no caso, apresenta um desvio de 5,5%.
Uma transformação na expressão (l) da energia potencial
permitirá usar a relação (l2) do lo. exercício, melhorando a
precisão do resultado como será visto a seguir.
Seja (l) reescrita, novamente sem os termos em v e
0
derivadas conforme já foi explicado, como:
t/2

EPT 2 ; f [EIY w0
2
+ GJt ~~ 2 - 2w0 (Mz~' + M~~)]dx (7)
o

Considere-se de (7) a integral:

t/2 t/2

I -2 f WD (M
z
~~ + M'~)dx
z -2 f WD (M~)'dx
z
o o

realizada por partes:

t/2 t/2
I -2 Jw0 Mz~J
0 + 2 f Mz~ w0 dx ( 8)

Sendo nulo o lo. termo de (8), de (7) vem então:


-96-

t/2
2
~~
2
EPT J [EIY w 0 + GJt - 2Mz~ w0)dx (9)
o
A relação entre w ~~
0e expressão (12) do lo. exercício,
utilizada em (9), conduz a:
l/2
EPT
J (GJt (lO)
o
Com a expressão (10) torna-se possível utilizar o
processo de RITZ, adotando-se apenas a elástica para ~(x). Com a
utilização da 2a. expressão de {2) tem-se, então, de (10):

GJt 2 p2 R-3 2
EPT = 2,4674 --l- b - 0,0083746 ~ b
y
Fazendo:

obtém-se a nova aproximação para P


cr

p 17,16 ( 11)
cr

com apenas 1,3% de desvio em relação ao resultado exato.


o desvio é por excesso o que constitui uma
característica do processo de RITZ da maneira como foi aqui
formulado.
o processo de RITZ tem o inconveniente da realização das
integrais que devem ser efetuadas em cada caso particular. A
escolha das funções aproximadoras também deve ser feita de tal
modo que, obedecendo todas as condições de contorno, sejam, àinda,
suficientemente simples para não tirarem o atrativo do processo
aproximado.
O assim chamado método dos elementos finitos, em uma de
suas possíveis formulações, contorna esses inconvenientes ao
adotar elásticas aproximadas válidas apenas em pequenos trechos
(elementos) da viga, permitindo assim a automatização do processo
de RITZ. Para maiores detalhes, ver item [5] das referências
bibliográficas. No exemplo deste exercício, a divisão mais
grosseira possível (2 elementos) conduziu a um desvio menor que
1 9-
0 •
-97-

2.5.3. TERCEIRO EXERCÍCIO

Ainda para o caso considerado no lo . exercício, serão


vistos alguns métodos numéricos para a resolução direta da equação
( 13) .
Seja, inicialmente, o método de integração por séries de
potências. Adota-se como solução:

( l)

Donde:

00

cpt n- 1
I na
n X (2)
n=O

00

n(n-l)a x n- 2
c/JII
I n
( 3)
n=O

Colocando-se (1) e (3) na equação diferencial, tem-se:

00

\ n- 2 n+2
L n(n-l)anx X o (4)
n=O

Para ( 4) ser verdadeira devem ser anulados os


coeficientes de cada uma das potências de x. Além disto, são
usadas as condições de contorno.

cjJ (o) = o
( 5)
cpt (l/2) o

A la. condição de (5) aplicada em (l) impõe:

a
o
= O ·

Truncando (1) em n 9. a identidade (4) escrita


explicitamente é:
-98-

Anulando-se os coeficientes, tem-se:

a2 = o
a3 o
a4 o
k2
a5 -20 al

a6 o
a7 o
as o
k4
ag 1440
a1

Com a aplicação da 2a. condição (5), obtém-se a equação:

+ 1 o (6)

Tomando-se a menor raiz de (6), tem-se a seguinte


aproximação para o valor crítico de P:

p 16,98
cr

com desvio de 0 24% em relação ao valor exato.


1

OBSERVAÇÃO: se a série fosse truncada em n 8r o desvio


aumentaria para 5,5%.
Seja, a seguir, aplicado o processo das diferenças
finitas que, como poderá ser observador tem a vantagem de ser
facilmente automatizado para uso em computadores.
Sem preocupação de maiores detalhes o processo
1

consiste1 basicamente/ em se escrever a equação diferencial/


válida para todos os pontos do domínio, somente para alguns pontos
-99-

i pertencentes ao referido domínio. Em vez da função cf> (x) são


considerados valores ~; da função nestes pontos, usando-se
expressões aproximadas para as derivadas.
Sejam, conforme indicados na fig. 2.10, 3 pontos
consecutivos. Para a la. e a 2a. derivadas respectivamente, serão
usadas as expressões (diferenças centrais por 3 pontos [11])

{7}
1>; + 1 - 2 1>i + 1>; . 1
1> 1~I
h2

J J f

41-1 41 t-+1

l
'I
h
1
l h

FIG. 2.10

Para o caso em estudo, no domínio Osxst/2 serão adotados


4 pontos como indicados na fig. 2.11, onde foi tomado:

t ( 8)
h
6

A condição no garfo é:

o ( 9)

As expressões (7} permitem escrever a equação


diferencial para os pontos 2 e 3, utilizando-se as incógnitas 1> 2 ,
ct>e ct> . A utilização da condição ct>.;. = o permitirá escrever a
3 4
equação também para o ponto 4 sem acréscimo de mais uma incógnita.
-100-

r
_____...___
1 2 3 4 5

F I G. 2.11

De fato, sendo:

~I
4
= o

vem:

{10)

Tem-se ainda:

l (11)
~ = 3

Seja a equação diferencial escrita, utilizando-se as


diferenças (7) e mais as condições (9) e (10) :

para o ponto 2: o
-101-

para o ponto 3: o

para o ponto 4: o

Ordenando-se·, obtém-se o sistema:

k2 t4 - )
( 1296 2 cj:J2 o

o (12)

Para soluções não triviais, o determinante dos


coeficientes do sistema (12) deve ser anulado:

Resolvendo esta equação, obtém-se como menor raíz:

Deste resultado se tira a aproximação para o valor


crítico:

p = 16,05
cr

com 5,3% de desvio em relação ao resulatdo exato.


O processo [11] de RUNGE-KUTTA também será usado para a
resolução da equação diferencial (13} do lo. exercício. Para maior
facilidade de manuseio, seja efetuada a mudança da variável
independente:
-102-

X
t
7 (13)

A equação diferencial se transforma em:

(14)

válida no intervalo o~t~O,S e obedecendo as condições de contorno:

if>(t=O) = O
(15)
dif>)
(Clt - o
t=O.S -

o processo de RUNGE-KUTTA obtém a solução de maneira


direta para problemas de valor inicial nos quais as duas condições
de contorno são conhecidas no mesmo ponto. Para problemas de valor
de contorno [12] , nos quais as condições de contorno são dadas
para pontos distintos, há necessidade de se resolver
preliminarmente dois problemas de valor incial, com vaiores
arbitrariamente escolhidos de uma das condições iniciais e, a
seguir r efetuar a sua conveniente superposição para obtenção da
solução final.
No caso da equação (14) se trata de um problema de auto-
valor. O processo de RUNGE-KUTTA pode ser usado r sem maiores
dificuldades, pela linearidade da equação diferencial.
O procedimento consiste em se resolver a equação
diferencial (14) usando a la. condição (15) e mais uma condição
inicial arbitrária, por exemplo:

dif>)
( dt - l
t=O -

Assume-se um valor qualquer do parámetro e

aplica-se q método para se achar ~~ em t=0,5. O valor correto do

parâmetro é aquele para o qual a 2a. condição (15) é obedecida.


Trata-se, portanto, de um processo análogo ao de achar a raíz de
uma equação algébrica por tentativas.
No exemplor efetuando-se a divisão do domínio em lO
passos, obteve-se:
-103-

(~~)t=O.S 1,42 10- 2 pca.ra k.t2 = 8,4

(~~) t= o. 5 -2,76 10" 2


= para k.t2 8,6

Portanto, o valor correto encontra-se neste intervalo,

donde o valor crítico estará entre 16,8 e 17,4 Pode-se

obter o refinamento desejado, continuando o processo e, se


necessário, efetuando-se um maior número de passos na integração.

2.5.4. QUARTO EXERCÍCIO

Quer se calcular o valor crítico da força P aplicada na


borda superior da viga indicada na fig. 2.12. Pede-se também
achar, na iminência da perda de estabilidade, a flecha máxima e a
tensão normal máxima para a flexão no plano vertical. Corno dados
do material serão adotados:

2
E 21000 kN/crn
2
G = 8000 kN/crn

p
6cm 1r 6cm

)(
-111-~11»----------------
1
iTr
l
I
/?"7'T7T7 y i
y I E

*p
2m
! 2m
1
l I
I
1
I
N
c;)

.....

aplicado no plano vertical ...z--lõll CG := _D_--.11'-


de simetria de secção
'I
l
I
l
espessura constante: 0,8cm I
___ lliI __ _

FIG. 2.12
l
1
12 em
-104-

Com os dados calculam-se as características geométricas


da secção:

4
Jt 8/192 em

4
I
y
230,4 em

4
I 3686 em
z
6
J = 33178 em
úJ

Seja o sistema de equações (2.38) para o caso em estudo:

EI
z v""
D
o

EI y w""
D + (Mz cp)" = o ( 1)

EJ úJ 4>1111 - GJt cp" + M w"


z D = o

A la. equação é desacoplada e traduz matematicamente a


flexão no plano xy, com os resultados bastante conhecidos:

p
M
z 2 X em o s X s t/2 (2)

3
Pt (3)
max v = VD {l/2)
48EI
0
z

Procedendo-se à integração preliminar da 2a. equação do


sistema (1), duas vezes, obtém-se:

EI yw"o 1 + (Mz cp) ' b1

EI y w"D + Mz cp

Sendo:

W" ( 0) 0
D

cp (O) O

vem:
b
2
= o

Sendo ainda:
-105-

w"
D
1
(o) o
M
z
(O) o

tem-se, também:
bl = o

Então, pode-se fazer:

M
z
w" - EI cf> (4)
D
y

Colocando-se (4) na última equação do sistema (1),


utilizando-se (2) e arrumando, tem-se:

GJt p2
q;urr _ X
2
cj> = 0 (5)
EJ cf>tr - 4EJ EI
w w y

A resolução direta de {5) é trabalhosa. Vai se utilizar,


então, o processo de RITZ para se obter uma aproximação do valor
crítico procurado. Seja a expressão (2.30) da energia potencial
total da qual já estão sendo descartados os termos r em v e
0
derivadas pois não terão influência na instabilidade lateral:

l/2
EPT I (EIY w0
2
+ EJw cf>"
2
+ GJt cp
12

( 6)

onde e é a excentricidade do ponto de aplicção da força conforme


indicado na fig. 2.12 e de acordo com convenção da fig. 2.3.
Para facilitar os cálculos, como já foi efetuado no 2o.
exercício, sejam consideradas de (6) as parcelas contendo M
z e M':
z
l/2 l/2
I -2 I WD (M cf>
z
I + M I c/>) dx
z -2 I WD (M c/>)
z
'dx (7)
o o
Realizando-se a integração de (7) por partes, vem:
-106-

l/2 l/2
I -21w'D Mz cp
~
o
+ 2 Jo M
z
cp w"D dx ( 8)

Com as condições de contorno:

cp (o) = o

WD (l/2) = 0

a integral (8) fica reduzida a:

l/2
I = 2 J Mzcp w"
D
dx
o
Então (6) pode ser escrita como:

l/2
2
EPT
Jo (EI w"
y D w
2
+ EJ cp" · + GJ cp'
t
2

1
+ 2M
z
cp w") dx - - Pe
D 2
q,2 (lI 2) (9)

Sejam adotadas as elásticas:

w0 = a sen r
7fX

(10)
= b sen 1rx
r
satisfazendo as condições obrigatórias:

w ( 0) = 0
0

w'D (l/2) = O
(11)
cp (O) = O

cp' (l/2) = o

Esta última é uma condição obrigatória, neste exemplo,


por constituir um a condição geométrica: empenamento nulo no meio
do vão, por simetria, independentemente de ser a força aplicada
com ou sem excentricidade.
-107-
Deve ser observado, também, que as condições (11)
referem-se, apenas, ao trecho Osxsl/2. Por simetria, está sendo
considerada apenas metade da viga. Portanto, as condições de
contorno têm que ser obedecidas no domínio considerado; as
elásticas adotadas, entretanto, obedecem também as condições de
contorno em x=l, como pode ser observado.
Sejam, então, realizadas as integrações indicadas em
( 9) •

l/2
2
Io EI w" dx
y D

t/2
I GJt <P ,2 dx
7r
4-e-
2 GJt
b2
o
e;z 2
4+71"
Io 2M
z
<f; w"D dx = - 1 6 Pab

Sendo, ainda:

l <P2 (e/2) l 2
- 2 Pe - 2 Pe b

Colocando-se estes resultados em (9) e procurando o


extremo de EPT, derivando-se sua expressão em relação aos
parâmetros a e b, respectivamente, obtém-se o sistema de equações:

4 EI 2
7r y 4+71"
2 a Pb o
7 16
(l2)
2 4 EJ 2 GJt
4+71" 7r
16
Pa + . (-
7r - -
2 3
úJ +
2 -e- - Pe)b o
e

Para soluções não triviais nos parâmetros a e b,


anula-se o determinante dos coeficientes obtendo-se, após
desenvolver a arrumar, a equação na força P:
-108-

2
EI
2 + 64,816 ___ EIY ( 1r EJw )
P Y e P + 319,85 --- + GJt o (13)
l3 l4 l2

Para os dados numéricos e fazendo:


e 12,4cm
a equação (13) fornece as raízes 56,23kN e -116,9kN,
respectivamente.
Antes de discutir estes resultados, eles serão
melhorados com a utilização da informação, fornecida pelas
equações diferenciais sobre a relação entre as funções w0 e <j),
espressão (4) .
Deve ser observado que, no cálculo efetuado, a relação ·
entre w e <P é dada, utilizando-se as elásticas (10) por:
11

Utilizando-se a la. equação do sistema (12) obtém-se:

w"D
(14)
~

A relação exata, dada por (4) é:

w"D Px (15)
~ - 2EI
y

comparação da expressão (14) com a expressão exata


A
(15) mostra que esta varia de O (para x=O) até O, 25Pt/EI y (para

X=l/2) ao passo que a aproximada é constante e igual a


0,176Pl/EI y . Por isto a utilização da relação extá deve conduzir a
resultados melhores.
Seja então a expressão ( 4) introduzida em ( 9) 1

obtendo-se após rearranjo dos termos:

t/2
EPT = J (EJw <j)"2+ GJt<j)'2- ( 16)
0
-109-

Adota-se, agora, somente a elástica ~(x) dada por (10).


Efetuam-se as integrações em (16), e se faz:

dEPT
db o

Cancelando-se o parâmetro b e rearranjando termos,


obtém-se a equação determinante do valor crítico:

EI EI 1/EJ
2 w + GJt J
p + 59,704 ---y eP - 294,63 --4-y ( o (17)
3e e e2
pouco diferente da equação (13) anteriormente obtida.
Com os dados numéricos, obtém-se as raízes:.

pl 54,63kN

p2 -110,6 kN

Portanto, uma aproximação para o valor crítico procurado


é:

P 54,63kN
cr

Cabem algumas observações antes de se passar à segunda


parte do exercício.
Inicialmente observe-se que a raíz negativa P significa
2
força P aplicada na borda superior e orientada para cima (sentido
contrário ao indicado na fig. 2.12). Observando-se o produto eP na
equação (17) , pode-se também interpretar o valor numérico 110,6
como o valor crítico de uma força com o sentido para baixo
(positiva) aplicada na borda inferior (e=12,4cm).
Isto mostra que a excentricidade influi acentuadamente
na instabilidade: o valor crítico varia de 110,6kN (P aplicada na
borda inferior) . até 54, 6kN (aplicada na borda superior) . Para
completar o quadro: fazendo-se e=O em (17), obtém-se Pcr=±77,73kN.

Outra observação refere-se ao fato, já mencionado, que o


processo de RITZ, como foi formulado, fornece sempre resultados
maiores que o exatos; por este motivo os resultados mais refinados
obtidos por (17) são menores que aqueles obtidos por (13).
Para comparação, a integração por séries de potências
[3] da equação diferencial (5) forneceu os resultados:
-110-

P
2
= 110kN

Completando-se o exercício, a máxima tensão normal e a


flecha máxima pedidas são dadas pelas conhecidas expressões da
Resistência dos Materiais:

M
z 54,63 400 2
max (J
I Ymax
12 4 18,38kN/cm
z 4 3686 •
3
max v 54,63 400
0 48 2lOOO 3686 ~ 0 ' 94 lcm

para P aplicada como na fig. 2.12.

2.5.5. QUINTO EXERCÍCIO

Achar o valor crítico da força P para o caso indicado na


fig. 2.13.

P apliccda em O, contida no pleno xy

~/1------------------lp
,_
.P

~ 1 z
-';11----liio>- - - - - - - - - - - - - - - - ---t-- ..___.H ··cG=o
;

' 1 y
y

t l
1

FIG.2.13

Com as mesmas simplificações do lo. exercício, as


equações (2.38) ficam reduzidas a:

EI z vu"
D
= O

EI y wu"
D
+ (M z ~)" = 0 (1}

GJ
t
~TI - MW
z D
11
o

sendo Mz dado por:


-111-

-P(t-x) para Os x s t ( 2)

Integrando-se, duas vezes, a 2a. equação do sistema (1),


obtêm-se, consecutivamente:

EI w"' + (M rj:;) =a (3)


y D z 1

EI w" + M rj:; ( 4)
y D z

Sendo:

w" (O)
D
o

rj:; (o) o

vem a2 = o.
De:

w" (t)
D
o
M
z
(l) o

tem-se aJ = o.
Então, de ( 4) :

M
z
w" - rj:; ( 5)
D E1
y

Colocando-se (2) e (5) na 3a. equação de (1), obtém-se:

o ( 6)

Para facilidade de manuseio, faz-se a mudança da


variável independente.

t = t - X

De (6), obtém-se, então:

2
d '+'A, + k 2 t 2 rj:;
o (7)
dt 2
-112-

(8)

A solução de (7) é dada [9] por:

(9)

Tem-se:

2 2
drp = kt 3 I 2 [AJ (lO)
dt . 3/4 ( --2-) + BJ3/4
kt (kt
--2- )]

Da condição:

tira-se A= O.
Da condição:

q; (t=t) = o

tira-se:

,r;_-' B J-1/4 (k~2J =O (11)

A menor raíz de (11) é dada [10] por:

2,006

Donde, por (8):

p 4,013 (12)
cr

é o valor crítico da instabilidade lateral.


É interessante a comparação deste reaul tado com aquele
do 3o. exemplo do lo. Capítulo. Esta comparação está apresentada
esquematicamente na fig. 2.14 onde são mostrados os diagramas do
momento fletor M no plano xy, para os dois casos.
z
-113-

ol 3!! exemplo do l.E. capítulo

~
~r---------------------------------~
~ X
~
- ) Mcc • 1,571

;-· e

~
I
./

bl coso em estudo
~

~
/
X
(per e,. 4,013 VEiy GJ"t
/
/ e
/
~ p
y
4,013
VEiy GJt

diagramo de Mz

F I G. 2.14

Como em a) Mz é constante e em b) somente a secção de

engastamento está submetida ao momento máximo, não é difícil


concluir, intuitivamente, que este máximo deve ser maior que o
momento constante.
Comparações semelhantes podem ser feitas para outros
problemas. Deve-se ter cautela, entretanto, para esclarecer quais
parâmetros estão sendo fixados na comparação. Algo semelhante
ocorre na comparação de flechas produzidas por carregamentos
distintos.
Uma outra observação bastante ilústrativa que pode ser
feita ao se comparar um problema com o outro, diz respeito aos
-114-
esforços de 2a. ordem (V ) e (M ) .
z 2 a. y 2 a.
No exemplo do lo. capítulo, tem-se:

(13)

Donde, pode-se tirar a expressão do momento fletor de


2a. ordem no plano xz:

(14)

Analogamente, para a componente cortante de 2a . ordem


contida no plano xz tem-se:

3
(V )
z 2a .
= -EI
y
w"' = aEI
O Y
tr
t3
sen •
1TX
2 <- (15)
8

Ainda para o 3o. exemplo do lo. Capítulo, tem-se:

- ~
GJt
a(l - cos trx)
2l
(16)

Donde vem a expressão para o momento torçor de 2a.


ordem:

1T /TX
a
(Mt) 2 a . = (Ml) 2 a • = GJt r:/J' -M
u sen
u (17)

As expressões de (13) a (17) permitem deduzir as


relações seguintes:

(Vz)2a. o em x o

(Vz)2a. -M rp' (l) em x = l

(M ) 2
Y a. = M r:p (t) em x = o

(M ) 2
Y a.
o em x l

(Mt) 2 a • o em x = o

(Mt) 2 a . = -M w
0 {t) em x t

Antes de se efetuar a comparação com os esforços de 2a.


ordem do presente exercício 1 fica a recomendação ao leitor
-115-
interessado de verificar estas relações ac~ma com base somente na
análise do equilíbrio na posição deformada.
Sejam, agora os esforços solicitantes para o caso aqui
tratado. Para a cortante de 2a. ordem no plano xz, tem-se,
analisando-se a expressão (3) :

(Vz) 2 a . -Pf. 4>' (O) em x o

(Vz ) 2 a • o em x

Já nas condições de contorno da integração preliminar,


tinha-se:

em x O

(M )
y 2a .
= O em x = f.

A análise do equilíbrio na posição deformada permite


escrever:

(Mt ) 2 a . p w
0
(f.) em x = o

(Mt) 2 a . o em x f.

2.5.6. SEXTO EXERCÍCIO

Quer se verificar, neste exercício, que influência pode


ter na instabilidade lateral o fato de ser fixo ou móvel um
engastamento. Para tanto, considere-se a viga da fig. 2.15 com a
carga P aplicada na borda superiDr da secção, na extremidade livre
conforme indicado.
Os dados po perfil I são:

4
I
y
158cm

4
Jt 15,5cm

J úJ 14700cm6
-116-

al engostomento móvel

E
o
!?..
9

bl engastamento fixo

FIG. 2.15

Para o material serão usadas as características


elásticas:

2
E 21000kN/cm
2
G 8000kN/cm

Na aplicação da carga, tem-se:

e 10,15cm
y

Para os dois casos, as equações {2.38) se reduzem a:

EI
z
v""
D
o
EI y wr'"
o + (Mz </J)" = o (1)

EJ w !/>"" - GJt r/J" + Mz w"o = o

onde:

M -P (t-x) (2)
z

A . integração da la. equação do sistema (1} leva aos


resultados conhecidíssimos na Resistência dos Materiais para a
-117-

flexão no plano xy e não toma conhecimento da diferença entre os


engastamentos. As condições de contorno, nos dois casos, são:

VD (o) o

v'
D
(O) = o
( 3)
(O)
Pt
V"
o EI
z
p
v"' (O) -EI
D
z

Integrando-se duas vezes a 2a . equação do sistema,


obtém-se:

EI y W"O + Mz ~ = a 1 x + a 2 (4)

As constantes de integração em (4) são nulas porque se


tem:

w" (O)
D
= o

~ (O) o

w" (e)
D
o

M
z
(e) = o

De (4) 1 vem então:

M
z
w"D - (5)
EI y <P

Colocando-se (5) na 3a. equação do sistema (1) f

obtém-se, utilizando-se (2) :

GJt p2 2
r/Jillf -
EJ <P" - EJ EI U,-x) <P o (6)
w w y

As condições de contorno comuns aos dois casos são:

<j) (O) O

<j)"(t) o (7)

Pe <j)(t)
y
-118-
No engastamento móvel, tem-se:

1;"(0} =o ( 8}

No engastamento fixo, tem-se:

cp'(O} =O (9)

Será utilizado o método [11] de RUNGE-KUTTA de 4a . ordem


para a integração da equação diferencial (6) . Para esta finalidade
se faz:

1;"'= cpl

cp" cp2
(~O)
cp' = cp3
cp = cp4

Utilizando-se os dados numéricos em (6) r esta equação


pode ser substituída, por meio das relações (10}, pelo sistema:

cp'1 4,0168.10 -4 cp2 + 1,5621.10 -10 p 2( 1 - 400 x) 2


cp4

1;'2 cpl
(11)
cp'3

cp'
4

Para o caso a) engastamento móvel, as condições de


contorno (7} e (8) podem ser escritas como:

(12)

p
R (.e.) = cpl (.e.) - 4 I o16 8 . 1 o-4 cp3 (l) + 5 cp 4 (.e.) = o
294.10
Se fosse um problema de· valor inicial as funções rP;
seriam conhecidas em x=O e seria possível achar cp.1 em qualquer x.

Se fosse um problema de valor de contorno com P


conhecida, far-se-ia o problema recair em 2 problemas de valor
inicial.
-119-

No primeiro problema seriam utilizadas as condições


iniciais:

Condições reais r· (O)


o

r,
rp2 (o) o
(13)
1
(O)
Condições adotadas
rp3 (o) o

A integração levaria a resultados/ respectivamente/


(/) (t) e R (t) .
2
No segundo problema seriam utilizadas as condições
iniciais:

rp4 (o) o
Condições reais
{ rp2 (o) o
(14)
rpl (O) o
Condições adotadas
{ rp3 (o) 1

com os resultados/ respectivamente/ ~ (t) e ~(t).


2
A linearidade da equação diferencial permitiria superpor
os resultados/ escrevendo-se as condições em x = l como:

(/)2 (e) rf>l ( 0 ) + ~2 u) rf>3 ( 0 ) o


(15)
R ( t) rt> (o) + ~ U) rp (o) o
1 3

A resolução do sistema (15) permitiria achar os


verdadeiros valores de rt> (O) e rp (O) e os resultados dos dois
1 3
problemas seriam convenientemente superpostos para a obtenção dos
resultados finais.
Como se trata de um problema de auto-valor r sendo P
desconhecido/ os dois problemas de valor inicial somente podem ser
resolvidos/ assumindo-se um valor para P.
O sistema (15) somente terá solução diferente da trivial
quando o valor de P for o valor crítico.
Então a condição para se determinar o valor crítico de P
-120-

será:

(/)2 (e l "$2 (e l
o ( 16)
R (e) ~ (e)

Sendo o valor do determinante (16) função do valor P


assumido, pode- se proceder como na resolução de equações
algébricas.
Utilizando- se 5 passos na integração pelo processo de
RUNGE-KUTTA, obteve-se:

P 13,69kN
cr

O processo dos elementos finitos [5] com divisão em 4


segmentos e adotando- se parábolas cúbicas para w e cp em cada
0
forneceu o resultado:

P
cr
= 13,80kN

Para o caso b) engastamento fixo, o sistema (11)


permanece o mesmo e a 2a . condição (12) será substituída por
cp (O) = O, permanecendo as demais inalteradas.
3
Com o mesmo número de passos, obteve-se:

P 17;ookN
cr

sendo que o método dos elementos finitos, com as especificações


mencionadas, forneceu:

P
cr
= 17,15kN

Observe-se que o engastamento fixo, tornando a secção


engastada menos deformável, conduz a uma carga crítica mais
elevada, o que significa que contribui para a estabilidade.
Observe-se, também, que o método dos elementos finitos,
formulado como o processo de RITZ, fornece aproximações com
valores superiores aos corretos.
Fazendo-se e y O neste último caso, obteve-se o

resultado:

P 21,29kN
cr
-121-

mostrando, mais uma vez, a influência da excentricidade.


A integração por série [3] forneceu para este último
resultado a aproximação:

P 21,00kN
cr

2.5.7. SÉTIMO EXERCÍCIO

Seja desenvolver uma expressão para o valor crítico da


carga q uniformemente distribuída ao longo do comprimento l de
uma viga simplesmente apoiada por garfos nas extremidades, com
secção duplamente simétrica, como indicado na fig. 2.16.

~L-'~~_____J[_t--L.._*_li...____Lt_...L_f_i.I..____I+_____J_t__Jt_-_-------_-_1~
e

X
----~~-~---- ---- ---- ··---
z

l
I
y
l 1
FJG. 2.16

As equações (2.38) se reduzem 1 para este caso 1 ao


seguinte sistema:

EI
z
V 10 "
D
- q = O

(1)
EI
y
W10
D
" + (M
z ~)"=O
EJ
w
</J"" - GJt ~~~ + M w" - q e
z D
~ O

onde:

M qx U-x) (2)
z 2

Para saber da instabilidade lateral, integra-se


preliminarmente a 2a. equação de (1), obtendo-se:
-122-

EI y wuD + Mz ~ = a 1 x + a 2 (3)

Anulam-se as constantes de integração com as condições:

W 11 (o) = wu (e) o
D D

~ (O) ~ (e) O

De (3) tira-se, então, a relação: ·

M
z
w"D - EI ~ ( 4)
y

Vai se utilizar o processo de RITZ. Seja então, a


expressão (2.30) da energia potencial total, considerando-se
apenas os termos relacionados com as funções w0 e ~:

e
~I w ~~~
2
EPT (EI w"
y D
2
+ EJ + GJt ~~ 2
o

- qe~ 2 - 2M
z D
w 1 ~~ - 2M 1 W 1
z D
~)dx (5)

Sejam as parcelas de EPT que contêm M e M1 escritas


z z
como:

I (M ~) 1
dx
z

Realizando-se a integração por partes e utilizando-se as


condições de contorno pode-se fazer:

e
Io z w"D ~ dx
I M (6)

Com a utilização da relação (4} na integral (6) e


colocação desta em (5), tem-se após rearranjo dos termos:

e ~~2
EPT 1
2 I (EJ
w
,.~..,2
~
+ GJ
t
~~2 -
~
y
z - qe~2)dx. ( 7)

o
-123-
Seja, então, adotada uma elástica aproximada para ~:

~ = a sen r7TX (8)

satisfazendo as condições obrigatórias:

~(O) = ~{e) = O (9)

Efetuando-se as integrações de (7), obtém-se:

EJW 2 GJt 2
EPT 24,3523 --- a + 2,46740 --
0- a
t3 <-

q2 e5 a2 2
- 0,0030457 ~ - 0,25 qeea
y

Fazendo-se:

dEPT = O
da
chega-se a uma equação do 2o. grau em q com raízes:

(± ;.,74687 ~w
41,0415EI y

y
+ 0,480957
EI y + e
2
- e) (10)

Sejam considerados os dados numéricos da viga do 4o .


exercício, fig. 2.12.
Para e=12,4cm, a expressão (10) fornece as aproximações:

qc r 24, OkN/m

qc r -43,2kN/m

com os mesmos significados de P daquele exercício.


cr
Para e = O, a expressão (10) fornece:

qcr = ± 32,2kN/m

A integração por séries de potência [3] fornece neste


último caso:

q cr = -+ 32,6kN/m

É interessante comparar este resultado com aquele do 4o.


exercício. Distribuir a carga ao longo do comprimento favorece a
-124-

estabilidade. De fato, tem-se:

128,8kN > P 77,73kN


cr

2.5.8. OITAVO EXERCÍCIO

Para a viga da fig. 2.17, pede-se:

a) para p2 O r achar o valor crítico de pl i

b) para pl o achar o valor crítico de


1 p2 i

c) para pl = p2 = P, achar o valor crítico de P.

-H--------------------
X

2m l
i
2m l
DADOS DA SECÇÃO

0,8-t=
P2 aplicada na borda superior
E
P aplicada no centro de torç;ão u
1 <:;t-
N
ambas contidas no plano de simetria)

material: aço

FIG. 2.1.7

Sejam as características geométricas da secção. O CG


está localizado a 8cm de D, no esqueleto. Portanto:

y = -8cm
o
Pela simetria:
-125-

zD = o

Pela ausência de propriedades setoriais:

J
w
= o

o momento de inércia à torção é:

1 3 4
3 0,8 .36 = 6,144cm

Os momentos principais de inércia são:

3
I OI 8 • 12 • 8 2 + 24 12
.0,8 o 8 24 • 4 2
+ I • 1843,2cm
4
z

3
0,8.12 4
I 115,2cm
y 12

Pela simetria, tem-se:

Ky O

Tem-se, ainda:

64 + o + 115,2 +1843,2 132cm


2
36 0,8

+6 + 16
1 2 2
KY 2.1843,2 OI 8 {J(-8) (64+z )dz+Jy(y +0)dy} = 1,75cm
-6 -8

Sejam as equações diferenciais (2.38):

EI z v""
D
+ P v"
1 D
o (1)

D + P 1 (w"D + y D cp") +
EI y w"" (M cp)" =O
z
{
- GJ A, 11 + p i 2 cp 11 - 2 ( K - y ) (M cp I ) I + p y w 11 - M w 1/ o ( 2)
t'~' 1 D y D z 1 D D z D

A equação (1) é sempre desacoplada. Integrada na forma


-126-

em que se encontra leva à expressão da elástica de 2a . ordem,


função de P e P . O valor critico de 2a. espécie de P para a
1 2 1
flexão no plano xy é o já conhecido:

2
1r EI
p z
( 3)
v

Fazendo-se P O, na expressão da elástica, tem-se


2
ainda uma elástica de 2a. ordem, função de P (excêntrica) i o
1
valor critico continua a ser dado por (3).
O momento M de la. ordem pode ser escrito diretamente
z
por considerações de equilíbrio:

M em (4)
z

ou pode ser deduzido a partir da equação (1) não levando em conta


a parcela de 2a. ordem P v
1 0.
Seja agora o caso a): P = O.
2
O sistema (2) se reduz a:

EI y w"" + P w" = O
D 1 D
(5)
[Pi~ - GJt + 2 (Ky - y 0 ) P 1 Yo] c/>" = O

O sistema (5) mais a equação (1) formam o sistema de 3


equações desacopladas.
A solução de (1) já é dada por (3). A la. equação de (5)
representa a flambagem, de la. espécie, por flexão no plano xz,
com valor critico dado por:

p (6)
w

A 2a . equaçã'o de ( 5) representa a flambagem puramente


torcional de la. espécie. De fato, tem-se:

ou cf>" = O ----7 cf>' constante ----7 cf> linear (portanto: 1> - O)

O (com cf> indeterminado)


-127-
Desta última equação sai o valor crítico:

(7)
p~ 2
1o + 2 (KY - Yo ) Yo
.

Com os dados numéricos, de (3), (6) e (7):

P
v
= 2388kN

p 149 kN
w

p~ -2048kN

Portanto o valor crítico é 149kN para P aplicada como


1
indicado (compressão) . Para sentido contrário (P de tração) o
1
valor crítico seria 2048kN. Será interessante que o leitor
verifique, para esta secção, que o centro de torção D está fora do
círculo de estabilidade, para que tenha sido possível achar uma
raíz negativa.
Seja considerado agora o caso b): P
1
o.
O sistema (2) será escrito como:

EI y w""
D
+ (M z ~)"=O
( 8)
-GJt~" (M ~f)
- 2(Ky - y )
0 2 f + M w
2 0 o

A equação (1) já foi estudada. Para P


1
= O, não leva a

nenhum valor crítico.


O sistema (8) representa a instabilidade lateral. Seja a
integração preliminar da la. equação, 2 vezes.

EI w" f + (M ~) f
y D z

EI yw"o + Mz ~

As constantes de integração são nulas conforme se


verifica pela aplicação das condições:
-128-

W 11
D
(O) = o

cp (o) o

wrr' (O)
D
= o

M (O)
z
o

Tem-se, então:

M
wrr z
D - E1 c/J (9)
y

Utilizando-se (9) na 2a. equação de (8), obtém-se, após


ordenar os termos, a seguinte equação diferencial na função cp:

o ( 10)

As condições de contorno são:

cp(O) O

( 11)

A 2a . condição (11) representa a igualdade do momento


torçor total (2o. termo) com o momento de torção livre (lo .
termo) , obtido pela integração da segunda equação de (2) .
Para a utilização do processo de RITZ, considere-se a
expressão (2.30) da energia potencial total, para o caso:

t/2
EPT = 2
1 I [EI wrr2
y D
+ GJt cp ,2 + 2M
z
(K
y
- yD)
o
- 2w' (12)
D

onde:
-129-

e 0,4cm

cpm cp {e/2)

Já foi visto como transformar a última parcela do


integrando de (12) em:

t/2
2 JMz
o

Com a utilização da relação (9) , chega-se finalmente a:

EPT 2Mz (Ky - y D )cp'


2 2
~Jdx
- Mz EI
1
- 2 P2 e cpm2 (13)
y

Seja adotada a elástica aproximada:

(14)

satisfazendo a condição obrigatória:

cp(O) = O

Realizam-se as integraçães indicadas em (13) e se faz:

dEPT
o
~ m

obtendo-se, com os dados numéricos, a seguinte equação em P :


2

p; - 15,2417 p2 - 1368,51 = o
Suas raízes são, respectivamente, 45,4 e -30,1kN.
Portanto, para P dirigida para baixo como indicado na
2
fig. 2.17, o valor crítico será igual a 45,4kN. Se P fosse
2
dirigida para cima seu valor crítico seria igual a 30,1kN.
A diferença entre estes valores críticos pode ser
novamente explicada pelo fato que o maior valor crítico comprime
região de maior área da secção.
-130-

Notar também, que a pequena excentricidade (e=0,4cm) não


contribui para produzir uma menor diferença entre os valores
críticos.
Seja, finalmente, o caso c): P1
A equação ( 1) já foi discutida e conduz a um valor
crítico igual a 2388kN. O sistema (2) fica como está. A procura de
uma relação entre as funções w0 e ~~ que substitua (9), é
possível mas, no caso, poderia tirar o atrativo do método de RITZ,
que tem que se impor por sua simplicidade.
A utilização de RITZ, sem o uso da relação entre as
funções, é possível mais é de se esperar menor preclsao.
À expressão da energia potencial total dada por ( 12) ,
acrescentam-se os termos:

t/2
-Pl J (i~ ~,2 + 2yo wó ~, + wo2)dx
o
Adota-se, além de (14), a elástica:

w0 a sen t7TX

que satisfaz as condições obrigatórias:

w' U/2) O
D

Realizam-se as integrações indicadas na nova expressão


de EPT. Faz-se a seguir:

8EPT
aa o

8EPT o
ar
m

Obtém-se um sistema de 2 equações nos parâmetros a e


~m definidores das elásticas. A anulação do determinante dos
coeficientes deste sistema conduz, com a utilização dos dados
numéricos, à seguinte equação em P:
-131-

P 2 - 6,55728 p - 1331,56 = o

com raízes, respectivamente, 39,9 e -33,4kN.


Portanto, para P2 P dirigida para baixo e P = P de
1
compressão, o valor crítico de P será igual a 39,9kN. É
interessante associar este valor com o valor crítico 45,4 do caso
anterior: houve diminuição do valor crítico porque a região
superior, já comprimida, teve esta compressão aumentada,
prejudicando a estabilidade.
Este valor crítico, 39, 9kN, também pode ser comparado
com o valor crítico do caso a): 149kN. A existência de um
carregamento transversal diminui drasticamente a estabilidade.
Para P2 = P dirigida para cima e P = P de tração, o
1
·valor crítico de P será igual a 33, 4kN. As comparações com os
resultados dos casos a) b) podem ser feitas analogamente às
efetuadas com a outra raíz: notar que a aplicação de uma tração
aumentou o valor crítico transversal de 30,1 para 33,4kN.
Para a raíz positiva do caso c), o método de RUNGE-KUTTA
forneceu o valor crítico entre 40 e 41kN, com apenas 5 passos na
integração do sistema (2) e sem preocupação de procurar estreitar
o intervalo. Fora, utilizadas as condições de contorno:

w (0) = 0
0

w
0 (O) O

rp (O) = O

EI w" r (O) + P w r (O) O


y D 1. D

wr (.t/2) O
D

A resolução da equação (lO) por RUNGE-KUTTA forneceu o


valor crítico entre 45 e 46kN utilizando-se as condições (11) .
Foram utilizados 5 passos na integração.
-132-
2.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Nos exercícios a seguir, quando numéricos 1 devem ser
usadas as características elásticas do aço:
2
E 21000 kN/cm

G 8000 kN/cm2

Em geral, não será especificado se o valor crítico deve


ser achado pela solução exta das equações diferenciais ou pela
utilização de algum método aproximado.

2. 6 .1. Considerem- se as duas secções genéricas de uma barra. A


distância infinitesimal entre elas é igual a dx.
Sejam/ respectivamente:

momento torçor: Mt
Na secção X
{ ângulo de giro: q;

momento torçor: Mt + dMt


Na secção X + dx{ ângulo de giro: q; + dif;

Mostrar que a contribuição do momento torçor, como


considerado neste capítulo, para a energia potencial total é nula.

2. 6. 2. Achar uma expressão em função de E, G, l, t e h, para o


valor crítico (qc r } da carga uniformemente distribuída na viga em
balanço da fig. 2.18.

1 1.

FIG. 2.18
-133-

2.6.3. Achar o valor crítico da carga q, uniformemente distribuída


na borda superior da viga indicada na fig. 2.19.

y y

l
1
4m l
Dados do perfil I :
4
Iy = 158 cm Jw = 14 700 cm6
4
Jt = 15,5 cm

FtG.2.19

2.6.4. Para a viga, da fig. 2.20, simplesmente apoiada por garfos


nas extremidades, pede-se calcular o valor crítico de M nos
seguintes casos:

Ml e M2 aplicados no plano vertical de simetria

1'-

Mt( ~·------------------·------------
)M' ~~ 12cm

---, <-

/77'777 lllcm
'( 'I

l
., 2m
,l
FIG. 2.20
-l34-

a) Ml M2 =M
b) Ml 200kNcm ; M2 =M
c) Ml o ; M2 M

d) Ml O,SM M2 M

e) Ml = -M M2 M

Em cada caso, na iminência da perda de estabilidade,


calcular a máxima ordenada da elástica e a máxima tensão normal da
flexão no plano de aplicação dos momentos.

2.6.5. Para a viga da fig.2.2l, calcular o valor crítico de P. Na


iminência da perda de estabilidade, calcular a máxima ordenada da
elástica e a máxima tensão normal da flexão composta de segunda
ordem no plano vertical. As forças P (horizontal) e 0,3P
(vertical) são aplicadas no plano vertical de simetria.

p
- - + - · - - · - - - - - · - - - - - - - - - - - +...-
0,3P
~-------------------------~--------~
~
"

'I'
l 2,4 m l
1

FIG.2.2l

2.6.6. Para a viga, com vínculos de garfo, da fig. 2.22 pede-se:

a} Para P = O, calcular o valor crítico de F{F c r ) .

b) Para F 0,4F , calcular o valor crítico de P.


cr
-l35-

p verti cal aplicada na borda superior


F axial

~p +p

f~
F
.!.. -------------------
'
/77'77'7 U2cm

1
l 1,5 m
.t 1~5 m
t
F I G. 2.22

2.6.7. Para a viga, com vínculos de garfo, da fig. 2.23, achar a


expressão de P c r em função de E, G, l, a e t.

. p

f~-f+t
~

- ,____ - - - - - - - - · · - - - - - - - f-.

__..,.
p

~~ ,::;$;-;,

t e l
1

FIG.2.23

2. 6. a. A fig. 2. 24 indica uma viga suspensa por cabos em suas


extremidades. Calcular o máximo comprimento que a viga pode ter
considerando, além da instabilidade lateral, os seguintes limites
para a flexão no plano de suspensão.

2
máxima a 24kN/cm
máxima flecha l/600

Admitir o valor O, 08N/cm3 para o peso específico do


material.
-136-
2.6.9. Repetir o exercício anterior para uma viga com a secção I
da fig. 2.12.

CABO DE CABO DE CABOS


SUSPENSÃO SUSPENSÃO

Seção

. - ; - - - ---- -------- ---- ---- -~-

~lcm

F I G. 2.24

OBSERVAÇÃO: Nos exercícios 2.6.8 e 2.6.9 os limites fixados para a


tensão normal e a flecha podem ser entendidos como valores
admissíveis. Neste sentido, não é justificável a comparação com
valores críticos de carregamento originários do estudo da
instabilidade.
Sem pretender abordar, em toda a sua extensão, o
assunto segurança, pode-se fazer uma comparação mais razoável
multiplicando-se o carregamento atuante (considerado como
carregamento admissível) por um fator igual a 2 (considerado como
fator de segurança) para obter o carregamento crítico.
CAPÍTULO III

CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES

3.1. INFLUÊNCIA DO BIMOMENTO

As equações ( 2. 3 8) levam em consideração o bimomento.


Este esforço solicitante, introduzido por VLASSOV [4] , pode ser
produzido pela variação do momento torçor ao longo da barra ou
pela aplicação de forças longitudinais em pontos com área setorial
não nula (ações ou reações vinculares). Como as equações (2 .38)
não contemplam a existência de forças transversais excêntricas,
serão considerados neste capítulo apenas os casos nos quais o
bimomento de la. ordem é produzido por forças longitudinais: o
momento torçor de la. ordem neste caso, já foi observado, não
altera as equações (2.38).
A influência do bimomento pode se manifestar apenas na
espécie do problema ou na espécie do problema e também no valor
crítico, dependendo da característica geométrica U , expressão
w
(2. 23) .
Para secções com pelo menos um eixo de simetria, esta
característica é nula. Neste caso as equações ( 2 . 3 8) , como pode
ser observado, não se alteram. A influência do bimomento, quando
se der, dar-se-á nas condições de contorno, podendo transformar as
constantes de integração de indeterminadas para determinadas.
Para seções com Uw ~ O, a influência do bimomento,
quando existente, já se manifesta nas próprias equações regentes
do problema além de alterar as condições de contorno. Neste caso,
além da possibilidade de alteração do carregamento crítico de la.
para 2a. espécie, pode haver alteração do valor crítico. A
verificação se impõe, portanto; visto que a desconsideração do
bimomento nem sempre está do lado da segurança o que, observe-se,
já acontece em teoria de la. ordem.
Em ambos os casos, entretanto, há necessidade de
verificação dos deslocamentos e dos esforços de 2a. ordem, visto
que a limitação destes pode ser a limitação decisiva para o
carregamento, desde que ocorra a transformação de um problema de
la. espécie para um problema de 2a. espécie.
Somente a análise de la. ordem não é suficiente pois,
corno se sabe/ em teoria de la. ordem a flexo-torção e a flexão são
desacopladas.
138
3.1.1. BIMOMENTO ALTERNANDO A ESPÉCIE DO PROBLEMA

Será considerado um exemplo de uma viga, conforme fig.


3.1, submetida a um momento fletor constante, sendo que os
momentos aplicados nas extremidades não estão contidos no plano
que passa pelo centro de torção. Demais dados geométricos e
elásticos estão representados na citada figura.

garfo garfo p
~

X
-!--1----;110-. - - - - - - - - - - - - - - - - i--

-- p
y

l
1
l=4m
1
l
SE CCÃO
.lO em

0,2cm

10
Dados do material

...,_1
z CG::: O
E = 21000 k.N I cm 2

G = 8000 kN/cm 2
y

F I G. 3.1
0,2cm

Seja calcular o valor crítico as forças P aplicadas


conforme fig. 3.1 e fig. 3.2.
A fig. 3. 2 fornece, além do detalhe de aplicação das
forças P, o diagrama de área setorial w.
Com base neste diagrama, calcula-se o momento setorial
de inércia:
139

6
3333 em

F I G. 3.2

As demais características geométricas necessárias aos


cálculos e comparações subsequentes são:

4
I 33,33 em
y

4
I 533,33 em
z =

4
Jt = 0,1067 em

As forças P, como aplicadas, provocam, nas extremidades,


um momento M
0
= 20P e em bimomento B0 = -lOOP. Então, os esforços
solicitantes de la. ordem são, respectivamente:

(3 .1)
B = c 1 senh -r- X
+ c
2
cosh
X
r

Nesta última expressão, tem-se:

~
r ,j -GJ- = 2 8 6 , 4 em
140

As constantes de integração c 1 e c 2 serão determinadas


pelas condições de contorno:

B(O) = B(e) -lOOP

Donde:

1-cosh-JI..-
B BO (-----r-;;-e-
senh--
senh---
r
X X
+ cosh---
r
) (3. 2)
r

Sejam, então as equações (2.38) aplicadas ao problema em


estudo:

EI
z
V""
D
o

EI y w"" + Mo cf;" o (3. 3)


D

EJ cf;,"
w
- GJ cf;" + Mo w"
t D
o

As equações diferenciais são as mesmas, quer se


considere ou não o bimomento, uma vez que se tem, para essa
secção:

uw = o

A la. equação de ( 3. 3) é desacoplada das demais e,


integrada, fornecerá a elástica de flexão (estável) no plano xy.
Considere-se a integração preliminar das outras, duas
vezes:

(3. 4)

Das oito condições de contorno, seis são comuns quer se


considere ou não o bimomento. São elas:

q; (o) q; (e) o
(3. 5)
o
W 11
D
(O) o
141

As duas restantes são, respectivamente:

sem considerar B: 1;" (o) q; 11 (t) (3. 6)

considerando-se B: 4J"(O) = 1;"(t) (3. 7)

3.1.1.1. Não se considerando a existência do bimomento, as


condições (3.5) e (3.6) permitem anular as constantes de
integração b , b , b e b , resultando, então, da 2a. equação de
1 2 3 4
(3. 4) :

1;" + (3. 8)

Levando-se a 2a. derivada de (3.8) na la. equação de


(3.4), obtém-se após conveniente arrumação de seus termos:

t:Pifll= - 1;" - o (3. 9)

Como visto no primeiro capítulo, a solução será do tipo:

q; = eÀx (3 .10)

Levando-se (3 .10), juntamente com sua 2a. e sua 4a.


derivadas em (3.9), obtém-se a equação característica:

2
o (3 .11)
E J I
w y

A equação biquadrada (3.ll) tem 2 raizes em À


2 de sinais

contrários e, portanto, 4 raízes em À que serão escritas como


± o1 i e± o2 i com o1 e o2 reais.

Então a solução geral de (3.9) será:

As condições de contorno em 1; e 1;" permitem anular as


constantes d , d e d . Conclui-se, ainda, que d é indeterminada
2 3 4 1
e que deve ser:

(3 .13)
142

Colocando-se esta raíz em (3.11), obtém-se uma equação


de 2o. grau em M com raizes
0

( 3 .14)

Com os dados numéricos, obtém-se o seguinte valor


crítico para as forças P:

p (3.15)
cr

Trata-se de um valor crítico de la. espécie visto que as


elásticas, formadas apenas na ocorrência da instabilidade,
permanecem indeterminadas. De fato, de (3.12) e (3.13), vem:

7TX
1> = d 1 sen -e- (3 .16)

E de (3.8), com o uso de (3.15) e de sua 2a. derivada,


mais a expressão (3.13), vem:

2
M e
0 1TX
d sen -.-- (3 .17)
1 7T2 EI <-
y

3.1.1.2. Ao se considerar a influência do bimomento, serão


utilizadas as condições (3.5) e (3.7), obtendo-se para as
constantes de integração do sistema (3.4):

Da 2a. equação do sistema (3.4) vem, agora:

(3 .18)

Levando-se a 2a. derivada de (3.18) na la .. equação do


sistema (3.4), obtém-se novamente a mesma equação diferencial
C3. 9 J • A solução qj (xJ será novamente dada por ( 3.12), com nov~os
143

valores das constantes obtidos pelas condições em~ e~"-


Após paciente manuseio chega-se, finalmente, à
expressão:

1-coshc5 t
2
+ (3.19)
senh8
2
e

Esta elástica, de torção, é determinada para qualquer


valor do carregamento inferior ao carregamento crítico, o mesmo
ocorre com a elástica de flexão, w0 (x) , dada pela colocação de
(3.19) e de sua 2a. derivada na expressão (3.18).
O valor crítico é dado, conforme definição de problema
de 2a. espécie, como aquele valor que faz as elásticas ~ (x) e
w (x) degenerarem para valores infinitos. Observando-se (3.19) e
0
(3.18) concluiu-se que isto acontece quando:

senó
1
l o (3. 20)

chegando-se, assim, à mesma expressão (3.14).


Neste caso, portanto, a consideração do bimomento
alterou apenas a espécie do problema, sem alterar o valor crítico.

3.1.2- BIMOMENTO ALTERANDO A ESPÉCIE DO PROBLEMA E O VALOR CRÍTICO

Seja calcular o valor crítico do carregamento


constituído pelas forças p aplicadas, como indicado, na viga
esquematizada na fig. 3.3.
144

gor f o oar f o

X p
·- r - - - - - - - - ------- ...- -~

2m
wy
espessura constante
0.2 em

I . . .
I yez e IX OS pn OCI poIS
I
z I O a dos do
I material:
I
I E • 21000 tc.Nicm 2
CG =: D
G .. sooo kNicm2

forcas P aplicadas
no CG= D e no ponto A.

F J G. 3.3

Com os dados fornecidos pela fig.3.3 e mais as


informações da fig. as 3.4, calculam-se
características
geométricas da secção necessárias ao estudo. Na fig. 3. 4 a viga
está representada esquematicamente pelos planos médios da alma e
das abas.
Para os momentos de inércia, tem-se:
4

y
l33,3 em
4
I-
z
= 533,3 em

I- · = 200
yz

Donde os momentos principais


4
I
y
S0 1 S em
4
I 616,1 em
z

localizados pelo ângulo:


o
O!
p
= 22,5
como indicado na fig. 3.3.
145

75

I
I
18
I
CG =o~--
1
I
I
I
I
I
I

AI ~25
~ WCG = -25 cm 2

wA = 16.42 cm 2
F I G. 3.'ll

Tem-se, ainda:
4
0,1067 em

6
J = 8333 em
w

Para a característica geométrica Uw tem-se, por (2.23)

Uw=
Is 2 2
w(y +Z )dS = o I 2 I w ci +z2 ) ds 13333 em
6

Os esforços solicitantes de la. ordem são,


respectivamente:

10,82P
(3. 2l)
+ c2 cosh~
X
B = c1 senh
r r

Nesta última expressão tem-se r 452,8 em e as


constantes de integração serão dadas pelas condições de contorno:
146

B(±l/2) = B
0
= (-P) (-25)+(+P) (+16,42) (3. 22)

Tem-se então:

B (3. 23)

As equações (2. 38) fornecem para este caso o seguinte


sistema:
EI v" 11
z D = O

EI
y
W1111
D
+ M rp 11
O
o (3.24)

u
EJ rp"" - GJ rp 11 - __ w_ (Brp 1 ) 1 + M w 11 o
w t J O D
w

Como no exemplo anterior, a la. equação do sistema


(3.24) representa a flexão, estável, no plano xy. As outras duas
informarão sobre a flexão no plano xz e a torção/ acopladas entre
si, em teoria de 2a. ordem.
Integrando-se a 2a, duas vezes, obtém-se:

~ = a x + a
EI y w"o + Mo'~-' (3. 25)
1 2

Utilizando-se as quatro condições:

(3. 26)

anulam-se as constantes de integração a 1 e a 2 .

De (3.25) vem, então:

w" (3. 27)


D

De (3.24) e (3.27) vem, após rearranjar os termos:

cp ri, - o (3. 28)


147

Não se considerando a influência do bimomento; a


expressão (3.28) se reduz à equação (3.9). Pode-se, pois, concluir
que o carregamento crítico de la. espécie, com elásticas
indeterminadas, de instabilidade lateral, será dado novamente por
(3 .14) .
Para os dados numéricos do caso em estudo, será, então:

(3. 29)

Donde:
p ± 80,68 kN (3. 30)
cr

Ao se considerar a influência do bimomento, há que se


colocar, inicialmente, a expressão (3.23) na equação (3.28)
obtendo-se após efetuar as derivações indicadas:

cp"ll -
GJ
__t
[ EJw
+
l~" - senh

rcosh
x
r
er
2
o

(3. 31)

Para a resolução de (3.31), usam-se as quatro condições


de contorno:

cp (±1!/2) o
(3. 32)

As elásticas são, pois, determinadas tratando-se de um


problema de 2a. espécie.
Para a determinação de P
cr , que define o carregamento
crítico de instabilidade lateral de 2a. epécie, substituem-se, em
( 3 . 3l) , M e P0 por suas expressões em função de P,
0
respectivamente (3.21) e (3.22).
As funções contidas nos coeficientes de (3. 31) impõem
sua resolução numérica. Será utilizado o método de RUNGE-KUTTA já
mencionado. Para maior facilidade na resolução numérica, as
condições (3.32) podem ser substituídas pelas condições:

cp' (O) = o cp (1!/2) = o


(3.33)
Bo
cp" (o)= o
I cp11 (1!/2)
EJ ú)
148
Os valores críticos encontrados foram respectivamente:

P
cr
= +lOOkN (3. 34)
e
p -64,9kN (3. 35)
cr

Pode-se constatar, portanto, que a consideração do


bimomento afeta não apenas a espécie do problema mas também o
próprio valor crítico.
A explicação para esta alteração do valor crítico
repousa, mais uma vez na distribuição da tensão normal na secção
da viga [5] . Mais exemplos podem ser encontrados em [5] e [13] .

3.2. INTRODUÇÃO A ESTRUTURAS DISCRETIZADAS

Pretende-se aqui apresentar os conceitos fundamentais da


não-linearidade geométrica e da instabilidade elástica utilizados
no tratamento matricial de estruturas lineares.
Em [1], exercício 1.9.9, ao se analisar, em teoria de
2a. ordem, um sistema estrutural (modelo demonstrativo) são
obtidas duas matrizes [k ]
e
e [k ]
g
cuja soma [K] representa a
matriz de rigidez total do sistema.

3.2.1. MATRIZ DE RIGIDEZ ELÁSTICA

A matriz [k ] é chamada matriz de rigidez elástica e é


e
obtida, conforme os conceitos clássicos da Estática das
Estruturas, atribuindo-se deslocamentos unitários nas direções das
coordenadas adotadas e calculando-se as ações elásticas, segundo
essas coordenadas, necessárias para se manter o sistema em
equilíbrio. Esta matriz é a matriz de rigidez da estrutura
analisada em teoria de la. ordem.

3.2.2. MATRIZ DE RIGIDEZ GEOMÉTRICA

A matriz [k g ] é chamada matriz de rigidez geométrica e é


definida como a que contêm as ações, segundo as coordenadas
adotadas, na presença da força axial, quando se atribuem os
deslocamentos unitários e se mantém a estrutura na posição
deslocada sem a interferência das resistências elásticas.
A soma das matrizes [ke ] e [k g J representa a matriz de
rigidez da estrutura em teoria de 2a. ordem.
149

3.2.3. DETERMINAÇÃO DO CARREGAMENTO CRÍTICO

o valor crítico do carregamento atuante no sistema


estrutural é alcançado quando a matriz de rigidez total [K] deixa
de ser positiva definida.
A condição necessária e suficiente para que uma matriz
seja positiva definida é que todos os seus auto-valores sejam
positivos.
Um número À (real ou complexo) é um auto-valor de uma
matriz quadrada [K], se existir um vetor {Y} ~ O tal que:

[K] {Y} = À {Y} (3. 36)

Esse vetor {Y} é chamado de auto-vetor de [K]

correspondente ao auto-valor À.
Assim, para que À seja um auto-valor de [K] o sistema:

[ [K] - À [I] J{Y} = O (3. 3 7)

deve ter solução não trivial, ou seja:

det [ [K] - À [I] J= O (3. 38}

onde [I] é a matriz identidade.


As raízes À. desta equação, funções da f orça axial P,
1
são os auto-valores da matriz de rigidez [K] da estrutura.
Portanto ao anular os auto-valores se obtêm as forças
críticas:

o primeiro valor crítico

o segundo valor crítico

À
n
o p
n
enésimo valor crítico

Pode-se também obter os auto-valores através da


diagonalização da matriz, isto é, os termos da diagonal da matriz
diagonalizada são os seus auto-valores.
o determinante da matriz [k] é, portanto, igual ao
produto de seus auto-valores, no caso À1 , Ã ... Àn:
2
(3.39)
150

Consequentemente, para se determinar o valor crítico


basta anular o determinante da matriz de rigidez da estrutura,
[K] , pois assim procedendo se está anulando um dos seus auto-
valores.
Os valores P1 , P2 Pn assim obtidos são os valores
críticos da estrutura associados aos auto-valores nulos da matriz
de rigidez total.
Diante do exposto pode-se concluir que os valores
críticos ocorrem quando a matriz de rigidez total da estrutura se
torna singular, isto é:

det IKI = O (3.40)

3.2.4. DETERMINAÇÃO DA MATRIZ DE RIGIDEZ GEOMÉTRICA [K ] SEGUNDO


g
CONSIDERAÇÕES DE ENERGIA

Para uma estrutura em equilíbrio, na posição deformada,


seja:
{x} deslocamentos segundo as coordenadas adotadas;

{x} ações, nos sentidos das coordenadas, que equilibram a


estrutura, na posição deslocada, sob a ação da força
axial e sem a interferência das resistências
elásticas.

De acordo com a definição da matriz de rigidez


geométrica, tem-se:

{x} = [k ]
g
{x} (3. 41)

explicitando:

xl gll gl2 gln xl


x2 g21 g22 g2n x2
= (3.42)

X X
n gn 1 gn2 gnn n

Admitindo-se regime elástico linear, a energia potencial


das forças contidas no vetor {X}, tomando-se como referencial a
posição inicial, é dada por:
151

ou:

( 3 . 43)

Substituindo-se (3.41) em (3.43) obtém-se:

Tl = - 21 {x}t (3 .44)

Conforme a fig. 3.5, a energia potencial da força axial


P aplicada, com o mesmo referencial, {posição inicial) é dada por:

- p !;, (3 .45)

+p p

!J.
.-
POSIÇCO
inicial

F IG. 3.5

Como, em problemas de la . espécie e em teoria de 2a .


ordem conforme aqui adotada, o potencial total [1] da posição
inicial para a posição deslocada permanece constante {equilíbrio
indiferente), tem-se:

T
1
+ T
2
= O (3.46)

Substituindo-se (3.44) e (3.45) em (3.46), obtém-se:

[K ]
g
{ x} + Pli o

ou

[K ]
g
{X} - PLI (3 .47)

Demonstra-se a seguir que o resultado da derivada


parcial do primeiro membro da expressão (3.47) em relação a x.l e
152

x. corresponde ao coeficiente da matriz de rigidez geométrica


J
[K ] .
g
De fato:

a ( _21 {x} t {x} +


ox:-
J
[K ]
g

+ {x} t CK J
g
a
ox:-
J

OU:

_a_(!
ax. 2
{x}t [Kg]{x})
J

Mantendo-se P constante, é possível demonstrar [1] que,


válida a superposição, a matriz [Kg ] é simétrica. Portanto:

gjl glj

gj2 g2 j

gjn gn j

Donde:

Derivando-se agora em relação a x. obtém-se:


1

(3.48)

Pode-se, portanto, obter o coeficiente g .. da matriz de


1 J
rigidez derivando-se o segundo membro da expressão (3.47):

a2 ( -Pt~)
ax. ax.J
1
(3 .49)

Com a finalidade de exemplificar este procedimento


utiliza-se, novamente, o modelo demonstrativo constituído de duas
barras rígidas articuldas, conforme a fig. 3.6.
153

k
!p x2
!p ® x2
p
----!lllo-
===t~

e
xl __....,..CD

FI G. 3.6

Seja:

onde:

.e 82
.e (J. - cose ) 1
1 --2-

Finalmente, dentro das aproximações adotadas:

(3. 50)

Levando-se 3.50 em 3.45, obtém-se:

Sendo:

xl x2 -xl
el =
r e ez .e
obtém-se:

p 2 2
T2 2I (2x1 x 2 - x2 - 2x1 )
154

A expressão (3.49) fornece os seguintes coeficientes


da matriz de rigidez geométrica:

- 2P
r

p
-e

p
-e

Portanto:

-2P
-e-
[K ]
g
[ P iJ
-P
e e
3.2.5. MATRIZ DE RIGIDEZ, EM TEORIA DE SEGUNDA ORDEM, DE BARRAS
DEFORMÁVEIS

O cálculo da matriz de rigidez, em teoria de segunda


ordem, para barras deformáveis, é bem mais complexo que o
realizado para os modelos demonstrativos que possuem os elementos
elásticos discretizados em alguns pontos.
Duas hipóteses podem ser consideradas:

Primeira: adota-se, como posição deslocada da barra, a


elástica de flexão. Após definida essa elástica de flexão é que se
leva em conta o efeito da força axial P.
A matriz de rigidez geométrica de uma barra, tratada com
esta hipótese, apresenta um comportamento linear com P. Os
resultados obtidos com este tratamento serão aproximados.
Dividindo-se a barra em alguns elementos (elementos finitos) os
resultados convergem para os exatos.
Segunda: adota-se como posição deslocada da barra, a
elástica de flexão sob a ação da força axial P. Desta forma a
força axial P interfere diretamente na elástica que define a
posição deslocada da barra.
Com esta hipótese não se determina a matriz de rigidez
geométrica [Kg ] separada da matriz de rigidez elástica [Ke ] .
155

Determina-se uma única matriz, a matriz de rigidez da barra, em


teoria de segunda ordem e em função, não linear, da força axial P.
Os resultados obtidos com esta matriz de rigidez, de 2a.
ordem, para deformações suficientemente pequenas de modo a manter
a proporcionalidade entre tensões e deformações/ podem ser
condiderados como exatos.

3.2.5.1. Deter.minação da Matriz de Rigidez Geométrica a Partir da


Primeira Hipótese
Sejam 1, 2, 3 e 4 as coordenadas locais e y , y , y e
1 2 3
y elásticas de flexão no plano xy obtidas por deslocamentos
4
unitários o1 , õ2 , ô3 e õ4 , conforme fig. 3.7.

X 2
ol E!" const,ante

I= Iz
e
b) -----
Yl.
i

I'+
I

c)
I
I
I
I+
d) I

o,·t I
f----------
I
I

I
I

I
e) Y4 I
- - - - - ------.---j
I I
l l
: 11 I

f J
I

r:p
~I

~
FI G. 3.7
1.56

A elástica resultante, fig.3.7.f, não dependente de P é


a elástica de flexão de la. ordem.
Definidas as deformações, aplica-se a força axial P e
procuram-se as ações suplementares para restabelecer o equilíbrio
na posição deformada, ou seja, determinam-se os termos da matriz
de rigidez geométrica.
Lembrando-se que está sendo considerada apenas a
elástica de flexão, y = y(x), no plano xy, de (2.1.9) vem:

e
6=~I (~~f dx (3. 51)
o
Então de (3.45) vem:

e 2
- 2
p
I (~ ) dx (3. 52)
o
A elástica total é dada por:

(3 .53)

Portanto:

(3.54)

e
- ~ I<ólyl + ó2y2 + ó3yl + ó4y4)2dx (3. 55)
o
Fazendo-se:

e
y~ dx
o
c 1..1 e
Io y!
l J
c ..
1 J
(3. 56)

tem-se:

(3. 57)

Derivando-se parcialmente (3.56), tem-se:


157

a2 T 2
- Pcll gll
aT
1

a2 T 2
- Pcl2 gl2
ao 1 ao 2

e analogamente para os demais termos da matriz de rigidez


geométrica dada por:

cll c12 c13 c14

c21 c22 c23 c24


[K ] -P (3. 58)
g
c31 c32 c3 3 c34

c41 c42 c43 c44

Os efeitos de 2a. ordem, considerando a presença de P,


são calculados, conforme visto, em função das deformações de la.
ordem.
Assim, a força axial P trabalha nas deformações sem
influir nas mesmas, ou seja, os coeficientes da matriz geométrica
(efeitos de 2a. ordem) são lineares com P.
Realizando-se as integrais (3.56), o que pode ser feito,
entre outros métodos, pela analogia de MOHR e a utilização de uma
tabela de integrais do produto de duas funções, obtém-se,
finalmente:

-2l e 1 -1
15 30 10 10

t -2t l -1
30 15 10 10
[K ] p (3.59)
g
1 l -6 6
10 10 SI SI
-1 -1 6 -6
lO 10 SI SI

3.2.5.2. Determinação da Matriz de Rigidez, em Teoria de Segunda


Ordem, a Partir da Segunda Hipótese

Esta análise considera o efeito da força axial no


cálculo dos coeficientes da matriz de rigidez da barra, usando
158

determinadas funções que são chamadas de funções de estabilidade.


Essas funções de estabilidade para deslocamentos de
rotação (inclinação da elástica) são considerados através dos
coeficientes "s" e "c" e para o deslocamento de translação através
do coeficiente "m".
Para o cálculo das funções de estabilidade s e c, seja
considerada a barra AB de comprimento t, solicitada pela força
axial de compressão P com três deslocamentos independentes em cada
extremidade, conforme fig. 3.8.

r2------~~---------------------~~
_.#'3

,l
y
,
L
A a
p ~MAB ----------:::::;::::so-....o? ...!---
~~-"'-1- - - - - - - - - - - ~ )
l~ ~t~
inclinação em A: <1>=1

F I G. 3.6

i.z M{x)
dx2 -~

O momento M(x), em teoria de segunda ordem, com as


convenções da fig. 3.8, é dado por:

Portanto:

(3.60)

Em teoria de la . ordem, para ~ l, tem-se:


159

M = 4EI
AB e
Portanto, para ~ qualquer, será:

M = 4EI cp
AB e
Em teoria de 2a. ordem define-se s tal que:

MAB = s eEI cp

Fazendo-se cp 1 e:

EI k
e
obtém-se:

(3. 61)

sendo s um coeficiente adimensional que se pretende calcular.


Em teoria de la. ordem:

Em teoria de 2a. ordem:

{3.62)

sendo c outro coeficiente adimensional que também se. pretende


calcular.
Da fig. 3.8 tem-se:

sk(l + c)
e

Então a equação diferencial (3.60) fica:

p
Y rr + EI Y = - ~ + s(l +c) ~ (3.63)
.,_ ez

A solução geral de (3.63) é:


160

y -~~ [t-(1+c)x] + c 1 cos(xVP?EI) + c 2 sen(xVP?EI)


(3.64)

As condições de contorno são:

em x = O y = o

~-
dx- 1

em x y = o

dy = o
dx

Com as 4 condições, calculam-se as 4 constantes: c , c 2 ,


1
s e c em função de P.
Seja o valor crítico de EULER:

Fazendo:

(3.65)

vem:

1 - 2~ cotg 2g ~
s
tg ~ - ~

(3. 66)
2~ - sen 2g
c
sen 2~ - 2~ cos 2~

É interessante observar o significado físico das funções


de estabilidade s e c.
Em teoria de 2a. ordem tem-se:

EI
MAB = s t

Em teoria de la . ordem, conforme a estática clássica,


tem-se:
161

4EI
-e-
2EI
MBA = -e-
De fato, em la. ordem P O e portanto ~ = O.
A determinação de s e c para ~ ~ O leva inicialmente
a uma indeterminação que exige a aplicação da regra de L'Hopital
para que se obtenha:

s = 4 e c = 0,5

Note-se que c é o coeficiente de propagação em teoria


de 2a. ordem, análogo ao usado no processo de Cross.

Quando P = PE tem-se ~ = 21T o que leva a:

1T - sen 1T 1T
1
c
sen 1T - 1Tcos 1T 1T

o coeficiente de propagação torna-se unitário,


implicando, na solução pelo processo de Cross, que a compensação
de momentos não seria convergente, o que representa a iminência da
instabilidade.
A matriz de rigidez completa de uma barra no caso plano
considerado, em teoria de segunda ordem é, então, determinada da
forma a seguir explicada.
a) As colunas 1 e 4 são idênticas às da matriz de rigidez
elástica de uma barra em teoria de la. ordem, pois para produzir
. EA
uma variação ~ = 1 no comprimento AB, é necessário um esforço y-,
(A = área da secção) esteja ou não atuando P.

b) As colunas 3 e 6 são obtidas conforme esquematizado na


fig. 3.9.
Tem-se então:

sk (1 + c) sk (1 + c)
g2 3 e e
g3 3 sk csk

analogamente:

sk(1 + c) sk (l + c)
g26 e e
g36 csk sk
162

sk(l+cl

FIG. 3.9

Note-se que os termos . sk e csk da matriz de rigidez


em teoria de 2a. ordem são funções não lineares de P. Desta forma,
se for usado o processo de cálculo da matriz de rigidez
geométrica, la. solução, sem divisão da barra em elementos, os
resultados obtidos poderão ser bastante imprecisos.
Para o cálculo da função de estabilidade m, seja
considerada a fig. 3.10.

B
Me A
A
(71..,..._
p
__ -.
MAS

e l
1

..,.._
p

1
&=-
t

t; F I G. 3.10
163

A configuração final resulta da superposição da rotação


rígida e 1/t,
que provoca reações P/l, pela presença da força
axial P, e das rotações elásticas das extremidades A e B, sendo:

ks (1 + c)
MAB s k e + c s k e r
ks (1 + c)
MAB s k e + c s k e r

2ks (1 + c) - p EI
[2s(1 +c) - pe2]
= -e- T ~
RA EI

Faz-se:

~i ]
2
m [2s(1 +c)-

OU:

2
rn [2s (1 + c) - 4J1 ] (3. 67)

Donde:

EI krn
rn
er ;z
-2ks p EI krn
-;r (1 + c) +
l -
7
rn --;y
Corno as colunas 2 e 5 são obtidas a partir das
translações unitárias segundo as coordenadas 2 e 5 tem-se:

km -km
g22 g52
--;} 7
ks
ks g62 y- (1 + c)
g32 y- (1 + c)

Cálculo análogo leva aos coeficientes da coiuna 5.


Portanto a matriz de rigidez completa da barra, em
teoria de 2a. ordem, é dada por:
164

EA o o -EA
r I -l- o I o
_ I_ _I_ I_ _I_ _I _
km sk -km sk
o r(1+C) I o r(1+C)
_ I_
f! _ I_
I
I_
I
_I _
7 _I_ ---
sk -sk
o I r(1+C) I sk I o I -l-(1+c) I csk
[K] = _ I_ _I _ I_ _ I_ _I _
-EA o o EA
o
-l- I I I r I I o
_I_
-'- -'- -sk I_
-'-
o -km I -l-(1+C) o km I -sk
-l-(1+C)
7 I
_I_
7 I
_ I_
I sk I
--- I_
I
-'--sk -'-
I
o I y-(1+C) csk o -l-(1+c) sk

(3.68)

Como se pode notar, pelas expressões (3.66) e (3.67) de


s, c e m, os coeficientes da matriz de rigidez não são lineares
com P.
Com estas funções de estabilidade nem sempre será
possível resolver de forma direta o problema dos auto-valores,
como foi feito no caso do modelo demonstrativo.
É portanto usual neste caso obter-se o valor crítico por
aproximações, arbitrando um valor inicial para P (geralmente o
resultante do cálculo em primeira ordem) e verificando se a
estrutura é ou não estável, isto é, se sua matriz de rigidez total
é ou não definida positiva.
Este processo de aproximações sucessivas é interrompido
ao se constatar a existência do primeiro auto-valor negativo ou
nulo, o que já indica a existência da instabilidade.
Foi considerada, nestas observações complementares,
somente a elástica de flexão no plano xy resultando uma matriz de
rigidez 6x6, com 3 coordenadas para cada nó: 2 translações e uma
rotação.
Para o caso geral, considerando-se duas elásticas de
flexão (nos planos xy e xz) e mais a torção ou a flexo-torção,
serão acrescidas 3 coordenadas para cada nó: uma translação e duas
rotações. Resultará, então, uma matriz de rigidez 12x12.
Em [14], considera-se ainda mais uma generalização, para
vigas de secção delgada, com esqueleto aberto: a influência do
bimomento. Acresce-se uma coordenada por nó (o empenamento)
resultando uma matriz de rigidez 14x14.
165

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[l) RACHID, M., MORI, D.D. Instabilidade: conceitos - aplicação


na flambagem por flexão. São Carlos: EESC-USP, 1989. 130p.

[2] MORI, D.D. Flexo-torção: barras com seção transversal aberta


e paredes delgadas. São Carlos: EESC-USP, 1988. 133p.

[3] TIMOSHENKO, S.P., GERE, J.M. Theory of elastic stability.


2.ed. New York: McGraw-Hill, 1961. 541p.

[4] VLASSOV, B.Z. Pieces longues en voiles minces. Paris:


Eyrolles, 1962. 655p.

[5] RACHID, M. Instabilidade de barras de secção delgada. São


Carlos: EESC-USP, 1975. l19p. Tese (Doutorado) - Escola de
Engenharia de São Carlos-USP, 1975.

[6] KRASNOV 1 M.L., MAKARENKO, G.I., KISELIOV, A. I. Cálculo


variacional: ejemplos y problemas. Moscú: Mir, 1976. 191p.

[7] JAHNKE 1 E., EMDE, F. Tables of functions. 4.ed. New York:


Dover, s.d.

[8] KREYSZIG, E. Advanced engineering mathematics. 2.ed. New


York: John Wiley & Sons, 1962. 898p.

[9] REY PASTOR, J., CASTRO BRZEZICKI 1 A. Funciones de Bessel.


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[10] NATIONAL BUREAU OF STANDARDS. U. S. Department o f Commerce.


Tables of functions and of zeros of functions. Washington,
1954. (Applied Mathematics Series, 37)

[11] ABRAMOWITZ, M., STEGUN, I.A. (eds.) Handbook of mathematical


functions: with formulas, graphs 1 and mathematical tables.
New York: Dover, 1968.
166

[12] YOUNG, D.M., GREGORY, R.T. A survey of ntimerical mathematics.


Reading: Addison-Wesley, 1973. v.2

[13] MORI, D.D. Flexo-torção: teorias de la. e 2a. ordem,


automatização do cálculo. São Carlos: ESC-USP, 1978. 171p.
Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São
Carlos-USP, 1978.

[14] MORI, D.D. Os núcl~os estruturais e a não-linearidade


geométrica na análise de estruturas tridimensionais de
edifícios altos. São Carlos, 1992. Tese (Doutorado)
Escola de Engenharia de São Carlos-USP, 1992.

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