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Prefácio

O embrião deste livro foi sendo criado ao longo dos meus primeiros anos de pós-
graduação em encontros com o amigo Remo Magalhães de Souza (ex orientador de
graduação) durante minhas férias em Belém-PA. É fundamental explicitar que o que
julgo ser de maior valor neste texto vem de inúmeras conversas e dúvidas que ele sempre
esteve solícito a ajudar. O plano inicial era dar alguma versão didática sobre o meu
trabalho de conclusão de curso e que tivesse alguma relação básica com os fundamentos
da análise estrutural.
Os afazeres de estudante de mestrado e doutorado, de forma contraditória, me
afastaram e aproximaram deste objetivo. O afastamento ocorreu por razões óbvias das
etapas necessárias para a obtenção dos diplomas. A aproximação ocorreu pela minha
constatação de que há uma mistura de falta de cuidado e de conhecimento sobre alguns
temas específicos da análise de estrutura. Em particular, cito a aplicação do Princípio dos
Trabalhos Virtuais (PTV).
Entre os anos de 2014 a 2017 fui professor de matemática e de algumas disciplinas
básicas de análise de estruturas na Universidade Federal do Pará no campus de Tucuruí.
Período fundamental para minha mudança de postura quanto à atividade docente, pois
lecionando e o contato com os professores: Bruno Wallacy, Cesar Juan, Ednaldo Barros
Junior, Ezequiel Belo e Luís Paulo Machado, me fizeram lembrar dos professores de
matemática do ensino médio e alguns poucos da graduação e pós-graduação que me
inspiraram a seguir a carreira acadêmica.
A partir de agosto de 2017 me tornei professor das disciplinas básicas de estruturas
do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Após alguns
semestres lecionando estruturas isostáticas e hiperestáticas e de valiosas conversas com o
amigo Andrés Batista Cheung, ficou nítida, para mim, a necessidade de um texto básico
em português que explorasse esses temas a partir de uma relação mais direta com o PTV.

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Agradecimentos
Considero a gratidão um dos sentimentos mais importantes que temos que ter.
Portando, sou grato aos que contribuíram para a melhoria no texto: professor João Vitor
e ao amigo Remo. Aos colegas e ex-alunos Ygor Rojas e Frederico Pitaluga. O Ygor fez
as tabelas de reações de estruturas hiperestáticas (presentes no Capítulo 6) e o Frederico
me ajudou a verificar os exemplos de grelha. Sou grato também ao amigo Fábio Pereira
Figueiredo por diversas conversas e algumas sugestões e palavras de incentivo.
Não poderia deixar de agradecer aos familiares mais próximos como os pais Stélio
Augusto Amorim de Sousa e Maria do Carmo Araujo de Sousa, irmão e sobrinha Allan
Araujo de Sousa e Tainá Sousa e ao núcleo familiar composto por mim, minha esposa
Fernanda Villalba Lopes e meu enteado Lorenzo Lopes Gresele.

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Cap. 1: Introdução
Este capítulo apresenta os objetivos e a organização do livro e está dividido em
três seções. A primeira serve para discutirmos as leis que guiarão nossos estudos (regras
do jogo). Nela defino os limites teóricos do texto bem como nomenclaturas que no meu
modo de ver ajudam a dividir o seu entendimento. Na segunda seção apresento o conceito
de forças e deslocamentos em escalas diferentes, tendo como base as referências: Dumont
(ano), Martha (2018) e Soriano (2016). Finalmente, mostro na seção três as hipóteses
básicas que fundamentarão todo o livro.

1. INTRODUÇÃO E HIPÓTESES BÁSICAS


A seguir são postas algumas perguntas com suas respectivas respostas que ajudam
a contextualizar o leitor.
1.1. O que é este livro
Este livro é uma tentativa de difundir e facilitar a compreensão do Princípio dos
Trabalhos Virtuais (PTV) a partir da sua aplicação em problemas de análise de
estruturas. Ao longo de toda sua extensão será usado apenas o Sistema de Coordenadas
Cartesiano (x, y, z).
1.2. Para que serve este livro
Tem como intuito servir a estudantes (de graduação e pós-graduação) e
engenheiros que tenham tido, assim como o autor, dificuldades na compreensão dos
assuntos mais básicos, como por exemplo, método da carga unitária, deslocamentos
prescritos, apoios elásticos e variação de temperatura.
1.3. Qual conhecimento prévio se deve ter
Deve se saber conceitos como: equações de equilíbrio, reações de apoio, princípio
da conservação de energia e conhecimento na construção de diagramas de esforços de
estruturas isostáticas. Os três primeiros tópicos são vistos em disciplinas como Mecânica
Geral e/ou Física Fundamental 1; já o último deve ter sido visto no curso de Análise de
Estrutura Isostática.
O conteúdo matemático deste livro é restrito apenas as operações básicas de soma,
produto e algumas operações matriciais. Exceto para justificar a aplicação da tabela de
Kurt-Bayer, NÃO aparecerão integrais de qualquer tipo!! Quando necessitar resolver um

3
sistema de equações com mais de três variáveis usaremos um programa de matemática
simbólica. Aqui, escolhemos o programa Smath (2006) que tem uso gratuito. Todos os
exercícios resolvidos simbolicamente ao longo do texto, terão sua montagem e solução
numérica apresentadas no apêndice.
1.4. O que não esperar deste livro
Este livro evitará ao máximo o uso de textos com abordagens históricas e
elucidativos sobre a construção e aplicação de modelos estruturais. Também não há
explicação sobre o que aconteceria se as hipóteses que adotamos não fossem usadas. Isso
é feito tanto para facilitar o uso deste material quanto por julgar que já existem
publicações suficientemente bem estabelecidas com essas finalidades.
1.5. Como usar
Recomendo fortemente o que tradicionalmente se faz ao se estudar um conceito
novo. Faça as contas você mesmo. Para isso, aceite duas dicas: 1) use um programa de
matemática simbólica para fazer as contas por você, por exemplo (mathcad, matlab,
maple, smath, etc e 2) use um programa de análise de estruturas (eu usei o FTOOL para
verificar os exemplos que estão aqui).
1.6. Qual objeto de estudo
Nosso objeto de estudo é analisar estruturas compostas por elementos planos retos
reticulados com seção transversal constante sujeitas à variação de temperatura, apoios
elásticos, recalques de apoio e submetidas a cargas distribuídas constantes e concentradas.
Mais especificamente, estudaremos vigas, pórtico, grelhas e treliças. Para conhecimento
de mais modelos estruturais, veja Soriano (2016) ou Martha (2010).

2. DEFINIÇÕES DO PROBLEMA DA ANÁLISE DE ESTRUTURAS A


PARTIR DE UMA DIVISÃO DE ESCALAS (SISTEMAS DE
COORDENADAS)
O engenheiro estrutural se preocupa, principalmente, com duas grandezas físicas:
forças e deslocamentos (também nos interessa a relação entre elas). Elas são grandezas
vetoriais e seus efeitos na estrutura são separados de forma automática ao longo dos
cursos de graduações. Contudo, considero que essa separação não é tão bem destacada
em textos técnicos e em aulas (pelo menos nas que participei). Quando esta separação de
escalas é feita, ela ocorre a partir da apresentação de sistemas de coordenadas Global e
Local em disciplinas como Análise Matricial de Estruturas e Elementos Finitos, que na
maioria dos cursos são optativas. Por isso que apresento logo no começo do livro esses

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sistemas. Além da separação tradicional, adiciono um terceiro sistema, denominado aqui
de Sistema de Coordenadas Infinitesimal. Tomei como referência a definição desse
terceiro sistema, o material do professor Ney Dumont (Dumont, ano)
Observação 1.1: A partir daqui, com o objetivo de usar uma nomenclatura mais natural
ao estudante, o termo sistema de coordenadas será substituído por escala.

Para as três escalas apresentadas são válidas as equações que verificam equilíbrio:

M z
 0,

F x
 0, (1.1)
F y
 0.

2.1. Escala Global.


Nesta escala, as forças são cargas externas e/ou reações de apoio. Deslocamentos
são deslocamentos externos da estrutura. Esta escala é vista, invariavelmente, em
disciplinas como Mecânica Geral (também conhecida como Mecânica Técnica).
Genericamente, denotaremos nesta escala forças por {P} e deslocamentos por {D}.

2.2. Escala Local.


As forças nessa escala são relacionadas a uma seção específica de um elemento
da estrutura que estamos analisando, ou seja, elas são os esforços (normal, cortante, fletor
e torçor). Esses esforços, em equilíbrio e de posse de propriedades elásticas do material,
fazem com que seções próximas se desloquem entre si de forma translacional (afastando
ou aproximando) e/ou rotacional (fletindo e/ou torcendo o trecho da barra formado pelas
seções). Esses deslocamentos relativos entre seções próximas são os deslocamentos nesta
escala, em que forças e deslocamentos são denotados genericamente por {N} e {}
respectivamente. Essa escala é explorada normalmente em curso de estruturas isostáticas
e/ou em Resistência dos Materiais.

2.3. Escala Infinitesimal.


Para a grande maioria dos professores o que será apresentado nesta seção causará
grande desconforto. Contudo, acredito que esta abordagem ajudará o estudante a entender
o próprio conceito formal de tensão como o limite da razão entre o esforço normal ou
cortante e uma área interna de um sólido quando esta área tende a zero, o que
matematicamente pode ser escrito por:

5
 Ni 
 ij  lim  ,
 (1.2)
A j 0 A
 j
onde os índices i e j indicam que tanto o esforço como a área podem ser tomados em
referência a qualquer uma das três coordenadas do sistema de coordenadas Cartesiano. A
própria ideia de limite já nos leva ao conceito de infinitésimo (nada mais apropriado usar
o termo que define nome da escala). Como indicado na seção 1.3 espero que o leitor já
tenha visto que toda componente de tensão [] tem associada uma componente de
deformação []. Portanto, nessa escala, “forças” são denotadas por [] e “deslocamentos”
por []. Ela aparece para o estudante de engenharia, durante sua graduação, nas disciplinas
de Resistência dos Materiais. Na pós graduação, em geral, essa escala aparece como
objeto de estudo em disciplinas como, por exemplo, Teoria da Elasticidade.
A Figura 1.1 apresenta um resumo das três escalas definidas anteriormente.

Figura 1.1 – Divisão do problema de análise de estruturas em três escalas, notar a


representação de forças a partir de setas e de momentos por setas de ponta dupla.

Note que a escala global contém a estrutura com todas as informações para
descrever seu comportamento, tais como: cargas e vínculos. A escala local descreve o
comportamento de cada elemento da estrutura (3 neste exemplo). Cada elemento é
definido pelos nós inicial (I) e final (J). Normalmente, a origem da escala local coincide
com o nó I, em que e coordenada xL descreve o comprimento da barra e tem sua origem
no centro de gravidade (CG) da seção esquerda. Já na escala infinitesimal, temos um
elemento infinitesimal de área (dA) em uma seção interna da barra. Esse elemento

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infinitesimal de área é caracterizado pelo seu vetor normal ({n}). Nela atuam os esforços
infinitesimais (dN, dV, dM e dT), cuja combinação feita pela equação (1.2) resultam em
tensões diferentes. Nessa escala aparecem informações sobre as propriedades dos
materiais presentes na estrutura.
Observação 1.2: os termos forças e deslocamentos usados na definição das três escalas
podem ser tanto forças e deslocamentos como também momentos e rotações!

2.4. Equilíbrio em cada escala.


A equação (1.1) é aplicável em cada escala. Quando usada na escala global, ela
pode ser usada para verificar reações de apoio e com isso verificar o equilíbrio da estrutura
como um todo.
Quando NÃO há variação do esforço normal e nem deformação cisalhante, o uso
da equação (1.1) na escala local fornece relações que são decoradas ao longo de todo
curso de engenharia, as quais são:
d
q x   V  x ,
dx
(1.3)
d
V x   M x .
dx
onde q(x) é a carga externa distribuída e perpendicular ao eixo do elemento reticulado,
V(x) e M(x) são respectivamente, o esforço cortante e o momento fletor.
Na escala infinitesimal, a aplicação da equação (1.1) resulta em equações que
pouco são exploradas ao longo da graduação. Quando vistas, são rapidamente
apresentadas em cursos de Resistência dos Materiais ou em optativas como Introdução
ao Método Elementos Finitos. Contudo, elas são fundamentais em disciplinas como
Teoria da Elasticidade. Essas equações são (ver Popov, 2001):
 
 xx x, y    xy x, y   X  0,
x y
(1.4)
 
 xy  x, y    yy x, y   Y  0,
x y
onde X e Y são forças inerciais (peso específico é um exemplo deste tipo de força) e
 xx e  yy são as componentes de tensão normais na direção x e y e  xy é a tensão
cisalhante. As componentes de tensão para o elemento reticulado são obtidas da seguinte
forma:

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 dN   dV   ver obs 1.3 
 xx  lim  ,  xy  lim   e  yy  lim    0. (1.5)
dAx 0  dA dA  dA  ver obs 1.3 
x  dAx  0  x  d Ay  0  y 
Observação 1.3:  yy não é de interesse neste livro, pois seu foco é estudar elementos
reticulados! Por isto que o esforço e a área estão como incógnitos!

2.5. Lógica FUNDAMENTAL na análise de estruturas.


O primeiro contato do estudante de engenharia com a área de estruturas é
normalmente feito em disciplinas como Mecânica Geral. Nessa oportunidade são
apresentados os conceitos de corpo rígido e de equilíbrio (escala global). Após verificado
o equilíbrio da estrutura, obtemos os esforços e as tensões. Formalizando os passos, temos
que:
Passo 1: verificamos o equilíbrio global da estrutura (treino feito em disciplinas como
Mecânica Geral).
Passo 2: obtemos os esforços como função das cargas externas a partir da verificação já
feita no passo anterior, ou seja, garantindo que TODA ESTRUTURA ESTÁ EM
EQUILÍBRIO (conhecimento obtido na disciplina Análise de Estruturas Isostáticas).
Passo 3: obtemos as componentes de tensões em função dos esforços a partir de hipótese
simplificadoras (habilidade adquirida nas disciplinas de Resistência dos Materiais 1 e 2).

Contudo, é importante destacar que essa é a lógica tradicional ao nível de


graduação e sob o ponto de vista prático. De forma contrária, em disciplinas como Teoria
da Elasticidade, procuramos obter as componentes de tensão do tensor [] que satisfazem
as condições de vínculos a partir da solução do sistema de equações que envolvem
diferenciais parciais (ver equação (1.4) para o caso plano). Matematicamente, essa
abordagem é muito mais complexa e tem pouca utilidade sob o ponto de vista de projeto
estrutural. A lógica seguida no quadro anterior é utilizada por ser parte das etapas de
dimensionamento vistas nas disciplinas de projeto de estruturas.

2.6. Transformações de forças entre as escalas.


Conforme discussão anterior, o problema de análise de estruturas na sua versão
mais complexa pode ser posto como a busca em obter as componentes de tensão a partir
da solução de um sistema de equações diferenciais com derivadas parciais (há ainda a
abordagem de se obter os campos de deformações). Contudo, na abordagem utilizada no

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nível de graduação, temos (relembrando os passos) que verificar o equilíbrio global. A
partir das forças externas (cargas atuantes e reações de apoio) obtemos a variação dos
esforços e finalmente, em seguida, determinamos as tensões e deformações ao longo de
cada elemento que compõe a estrutura reticulada.
Utilizando a lógica ilustrada no quadro anterior, apresentamos a seguir como se
alteram as informações de força de uma escala para outra. Partindo da escala global,
passando pela local e finalmente obtendo a infinitesimal. A Figura 1.2 mostra
esquematicamente as escalas global e local da análise de estrutura. Note que
convencionamos os esforços (forças na escala local) com setas tracejadas.

Figura 1.2 – Detalhamento das escalas global e local.

A Figura 1.2 apresenta na escala global uma estrutura isostática com apoios que
impedem deslocamento de corpo rígido (canto inferior esquerdo). Na parte superior do
lado esquerdo ela mostra o mesmo problema com a substituição dos apoios pelas suas
respectivas reações (destacadas em vermelho e com traço nas setas e curvas para indicar
que se tratam de reações). As reações de apoio são obtidas a partir da equação (1.1).
Também são mostradas a carga distribuída qX(Y) que atua na direção X global mas que
varia na direção Y global, uma carga concentrada no meio da barra inclinada e um
momento concentrado no canto superior direito (representado por curva).
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Na escala local, parte superior direita, identificamos um elemento genérico e com
seus nós inicial I e final J em que desejo obter os esforços na seção S distando x do nó I.
A parte imediatamente abaixo mostra dois cortes ( “]” e “[“ ) na barra separando-a em
dois lados. No lado esquerdo aparecem os esforços normal, cortante, fletor e torçor (N, V,
M e T) respectivamente. Do outro lado estão os esforços N’, V’, M’ e T’ que podem ser
expressos por:
N   N  dN ,
V   V  dV ,
(1.6)
M   M  dM ,
T   T  dT ,
ou seja, as grandezas com superescrito ' indicam os esforços obtidos a uma distância x
do nó I com possíveis variações ao mudarmos dx de posição. Na parte de baixo
apresentamos um elemento infinitesimal de comprimento dx que interliga os dois lados
do elemento e.
Aqui vem o ponto chave de toda argumentação em favor da lógica fundamental
da análise de estrutura adotada, por isso destacaremos ela em negrito na observação 1.4.
Observação 1.4: a estrutura apresentada tem um determinado arranjo de vínculos
(apoios) que faz com que toda a estrutura esteja em EQUILÍBRIO. Portanto, cada
parte de cada elemento também estará!!

Conforme mostramos, a verificação do equilíbrio é feito a partir da aplicação da


equação (1.1). Na escala global ela nos fornece as reações de apoio (se a estrutura for
isostática). Na escala local, quando aplicada no elemento infinitesimal de comprimento
dx ela nos fornece as relações apresentadas na equação (1.3). Quando aplicada nos lados
de qualquer elemento separados pela seção S, a equação (1.1) fornece os esforços ao longo
do elemento em função das cargas externas. Genericamente, no exemplo da Figura 1.2,
teriamos os seguintes esforços em um elemento e:
N  f1 qX (Y ), P, M ,
V  f 2 qX (Y ), P, M ,
(1.7)
M  f 3 qX (Y ), P, M ,
T  f 4 qX (Y ), P, M .
As relações entre as forças nas escalas local e infinitesimal são obtidas pelas
seguintes equações:

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dN   xx  dA,
dV   xy  dA,
(1.8)
dM   xx  dA  y,
dT   xy  dA  .

Os termos entre parênteses na equação (1.8) representam infinitésimos de força,


que multiplicados por distâncias resultam em infinitésimos de momento fletor e torçor,
respectivamente. As componentes de tensão são obtidas conforme visto na equação (1.5),
ou seja, são relações diferenciais. Assim, as equações em (1.8) podem ser interpretadas
como diferenciais totais (ver qualquer livro de cálculo).
Para obter as expressões dos esforços em função das componentes de tensão,
integramos os dois lados da equação (1.8) ao longo da seção especificada, o que resulta:
N    xx  dA,
A

V    xy  dA,
A
(1.9)
M    xx  y  dA,
A

T    xy    dA.
A

Para realizar as integrações, usamos as hipóteses simplificadoras sobre o


comportamento das tensões. Essas hipóteses são bastante discutidas em disciplinas como
Resistência dos Materiais. Esse ponto é fundamental para o entendimento da lógica de
estudo durante a graduação. Quando essas hipóteses não são satisfeitas, é necessário obter
essas tensões de outra forma, o é que feito geralmente a partir do uso de métodos
numéricos, por exemplo, o Método dos Elementos Finitos.

a. Hipóteses simplificadores sobre o comportamento das componentes de tensão.


De acordo com o que é visto em livros de Resistência dos Materiais, assumimos
que a solicitação de uma peça reticulada é dada por:
 Esforço normal: a componente  xx é constante em relação ao esforço normal
quando não há presença de forças de corpo.
 Esforço cortante: a componente  xy varia parabolicamente para seções

retangulares. Simplificadamente, ao fazermos as integrais que resultam no esforço


cortante, usamos a área da seção transversal com um fator de correção (Popov,
2001).

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 Momento fletor: assumimos que o elemento reticulado se curva como um arco de
círculo ao ser fletido. Consequentemente, tanto a deformação quanto tensão axial
variam linearmente ao longo de qualquer seção do elemento. A deformação e
tensão normal são nulas na linha neutra (linha que NÃO muda de comprimento
após o elemento curvar). Portanto, a tensão normal varia com a distância y de um
elemento infinitesimal de área até a linha neutra, ou seja,  xx  By com B sendo
uma constante a ser determinada.
 Momento torçor: assumimos que a tensão cisalhante varia linearmente do centro
da seção transversal circular (ver observação 1.5) até um elemento infinitesimal
de área que está sendo analisado. Esta tensão cisalhante é colocada em função do
raio R da seção, da distância genérica  e da máxima tensão cisalhante  MAX 
que ocorre nos bordos da seção (em R).
Observação 1.5: não usaremos torção em elementos que não tenham seção transversal
circular.

Substituindo as hipóteses anteriores na equação (1.9), temos que:


N   xx  A,
V   xy  A ,
M  B Iz, (1.10)
 MAX
T J,
R
onde A é a área da seção transversal com seu valor corrigido, B é uma constante a ser

determinada, I z   y 2  dA e J    2  dA . Abaixo faço uma observação importante.


A A

Observação 1.6: a flexão ocorre em torno do eixo zL (eixo perpendicular ao plano xy do


papel) e a torção ocorre em torno do eixo xL. Além disso, a equação de N, é válida quando
só há a solicitação axial

Isolando B e  MAX na terceira e quarta equações de (1.10), obtemos as expressões


das componentes de tensão conhecidas de Resistência dos Materiais:
My
 xx  ,
Iz
(1.11)
T 
 .
J

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2.7. Transformações de deslocamentos entre as escalas.
A partir do conceito de diferencial total, temos que:
 du 
du   xx  dx, onde  xx  lim  , (1.12)
dx0 dx
 
onde  xx é deslocamento na escala infinitesimal e a integral de du é o deslocamento na
escala local.
Em peças carregadas axialmente, em geral, adotamos deformação constante ao
longo de toda peça (ver livros de Resistência dos Materiais para mais detalhes). Como
resultado, temos que:
uJ L

 du    dx u
uI
xx
0
J  u I   xx  L , (1.13)

onde uI e uJ são os deslocamentos do nó I e J. Definindo a diferença entre os


deslocamentos como u  u J  u I , resulta que:

u
 xx  , (1.14)
L
que é a fórmula aprendida em cursos de Resistência dos Materiais para definirmos
deformação específica.
Para o caso de barras retas fletidas, a relação cinemática que usamos é dada por:
d 1
 , (1.15)
dx  r
onde  r é o raio de curvatura. Como na teoria de flexão usamos a hipótese de que a barra
se deforma como um arco de círculo, a deformação axial varia linearmente com a altura
do ponto da seção em relação à linha neutra, o que resulta em:
y
 xx  , (1.16)
r
ou seja:
d
 xx  y  . (1.17)
dx
Com esta equação finalizamos as principais relações entre forças e deslocamentos
nas três escalas.

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3. HIPÓTESES BÁSICAS (REGRAS DO JOGO)
Assumiremos como hipóteses para o propósito do nosso estudo que:

1. são válidas pequenas deformações e deslocamentos.


2. apenas o comportamento linear elástico do material é considerado.
Como consequência dessas hipóteses, o PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO
DOS EFEITOS (PSE) pode ser utilizado!!! De fato usamos em abundância esse
conceito. Além dessas hipóteses, também consideramos que as cargas externas são
aplicadas lentamente de tal forma que podemos desprezar os efeitos de inércia. Como
consequência, temos que:
3. não consideramos efeito de massa, ou seja, só faremos análise estática.
4. processo de deformação é adiabático (sem troca de calor).

Devido à importância seminal dessas hipóteses, colocamos ela num quadro de


borda vermelha! No Capítulo 2 falaremos sobre os Conceitos Físicos que fundamentarão
todas as etapas da nossa análise de estruturas.

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Cap. 2: Conceitos Físicos
Apresentamos neste capítulo os principais conceitos físicos que serão usados na
análise que busca reproduzir de maneira mais fidedigna o comportamento real das
estruturas reticuladas planas. Esses conhecimentos são: variação de temperatura, apoio
elástico e finalmente teoremas de energia. Após definir e demonstrar o Princípio dos
Trabalhos Virtuais (PTV) na seção 1, apresentamos a utilização do PTV em conjunto
com os conceitos de variação de temperatura, apoios elásticos e deslocamentos prescritos
na seção dois. Dedicamos a última seção deste capítulo para fazermos uma revisão e
conexão entre os conceitos vistos.

1. O PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV)


A seguir apresentamos a definição do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV)
apresentada de Tauchert (2008).
Definição: O Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) afirma que o trabalho virtual
externo WE  é igual ao trabalho virtual interno U  realizado pelas tensões para uma
estrutura em equilíbrio que permanece em equilíbrio quando é submetida a
deslocamentos virtuais.

O PTV é uma ferramenta extremamente útil para resolver diversos problemas em


análise de estruturas. Neste livro, ele é o principal conceito a ser estudado. O seu real
entendimento permite explorar a análise de estruturas em toda sua profundidade teórica.
A demonstração apresentada a seguir é original!
Como ponto de partida, tomemos a Primeira Lei da Termodinâmica, que enuncia
que:
WE  C  E , (2.1)
em que WE é o trabalho feito pelas forças aplicadas, C é o calor absorvido pela estrutura
a partir do seu bordo e E é a mudança de energia associada a estrutura como resultado
do carregamento. Analisando a estrutura apenas no regime elástico, E está relacionada
a uma mudança de energia cinética T mais uma mudança de energia interna U.

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T está diretamente relacionada com uma análise dinâmica, logo T = 0. O processo
de deformação do corpo elástico será considerado como adiabático, o que implica C = 0.
Como consideramos apenas a fase elástica do material neste livro, temos que U
corresponde apenas a energia elástica total do corpo UEla. Todas essas hipóteses
apresentadas neste parágrafo estão de acordo com o que foi apresentado na Seção 3 do
Capítulo 1 (ver página 13). Após essas considerações, a equação (2.1) pode ser reescrita
por:
WE  U Ela . (2.2)
A seguir apresentamos uma demonstração informal do PTV a partir de uma
analogia com o ensaio mecânico mais conhecido por um engenheiro. O ensaio uniaxial
de tração.

1.1 Demonstração:
Para essa demonstração informal, lembre do ensaio uniaxial de tensão visto em
todos os cursos de Resistência dos Materiais. A Figura 2.1 resume graficamente este
ensaio mostrando a relação força versus deslocamento nas escala global, local e
infinitesimal.
Observação 2.1: a inclinação das retas na Figura 2.1 é qualquer não tem relação entre si!

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Figura 2.1 – Ensaio uniaxial de um elemento reticulado sob o ponto de vista das escalas
global e infinitesimal, passando pela escala local.
A Figura 2.1 mostra o ensaio uniaxial de tração de um elemento reto sob o ponto
de vista das escalas global e infinitesimal, em que o carregamento é aplicado lentamente
até o ponto A. Em todos os estágios de carregamento o equilíbrio é mantido nas escalas
global, local e infinitesimal. Para enfatizar a relação entre as escalas destacamos uma
seção S distando x do canto esquerdo na escala global. Ao fim do carregamento, ponto A,
temos as medidas do trabalho realizado pelas forças aplicadas WE e a energia de
deformação elástica UEla dadas por:
PD
WE  ,
2
 (2.3)
U Ela   U *
Ela  dV onde U *
Ela       d ,
V 0

*
e U Ela é denominada de densidade de energia de deformação elástica (energia de
deformação que ocorre em um infinitésimo de volume no interior do elemento). Essa
grandeza pontual é obtida pela integração do produto     d do estado de deformação
zero até o estado de deformação correspondente ao ponto A (Pt.A), denominada de  .
Também destacamos as grandezas WEC e U Ela
C
, denominadas como o trabalho
complementar realizado pela carga externa e a energia de deformação elástica
complementar. Do ponto de vista prático, essas grandezas são simplesmente obteníveis
ao se escrever os deslocamentos em termos das forças, ou seja: D  f P  e   g  
onde f e g representam apenas a relação de dependência, sendo a energia de deformação
elástica complementar expressa por:

U C
Ela  U *C
Ela  dV onde U *C
Ela       d . (2.4)
V 0

De forma similar ao caso anterior, o limite de integração superior  , é o nível de


tensão correspondente ao ponto A (Pt.A). Como o foco deste livro é a análise linear
elástica considerando o comportamento linear elástico do material, o resultado das
densidades de energia de deformação resultam em:

17

  
*
U Ela       d  
0
2 
  U Ela  U Ela .
* *C

(2.5)
  
*C
U Ela       d 
0
2 

Essa igualdade se mantém para as energias de deformação elástica e sua versão


complementar ao longo de todo elemento reticulado, implicando em:

   
U Ela      dV 
V
2  
  U Ela  U Ela .
C
(2.6)
    
    dV 
C
U Ela
V
2  

Aplicando a equação (2.2) para os sistemas global e infinitesimal, temos que:


WE  U Ela e WEC  U Ela
C
. (2.7)
Após estabilizar o carregamento no ponto A, fazemos um acréscimo de carga  P
ao qual corresponde um acréscimo de esforço N e tensão  e que não tem relação
alguma com os valores de carga e deslocamento no Pt.A. A cada um desses acréscimos
de forças, temos acréscimos de deslocamentos D e  correspondentes (o
deslocamento correspondente na escala local não é necessário ser expresso).
Graficamente, um acréscimo representa partir do ponto A para o ponto B. O detalhe de
todo início do carregamento, passando pelo ponto A, e terminando pelo ponto B é
destacado na Figura 2.2. Apenas as relações de força versus deslocamento nas escalas
global e infinitesimal são mostradas.

Figura 2.2 – Acréscimo de força e deslocamento no ensaio uniaxial de um elemento


reticulado sob o ponto de vista das escalas global e infinitesimal.

18
Após transformar a densidade de energia de deformação elástica para todo o
elemento e fazendo o mesmo para energia complementar (ver equação (2.8)), aplicamos
a equação (2.2) para as áreas dos triângulos abaixo da curva (reta), obtendo:
WE  WE  U Ela  U Ela . (2.8)
Fazendo o mesmo procedimento para os triângulos acima da curva (reta), energia
complementar, temos que:
WEC  WEC  U Ela
C
 U Ela
C
. (2.9)
Contudo, considerando as igualdades obtidas na equação (2.3) aplicadas nas
equações (2.8) e (2.9), temos finalmente que:
WE  U Ela e WEC  U Ela
C
. (2.10)
Expandindo as igualdades acima, resulta:
P  D     
 P  D    dV      dV
2 V  2  V
(2.11)
P  D     
 P  D    dV      dV .
2 V
2  V

Replicando a equação (2.2) para os pequenos triângulos formados entre os pontos


A e B (triângulos pequenos hachurados de preto), temos:
P  D     
  dV . (2.12)
2 V 
2 

Aplicando essa última igualdade nas equações (2.10) e (2.11) temos que:

P  D      dV
V
(2.13)
P  D      dV .
V

A equação (2.13) é a expressão matemática do Princípio dos Trabalhos


Virtuais (PTV) e do Princípio dos Trabalhos Virtuais Complementar (PTVC). Por
sua relevância neste texto receberam destaque em vermelho.
Observação 2.2: devido estarmos adotando análise linear elástica, a partir deste instante
as grandezas virtuais não serão tratadas apenas como grandezas infinitesimais. Como
consequência, a grandeza virtual será representada neste texto com um traço em cima
dela. Por exemplo força e deslocamento virtuais serão representados por P e D
respectivamente.

19
1.2. Consequências do PTV e do PTVC:
A primeira equação em (2.13) indica que o trabalho virtual realizado pela carga
real em conjunto com o deslocamento virtuais é igual à energia de deformação elástica
virtual gerada pela tensão real associada com deformação virtual. Nessa igualdade, a força
real da escala global é relacionada com as força real da escala infinitesimal (tensões) a
partir da equação (1.10). O deslocamento virtual entre as duas escalas é obtido pela
equação (1.14).
A segunda equação em (2.13) tem interpretação completamente análoga à
primeira, com a diferença de que a grandeza virtual neste caso é a força.
Simplificadamente, as duas equações em (2.13) serão denominadas aqui como o Princípio
dos Trabalhos Virtuais na sua versão deslocamento virtual (primeira equação) e força
virtual (segunda equação). A seguir se destacará a principal característica do PTV nas
suas duas versões.

PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: os resultados expressos pela equação (2.13)


indicam que NÃO há exigência alguma de relação entre as grandezas reais e virtuais.
As grandezas virtuais podem ser quaisquer, sem qualquer comprometimento com os
dados reais do problema (cuidado para não abstrair demais as grandezas virtuais e
não saber interpretar os resultados). Contudo, em geral, é melhor reproduzir boa
parte do problema real (o que representa o termo “boa parte” ficará claro nos
exercícios).

A seguir, exploraremos na Seção 1.3 como obter o trabalho realizado pelas cargas
externas e a energia de deformação elástica. O que será mostrado servirá tanto para o caso
real quanto para o virtual.

1.3. Obtenção do trabalho realizado pela carga externa e pela energia de deformação
elástica:
20
O trabalho virtual realizado pelas cargas externas nas suas versões força e
deslocamento virtual WEC e WE   são de imediata obtenção. Para tanto, lembre da
definição do trabalho realizado por uma força aprendida no seu curso de Física 1. Atenção
ao fato de que as grandezas virtuais têm a única exigência de estarem na mesma direção
das grandezas reais. Como resultado, para o caso de haver N grandezas reais, temos que:
N
WEC   Pi  Di ,
i
N
(2.14)
WE   Pi  Di
i

Elementos retos planos possuem, geralmente três componentes de tensão e


   
deformação relevantes, a saber:  xx ,  xx  ,  xy ,  xy e  yz ,  yz . Dessa forma, a energia

de deformação elástica virtual na sua versão força e deslocamento, resultam em:

U Ela    xx   xx   xy   xy   yz   yz  dV
V
. (2.15)
U C
Ela    xx   xx   xy   xy   yz   yz  dV
V

Ao considerarmos a análise apenas restrita à fase linear elástica do comportamento


do material, temos que:
 xx  E   xx ou  xx  E   xx ,
 xy  G   xy ou  xy  G   xy , (2.16)
 yz  G   yz ou  yz  G   yz ,
onde E e G são os módulos de elasticidade longitudinal e transversal, respectivamente.
Substituindo os resultados da equação (2.16) na equação (2.15), temos que:

    
U Ela    xx  xx   xy  xy   yz  yz   dV
V
E G G
. (2.17)
    
U C
Ela    xx  xx   xy  xy   yz  yz   dV
V
E G G
C
A equação (2.17) apresenta U Ela e U Ela descritas na escala infinitesimal e apenas
em termos de força (tensão). Contudo, a escala mais interessante de descrevermos essas
energias é a local. A observação a seguir destaca a opinião do autor sobre porque
tradicionalmente trabalhamos com a escala local.

21
Observação 2.3: Na lógica tradicional ensinada nos cursos de graduação de análise de
estruturas, as tensões são descritas em termos de esforços. Além disso, existe a
disciplina de estruturas isostáticas em que estudamos como variam os esforços em
elementos reticulados de acordo com o tipo de carregamento e do elemento estrutural.

Conforme observação anterior, percebemos que para fins práticos, é necessário


expressar a energia virtual de deformação na sua versão força e deslocamento virtual em
termos da escala local. Para tanto, a partir das equações (1.10) e (1.11) é possível escrever:
N Mz  y N M y
 xx   e  xx   z ,
A Iz A Iz
V V
 xy  e  xy  , (2.18)
A A
T  T 
 yz  e  yz  .
J J
Note que a tensão normal é obtida a partir de N e Mz. Contudo, energeticamente
falando, uma não influi na outra, o que implica que o produto  xx   xx E  tem apenas
dois termos: um devido ao esforço normal e outro devido ao momento fletor. Substituindo
a equação (2.18) na equação (2.17), obtemos:
 1 N N 1 Mz  y Mz  y 1 V V 1 T  T  
U Ela         dV
V
E A A E Iz Iz G A A G J J 
. (2.19)
 1 N N 1 Mz  y Mz  y 1 V V 1 T  T  
U C
        dV
J 
Ela
V
E A A E Iz Iz G A A G J
A equação (2.19) vale para um elemento reto plano com variação na seção
transversal. Contudo, conforme visto no objeto de estudo deste livro (ver pagina 03 do
Capítulo 1), apenas elementos retos planos de seção constante são considerados.
Consequentemente, vale que dV = dA.dx, que substituído na equação (2.19) resulta em:
  1 N N 1 Mz  y Mz  y 1 V V
LB
1 T  T   
U Ela           dA  dx
0A  E A A E Iz Iz G A A G J J  
, (2.20)
LB
  1 N N 1 Mz  y Mz  y 1 V V 1 V  T   
C
U Ela           dA  dx
0A  E A A E Iz Iz G A A G J J  
onde LB é o comprimento do elemento estudado. Em todos os termos acima, exceto y,
todas as demais variáveis são constantes ao longo da área, logo temos que:

22
 NN
LB
M M VV TT 
U Ela    2  dA  z 2 z  y 2dA  2 
dA  2 
 2dA  dx
0 EA A EI z A GA A GJ A 
. (2.21)
 NN
LB
MzMz VV TT 
    2  dA 
EI z A GA A GJ 2 A
C
U Ela 2
y dA 
2
2
dA   dA  dx
2

0 A EA A 
As integrais que sobraram têm significado físico que já apresentado em cursos
anteriores (Cálculo, Física ou Resistência dos Materiais). O ponto importante que deve
ser mencionado é que a integral de área referente ao cortante resulta na área corrigida.
Essa integral e as demais são indicadas na equação (2.22):

A   dA, I z   y 2 dA, A   dA e J    2dA. (2.22)


A A A A

Substituindo as equações (2.22) em (2.21), obtemos:


LB
 NN M z M z VV TT 
U Ela         dx
0
EA EI z GA GJ 
, (2.23)
LB
 NN M z M z V V T T 
C
U Ela         dx
0 A EA EI z GA GJ 

em que EA, EIz, GA e GJ são as rijezas axial, à flexão, ao cisalhamento e à torção.
Finalmente, considerando uma estrutura composta por NB elementos retos
reticulados planos, resulta em:
N B LB
 NN M z M z VV TT 
U Ela          dx
b 1 0  EA EI z GA GJ 
. (2.24)
N B LB 
NN M z M z V V T T 
C
U Ela          dx
 A EA
b 1 0  EI z GA GJ 

A equação (2.24) contém as expressões da energia virtual de deformação elástica,


nas suas versões força e deslocamento, aplicadas a qualquer estrutura composta de NB
elementos reticulados retos planos de seção transversal constante.

2. REQUINTES DE ANÁLISE
Esse seção é dividida em quatro subseções. Cada uma apresenta um conceito que
visa melhorar a simulação do modelo estrutural.
2.1. Variação de temperatura

23
A fórmula da expansão linear, obtenível de qualquer livro de física básica, de uma
haste metálica de comprimento L é expressa por:
L  L    T , (2.25)
em que  é o coeficiente de dilatação térmica,  T é a variação de temperatura e L é
a variação de comprimento da haste. Se a variação de temperatura for negativa a haste
encurta. Caso contrário, alonga.
Na equação acima, assumimos que o comprimento é muito maior que a seção
transversal e que esta variação de temperatura é constante ao longo de todo comprimento
e perímetro de uma face. Em estruturas reticuladas, adotaremos como caso mais geral a
situação em que há variação de temperatura diferentes na parte inferior e superior do
elemento reticulado plano. A Figura 2.3 apresenta de forma ilustrativa essa situação.

Figura 2.3 – Elemento reticulado plano sob ação de temperatura diferentes nos seus
bordos superior e inferior.

Considere um elemento infinitesimal de comprimento dx e que Ti é maior que


Ts. Assim, os efeitos dessas variações neste elemento são de alongá-lo (encurtá-lo) e
curvá-lo com curvatura positiva (negativa). A Figura 2.4 mostra uma vista lateral de um
elemento infinitesimal com todos os efeitos presentes. É importante destacar que
consideramos que a linha neutra, que passa no centro de gravidade da seção transversal,
está localizada na metade da altura da seção transversal. Isso ocorre pelo fato de estamos
adotando uma seção retangular.
Observação 2.4: Caso se use outra seção transversal é necessário se determinar a
localização de centro de massa da seção. Isso é normalmente feito antes em disciplinas
como Cálculo 2, Física 1, Mecânica Geral e Resistência dos Materiais.

24
Figura 2.4 – Efeito da variação de temperatura em um elemento reticulado plano
infinitesimal sob ação de temperatura diferentes nos seus bordos superior e inferior.

No lado esquerdo da figura está um elemento reticulado plano infinitesimal. Após


ser submetido à variações de temperatura diferentes nos seus bordos, ele deforma
conforme mostra a figura intermediária. Contudo, devido à hipótese de pequenos
deslocamentos, o Princípio da Superposição dos Efeitos (PSE) pode ser utilizado. Os
efeitos de alongamento e flexão podem ser acompanhados de forma separada (devido o
PSE) pela análise da seção S. O efeito de alongamento faz com que a seção S termine na
posição S1. A flexão é medida pelo ângulo d que faz com que seção S1 vire a seção S2.
 
Matematicamente, o alongamento médio du m do elemento infinitesimal dx é
medido por:
T i  T s
du m  dx    T m onde T m  , (2.26)
2
em que T m é denominada de variação uniforme de temperatura.
A flexão é medida pela variação do ângulo d. Portanto, usando a tangente do
ângulo, temos que:
du i  du m
tand   . (2.27)
H
2
Como estamos adotando a hipótese de pequenos deslocamentos, temos que:
tand   d . Substituindo essa simplificação e as expressões dos alongamentos dos
extremos, resulta que:

25
 
2   T  T   2    2T i T i T s 
i s
d    T  i
dx    
   dx      dx. (2.28
H   du i  2   H  2 2 2 
   )
du m 

Simplificando, temos que:


 T i  T s 
d    gT  dx, onde g T   , (2.29)
 H 
em que gT é denominado de gradiente de temperatura.
Conforme visto na equação (1.12) e (1.15) combinada com (1.16), a deformação
axial devido à variação uniforme de temperatura  xx m   e devido ao gradiente de

 
temperatura  xx gT são dadas por:

 xx m    T m e  xx g  y    g T .
T
(2.30)
Devido ao PSE, temos que a deformação axial total devido à variação de
temperatura com variações diferentes nos extremos é dada por:
 xx   xx m 
  xx ou seja  xx    T  y    gT .
g T m
(2.31)
PSE

A deformação presente na equação (2.31) é uma quantidade real. Portanto, o


problema de variação de temperatura com T e gT é aplicável diretamente à versão
complementar da energia de deformação elástica virtual. Desta forma, caso
consideremos uma estrutura plana composta de NB elementos reticulados de seção
constante, temos que a energia de deformação elástica virtual para o problema de variação
de temperatura é expressa por:
N B LB 
U C
Ela          dx (2.32)
A
b1 0  
Substituindo as deformações reais devido a variação de temperatura e as tensões
virtuais em função do esforço normal e do momento fletor, resulta que:
N B LB 
N  M y  
C
U Ela        T m dA    z   y  gT dA  dx (2.33)
b1 0 A  A  A
Iz  
Exceto y que aparece no segundo termo da equação (2.33), todos os demais
parâmetros são constantes ao longo da seção onde estamos integrando. Como resultado,
temos que:

26
 N    T m
N B LB
M    gT 
U C
Ela    dA  z  y dA  dx.
2
(2.34)
b1 0 
 A A
Iz A 
As integrais que restam na equação (2.34) já foram identificadas na equação
(2.22). Substituindo esses resultados, resulta que:
N B LB
C
U Ela  
   N    T m  M z    gT  dx. (2.35)
b1 0

A equação (2.35) é expressão matemática que considera o efeito térmico (T e gT)
em estruturas planas isostáticas compostas de NB elementos reticulados retos de seção
constante.

2.3. Elementos elásticos pontuais (molas)


Consideramos apenas apoios elásticos (molas externas), ou seja, não são
considerados elementos elásticos internos à estrutura, como ligações semi-rígidas por
exemplo. Pela propriedade elástica, a maneira mais natural de considerar seu efeito é
acrescentá-lo na energia elástica de deformação. Portanto, seus efeitos elásticos são
expressos por:
NM
U Ela   Pj  D j ,
j 1
NM
(2.36)
U C
Ela   Pj  D j ,
j 1

em que P e P são reações reais e virtuais, D e D são deslocamentos reais e virtuais e NM


é o número de apoios elásticos. Vale lembrar que P e D representam genericamente
forças/momentos e deslocamentos/rotações, respectivamente. Por questão de notação, as
forças P serão substituídas por F ao tratarmos de molas.
Os deslocamentos nas molas podem ser descritas em função das suas rijezas,
resultando em:
NM
Fj
U Ela   F j  ,
j 1 kj
(2.37)
NM
Fj
C
U Ela   Fj  ,
j 1 kj

27
em que kj é a rigidez da j-ésima mola. Note o cuidado teórico de escrever Fj k j como

deslocamento real na energia complementar e F j k j como deslocamento virtual caso

contrário.

2.4. Recalque de apoio


Como o próprio nome já indica, recalques são deslocamentos reais que ocorrem
em pontos externos à estrutura onde não deveria haver deslocamento (apoios que não são
elásticos impõem deslocamentos nulos onde são colocados). Portanto, seus efeitos no
PTV aparecem naturalmente no trabalho virtual realizado pelas cargas externas na versão
força. Logo, considerando o caso em que temos NR recalques, seus efeitos aparecem
matematicamente por:
NR
WEC   R j  p j , (2.38)
j 1

 
onde R j é a j-ésima reação virtual correspondente ao j-ésimo recalque de apoio p j .

3. RESUMO DO CAPÍTULO E CONEXÃO DOS CONCEITOS


Apresentamos neste capítulo os principais conceitos físicos que trataremos neste
livro. Estes conceitos têm como objetivo aperfeiçoar o modelo matemático que representa
estruturas reticuladas reais. Vimos os conceitos de trabalho realizado por cargas externas,
energia de deformação elástica, apoio elástico, variação de temperatura e recalque de
apoio. Conectamos todas essas informações a partir das versões força e deslocamento
virtual do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV).
As deformações por flexão, torção e variação de comprimento dos elementos
reticulados retos planos, bem como os efeitos de variação de temperatura devido a T e
gT e as deformações dos apoios elásticos foram considerados na energia de deformação
elástica. As deformações reais causadas por T e gT foram calculadas considerando um
elemento reto plano ISOSTÁTICO. Portanto, seus efeitos só podem ser conectados com
a energia de deformação virtual complementar (versão força virtual). Pela mesma razão
dos efeitos térmicos, os recalques de apoio correspondem a deslocamentos reais, logo
seus efeitos aparecem no trabalho realizado pelas cargas externas virtuais na versão força
virtual do PTV.

28
Combinando todos esses efeitos em uma estrutura plana ISOSTÁTICA sujeita a
NF forças virtuais, composta por NB elementos retos, com NM apoios elásticos, com NR
recalques de apoio, a versão deslocamento do PTV pode ser escrita por:
N B LB
NF
 NN M z M z VV TT  NM
Fj

j 1
Pj  D j    
b1 0  EA

EI z
  
GA GJ 
 dx  
j 1
F j 
kj .
(2.39)

e a versão força, por:


N B LB
NR NF
 NN M z M z V V T T 
R
j 1
j  p j   Pj  D j    
j 1 b1 0  EA

EI z
    dx 
GA GJ 
N B LB
(2.40)
  
NM
F
N    T m  M z    gT  dx   F j  j .
b 1 0 j 1 kj

Para estruturas HIPERESTÁTICAS, o efeito térmico não pode entrar


diretamente. Além disso, todas as demais forças: R, F , N , M z e T não são conhecidas a
priori. Caso saibamos como inserir os efeitos térmicos (serão considerados indiretamente
ainda neste livro) e as forças reais, as equações anteriores também podem ser aplicadas.
No próximo capítulo discutiremos ferramentas que facilitam a aplicação das
equações anteriores.

29
Cap. 3: Ferramentas
Importantes
Apresentamos neste capítulo as principais ferramentas que tornam a análise de
estruturas mais prática do ponto de vista de montagem e solução dos problemas a partir
de uma abordagem manual. Ele é dividido em quatro seções. Na primeira, apresentamos
o Princípio da Superposição dos Efeitos (PSE). Em suas duas subseções falamos,
respectivamente, sobre a aplicação do PSE para calcularmos esforços e a construção da
Tabela de Kurt-Bayer. Na segunda seção mostramos a abordagem que será usada para
resolver os problemas dos próximos capítulos. Nela definimos sistemas reais e virtuais.
Sistemas esses em que a grandeza virtual pode ser força ou deslocamento. A terceira
seção é muito importante do ponto de vista conceitual. Nela falamos sobre a possibilidade
de verificar resultados, como por exemplo calcular o deslocamento real de uma estrutura.
Na última seção definimos valores e hipóteses que serão usados nos capítulos seguintes.

1. PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS (PSE)


O Princípio da Superposição dos Efeitos (PSE) é sempre aplicável quando
estivermos trabalhando em modelos matemáticos lineares. Considere um modelo
matemático utilizado para analisar um fenômeno físico, por exemplo. Se este fenômeno
for descrito por n parâmetros distintos, o PSE permite que seja válida a seguinte
igualdade.
definição 3.1: A soma dos efeitos dos n parâmetros é igual ao efeito da soma dos n
parâmetros.

O PSE é aplicável indiscriminadamente quando o modelo matemático for linear,


o que ocorre no nosso estudo quando estão válidas as hipóteses apresentadas na seção 3
do Capítulo 1 (ver página 13). Quando a linearidade não é válida, mesmo assim é possível
aplicarmos o PSE em muitos casos. Porém, isso é assunto de cursos sobre análise NÃO
linear, o que foge do escopo deste livro.
1.1. Aplicação do PSE na construção dos diagramas de esforços.

30
Para ilustrar a aplicação do PSE na construção dos diagramas de esforços,
considere a Figura 3.1 a seguir. Nela, temos uma viga biapoiada sob carregamento
distribuído constante (q) com momentos concentrados MI e MJ aplicados nos nós I e J
respectivamente. A escala local também é mostrada.

Figura 3.1 – Viga biapoiada analisada nas escalas global e local sob carga distribuída
constante e com dois momentos MI e MJ aplicados nos nós I e J respectivamente.

Ao aplicarmos a equação (1.1) na escala global, obtemos:


qL M I M J qL M I M J
Va    , Vb    e Hb  0 . (3.1)
2 L L 2 L L
De posse das reações de apoio, garantindo o equilíbrio global da estrutura,
impomos o equilíbrio para a escala local, obtendo os esforços em função das cargas e
reações de apoio. Para isso, usamos novamente a equação (1.1).
qL M I M J
 Fy L  0 V  
2 

L L
 q  x,
 
Va
. (3.2)
q  L  x M I  x M J  x q  x2
 M  S   0  M      M I .
 2  L L   2
Va

Como não há força horizontal atuando na escala global (Hb = 0), o esforço normal
N é igual à zero. Por razões análogas, o momento torçor é nulo (T = 0).
Observação 3.1: Note que agora expressamos T como o momento torçor e não mais
como energia cinética, conforme visto no Capítulo 2.

Agora considere o caso em que temos uma viga de tamanho L com três casos de
carga. O primeiro caso só tem carga distribuída constante q. No segundo, só tem o
momento concentrado MI no nó I e no terceiro, atua apenas um momento concentrado MJ
no nó J. Superescritos 1, 2 e 3 são usados para destacar forças e esforços referentes aos
casos 1, 2 e 3. Os esforços são medidos e uma seção genérica distando x do nó I. Estes
casos com suas análises nas escala global e local são apresentados na Figura 3.2.
31
Figura 3.2 – Três casos de carregamento separados atuando na viga, sendo que no caso
1 só tem carga distribuída q, no caso 2, apenas o momento concentrado MI no nó I e no
caso 3, se te MJ aplicado no nó J.

Ao aplicarmos a equação (1.1) na escala global para os três casos, temos:


qL 1 qL
Va1  , Vb  e H b1  0
2 2
M M
Va2   I , Vb2  I e H b2  0 (3.3)
L L .
M M
Va3   J , Vb3  J e H b3  0
L L
Impondo equilíbrio para a escala local para os três casos, obtemos:

 qL
  Fy L  0  V 1

2
 q  x,
caso 1 
 M S   0  M 1  q  L  x  q  x ,
2

 2 2
 MI
  FyL  0  V   L ,
2

caso 2  (3.4)
M
 M S   0  M 2   I  M I ,
 L
 M
 FyL  0  V   L ,
3 I

caso 3 
M
  M S   0  M 3   J .
 L

32
Ao usarmos PSE, somando as reações Va, Vb e Hb nos três casos, temos que:
qL M I M J
VaPSE  Va1  Va2  Va3  Va    ,
2 L L
qL M I M J (3.5)
VbPSE  Vb1  Vb2  Vb3  Vb    ,
2 L L
H bPSE  H b1  H b2  H b3  H b  0,

em que VaPSE ,VbPSE e H bPSE representam a superposição dos efeitos dos três casos de carga
considerados separadamente. Note que:
VaPSE  Va , VbPSE  Vb e H bPSE  H b . (3.6)
Este resultado mostra a validade do PSE para a obtenção de reações e esforços.
Espero com esta observação que o leitor ache natural separar os diagramas de esforços
para cada carga externa que aparecer nos problemas que serão resolvidos!!

1.2. A Tabela de Kurt-Bayer


A tabela de Kurt-Bayer é uma ferramenta usada para evitarmos fazer as integrais
de comprimento que aparecem no Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). Contudo, para
que de fato ela seja útil, é importante que o leitor saiba fazer os diagramas de esforços de
estruturas isostáticas (habilidade adquirida na disciplina análise de estruturas isostáticas).
Ela é fundamentada no fato de que os diagramas dos esforços virtuais que aparecem nas
integrais da energia de deformação elástica apresentam um aspecto padrão. Realmente,
caso usemos sempre momento ou força virtual, o diagrama do esforço virtual será linear,
ou seja, descrito pela equação de uma reta. Isso ocorre independentemente do esforço
analisado. Portanto, considere a equação (3.7) como a expressão de esforço genérico
e x  ao longo de um elemento da estrutura:
e  x   ax  b, (3.7)
em que a é o coeficiente da reta, b é o termo independente e x é a posição variável.
Substituindo a equação (3.7) na integral em que aparece multiplicando o esforço real ex 
e sem considerar a rigidez correspondente, temos que:

 e xex dx   ax  bex dx   a  x  ex dx   b  ex dx. (3.8)

Como a e b são constantes, resulta que:

 e x ex dx  a  x  ex dx  b ex dx. (3.9)

Definamos duas integrais:

33
I1   x  e x dx,
(3.10)
I 2   e x dx.

A integral I1 pode ser relacionada com a determinação do centro geométrico da


área gerada entre a função ex  e o eixo x local (em cursos de cálculo ou física aparecem
como determinação do centro de massa). Desta forma, é válido escrever:
xCG  Ae x    x  ex dx. (3.11)

A integral I2 é a própria área formada entre o eixo x local e função ex  . Portanto,
temos que;
Ae x    e x dx. (3.12)

Substituindo as equações (3.11) e (3.12) na equação (3.9), obtemos que:

 e x ex dx  a  x CG  Ae x   b  Ae  x  . (3.13)

Colocando a área Ae x  em evidência, resulta em:

 e xex dx  a  x CG  b   Ae  x    e  x e x dx  e  xCG   Ae  x  , (3.14)

em que e  xCG  é a equação do esforço virtual avaliada no centro geométrico da área da

figura gerada pelo diagrama do esforço real ex  .


A grande vantagem dessa abordagem consiste no fato de que esses produtos
e  xCG   Ae x  , após serem feitos uma vez, podem ser tabelados. E essa tabela recebe o

nome de Tabela de Kurt-Bayer. A seguir apresentamos dois casos. Um em que o


diagrama de esforço real é parabólico e o virtual é linear e outro em que o real é linear
decrescente e o virtual é crescente. Os esforços estudados são do momento fletor.
Contudo, as combinações servem para qualquer outro esforço!

caso 1. esforço real parabólico e esforço virtual linear crescente:


A Figura 3.3 mostra o caso em que temos um esforço real parabólico e o virtual
linear crescente.

Figura 3.3 – Diagrama de esforço real parabólico e de esforço virtual linear crescente.

34
Observação 3.2: Cuidado com o gráfico da função virtual, ele foi desenhado para baixo
por convenção. Convenção similar a considerar o diagrama de momento fletor positivo
com concavidade para cima. Nesse diagrama o valor do esforço cresce de 0 até M .

Considere as equações do esforço real (parábola) e virtual (linear) dadas por:


x
e x   M  x 2 e e  x   M  . (3.15)
L
O primeiro passo para resolver o problema é determinar o centro geométrico da
parábola. Como o ponto máximo da parábola se encontra no meio, temos que xCG = L/2.
Substituindo o valor de na equação do esforço virtual temos que:
L
M
e  xCG   M  2  e  xCG   . (3.16)
L 2
A área da parábola é dada por (ver qualquer livro de geometria):
4
AParabola   , (3.17)
3
em que  é altura do vértice e  é a metade da distância entre as raízes. Para o nosso
problema,  = M e  = L/2. Portanto, temos que:
4 L
Ae  x   M . (3.18)
3 2
Finalmente, a integral ao longo do comprimento do elemento reto do produto entre
o esforço real pelo virtual é dada por:
  
  M  L M  x dx 
x 2 M 4 L
2 
x

M ,    M   M  x 2
3 
2 L
dx  13 M  M  L . (3.19)
  
e  xCG  Ae  x 
CG

Perceba que ao invés de integrar ao longo do elemento, basta pegar o seu


comprimento multiplicar pelos valores máximos dos esforços real (M) e virtual ( M ) pelo
coeficiente 1/3!!!!

caso 2. esforço real linear decrescente e esforço virtual é linear crescente:


A Figura 3.4 mostra este caso em que temos ambos os esforços lineares, sendo o
real decrescente e o virtual crescente.

35
Figura 3.4 – Diagrama de esforço real linear decrescente e do esforço virtual linear
crescente.

As equações do esforço real e virtual são dadas por:


Lx x
e x   M    e e x   M  . (3.20)
 L  L
O centro geométrico da reta decrescente do esforço real é conhecido, seu valor é
dado por xCG = L/3. Substituindo o valor na equação do esforço virtual, temos que:
L3 M
e  xCG   M   e  xCG   . (3.21)
L 3
A área do diagrama do esforço real é a área de um triângulo. Portanto:
1
Ae  x   M L. (3.22)
2
Finalmente, a integral ao longo do comprimento do elemento reto do produto entre
o esforço real pelo virtual é dada por:
 x   L  x   M 1
  M  L  M     dx 
L   3 

M  L, 
2 
e  xCG  Ae  x  . (3.23)
 x   L  x   1
  L   L   dx  6 M  M  L
 M   M 

Similar ao caso anterior, ao pegarmos os valores máximos dos esforços do caso


real e virtual, multiplica-los entre si vezes o comprimento do elemento e multiplicar por
1/6 é o mesmo que fazer a integral. Note o quanto isso simplifica as contas se elas forem
feitas a mão.
Realizando outras combinações, obtemos a Tabela de Kurt-Bayer mostrada
abaixo. Importante lembrar que apesar dos exemplos anteriores terem sido feitos
considerando esforço do tipo momento fletor, ela serve para fazer combinações entre
quaisquer esforços, contanto que eles sejam os mesmos, ou seja
N , N ; V , V ; M , M  e T , T .

36
Tabela 3.1 – Tabela de Kurt-Bayer.

Outras referências colocam mais combinações. Contudo, conforme colocado nos


objetivos deste livro (seção 1.6 do Capítulo 1), apenas cargas distribuídas constantes e
cargas concentradas serão tratadas aqui. Dessa forma, todos os exercícios que aparecerão
nos capítulos subsequentes serão resolvidos diretamente ou a partir de combinações de
casos que constam nesta tabela.

1.2.1. convenção de uso da Tabela de Kurt-Bayer


A Tabela de Kurt-Bayer será usada para medir a energia de deformação elástica
de elementos retos planos devido à presença dos esforços: N, M, V e T. As integrais darão
lugar ao produto entre um coeficiente, um comprimento e os valores máximos dos
esforços real e virtual. Quando aparecerem nas soluções dos exercícios esses quatro
fatores seguirão a seguinte ordem:
LC KB M M  . (3.24)
em que L é o comprimento que estamos combinando os dois diagramas, CKB é o
coeficiente de Kurt-Bayer obtido pela Tabela, M e M são os esforços máximos dos
diagramas correspondentes ao esforço virtual e real. A ordem dessas duas últimas parcelas
nem sempre será respeitada, pois dependerá de combinações que podem surgir.

37
1.2.2. a Tabela de Kurt-Bayer para problemas de temperatura
As integrais que surgem em problemas de variação de temperatura são:
N B LB N B LB

  N    T  dx   M
b1 0
m

b 1 0
z    gT  dx. (3.25)

Sendo  , T m e gT constantes ao longo da barra, então reescrevemos (3.25) por:


N B LB N B LB
  T m
  N  dx   g   M  dx,
b1 0
T
b1 0
z (3.26)

em que os esforços que aparecem no integrando são grandezas virtuais. Para aplicar a
Tabela de Kurt-Bayer é necessária a combinação de dois diagramas. Contudo, (3.26) pode
ser reescrita por:
N B LB N B LB
  T m
  N  1 dx   g   M  1 dx,
b1 0
T
b 1 0
z (3.27)

em que se destacou 1 , elemento neutro da multiplicação. Assim, por praticidade, admita

que estamos combinando os diagramas virtuais dos esforços N e M z com diagramas


retangulares de altura 1 ao longo de cada barra de comprimento LB. Genericamente,
como resultado, obtemos:
NB NB
  T m  LB CKB N 1    gT  LB CKB M z 1, (3.28)
b1 b1

em que N e M z são os esforços máximos ao longo de cada elemento LB. É importante


observar que:
Observação 3.3: da equação (3.27) para a equação (3.28) há um abuso de notação. Na
equação (3.27) os esforços estão descritos como função da posição (x). Já na equação
(3.28) os esforços presentes são os valores máximos.

38
2. CRIAÇÃO DOS SISTEMAS REAL E VIRTUAL
Nesta seção apresentamos a abordagem prática das integrais que apareceram no
Capítulo 2 e que foram simplificadas pela equação (3.24). A seguir apresentamos um
exemplo de um sistema real e virtual de um modelo estrutural.

2.1. Sistema Real


O sistema real é o modelo que representa a estrutura real existente. A Figura 3.5
mostra um exemplo.

Figura 3.5 – Sistema Real de um modelo de uma estrutura real, composto de três
elementos reticulados planos retos, sujeito a carga distribuída e concentradas.

2.2. Sistema Virtual


Conforme visto anteriormente, tanto os deslocamentos quanto as forças podem ser
virtuais, o que resulta em dois casos possíveis de sistemas virtuais: caso 1 em que as
forças são virtuais e caso 2 em que a grandeza virtual são os deslocamentos. A seguir são
feitas combinações de perguntas e respostas que ajudam a entender os sistemas virtuais.
Pergunta 1: Que características um sistema virtual deve ter independentemente de que
grandeza é virtual
Resposta 1: Em geral, deve ter a mesma geometria do sistema real e
OBRIGATORIAMENTE deve estar em equilíbrio (para todas as escalas). As demais
características vão depender de qual grandeza é virtual.
Pergunta 2: O que esperar de cada caso virtual
Resposta 2: a resposta será de acordo com cada caso.

39
Caso 1 (força virtual): neste caso criamos um sistema virtual em que as forças são virtuais.
Essas forças, equilibradas, geram esforços que combinados com os esforços obtidos do
sistema real resultam em deslocamentos reais. Esses deslocamentos podem ser obtidos
na escala global, local e infinitesimal, sendo os dois primeiros mais explorados.
Caso 2 (deslocamento virtual): neste caso criamos um sistema virtual em que os
deslocamentos são virtuais. Esses deslocamentos, compatíveis, geram esforços que
combinados com os esforços obtidos do sistema real resultam em forças reais, que podem
estar descritas na escala global, local e infinitesimal. As duas primeiras escalas são mais
comuns.
A Figura 3.6 mostra o caso de sistemas virtuais na versão força (lado esquerdo) e
na versão deslocamento (lado direito). Em ambos os casos apresentamos situações que as
grandezas são aplicadas nas escalas global e local. Perceba que as grandezas virtuais são
destacadas em vermelho. Em especial, os deslocamentos virtuais são representados por
retas perpendiculares as setas/curvas que lhe representam.

Figura 3.6 – Sistema Virtual com forças virtuais e com deslocamentos virtuais com
ambos os casos aplicados nas escalas global e local.
Note, na aplicação de forças virtuais na escala local (caso 1), a aplicação do par
de esforços M 1 é feita a partir da retirada de vínculo (rotação) no ponto onde se quer o

40
esforço. Isso ocorre porque por definição estamos analisando uma estrutura em equilíbrio,
logo os esforços também estão e o momento atuando em uma seção qualquer tem que ser
o mesmo. Já na escala global, perceba que não houve referência aos apoios, mesmo assim
a análise é completamente válida devido ao fato de que as cargas virtuais externas
aplicadas estão em equilíbrio. Interessante nesse caso é saber o que estamos medindo.
Pense nisso e se desafie a responder antes da próxima seção!
Observe que também há uma retirada de vínculo na escala local do caso 2
(deslocamentos virtuais). Nesse caso houve apenas uma eliminação de vínculo (rotação)
e a parte inferior direita da estrutura deslocou como um corpo rígido. Novamente é
possível perguntarmos o que medimos com esse deslocamento virtual, porém este caso é
menos intuitivo e esperamos que se torne claro no próximo capítulo. Na escala global,
houve a aplicação de um deslocamento virtual na direção do apoio do primeiro gênero na
direita. Nessa situação, estaríamos tentando determinar a reação de apoio.
A seguir definimos notações que serão usadas sobre o sinal das forças e
deslocamentos adotados ao longo do livro.

Tabela 3.2 – Convenção de sinais para forças e deslocamentos.

41
2.3. Aplicação genérica do PTV na sua versão força virtual
Ao aplicarmos o PTV na sua versão força virtual estamos relacionando esta
grandeza virtual com deslocamentos reais, logo estaremos medindo deslocamentos.
Usando as equações (2.40) e (3.24) em conjunto para o exemplo genérico anterior (Figura
3.6) e considerando o caso que as forças virtuais são aplicadas na escala global, temos
que:

   
4

   F1   0   F1   0   M 1   0  L1  C KB 1 E1 E1 
i i i
 0
 i 1
Desl. Prescrito Cargas Virtuais   
Def. da barra 1
(3.29)
       
4 4
L2  C E E  L3  C
i
KB 2
i
2 E E   i

2 0  
i
 0
KB 3 , 3
i i
3
i 1 i 1
    Estr. Hiper.Temp. Apoios Elast.
Def. da barra 2 Def. da barra 3

em que Desl. Prescrito indica deslocamentos prescritos, Def. da barra i representa a


deformação elástica da i-ésima barra considerando os quatro esforços, Estr. Hiper. Temp.
destaca que a estrutura real é hiperestática e consequentemente os efeitos térmicos não
podem ser medidos diretamente. Finalmente, Apoios Elast. mostra o ponto em que se
i
mede os efeitos dos apoios elásticos. CKBj é o coeficiente de Kurt-Bayer para a

combinação do i-ésimo esforço real e virtual para j-ésima barra. E ij é o i-ésimo esforço

real máximo da j-ésima barra. E ji é o análogo para o caso virtual. Simplificando a

equação (3.29):

           
4 4 4
0  L1  CKB i
1 E1 E1  L2  C KB 2 E2 E2  L3  C KB 3 E3 E3 .
i i i i i i i i

i 1 i 1 i 1
(3.30)
        
Def. da barra 1 Def. da barra 2 Def. da barra 3

Observação 3.3: Os esforços reais considerados na equação (3.29) são um dos objetos
de estudo neste livro. De qualquer forma, se você conseguiu acompanhar o raciocínio
até aqui, a equação (3.30) deve ser verdadeira.

42
2.4. Aplicação genérica do PTV na sua versão deslocamento virtual
Este caso é bem menos usual, mas a partir dele conseguimos aplicações na teoria
de linhas de influência. Nessa versão de deslocamento virtual do PTV associamos
deslocamentos virtuais com forças reais, logo estaremos medindo forças. Aplicando a
equação (2.39) para o caso genérico anterior e considerando o caso que os deslocamentos
virtuais são aplicados na escala global (canto superior direito da Figura 3.6), temos:

 R  L  C E E   L  C E E  


4 4
D 
  4 4 1
i
KB1 1
i i
1 2
i
KB 2
i
2
i
2
i 1 i 1
Desl. Prescrito Virtual  
  

Def. da barra 1 Def. da barra 2
(3.31)
   
4
L3  C E E 
i

KB 3 0 ,3
i i
3
i 1
  Apoios Elast.
Def. da barra 3

em que R4 é desconhecido assim como os demais esforços reais. Simplificando o caso


de força virtual, temos que:

   
NB 4
D4 

 R4   L j  CKBj

i
E ji E ij .
(3.32)
j i 1
Desl. Prescrito Virtual     
Def. da barra 1

Na equação (3.32) compactamos a energia de deformação elástica em dois


somatórios. O mais externo percorre o número de barras presente na estrutura e o mais
interno conta os efeitos dos quatro possíveis esforços.

43
3. VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS
Em geral a verificação que será discutida serve para o caso do PTV na sua versão
força virtual. Conforme visto, ao combinarmos forças virtuais com deslocamentos reais,
medimos esses deslocamentos. Portanto, caso não haja deslocamentos correspondentes
às forças virtuais, esses deslocamentos devem ser nulos. O que implica que a energia
virtual de deformação elástica também deve ser ZERO. Assim, aplicando essa discussão
no exemplo genérico da seção 2.3, obtemos uma identidade na equação (3.30), ou seja:
0  0. (3.33)
Similarmente, para a versão de deslocamento virtual do PTV, obteriamos a reação
de apoio correspondente ao deslocamento virtual D4 , resultando genericamente em:

   
NB 4

 L j  CKBj
j
i

i 1
E ji E ij
(3.34)
R4 
D4
Essa ferramenta é extremamente útil para fixar os conceitos. Claro que atualmente
verificações podem ser feitas a partir de programas computacionais. Contudo, ter em
mente conceitos fundamentais e saber como verificar possíveis erros na solução de
problemas reais e teóricos sem o uso de computador é LIBERTADOR! O capítulo
seguinte apresenta essas discussões feitas neste capítulo em estruturas isostáticas.

4. PADRÕES DOS EXEMPLOS


Exceto quando deixemos explícito o contrário, adotarem em todos os exemplos
resolvidos nos próximos capítulos os dados a seguir:
- o efeito do esforço cortante na deformação elástica será insignificante nas integrais;
- o módulo de elasticidade longitudinal (E) do material utilizado é 210 GPa;
- será usada uma seção transversal padronizada de 20 cm de base e 80 cm de altura;
- não nos preocuparemos com unidades das grandezas físicas envolvidas durante as
soluções literais do problemas;
- nas soluções numéricas usaremos, com todos os detalhes, as unidades das grandezas
físicas envolvidas nos problemas.

44
Cap. 4: Estruturas
Isostáticas
Aplicamos neste capítulo todos os conceitos estudados anteriormente em
estruturas isostáticas. O foco é apresentar a solução detalhada de problemas com nível
crescente de dificuldade. Temos cinco seções. Nas três primeiras aplicamos tudo o que
estudamos nos capítulos anteriores para calcular força ou deslocamentos em vigas,
pórticos e grelhas, respectivamente. Lembre de rever o que foi discutido na seção 4 do
Capítulo 3.
A quarta seção mostra um exemplo numérico em que analisamos um pórtico
hiperestático onde fornecemos as reações de apoio e os diagramas de esforço normal e
momento fletor e a rotação em um ponto. Esse exemplo tem a finalidade de mostrar de
forma definitiva o poder do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). A quinta seção faz
uma revisão do que foi estudado.

1. VIGAS
Esta seção é dividida em duas subseções. Na primeira vemos exemplos em que
temos forças virtuais. Na segunda, mostramos casos com deslocamentos virtuais.
1.1. Forças virtuais
Nessa subseção veremos cinco exemplos de vigas em que aplicaremos forças virtuais
e discutiremos o que estaremos medindo.
1.1.1. viga engastada livre sob casos de cargas concentradas na extremidade livre
Considere a viga abaixo submetida a três casos de cargas separadamente. Para
cada caso mostramos as reações de apoio e os diagramas de esforço normal e fletor
correspondentes (Ver Figura 4.2).

45
Figura 4.1 – Viga isostática submetida a três casos de carregamento.

Consideremos três casos de forças virtuais idênticas aos casos reais, resultando
em três sistemas virtuais. Neste exemplo, por didatismo, os três sistemas virtuais criados
são auto-equilibrados. Isso é feito na tentava de fixar a ideia de que esses sistemas não
precisam respeitar os vínculos do sistema real.

Figura 4.2 – Três sistemas virtuais auto-equilibrados que medem diferentes


deslocamentos reais.

A seguir apresentamos as combinações dos casos reais com os virtuais e faremos


a interpretação de quais deslocamentos estamos medindo. Para algumas combinações,
apenas o resultado será colocado. Isso é feito na expectativa de que os exercícios feitos
em detalhe anteriormente já deem desenvoltura suficiente para o leitor chegar nos
resultados. Se ainda assim houver dúvidas, veja os exemplos numéricos do apêndice.

46
- caso 11: combina os casos 1 real e virtual.
1
 0    P  0   P   DH 

L1 P  P  
 EA  
Desl. Prescrito Cargas Virtuais Def. da viga devido EA
(4.1)
1
L000    0   0 ,
EI Def. 
da viga devido EI Efeito Temp. Apoios Elast.

resultando em:
PL
P  DH  P. (4.2)
EA
Como P é qualquer (característica de ser virtual), tomando-o diferente de zero e
redefinindo DH por  , temos que:
PL
 . (4.3)
EA
A equação (4.3) é bastante conhecida de Resistência dos Materiais. Ela fornece o
deslocamento no sistema local (alongamento) em função do produto entre o esforço
normal e o comprimento da viga dividido pelo módulo de rigidez axial.

- caso 12: combina o caso 1 real com o caso 2 virtual.


1
 0    P L  0   P   0   P  DV 
           
L00 P  

EA Def.
Desl. Prescrito Cargas Virtuais da viga devido EA
(4.4)
1
L0  L
P
0   0   0 ,
EI 
Def. da viga devido EI Efeito Temp. Apoios Elast.

resultando em:
DV  0, (4.5)
o que implica que não há deslocamento vertical para o caso real em que carregamos
axialmente a viga.
Observação 4.1: não confunda os sentidos de P L na equação (4.4). A primeira vez que
aparece se refere ao momento externo que está no sentido anti-horário (positivo). No
outro caso, diz respeito ao momento fletor gerado por este mesmo momento externo.
O momento fletor é negativo conforme convenção mostrada na Figura 1.2.

47
- caso 13: combina o caso 1 real com o caso 3 virtual. Portanto, medimos a rotação  
no nó J devido a um carregamento axial na viga. Como resultado, temos que:
  0. (4.6)
- caso 21: combina o caso 2 real com o caso 1 virtual. Portanto, medimos o deslocamento
horizontal do nó J DH  devido a uma carga concentrada vertical aplicada no mesmo nó.
Como resultado, temos que:
DH  0. (4.7)
- caso 22: combina os casos 2 real e virtual. Logo estamos medindo deslocamento vertical
no ponto em que se aplicou a carga P no sistema real.
1
 0    P L  0   P  0   P  DV 
            EA
L000 
 
Desl. Prescrito Cargas Virtuais Def. da viga devido EA

1 1 (4.8)
L  P L  PL   0   0 ,
EI 
3    Efeito Temp. Apoios Elast.
Def. da viga devido EI

resultando em:
PL3
 P  DV  P. (4.9)
3EI
Tomando P  0 , temos que:
PL3
DV   . (4.10)
3EI
Este resultado também é conhecido de Resistência dos Materiais. O detalhe está
no sinal negativo, indicando que DV é para baixo.
- caso 23: combina o caso 2 real com o 3 virtual. Assim, medimos a rotação no ponto em
que se aplicou a carga P no sistema real.
1
 0   
M0   M 
 
EA
L000 
 
Desl. Prescrito Cargas Virtuais Def. da viga devido EA

1 1 (4.11)
L  M  PL  
0   0 ,
EI 
2    Efeito Temp. Apoios Elast.
Def. da viga devido EI

resultando em:
PL2
M   M . (4.12)
2 EI
Tomando M  0 , temos que:

48
PL2
  . (4.13)
2EI
- caso 31: combina o caso 3 real com o caso 1 virtual. Portanto, medimos o deslocamento
horizontal no nó J DH  devido a uma viga submetida a um momento concentrado
aplicado no nó J. Como resultado, obtemos:
DH  0. (4.14)
- caso 32: combina o caso 3 real com o caso 2 virtual. Portanto, medimos o deslocamento
vertical no nó J DV  para o caso real em que temos um momento concentrado aplicado
no nó J. Como resultado, obtemos:
1
 0    P L  0   P  0   P  DV 
           
L000 
EA Def. 
Desl. Prescrito Cargas Virtuais da viga devido EA

1 1 (4.15)
L  P L  M    0   0 ,
EI 
2    Efeito Temp. Apoios Elast.
Def. da viga devido EI

resultando em:
ML2
 P  DV   P . (4.16)
2 EI
Tomando P  0 , resulta em:
ML2
DV  . (4.17)
2 EI
- caso 33: combina os casos 3 real e virtual. Logo, medimos a rotação nó J. Como
resultado, temos que:
1
 0   
M0   M 
 
EA
L
 0 0
0 
Desl. Prescrito Cargas Virtuais Def. da viga devido EA
(4.18)
1
L1 M  M    0  0 ,
EI    
Def. da viga devido EI Efeito Temp. Apoios Elast.

resultando em:
M L
M   M . (4.19)
EI
Tomando M  0 , obtemos:
M L
 . (4.20)
EI
A Figura 4.3 a seguir mostra o resultado das combinações:

49
Figura 4.3 – Resultado das combinações dos casos de carga nos sistemas real e virtual.

Perceba que ao tirarmos a carga real (P e M) e o sinal dos deslocamentos, a rotação


causada devido a uma carga aplicada no nó J (caso 32) tem exatamente o mesmo
coeficiente que calcular o deslocamento vertical que ocorre ao aplicarmos uma carga
vertical em J. Os demais termos cruzados, ou seja casos ij têm os mesmos coeficientes
que os casos ji. Isso na verdade é uma consequência do Princípio dos Trabalhos
Virtuais. Devido sua importância colocamos uma observação a seguir.
Observação 4.2: Em uma estrutura equilibrada, aplicar uma carga concentrada unitária
(força ou momento) em um ponto i e medir um deslocamento (translação ou rotação)
devido a esta carga em um ponto j, é numericamente igual ao deslocamento medido no
ponto i gerado pela carga concentrada aplicada no ponto j.

50
1.1.2. Viga com deslocamentos prescritos
Nesse exemplo, aplicamos uma rotação e um deslocamento vertical prescrito sem
carregamento externo. Esse será o sistema real. Um sistema virtual, auto-equilibrado, será
criado para medir o deslocamento vertical real.

Figura 4.4 – Viga engastada livre submetida a deslocamentos prescritos com um


sistema virtual que meça deslocamento vertical na extremidade livre.

Como não há presença de variação de temperatura nem apoio elástico, seus efeitos
não são destacados na equação do PTV. Na equação abaixo, supomos que o deslocamento
calculado Dv está no sentido arbitrado como positivo.
 P  D    P L      P  D  0.
 p p V
   (4.21)
Desl. Prescrito Cargas Virtuais

Repare que o lado direito da equação, que corresponde à energia de deformação


elástica virtual é nula. Isso ocorre porque devido à ação externa, a viga se desloca como
um corpo rígido. Simplificando a equação anterior e lembrando que P é qualquer;
portanto P  0 , temos que:
P D p  L p  DV   0  DV  D p  L p . (4.22)
Este resultado é bem intuitivo. O deslocamento vertical da extremidade livre é
igual à soma do deslocamento prescrito translacional, para cima, com o deslocamento
devido a rotação no sentido horário, fazendo a extremidade livre descer conforme a
hipótese de pequenos deslocamentos. Destacamos na observação a seguir uma
informação importante deste problema.
Observação 4.3: Estrutura isostática submetida a deslocamentos de corpo rígido têm
energia de deformação elástica nula, ou seja, U Ela  0.

51
1.1.3. Viga com apoios elásticos e variação de temperatura
O exemplo a seguir explora os conceitos de variação de temperatura e apoios
elásticos. A viga real está submetida apenas a uma variação de temperatura positiva na

parte inferior T i e negativa na parte superior T s , gerando variação uniforme T m e 
gradiente  gT  de temperatura, que são obtidas pelas equações (2.26) e (2.29). Os três
deslocamentos na extremidade livre são calculados. Portanto, temos três sistemas virtuais,
conforme indicado na Figura 4.5.

Figura 4.5 – Viga engastada livre submetida à variação uniforme e gradiente de


temperatura com apoios elásticos.

Note o detalhe que novamente estamos usando sistemas virtuais auto-


equilibrados. A diferença agora é que existe a presença das molas dos apoios elásticos
(repare que não há engastes nas molas). Outro ponto importante é que conforme o
conceito físico, não há reações de apoio no sistema real, logo os seus diagramas de esforço
normal e fletor são nulos. Para os sistemas virtuais, os diagramas são idênticos aos obtidos
pela Figura 4.2.
Ao aplicarmos o sistema virtual 1 estamos calculando o deslocamento horizontal
da extremidade livre da viga. Este cálculo é feito a partir do uso da equação (2.40):

52
   P   DH  L0P 0 
1
 0
  EA 
Desl. Prescrito Def. da viga devido EA
Cargas Virtuais

0 (4.23)
L000    T m  L1 P 1   P   .
1
EI Def.   kx 

da viga devido EI Efeito Temp.  
Apoios Elast.

Simplificando, temos que:


P DH    T m  L  P . (4.24)

Como P é qualquer, fazemos P  0 resultando em:


DH    T m  L, (4.25)
resultado esperado conforme a teoria.
Ao aplicarmos o sistema virtual 2 estamos calculando o deslocamento vertical da
extremidade livre da viga. Esse cálculo é feito a partir do uso da equação (2.40):
1
 0    P  DV 
  EA 
L000 

Desl.Prescrito Def. da viga devido EA
Cargas Virtuais

1 1 0 0 (4.26)


L0 P L 0    gT  L    P L 1   P     P L   .
EI      2   k  kt 
Def. da viga devido EI     y 
    
Efeito Temp. Apoios Elast.

Simplificando, temos que:


   g t  L2 
 P DV   P  . (4.27)
 2 
Como P é qualquer, faz-se P  0 resultando em:
  gt  L2
DV  . (4.28)
2
Esse resultado já não é tão conhecido. Finalmente, aplicando o sistema virtual 3
calculamos a rotação na extremidade livre da viga. Usando novamente a equação (2.40),
obtemos:

    1
 0 M    L000 
EA  
Desl. Prescrito Cargas Virtuais Def. da viga devido EA

0 (4.29)
L0 M 0    g t  L  1 M 1   M   .
1

EI Def.     k 
da viga devido EI Efeito Temp. t
Apoios Elast.

Simplificando, temos que:

53
M  M   gt  L. (4.30)

Ao fazermos M  0 , temos que:


    g t  L. (4.31)
Observação 4.4: os resultados das equações (4.28) e (4.31) não são bastante
conhecidos, logo eles serão os primeiros verificados numericamente. Veja o apêndice!

1.1.4. Viga com deslocamento prescrito, apoios elásticos, variação de temperatura e


cargas externas.
Apresentamos neste exemplo uma viga isostática sob deslocamento prescrito de
rotação e apoios elásticos translacionais no nó I. No nó J temos carga de momento e uma
força concentrada vertical. Além disso, há variação uniforme e gradiente de temperatura.
Todos os efeitos que tornam o modelo mais realísticos são considerados. Treinamos, neste
exemplo, a aplicação do Princípio da Superposição dos Efeitos (PSE). A Figura 4.6
apresenta o problema com PSE em relação as cargas externas e os diagramas de momento
fletor que são necessários para o cálculo da energia de deformação elástica.

Figura 4.6 – Viga engastada livre submetida à variação uniforme e gradiente de


temperatura, apoios elásticos, deslocamento prescrito e cargas externas.

54
Supondo que queiramos medir o deslocamento vertical do nó J. Assim temos o
seguinte sistema virtual.

Figura 4.7 – Sistema virtual que mede deslocamento vertical na extremidade livre.

Por termos separado os efeitos na energia de deformação elástica, este problema


apresentará todos os termos que aparecem na equação do PTV de forma separada.
Considere primeiro o trabalho virtual realizado pelas cargas externas.
WE   P L   p    P DV   P  L p  DV .
   (4.32)
Desl. Presc. Forças Virtuais.

Abaixo consideramos a energia virtual de deformação elástica das molas.


 qL  P   
Molas
U Ela   P    P  qL  P  . (4.33)
 k   k 
 y   y 
Em seguida temos a deformação elástica da viga devido a variação de temperatura.

1     gt  L2 
U Temp
Ela    gT  L    P L1  P  . (4.34)
 2  2 
Por último, calculamos a energia virtual de deformação elástica devido à ação dos
esforços.

 1  qL2   1    qL2  


 L  P L    L  P L   
3  8   3  2  

 1  .
Esforços
U Ela   Efeito de q
(4.35)

 EI   1  
 L  P L  PL  L 1  P L  M  
 3 2  
      
Efeito de P Efeito de P

Note a presença clara (+) da consideração do PSE. Nesse exemplo fazemos todas
as etapas. Isso não será feito em todos os outros, onde já colocaremos o comprimento e a
carga virtual em evidência. Simplificando (4.35), temos que:

Esforços
U Ela 
 P   qL
4

qL4  PL3 ML2 
 
 . (4.36)
EI  24 6  3 2 

55
Juntando todos os efeitos da energia virtual de deformação elástica, ou seja
U Ela  U Ela
Molas
 U Ela
Temp
 U Ela
Esforços
e colocando P em evidência, temos que:

 P  PL3 qL4 ML2   gT  L2 qL  P 


U Ela        . (4.37)
 EI  3 8 2 2 k y 

Ao igualarmos o resultado da equação (4.32) com a equação (4.37) e considerando


P  0 , temos que:
PL3 qL4 ML2   g t  L2 qL  P
 L p  DV      . (4.38)
3EI 8EI 2 EI 2 ky
Isolando DV, obtemos:
ML2 qL4 PL3   g t  L2 qL  P
DV       L p . (4.39)
2 EI 8EI 3EI 2 ky
Veja o exemplo numérico no apêndice!

1.1.5. Viga rígida com deslocamento prescrito, apoios elásticos, variação de


temperatura e carga distribuída.
Neste exemplo exploramos a hipótese da existência de elementos completamente
rígido, ou seja, elementos cujos módulos de rigidez axial e flexão são muito altos. Como
consequência, esses elementos não deformam ao serem submetidos ao esforço normal e
e momento fletor. Contudo, ele deforma por variação de temperatura. Este resultado não
é nada intuitivo, mas é obtido diretamente da aplicação do PTV versão força virtual. A
Figura 4.8 destaca todas as características do problema. Note que o desenho
representativo da viga muda indicando a rigidez total (duas barras horizontais paralelas
entre si). Destacamos isso por EA   e EI  .

Figura 4.8 – Viga rígida engastada livre submetida à variação uniforme e gradiente de
temperatura, apoios elásticos e deslocamento prescrito.

56
Considere que queremos medir a rotação do nó J. Logo, temos o seguinte sistema
virtual.

Figura 4.9 – Sistema virtual que mede rotação na extremidade livre.

De forma similar ao exemplo anterior, os efeitos na energia de deformação


elástica, que aparecem na equação do PTV, aparecerão de forma separada. Considere
primeiro o trabalho virtual realizado pelas cargas externas.
WE   M   p    M    M  p    .
    (4.40)
Desl. Presc. Forças Virtuais.

Abaixo consideramos a energia virtual de deformação elástica das molas.

0  qL 
Molas
U Ela   0     0    0 . (4.41)
k 
 kx   y
Em seguida consideramos a deformação elástica da viga devido à ação da variação
de temperatura.
Temp
U Ela    g t  L  1 M 1  M   g T  L . (4.42)
Por último, calculamos a energia virtual de deformação elástica devido à ação dos
esforços.

 1   2   qL2   1    qL2 
U Esforços
Ela    L  M    L  M   . (4.43)
 EI   3   8  2  2 
Como o elemento é rígido, temos que:

 1   2   qL2   1    qL2  


Esforços
U Ela  lim   L  M    L  M     0 . (4.44)
EI 
 EI   3   8   2  2  
Juntando todos os efeitos da energia virtual de deformação elástica, ou seja
U Ela  U Ela
Molas
 U Ela
Temp
 U Ela
Esforços
e colocando M em evidência, resulta que:

U Ela  0  M   g T  L   0  M   g t  L  . (4.45)

57
Ao igualarmos o resultado da equação (4.40) com a equação (4.45) e considerando
M  0 , obtemos:
 p      g t  L. (4.46)
Isolando  , temos que:
    gt  L   p . (4.47)
Desse resultado, observamos que:
Observação 4.5: não importa o carregamento externo que consideremos, ele não
influenciará o deslocamento e rotação em qualquer seção da viga. Apenas os
deslocamentos prescritos e os efeitos de temperatura aparecerão nas expressões finais.

58
1.2. Deslocamento virtuais
Nesta subseção vemos dois exemplos de viga sob deslocamentos virtuais. O
primeiro é uma viga engastada livre onde obtemos as reações de apoio. Já o segundo,
obtemos esforços em uma viga biapoiada com balanços.

1.2.1. Viga engastada livre


São criados sistemas de deslocamentos virtuais nas escalas global e local para o
PTV na versão deslocamento virtual. Na escala global, estudaremos o caso em que
aplicamos uma rotação virtual no engaste. Na escala local, impomos dois campos virtuais.
Um, com rompimento de vínculo de translação vertical e outro com rompimento
rotacional. Essas retiradas de vínculos são feitas em uma seção S localizada a uma
distância x do engaste. A Figura 4.10 apresenta o sistema real com a carga real e os três
sistemas virtuais analisados. Note que o sistema virtual 3 há a presença da hipótese de
pequenos deslocamentos em que consideramos que o arco de círculo pode ser aproximado
pelo cateto oposto a  .

Figura 4.10 – Sistema real com a carga e as reações de apoio com três sistemas virtuais.

59
Observação 4.6: note que na Figura 4.10 os três sistemas virtuais apresentam apenas
deslocamentos de corpo rígido, ou seja, NÃO há deformação elástica alguma!

A seguir apresentamos as combinações entre os três sistemas virtuais com o


sistema real.
- caso 11: combina o sistema real com o sistema virtual 1. Nesse caso obtemos uma força
real, mais especificamente a reação de apoio de momento no engaste, conforme mostra a
equação a seguir:
0    Va      M   L   P  
 0  ,

 (4.48)
Desl Virtuais Def. Elástica da viga

logo,
  M  PL  0, (4.49)

sendo   0 , temos que:


M  PL. (4.50)
Nos próximos dois casos aplicamos deslocamentos virtuais na escala local. Como
forças nessa escala são esforços, por isso aparecem em pares, NÃO esqueça que os efeitos
dos deslocamentos virtuais devem aparecer para cada elemento do par de esforço! Como
os esforços estão associados à seção S, eles aparecerão com subscrito S.

- caso 12: combina o sistema real com o sistema virtual 2. Perceba que o lado esquerdo
da seção S, onde houve o rompimento, ficou como se nada tivesse ocorrido (configuração
indeformada). Já o lado direito, subiu como corpo rígido de uma distância D da
configuração inicial, o que resulta em:
0   Va   0   M   D    P   0    VS   D    VS   
 0  ,
  (4.51)
Desl Virtuais Def. Elástica da viga

logo,
D  VS  P   0, (4.52)

sendo D  0 , temos que:


VS  P. (4.53)

60
- caso 13: combina o sistema real com o sistema virtual 3. Note que o lado esquerdo de
onde houve o rompimento (seção S) ficou como se nada tivesse ocorrido (configuração
indeformada). Porém, o lado direito girou como corpo rígido de tal forma que o nó J subiu
L em relação a configuração indeformada, o que resulta em:
0   Va   0   M   L    P   0   M S   L  x     M S  
  
Desl Virtuais
(4.54)
0  ,

Def. Elástica da viga

logo,
  M S  L  x   0, (4.55)

sendo   0 , temos que:


M S  L  x. (4.56)

1.2.2. Viga biapoiada com balanços


Estudaremos nesse exemplo como obter esforço cortante e momento fletor a partir
de um sistema com deslocamento virtual.

- deslocamento virtual vertical: neste exemplo calculamos as forças que atuam em uma
seção S que está no meio do vão distando x da origem. Por se tratar de um ponto interno,
obtemos força na escala local (esforço e momento). A Figura 4.11 apresenta os detalhes
do problema.

Figura 4.11 – Viga biapoiada com balanços sob carga concentrada no vão esquerdo.

Note que não foi necessário obtermos os diagramas de momento fletor. Isso se
deve ao fato de que ao impormos um rompimento de vínculo em uma seção S qualquer
no meio do vão, obtemos duas partes, uma a esquerda e outra à direita de S, que se
deslocarão como corpo rígido. A Figura 4.12 mostra um sistema virtual com um
rompimento de vínculo vertical. Portanto mediremos esforço cortante.

61
Figura 4.12 – Sistema virtual com um rompimento de vínculo vertical em uma seção S
(L1  x  L2) e com semelhança de triângulos destacada em verde para obter condições
de compatibilidade.

Pelo fato de termos uma estrutura orginalmente isostática, ao rompermos um


vínculo, as partes deslocarão como corpo rígido. Consequentemente, a energia virtual de
deformação elástica é nula. Portanto, aplicando o PTV na versão deslocamento virtual,
temos que:
 
D   V    D   V    D    P   
S
e
S
 S
d
S

0  ,
(4.57)
Desl Virtuais Def. Elástica da viga

em que  VS ,VS  é o par de esforço na seção S. Isolando VS, resulta:

DP
VS  . (4.58)
D  DSd
S
e

Para resolver o problema é necessário obtermos o deslocamento virtual D em


função de DSe  DSd . Para isso destacamos os dois triângulos hachurados de verde na
Figura 4.12. Da semelhança de triângulos, temos que:
D

DSe  DSd
D
L1 DSe  DSd
.
 
L1 L2 2 L2 (4.59)
2
Substituindo (4.59) em (4.58) resulta em:
L1
VS  P. (4.60)
2 L2

62
Talvez não seja tão óbvio este resultado. Note que o esforço cortante não depende
da posição x em que posicionamos a seção S ao longo dos apoios, ou seja, o esforço deve
ser constante e positivo neste trecho! Um ponto interessante e que pode ser visto de
imediato, semelhança de triângulos, é que não conseguimos obter esforço cortante em
cima de um apoio com esta mesma técnica. Para tanto, é necessário fazermos um
rompimento de vínculo imediatamente à esquerda ou à direita do apoio.

- deslocamento virtual rotacional: a Figura 4.13 mostra um rompimento de vínculo


rotacional (rótula), logo mediremos momento fletor.

Figura 4.13 – Sistema virtual com um rompimento de vínculo rotacional (rótula) em


uma seção S (L1  x  L2).

Conforme mencionado anteriormente, os sistemas virtuais não precisam respeitar


vínculos, tomemos como exemplo a criação da rótula! Contudo, por simplicidade, ao
aplicarmos as rotações à esquerda e a direita de S, os demais vínculos serão respeitados,
ou seja, os deslocamentos verticais nos apoios serão nulos (caso contrário teríamos que
considerar os trabalhos realizados pelas reações). Portanto, para aplicar rotações
diferentes nos lados da seção S respeitando as restrições dos apoios, ela deve deslocar
verticalmente. A Figura 4.14 mostra o resultado após impormos rotações virtuais
diferentes na seção S respeitando as restrições dos apoios.

Figura 4.14 – as rotações virtuais aplicadas à esquerda e à direita da rótula.

63
De forma similar ao problema anterior temos que U Ela  0 . Portanto, aplicando o
PTV na versão deslocamento virtual, temos que:
 
S
e
  
M       M    D    P   
S S

d
S 0  ,
(4.61)
Desl Virtuais Def. Elástica da viga

em que  M S , M S  é o par de momento fletor na seção S. Isolando MS, resulta:

 DP
MS  . (4.62)
 Se   Sd
A questão que surge é a necessidade de escrevermos D em função de  Se   Sd .
Para isso destacamos os dois triângulos hachurados de verde na Figura 4.14. Da
semelhança de triângulos, temos que:
D DS L1
 D DS .
L1 x  L1 2 x  L1  (4.63)
2
O problema agora é escrever DS em termos de  Se   Sd  . Para tanto, repare nos
triângulos destacados na Figura 4.15.

Figura 4.15 – Semelhança de triângulos para a retirada de relações cinemáticas.

Da semelhança entre o triângulo hachurado de verde listrado e o triângulo


hachurado de vermelho pontilhado, temos que:
DS D L  L2  x  D .
 T  DS  1 T (4.64)
L1  L2  x L2 L2

Ainda falta escrever DT em termos de  Se   Sd  . Admitindo a hipótese de

pequenos deslocamentos, ou seja, DT pode ser calculado como se fosse um arco de


círculo, resulta que:

DT   x  L1   Se   Sd .  (4.65)
A Figura 4.16 destaca as relações usadas na aplicação da hipótese acima.

64
Figura 4.16 – Destaca as relações usadas na hipótese simplificadora para calcular DT .

Finalmente, substituindo (4.65), (4.64), (4.63) em (4.62) resulta em:

MS 
P L1 L1  L2  x  x  L   e   d .
  (4.66)
   S 2x  L1 
e d 1 S S
S L2
Simplificando, temos que:
 L1 L1  L2  x 
MS  P. (4.67)
2 L2
A equação (4.67) é de fato a expressão do momento fletor para qualquer seção S
(L1  x  L2).
Os resultados obtidos quando aplicamos deslocamentos virtuais são explorados
em disciplinas como Mecânica Geral ou Estruturas Isostáticas. De fato, é completamente
desnecessário usar o PTV na versão deslocamento virtual para estes casos. A importância
deste conceito é muito mais importante em estruturas hiperestáticas. Exatamente por isso,
os próximos exemplos serão estudos apenas a partir da aplicação do PTV na versão força
virtual.

65
2. PÓRTICOS
Apresentamos apenas um exemplo com todos as considerações discutidas que
visam tornar mais fidedigna a simulação de estruturas.

2.1. Pórtico com elemento rígido, deslocamento prescrito, apoios elásticos, variação
de temperatura e carga concentrada em canto de barra próximo à rótula.

A seguir apresentamos um pórtico plano com duas barras completamente rígidas


(L1 e L2). Na barra L2 temos a ação de uma carga distribuída e variação de temperatura.
Na barra L3, no seu canto esquerdo, temos um momento concentrado aplicado. A Figura
4.17 mostra apresenta os detalhes do exemplo com os diagramas de esforço normal e
momento fletor.

Figura 4.17 – Pórtico com elementos rígidos submetido à variação uniforme e gradiente
de temperatura, apoios elásticos e deslocamento prescrito.

Usando as equações de equilíbrio com a equação adicional, momento na rótula


igual a zero, obtemos as seguintes expressões para as reações de apoio do sistema real:
L1M qL 2 L L  L2 L4 
Va   2 1 3 ; Vb  qL2  Va e
L1L3  L2 L4 2L1L3  L2 L4 
2 (4.68)
V L qL
Ha  a 2  2 ; Hb  H a.
L1 2 L1
Considere que desejamos calcular a rotação no lado esquerdo da rótula. Neste caso
o sistema virtual com seus diagramas de esforço normal e momento fletor são mostrados
na Figura 4.18. É importante prestar atenção que usamos uma força unitária com suas
reações.

66
Figura 4.18 – Sistema Virtual com seus diagramas de esforço normal e momento fletor.

As reações de apoio do sistema virtual são:


L3 L4
HA  ; H B  H A e VA  ; VB  V A . (4.69)
L1 L3  L2 L4 L1 L3  L2 L4
De posse dos diagramas dos sistemas real e virtual, nós podemos calcular a rotação
à esquerda da rótula. Para tanto, calculamos primeiro o trabalho virtual realizado pelas
cargas externas WE , o que resulta em:

 
WE   1esq.rot    Va  Dp . (4.70)

A equação (4.71) mostra a energia virtual de deformação dos apoios elásticos:

  Ha   
Molas
U Ela 
  H a  k
   Va   kV a .
 (4.71)
 x   y 
Devido a barra L1 ser completamente rígidas e pelo carregamento que lhe foi
imposto, ela não entra na contabilização da energia de deformação elástica virtual. A barra
L2 é completamente rígida mas foi submetida a variação de temperatura. Logo, sua
energia de deformação elástica é dada por:
  1 
Esforços
U Ela ,L 2  L2 T 1 H a   g t 1H a L1    1  H a L1   , (4.72)
  2 
A energia de deformação elástica virtual da barra L3 é dada por:

 EA 1H a  H a  
 1 

 
U Ela, L 3  L3 
Esforços
  , (4.73)
 H a L4    H a L4     M  H a L4  
1  1   1 
 EI  
 2 Retang   6   
  do Trapézio Triag do Trapézio  

Já para o caso da barra L4, temos que:

67
 1
, L 4  L4 
Esforços
U Ela 1Va Vb   1  1  H a L4 H a L4 . (4.74)
 EA EI  3  
Somando todas as parcelas da energia de deformação elástica e igualando com o
trabalho virtual realizado pelas cargas externas, a partir do uso do PTV, temos que:
  
esq.rot  Va Dp  L2 T 1 H a   gt 1H a L1    1  H a L1   
1
  2 

 EA 1H a  H a  
 1 

 
L3    
 H a L4    H a L4     M  H a L4  
1  1   1 
 EI  
 2 Retang   6    (4.75)
  do Trapézio Triag do Trapézio  

 1 
L4  1Va Vb     H a L4 H a L4  
1 1
 EA EI  3  
 
 H   H
a
a


   Va  kV a .

 kx   y 
Veja o resultado numérico deste exemplo no apêndice.

68
3. GRELHAS
Assim como no exemplo de pórtico, aplicamos aqui um sistema virtual com forças
unitárias. Consideramos também que temos uma seção circular que resulte numa rigidez
torcional GJ conhecida.

3.1. Grelha sob variação de temperatura com apoios elásticos e deslocamento


prescrito sob cargas concentradas.

A seguir apresentamos uma grelha isostática com duas barras (L1 e L2). A Figura
4.19 apresenta os dados do exemplo com os diagramas de momentos torçor e fletor. As
reações de momento, setas de ponta dupla, que apontam no sentido positivo dos eixos,
são consideradas positivas. Caso contrário, são negativas.

Figura 4.19 – Grelha do exemplo com seus diagramas de momentos torçor e fletor.

Conside que queremos calcular o deslocamento vertical na extremidade livre,


tomemos um sistema virtual mostrado na Figura 4.20 abaixo.

Figura 4.20 – Sistema Virtual com seus diagramas de momentos torçor e fletor.

O trabalho virtual realizado pelas cargas externas WE  é dado por:

WE   1DV   1 Dp . (4.76)

A deformação elástica das barras pela presença dos esforços é dada por:

69
  1   
  2 M 2  PL1    
L L    
1 

1 1
  1   
  M 2  M 2  PL1   
Esforços
U Ela 
EI   6    (4.77)
 1 
L2  L2  PL2  
  3  
1
L1 1 L2 M1  PL2  ,
GJ
A deformação elástica virtual devido a variação de temperatura é obtida por:
  1  1 
Temp
U Ela  g t L1   L1   L2   L2  , (4.78)

vão
2  2 
vão 

A equação (4.79) mostra a energia virtual de deformação dos apoios elásticos:

  M 2  PL2    M1  PL1 
Molas
U Ela   L1     L2  . (4.79)
k  k 
 tx   ty 
Usando o PTV resulta que:

  1   
  M 2  PL1   
L 2  2   
 1
1   1    L1 L2
DV  D p    PL1    M 1  PL2  
EI   6    GJ
 1  (4.80)
L2  L2  PL2  
  3  
 M  PL2 
L1  2
k tx
 M  PL1 
  L2  1
 k ty  2

g t 1 L1 2  L2 2 . 
   

70
4. PÓRTICO HIPERESTÁTICO COM REAÇÕES E DIAGRAMAS
FORNECIDOS
Apresentamos nessa seção um exemplo numérico de um pórtico hiperestático
submetido a variação de temperatura, deslocamento prescrito e carga distribuída com
apoios elásticos. Fornecemos os diagramas de esforço normal e momento fletor e a
rotação no nó que liga as duas barras do pórtico (ver Figura 4.21). Criamos dois sistemas
virtuais e para cada um deles calcularemos a rotação fornecida. Os valores mostrados na
Figura 4.21 foram obtidos a partir do uso de um programa (FTOOL por exemplo). Figura
4.20 abaixo.

Figura 4.21 – Pórtico hiperestático com valores numéricos.

A Figura 4.22 apresenta as reações de apoio e os diagramas de esforço normal e


momento fletor do exemplo.
Observação 4.7: NÃO esqueça que um dos nossos objetivos é determinar esses
diagramas hiperestáticos. Aqui, nós fornecemos eles para mostrar o poder do PTV para
calcular grandezas REAIS (deslocamentos)!

71
Figura 4.22 – Pórtico hiperestático com valores numéricos.

A seguir mostramos dois sistemas virtuais com os quais calculamos a rotação no


nó que une as duas barras (valor destacado em vermelho da figura acima ou seja,
 = 0,09845 rad). Independentemente do sistema virtual escolhido, obtemos o mesmo
resultado. Em ambos os casos utilizamos momentos unitários.

- sistema virtual 1: A Figura 4.23 mostra o sistema virtual 1 com os seus respectivos
diagramas de esforço normal e fletor.

Figura 4.23 – Sistema virtual 1 com seus respectivos diagramas.

O trabalho virtual que o sistema virtual 1 realiza devido suas cargas externas é
dado por:

72
WE   1    1  p . (4.81)

Observe que o momento virtual reativo (-1 kNm) realiza trabalho sobre a rotação
prescrita (p rad). A energia de deformação elástica virtual obtida ao combinarmos o
sistema virtual 1 com o sistema real é dada por:
0 1
U Ela   L1 0  L2 1 1 9540,4   0  g t L2 1 1 . (4.82)
EA EI Apoio Elast

 
Efeito Temp

Repare que a energia de deformação elástica virtual das molas é zero. Isso ocorre
porque no sistema virtual 1 não há forças sobre as molas. Evocando o PTV e substituindo
os valores numéricos obtemos:
  0,09845 rad. (4.83)
- sistema virtual 2: A Figura 4.24 mostra o sistema virtual 2 com os seus respectivos
diagramas de esforço normal e momento fletor.

Figura 4.24 – Sistema virtual 2 com seus respectivos diagramas.

O trabalho virtual que o sistema virtual 2 realiza devido suas cargas externas é
dado por:
WE   1 . (4.84)
A energia de deformação elástica virtual obtida ao combinarmos o sistema virtual
2 com o sistema real é dada por:

73
  1  
 1 
3209

,5   9540,4  3209,5   
  
  Retang do Trapézio  2  Triang do Trapézio  
0 
1 L1  1

 
  2  qL1 
2   
U Ela    Momento SV2     
EA EI   3  8   
   
 (4.85)
  Parábola  
L2 0 
 
 1  3209,5   
g t L1 1 1 .
  
kt
  Efeito Temp.
Apoios Elast.

Evocando novamente o PTV e substituindo os valores numéricos obtemos:


  0,09845 rad. (4.86)
Observação 4.8: Observe que obtivemos o mesmo resultado usando sistemas virtuais
(SV) diferentes. No SV1 o efeito das molas não apareceu EXPLICITAMENTE no
cálculo da rotação ao aplicarmos PTV, mas a rotação prescrita sim. Já no SV2 ocorreu
exatamente o oposto. Tudo isso ocorre porque as reações e diagramas do sistema real
hiperestático já levam em conta todos os efeitos. É exatamente isso que estudaremos
no próximos capítulos.

5. FIM DO CAPÍTULO.
Este capítulo discutiu as aplicações de todos os mais diversos conceitos físicos
(deslocamento prescrito, variação de temperatura, apoio elástico) aplicados a casos
simples de viga, pórticos e grelhas usando o Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) na
sua versão força virtual. No caso de viga, consideramos os casos de PTV nas versões
força e deslocamento virtuais.
Quatro exemplos em ordem crescente de dificuldades foram resolvidos passo a
passo e de forma literal. Em todos os casos, os sistemas virtuais tiveram grandezas
quaisquer (bastando ser diferente de zero). Isto foi feito para mostrar a generalidade dos
conceitos vistos. Nos exemplos de pórtico e grelha, usamos forças virtuais unitárias, o
que é conhecido tecnicamente como o Método da Carga Unitária.
Para finalizar o capítulo apresentamos um exemplo numérico que buscou mostrar
ao leitor toda abstração ao utilizarmos o PTV. Criamos dois sistemas virtuais para calcular
um deslocamento que foi fornecido no problema (obtivemos esse resultado anteriormente
a partir do uso do FTOOL). Em ambos os casos, a resposta foi exatamente a mesma!!

74
Cap. 5: Método das
Forças
Apresentamos neste capítulo, a partir de sete seções, o Método das Forças (MF).
Na primeira e segunda seção, explicamos a construção do MF a partir da aplicação direta
do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). Em seguida, na seção 3, mostramos uma
abordagem mais direta para a obtenção do sistema de equações que obtemos pelo MF, o
que denominamos de Método das Forças Simplificado (MFS). As seções subsequentes
são usadas para aplicar o MFS em vigas, pórticos e grelhas. Na última seção fazemos um
resumo do que foi visto.

5.1. INTRODUÇÃO
Este método é totalmente fundamentado no Princípio dos Trabalhos Virtuais
(PTV) na sua versão força. A ideia principal é transformar o problema que não sabemos
resolver (estrutura hiperestática) em uma sequência de estruturas intermediárias, cuja
solução conhecemos (estruturas isostáticas), para depois reunir (pelo Princípio da
Superposição dos Efeitos - PSE) esses resultados obtendo novamente a estrutura
hiperestática original.
As estruturas intermediárias isostáticas são construídas a partir do sistema
principal (SP) que é uma estrutura isostática criada a partir da hiperestática sem
qualquer informação de carregamento em que destacamos apenas os hiperestáticos.
As estruturas intermediárias isostáticas são organizadas tendo como ponto de partida o
SP. Em seguida são criados n + 1 estados de carregamento (estruturas intermediárias),
em que n representa o número de vínculos liberados para definir o SP a partir da estrutura
hiperestática original.
Observação 5.1: A partir deste parágrafo usaremos a notação mais utilizada na literatura
clássica (Soriano, 2016). Portanto, chamaremos as estruturas intermediárias de estados.
A seguir definimos o que caracteriza cada estado, o que ajuda a entender de forma
organizacional o Método das Forças.

75
Método das Forças (MF)
Estrutura Organizacional (Criação dos estados): todos os estados de
carregamento a seguir são aplicados no SP.
- E0: aplicamos as ações externas: cargas reais (forças e momentos concentrados e/ou
distribuídos), deslocamentos prescritos e variação de temperatura;
- E1: aplicamos a força X1 correspondente (reação ou esforço) ao primeiro vínculo
liberado na estrutura hiperestática necessária para transformá-la no SP;
-
- En: aplicamos a força Xn correspondente (reação ou esforço) ao enésimo vínculo
liberado na estrutura hiperestática necessária para transformá-la no SP.

Observação 5.2: a ordem de numeração dos vínculos liberados e dos respectivos


hiperestáticos é completamente arbitrária.
A seguir apresentamos uma sequência de perguntas e respostas que ajuda o leitor
a organizar o MF de forma lógica.
Pergunta 1: após criar uma estrutura isostática (SP) a partir da estrutura hiperestática e
separar todos os carregamentos (cargas reais da estrutura hiperestática) e os n
hiperestáticos, como fazer para restituir o problema hiperestático original
Resposta 1: como os vínculos dos deslocamentos foram liberados para obtermos o SP,
então devemos calcular as n forças que fazem com que esses n vínculos sejam restituídos.
Estas forças são os hiperestáticos Xi.
Pergunta 2: como aplicar os hiperestáticos Xi desconhecidos
Resposta 2: para cada estado a partir do E0 apenas um hiperestático é aplicado por vez
(isso é o que define cada estado). Todas as informações de cada estado Ei são
multiplicadas pelo hiperestático Xi.
Pergunta 3: como restituir o problema original
Resposta 3: para cada estado Ei (incluindo o E0) calculamos os n deslocamentos nas
direções dos n vínculos liberados, resultando no seguinte sistema:

 01  11   n1   p1 
       
    X1       X n        , (5.1)
       

0n 
   1n 
  1n 
   pn 

E0 E1 En Desl.Prescritos

76
em que os deslocamentos no estado E0 não têm hiperestático porque foram calculados
sobre ações externas e o vetor do lado direito da igualdade representa os possíveis
deslocamentos prescritos existentes nas direções dos vínculos liberados. Cada um dos
vetores na equação (5.1) contém n deslocamentos. Em forma matricial, obtemos:
X   D onde D   p -  0 . (5.2)
Textualmente, temos que:
“Os n deslocamentos, correspondentes aos n vínculos liberados, calculados nos n+1
estados devem ser iguais a zero ou aos deslocamentos pré-existentes caso existam”.
Pergunta 4: como calculamos os deslocamentos
Resposta 4: a partir da aplicação do PTV na sua versão força. Conforme veremos nos
exemplos, aprenderemos simplificações que facilitarão a obtenção do sistema de
equações representado pela equação (5.2).
A seguir apresentamos exemplos separados pelos tipos de elementos estruturais
envolvidos. Começamos como viga, depois temos treliças, pórticos e grelhas.

5.2. VIGAS
Teremos nesta seção dois exemplos de viga. O primeiro com um e o segundo com
dois graus de hiperasticidade. Primeiramente resolveremos esses exemplos com a
abordagem detalhada do MF a partir da utilização do PTV. Em seguida, devido esta
abordagem ser bastante trabalhosa, aproveitamos o segundo exemplo para apresentar a
versão simplificada do MF, o que denominamos aqui de o Método das Forças
Simplificado (MFS).

Exemplo 1 – Viga com um grau de hiperasticidade sob deslocamento prescrito,


variação de temperatura e carga distribuída
Consideremos a viga abaixo submetida a três tipos de ações reais: carga
distribuída, deslocamento prescrito e variação de temperatura. Na Figura 5.1 mostramos
os detalhes do problema com o Sistema Principal (SP) e com o uso do Princípio da
Superposição dos Efeitos (PSE). Perceba que o Sistema Principal (SP) é uma estrutura
isostática em que retiramos o apoio do primeiro gênero da direita e no seu lugar
colocamos o hiperestático X1.

77
Figura 5.1 – Viga com um grau de hiperasticidade e submetida a três tipos de
carregamento.

Para resolver o problema calculamos em cada estado os deslocamentos nas


direções dos hiperestáticos definidos no sistema principal (apenas um neste exemplo). A
seguir focaremos nossa atenção no estado E0.

ESTADO E0:
A Figura 5.2 abaixo mostra em detalhes o estado E0. Nele temos o sistema real
que é o sistema principal (SP) submetido as ações reais com os respectivos diagramas de
momento. Além disso, como queremos calcular o deslocamento na direção do
hiperestático X1, criamos um sistema virtual com carga unitária na direção
correspondente. Definimos esse deslocamento por 10, onde o subscrito 1 indica que este
deslocamento é medido na direção do hiperestático X1 e 0 indica o estado em que estamos
fazendo a medida (E0 neste caso).

Figura 5.2 – Estado E0 onde se calcula o deslocamento 10.

78
A seguir mostramos o cálculo de 10 feito diretamente a partir da aplicação do
Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). O trabalho virtual realizado pelas cargas externas
é dado por:
WE  -  p   - L   1  10 .
    (5.1)
Desl. Prescrito Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:

1  1   qL2   1  qL2  1


U Ela  LL           g t  L   L 1  
0
.
EI  3
   2
  3  8  2 
  Apoios Elast. (5.2)

Def. da viga devido EI Efeito Temp.

Simplificando as expressões e aplicando o PTV, ou seja, igualando WE a U Ela


temos que:
qL4 g t L2
 10   L p   . (5.3)
8EI 2
De posse dos deslocamentos nas direções dos hiperestáticos devido as cargas
reais, partimos para o estado E1.
ESTADO E1:
A Figura 5.3 mostra o estado E1. Nele temos o sistema real que é o sistema
principal (SP) submetido a ação do hiperestático X1 com o respectivo diagrama de
momento. Também há a presença do sistema virtual em que há uma carga unitária na
direção do hiperestático X1. O deslocamento de interesse é definido por 1E1, onde o
subscrito 1 indica que este deslocamento é medido na direção do hiperestático X1 e E1
indica que ele está sendo medido no estado E1.

Figura 5.3 – Estado E1 onde se calcula o deslocamento 1E1.

79
Novamente usamos o PTV para calcular o deslocamento 1E1. O trabalho virtual
realizado pelas cargas externas é dado por:
WE  1  1E1 .
  (5.4)
Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:


1 1
U Ela  L  X 1  L L 
EI
 3 (5.5)
 
Def. da viga devido EI

Simplificando as expressões e aplicando o PTV, ou seja, igualando WE a U Ela


temos que:
X 1L3
1E1  . (5.6)
3EI
De posse dos deslocamentos nas direções dos hiperestáticos neste estado (1E1
apenas) vamos organizar as informações de tal forma que o problema original seja
restituído.
EQUAÇÃO DE COMPATIBILIDADE:
Calculamos os deslocamentos na direção do hiperestático X1 no estado E0 e E1.
Contudo, no problema real, não há deslocamento prescrito neste ponto, portanto ele deve
ser zero! Assim, ao somarmos (superpormos efeitos) dos deslocamentos 10 e 1E1 temos
que reproduzir o problema real. A esta equação denominamos de equação de
compatibilidade de deslocamentos. Neste exemplo, temos que:
X 1 L3 qL4 g t L2
10  1E1  0    L p   
3EI 8EI 2
(5.7)
3EI p 3qL 3EIg t
X1  2
 
L 8 2L
Para terminar este exemplo, pensemos numa pergunta que poderia ser feita.
Pergunta 5: e se na Figura 5.1 definíssemos o hiperestático X1 com sentido contrário, ou
seja, para baixo
Resposta 5: se mantivermos as orientações dos sistemas virtuais, apenas o sinal do
deslocamento 1E1 mudará. Com isso, após aplicarmos a equação de compatibilidade, o
resultado obtido será igual ao anterior, equação (5.7) com sinal trocado.

80
Exemplo 2 – Viga com dois graus de hiperasticidade com deslocamentos prescritos,
variação de temperatura e carga distribuída
O problema a seguir é similar ao anterior, com a diferença de que agora temos um
apoio do segundo gênero no apoio da direita com deslocamento prescrito translacional na
vertical (Dp). A Figura 5.4 apresenta o problema, o Sistema Principal (SP) e os três
estados: E0, E1 e E2, onde em E0 estão todas as ações externas, em E1 atua apenas X1 e em
E2 atua apenas X2.

Figura 5.4 – Viga com dois graus de hiperasticidade e submetida a três tipos de
carregamento.

De forma similar ao problema anterior, calculamos em cada estado os


deslocamentos nas direções dos hiperestáticos definidos no sistema principal (dois neste
exemplo). A seguir focaremos nossa atenção no estado E0.
ESTADO E0:
A Figura 5.5 mostra o estado E0 com o SP submetido as ações reais (sistema real).
Como temos dois deslocamentos para calcular (um na direção de cada hiperestático)
temos dois sistemas virtuais. Ao lado de cada sistema temos os respectivos diagramas de
momento. Os deslocamentos calculados são denominados por 10 e 20 onde o primeiro
subscrito indica a localização do hiperestático X1 e X2 e o subscrito 0 indica o estado em
que eles estão sendo medidos (E0 neste caso).

81
Figura 5.5 – Estado E0 onde calculamos os deslocamentos 10 e 20.

Perceba que o diagrama de momento do sistema real é separado em duas partes.


A primeira devido aos momentos reativos dos extremos e a segunda parte devido a carga
distribuída (parábolas). Usamos esta técnica para facilitar as combinações dos diagramas
feitas a partir do uso da Tabela de Kurt-Bayer.
A seguir mostramos os cálculos dos deslocamentos:
- 10: para calcularmos este deslocamento, combinamos as reações e diagramas do
sistema real com o sistema virtual 1
O trabalho virtual realizado pelas cargas externas é dado por:

WE  -  p      1  10 .
-L
2   (5.8)
   Cargas Virtuais
Desl. Prescrito

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:

82
 
L    
 1   qL   1  qL    L   1   qL 
2 2 2
 qL  
2

U Ela  L              1   
EI   3  2   2  8   2  2  2   8  
 
 

Trig. Virtual Retang. Virtual

Def. da viga devido EI

  (5.9)
 1    L 
   g t  L   L   1    0 .
2   
 2    Apoios Elast.
Trig. Virtual Retang.Virtual
  
Efeito Temp.

Note que as parábolas não foram consideradas na equação acima. Isto ocorre
porque ao combinar seu diagrama com o diagrama do sistema virtual 1, ele desaparecerá.
Colocamos a conta abaixo para deixar claro este fato.

1  L  1  L  qL2  L  1   L  qL2  
            0.
EI  2  2  2  36  2  2  2  36   (5.10)
 
Def. da viga devido EI

Simplificando as expressões e aplicando o PTV, ou seja, igualando WE a U Ela


temos que:
L p qL4
10    . (5.11)
2 24EI
É possível notar que o deslocamento 10 independe da variação de temperatura!!
- 20: para calcularmos este deslocamento, combinamos as reações e diagramas do
sistema real com o sistema virtual 2
O trabalho virtual realizado pelas cargas externas é dado por:
WE  -  p   1   1   Esq.Rotula    1   Dir.Rotula  .
    (5.12)
Desl. Prescrito Cargas Virtuais Esquerda Cargas Virtuais Direita

As duas forças virtuais foram consideradas atuando em rotações diferentes,


 Esq.Rotula e  Dir.Rotula . Colocando em evidência os dois momentos virtuais, temos que:

WE  -  p   1  1   Dir.Rotula   Esq.Rotula  .


    (5.13)
Desl. Prescrito Cargas Virtuais

Definindo,  20   Dir.Rotula   Esq.Rotula , resulta que:

WE  -  p  1  1   20  .
    (5.14)
Desl. Prescrito Cargas Virtuais

83
Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:
   
  2  2 
 1   3qL   1  qL   qL 
2
1 L L  2
U Ela    1        2   1  
EI  2 2  8   2  8  2  3  32 
     

  Triâg Esquerda Triâg Direita   (5.15)

Parábolas
 
Def. da viga devido EI

   g t  L  1 1   0 .
   
Efeito Temp. Apoios Elast.

Igualando WE a U Ela temos que:

qL3
 20   p     g t  L. (5.16)
24EI
ESTADO E1:
A Figura 5.6 mostra o estado E1 em que a única carga real é o hiperestático X1.
Dois sistemas virtuais são criados para medir os deslocamentos 1E1 e 2E1, onde o
subscrito 1 e 2 indicam que os deslocamentos são medidos nas direções dos hiperestáticos
X1 e X2, respectivamente. O subscrito E1 indica que estes deslocamentos são referentes ao
estado E1.

Figura 5.6 – Estado E1 onde calculamos os deslocamentos 1E1 e 2E1.

84
- 1E1: para calcularmos este deslocamento, combinamos as reações e diagramas do
sistema real (X1) com o sistema virtual 1
O trabalho virtual feito pelas cargas externas do sistema virtual 1 é dado por:
WE  1  1E1 .
  (5.17)
Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:


 
1 L  1  L  X 1 L   L  1   L   X 1 L 
U Ela            .
EI  2  3   2  2   2  3  2   2 (5.18)
    
 

Lado Esquerdo Lado Direito

Def. da viga devido EI

Igualando WE a U Ela temos que:

X1L3
1E1  . (5.19)
12EI
- 2E1: para calcularmos este deslocamento, combinamos as reações e diagramas do
sistema real (X1) com o sistema virtual 2
O trabalho virtual feito pelas cargas externas do sistema virtual 2 é dado por:
WE   1   Esq.RotulaE1    1   Dir.RotulaE1  .
      (5.20)
Cargas Virtuais Esquerda Cargas Virtuais Direita

As duas forças virtuais foram consideradas atuando em rotações diferentes,


 Esq.RotulaE1 e  Dir.RotulaE1 . Colocando em evidência os dois momentos virtuais, temos que:

WE  1   Dir.RotulaE1   Esq.RotulaE1  .


   (5.21)
Cargas Virtuais

Definindo,  2 E1   Dir.RotulaE1   Esq.RotulaE1 , resulta que:

WE  1   2E1  .
  (5.22)
Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:


 
1  L  1  X 1L  L  1   X 1L  
U Ela      1     1  U Ela  0
EI 2 2  2 (5.23)
 2 2 2   
 Lado Esquerdo do vão L/2 

Lado Direito do vão L/2

Def. da viga devido EI

Igualando WE a U Ela temos que:

 2 E1  0. (5.24)

85
ESTADO E2:
Na Figura 5.7 apresentamos o estado E2 com carga real igual hiperestático X2.
Dois sistemas virtuais são criados para medir os deslocamentos 1E2 e 2E2. De forma
similar ao caso anterior, os subscritos 1 e 2 indicam os deslocamentos medidos nas
direções dos hiperestáticos X1 e X2, respectivamente e E2 indica que estes deslocamentos
são referentes ao estado E2.

Figura 5.7 – Estado E2 onde calculamos os deslocamentos 1E2 e 2E2.

- 1E2: para calcularmos este deslocamento, combinamos as reações e diagramas do


sistema real (X2) com o sistema virtual 1
O trabalho virtual feito pelas cargas externas do sistema virtual 1 é dado por:
WE  1  1E 2 .
  (5.25)
Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:


 
1  L  1  L  L  1   L  
U Ela      X 2      X 2   U Ela  0
(5.26)
EI 2  22   2 2
 2   
 Lado Esquerdo do vão L/2 

Lado Direito do vão L/2

Def. da viga devido EI

86
Igualando WE a U Ela temos que:

1E 2  0. (5.27)
- 2E2: para calcularmos este deslocamento, combinamos as reações e diagramas do
sistema real (X2) com o sistema virtual 2
O trabalho virtual feito pelas cargas externas do sistema virtual 2 é dado por:
WE   1   Esq.RotulaE2    1   Dir.RotulaE2  .
      (5.28)
Carga Virtual Esquerda Carga Virtual Direita

Os dois momentos virtuais foram considerados atuando em rotações diferentes,


 Esq.RotulaE2 e  Dir.RotulaE2 . Colocando eles em evidência, temos que:

WE  1   Dir.RotulaE2   Esq.RotulaE2  .


   (5.29)
Cargas Virtuais

Definindo,  2 E 2   Dir.RotulaE2   Esq.RotulaE2 , resulta que:

WE  1   2E2  .
 (5.30)
Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica virtual é dada por:


1
U Ela  L1 X 2  1.
EI
  (5.31)
Def. da viga devido EI

Igualando WE a U Ela temos que:

X 2L
 2E 2  . (5.32)
EI
EQUAÇÃO DE COMPATIBILIDADE:
Devido este exemplo ter grau de hiperasticidade igual a dois, calculamos
deslocamentos nas direções dos hiperestáticos X1 e X2 nos estados E0, E1 e E2. No
problema real, há deslocamento prescrito na direção do hiperestático X1 (Dp) e não há na
direção de X2. Assim, ao somarmos (superpormos efeitos) dos deslocamentos 10, 20,
1E1, 2E1, 1E2 e 2E2 temos que reproduzir o problema real. Desta forma, as equações de
compatibilidade aplicadas neste problema resultam no seguinte sistema de equações:
 X1L3 L p qL4
10  1E1  1E 2  Dp   0  Dp  
  12EI 2 24EI (5.33)

 20   2 E1   2E 2  0  0  2  gT L   p  qL
X L 3

 EI 24EI
Este sistema é facilmente resolvido e assim obtemos os seguintes respostas:

87
12EI  Dp 6 EI   p qL
X1  3
 2

L L 2 (5.34)
EI p qL2
X 2  EIgT  
L 24
O hiperestático X1 representa a reação de apoio vertical e X2 o momento fletor que
atua na viga exatamente no ponto em que colocamos a rótula. Caso o valor numérico de
X2 dê positivo, indicará momento fletor negativo neste ponto. Caso contrário, o momento
fletor será positivo. A Figura 5.8 ilustra o caso quando X2 for positivo. Do contrário, todos
os sinais mudam (tente verificar este caso com calma).

Figura 5.8 –Interpreta o sinal do momento fletor quando X2 for positivo.

Perceba que fizemos este dois exemplos de forma bastante detalhada. Esperamos
que isto tenha ajudado o leitor a conectar de forma mais natural os conceitos do PTV,
vistos nos capítulos anteriores, com o Método das Forças (MF). Veremos na próxima
seção uma abordagem mais simplificada para a formulação do sistema de equações a
partir do uso do MF, o que denominaremos de abordagem Simplificada.

88
5.3. MÉTODO DAS FORÇAS SIMPLIFICADO (MFS)

No exemplo 2 da seção anterior, constatamos que  1E 2 é igual a  2 E 1 . Isto não é


coincidência. Se esses deslocamentos não fossem zero, seriam algo do tipo:
1E 2  X 2 f EA, EI , GA, GJ , N , M ,V , T , N , M ,V , T  ,
 2 E1  X 1 g EA, EI , GA, GJ , N , M , V , T , N , M , V , T ,
onde as funções f e g seriam idênticas. Este fato é apresentado nos livros como Teorema
de Betti, que nos diz, matematicamente, que:
 iEj   jEi . (5.35)
Caso as forças, neste caso os hiperestáticos, tenham o mesmo módulo, temos então
o Teorema de Maxwell, cuja expressão matemática é:
f  g com X 1  X 2 . (5.36)
De uma maneira mais técnica, denominamos f e g como coeficientes de
flexibilidade, sendo expressos por:
 12  f EA, EI , GA, GJ , N , M ,V , T , N , M ,V , T  ,
 21  g EA, EI , GA, GJ , N , M ,V , T , N , M ,V , T .
Substituindo as expressões de  1E 2 e  2 E 1 na equação (5.35) e adotando um caso
genérico com n deslocamentos correspondentes a n hiperestáticos, temos que:
 ij   ji com X i  X j para i,j  1,..., n. (5.37)

De posse dessas informações podemos reapresentar o problema de análise de


estruturas pelo Método das Forças de uma forma mais imediata, denominada aqui neste
livro, de Método das Forças Simplificado. A seguir apresentamos este método.
Método das Forças Simples (MFS)
Estrutura Organizacional (Criação dos estados): todos os estados de
carregamento a seguir são aplicados no SP.
- E0: aplicamos as ações externas: cargas reais (forças e momentos concentrados e/ou
distribuídos), deslocamentos prescritos e variação de temperatura;
- E1: aplicamos uma força unitária correspondente (reação ou esforço) ao primeiro
vínculo liberado na estrutura hiperestática necessária para transformá-la no SP;
-
- En: aplicamos uma força unitária correspondente (reação ou esforço) ao enésimo
vínculo liberado na estrutura hiperestática necessária para transformá-la no SP.

89
Observação 5.3: as palavras em negrito do quadro anterior servem para pontuar as
diferenças entre esta formulação e a formulação detalhada do Método das Forças.
A seguir apresentamos uma sequência de perguntas e respostas que ajuda o leitor
a organizar o MFS de forma lógica.
Pergunta 1: após criar os n+1 estados, como faremos para equacionar o problema
Resposta 1: esta pergunta será respondida em três partes, lembrando que os estados
criados a partir do estado E0 têm forças unitárias aplicadas no lugar de Xi nos estado Ei
correspondente, ou seja, os deslocamentos δij não ficam multiplicados por incógnitas Xi o
que resulta, pela definição, nos coeficientes de flexibilidade.
 Parte 1: os deslocamentos do estado E0 da formulação original são calculados
combinando as forças e diagramas deste estado com as forças e diagramas dos
estados Ei com i = 1,..., n. Assim, montamos o vetor das ações externas  0  .

 Parte 2: os deslocamentos dos demais estados não são calculados. Em vez disso
calculamos os coeficientes de flexibilidade  ij . Isto é feito combinando as forças

e diagramas do estado Ei, onde i = 1,..., n, com as forças e diagramas dos estados
Ej, onde j = 1,..., n. Armazenamos esses coeficientes em uma matriz denominada
de matriz de Flexibilidade   , não esquecendo de usar o fato dessa matriz ser

simétrica, ou seja, considerando que  ij   ji .

 Parte 3: os deslocamentos armazenados no vetor das ações externas  0  somado

ao vetor dos hiperestáticos X  multiplicado pela matriz flexibilidade   deve

ser igual ao vetor dos deslocamentos prescritos  p . 


Após seguir os três passos, temos o seguinte sistema de equações:

 01  11  1n   X 1   p1 
       
               . (5.38)
     nn   X n   

0 n   n1
     pn 

E0 Desl.nos demais Estados Desl.Prescritos

A equação (5.38) é a representação matemática do MFS. Ele poderia ter sido


obtido a partir da equação (5.1) por manipulação algébrica. Contudo, montando o sistema
já considerando a matriz de flexibilidade nos dará rapidez na solução dos problemas. A
equação (5.2) é exatamente a mesma na versão simplificada.

90
Observação 5.4: A partir deste ponto só usaremos o Método das Forças Simplificado
(MFS) na solução dos problemas.

A seguir apresentaremos exemplos de viga, treliças, pórticos e grelhas resolvidos


por este método simplificado.

5.4. VIGA RESOLVIDA PELO MFS

Exemplo 3 – Viga com dois graus de hiperasticidade com deslocamentos prescritos,


variação de temperatura e carga distribuída

O problema a seguir é idêntico ao exemplo 2 da seção 5.2. A diferença é que agora


usaremos o método simplificado. Para facilitar a sua leitura, colocaremos novamente a
figura do problema abaixo. A Figura 5.9 apresenta o problema, o Sistema Principal (SP)
e os três estados escolhidos: E0, E1 e E2, onde em E0 estão todas as ações externas, em E1
atua apenas X1 e em E2 atua apenas X2.

Figura 5.9 – Viga com dois graus de hiperasticidade e submetida a três tipos de
carregamento.

A Figura 5.10 apresenta os estados E0, E1 e E2 todos de uma vez só. A partir das
forças e diagramas desta figura montaremos o sistema correspondente a equação (5.38).

91
Figura 5.10 – Estados do exemplo 3 com seus diagramas segundo o MFS.

Agora vamos resolver o problema começando pela montagem do vetor das ações
externas.
VETOR DAS AÇÕES EXTERNAS:
Ao combinarmos as forças e diagramas dos estados E0 e E1 obtemos o elemento
10 . O trabalho virtual realizado pelas cargas externas do estado E1 é dado por:

92
 E1
 1   qL2   1  qL2  
 L 
         
E1     3  2   2  8  
    
vão
 E0 
E1  E0

-  p    - L    L  
Triângulo do estado E1
1  10   E1 
 2    EI
    Cargas Virtuais    L  1   qL 
2
 qL  
2
    
 
  1  
8  
Desl. Prescrito
 
WE  2  2  2  
Retângulo   (5.39)

do estado E1
 
Def. da viga devido EI

  E1 

 1   E1
  L 
   gT  L   L  1   
0.
 2 
  
 2 
 Apoios Elast.
 Trig. E1
 Retang. E1 
  
Efeito Temp.

De forma similar ao exemplo da seção 5.2, as parábolas não foram consideradas


na equação acima. Simplificando a equação (5.39) temos que:
L p qL4
10    . (5.40)
2 24EI
Para obtermos o elemento  20 combinamos as forças e diagramas dos estados E0
com o estado E2. O trabalho virtual feito pelas cargas externas do estado E2 é dado por:
 E0 E2
   E0
  E 0 

-  p 
1   E 2
 1   3qL   1  qL  
2 2 
   
vão
  1  
 
    
 
 
Desl. Prescrito
L 2  8   2  8  
  E0
            
  
E 2
 Triâng Direita 
 1   Esq.Rotula     2    Triâng Esquerda 
 EI   E0
 
Cargas Virtuais Esquerda
  2  E2
 qL 2
 
 2  1  (5.41)
E0
 E2   
 1   Dir.Rotula 
   3
   32
    
 Parábolas 
Cargas Virtuais Direita
   
WE Def. da viga devido EI

E2

   g t  L  1 1  
0.
   Apoios Elast.
Efeito Temp.

Colocando (+1) em evidência do lado esquerdo, definindo


 20   Dir.Rotula   Esq.Rotula e simplificando a equação (5.41) obtemos:

qL3
 20   p     g t  L. (5.42)
24EI
De posse dos resultados das equações (5.40) e (5.42) montamos o vetor das ações
externas:

93
 L p qL4 
 
10   24EI .

 0      0    2
 (5.43)
 20 
3
 p  qL    g t  L
 24EI 

Este resultado é exatamente igual ao resultados obtidos na seção 5.2. A diferença


é que agora eles estão organizados no vetor das ações externas  0  . A vantagem de
usarmos a abordagem simplificada do método deve ser notada ao montarmos a matriz de
flexibilidade   .
MATRIZ DE FLEXIBILIDADE:
Para montarmos a matriz de flexibilidade precisamos calcular os quatro
coeficientes de flexibilidade  ij (ordem de   é 2x2 por termos dois hiperestáticos). Cada

um desses coeficientes é obtido ao combinarmos as forças e diagramas do estado Ei, onde


i = 1,..., 2, com as forças e diagramas dos estados Ej, onde j = 1,..., 2. Esta combinação
também é válida quando i for igual a j.
Primeiramente calculamos os elementos da diagonal principal, o elemento de
flexibilidade  11 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do estado E1 com ele
mesmo. Como resultado, temos que:
 
1  L  1  L  L   L  1   L   L 



1  11 


 EI  2  3  2  2   2  3  2  2 
.
(5.44)
W               
 

Lado Esquerdo Lado Direito

Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, temos que:


L3
11  . (5.45)
12EI
O elemento de flexibilidade  22 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do
estado E2 com ele mesmo, resultando em:
O trabalho virtual realizado pelas cargas externas é dado por:
 1   Esq.Rotula   1
 L1 1 1.

 1   Dir.Rotula 
 
EI
   (5.46)
Def. da viga devido EI
WE

Colocando (+1) em evidência, definindo  22   Dir.Rotula   Esq.Rotula e simplificando

as contas obtemos:

94
L
 22  . (5.47)
EI
A seguir calcularemos os elementos fora da diagonal principal, ou seja,
12 e  21 12   21  . Ao obtermos  12 estamos considerando que as forças são do estado
E1 e os deslocamentos do estado E2. Caso calculássemos  21 , conforme teorema de

Maxwell, levaria ao mesmo resultado numérico. Abaixo apresentamos o cálculo de 12 :


E2
E1  
 1   Esq.Rotula  

W

  E1  E1
 
 
E1 E2
  E 2  E2
 (5.48)
1  L  1  L  L  1   L 
1   Dir.Rotula  
 EI 2  2  2      1      1 .
Cargas Virtuais Direita    22 2 
 Lado Esquerdodo vão L/2 

 Lado Direito do vão L/2

Def. da viga devido EI

Colocando (+1) em evidência, definindo 12   Dir.Rotula   Esq.Rotula e simplificando

as contas obtemos:
12  0   21  0. (5.49)
De posse de todos os coeficientes, apresentamos a matriz de flexibilidade da
estrutura correspondente ao sistema principal escolhido.
 L3 
 12   0
   11     12EI
L
. (5.50)
 21  22   0 
 EI 
MONTAGEM E SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES:
Assim conseguimos escrever o sistema de equações por este método simplificado
da seguinte forma:

 L3   L p qL4 
0   X  D    

 0   X    p  12EI 
1
  
p
   2 24EI . (5.51)
L  X 2   0   qL3
 0     gT L 
 EI  
p
24EI 
Resolvendo o sistema acima, obtemos a mesma resposta mostrada na equação
(5.34):
12EI  Dp 6 EI   p qL
X1  3
 2

L L 2 (5.52)
EI p qL2
X 2  EI    g t  
L 24

95
A seguir falamos um pouco sobre como obter o diagrama de momento fletor.
DIAGRAMAS:
Em geral, um dos maiores interesses do engenheiro estrutural é saber o diagrama
de momento fletor da estrutura que se está projetando (para mais detalhes ver livros de
dimensionamento). De posse dos hiperestáticos podemos calcular as demais reações e a
partir daí construir o diagrama de momento fletor.
A Figura 5.11 mostra as reações, as cargas, os hiperestáticos do problema e o
diagrama de momento fletor separado em duas partes. A primeira considera apenas os
momentos dos extremos e a segunda, a carga distribuída.

Figura 5.11 – Viga com cargas, reações e hiperestáticos destacados.

Na equação a seguir mostramos a obtenção das reações de apoio: R1, R2, R3 e R4


em função dos hiperestáticos X1 e X2.

 F  0  R  0,  F  0  R  qL  X ,
h 1 v
2
2 1

qL XL
 M rot.dir.  0  R  8 - X - 2 ,
4 2
1
(5.53)
2
3qL XL
 M rot.esq.  0  R 3 
8
 X2 - 1 ,
2
onde os escritos “rot. dir.” e “rot. esq.” indicam que tomamos como referência todas as
cargas à direita e à esquerda da rótula, respectivamente.

96
5.5. PÓRTICOS
Exemplo 4 – Pórtico com deslocamentos prescritos, variação de temperatura e
apoios elásticos.
O problema a seguir é um pórtico com três barras sob variação de temperatura
com apoios elásticos, deslocamentos prescritos e uma carga concentrada no meio do barra
L2. O problema, juntamente com o sistema principal escolhido, são apresentados na
Figura 5.12.

Figura 5.12 – Pórtico com dois graus de hiperasticidade e submetido a variação de


temperatura, deslocamentos prescritos e carga concentrada com apoios elásticos.

A Figura 5.13 apresenta os estados E0, E1 e E2 com os seus respectivos gráficos


de esforço normal e momento fletor. Neste problema o esforço normal é importante
porque elementos do pórtico estão submetidos a esforço axial e optamos por NÃO adotar
elementos axialmente rígidos (ver observação 5.5).
Observação 5.5: claro que essas hipóteses devem ser justificadas por requisitos reais da
estrutura. Aqui, nós adotamos ou não hipóteses simplificadoras dependendo do
objetivo do problema que estamos estudando.
Em seguida calculamos o vetor das ações externas, a matriz de flexibilidade e
montamos o sistema de equações.

97
Figura 5.13 – Estados E0, E1 e E2 com os seus respectivos gráficos de esforço normal e
momento fletor do pórtico do exemplo 4.

A seguir mostramos primeiramente a montagem do vetor das ações externas.


VETOR DAS AÇÕES EXTERNAS:
Ao combinarmos as forças e diagramas dos estados E0 e E1 obtemos o elemento
10 da seguinte forma:

98
 E1  
  1   1   PL2  
E0 E1  E0
1 L2  1   PL2 
Dp      1  10 
  EI  L1   1    1  
L1   3
  2   2  2 2 
 
 Cargas Virtuais



Desl.
 Prescrito
    2 
Barra L1 Barra L

WE Def. da viga devido EI

 E1

  P2L1  L2   1   1
     
vão E1 vão E1 vão
1 1
L3 1    gT  L1  1  L2 11  T L3 1  (5.54)
EA 2L L1  2  L1 
1      

 
Barra L3
 Efeito Temp.
Def.da viga devido EA
força virtualdeslocamento real
  
  1   P2L1  L2  2L1 
    .
L  k 
 1 y 
  
Apoios Elástico

Simplificando, temos que:


Dp L3 P2 L1  L2  2 L1  PL2  L1 L2  TL3
10        
L1 L1EA 2 EI  3 4  L1
(5.55)
L  P2 L1  L2  2 L1
gt  1  L2   .
2  L1k y

O elemento  20 é obtido pela combinação das forças e diagramas dos estados E0 e


E2, resultando em:
 E2
E0
1 
E2  E0
1  1   PL2 
Dp     
1   20 
  EI 1 3  2 
L 1 
 L1  
 Cargas Virtuais
Desl. Prescrito Barra L1
    
WE Def. da viga devido EI

 E1

  P2L1  L2   1        
vão E1 vão E1 vão
1 1 1
L3 1    gT  L1  1  L3 11  T L3 1   (5.56)
EA 2L L1    2   L1 
1    

 
Barra L 3
   Efeito Temp.
Def. da viga devido EA

  deslocamen
força virtual
 to real

  1   P2 L1  L2  2 L1 
   .
 
 L1   ky 

Apoios Elástico

Simplificando, temos que:

99
Dp L3 P2 L1  L2  2 L1  PL1L2 TL3 L 
 20       gt  1  L3  
L1 L1EA 6 EI L1 2 
(5.57)

P2L1  L2  2L1 .
L1k y

De posse dos resultados das equações (5.55) e (5.57) montamos o vetor das ações
externas:
10 
 0    . (5.58)

 20 
Neste exemplo, devido a extensão das expressões dos seus elementos, deixamos
apenas indicado o vetor das ações externas.
MATRIZ DE FLEXIBILIDADE:
Temos três coeficientes de flexibilidade para determinar: 11 ,  22 e  12 ou  21 . O
elemento de flexibilidade  11 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do estado E1
com ele mesmo. Como resultado, temos que:

2
 
1  1 1  1 2


1  11 
  EA
L3 1    L1   1  L2 1 1  
2

 L1  EI  3     

W   Barra L2
 
Barra L3  Barra L1

Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI


(5.59)
força virtual (E1) desl real (E1)
   
  1    1 L1 
   .
 
 L1   k y 
 
Apoios Elástico

Simplificando as contas, temos que:


L3 1  L1  1
11  2
   L2   2 . (5.60)
L1 EA EI  3  L1 k y

O elemento de flexibilidade  22 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do


estado E2 com ele mesmo, o que resulta em:

100
2
 
1  1 1  1 2
1   22  L3 1   L1  1  

2
L3 1 1  
 
EA  L1  EI 3   
W  Barra L3
 Barra L3
  Barra
 L1

Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI
(5.61)
virt (E2) desl real (E2) desl real (E2)
   
virt (E2)


  1   1 L1      
      1   1  .
  k 
 L1  k y   
t 
  
Apoios Elástico

Simplificando as contas, temos que:


L3 1  L1  1 1
 22  2
   L3   2  . (5.62)
L1 EA EI  3  L1 k y kt

Calculamos o elemento 12 a partir da combinação das forças e diagramas do


estado E1 com do estado E2.
desl real (E1)
força virt (E2)
 E1
  E2
     
      1    1 L1 
E2 E1 E1  E2
1   1   1  1   1 

 1  12 
  EA
L3 1    L1   1 1    
 k 
.
(5.63)
L L
1  1  EI  3 
   1 L   y 
W     
 Barra L3 
  Barra L1  Apoios Elástico
Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, temos que:


L3 L 1
12  2
 1  2 . (5.64)
L1 EA 3EI L1 k y

Como 12   21 , podemos então expressar a matriz de flexibilidade de forma


completa.
11 12 
   
 21  22 
 L 1  L1  1   L3 L1 1  
 2 3    L2   2     
 L1 EA EI  3  L1 k y   L1 2 EA 3EI L 2 k 
 1 y  
 (5.65)
 L3 1  L1  1 
    2    L3   .
  L3 L1 1   L1 EA EI  3
2
 L1 k y 
   
 L1 2 EA 3EI L 2 k   
  1 y  1 
 k 
  t 

101
MONTAGEM E SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES:
Assim conseguimos escrever o sistema de equações por este método simplificado
da seguinte forma:
 0   X    p 
 L 1  L1  1   L3 L1 1  
 2 3    L2   2     
 L1 EA EI  3  L1 k y   L1 2 EA 3EI L 2 k 
 1 y  
  L3 X
 L 1   L3 1  1
L  1 1  (5.66)
  1  2     L3   2  
  L1 EA 3EI L k 
2  L 2 EA EI  3  L1 k y kt 
  1 y   1
 X 1   p  10 
       ,
 X 2   0   20 
onde o “X” ao lado direito da matriz indica que estamos passando para a outra linha a
multiplicação  X  .
Observação 5.6: Cuidado para não confundir X (passando para outra linha) com o vetor
das incógnitas X .

A solução deste sistema de equações de forma literal é bastante extensa e foge do


escopo deste material (existem diversas disciplinas e ferramentas numéricas que fazem
isso para você). Veja a solução numérica do problema no apêndice.
DIAGRAMAS:
A Figura 5.14 mostra as reações, as cargas e os hiperestáticos do problema.

Figura 5.14 – Pórtico com cargas, reações e hiperestáticos destacados.

102
A equação a seguir mostra a obtenção das reações de apoio: R1, R2 e R3 em função
dos hiperestáticos X1 e X2.

 F  0  R  0,
h 2
X X 2 PL2
 M embaixo  0 R  L 1
1
 -
L1 2 L1
,
(5.67)
1

P2 L1  L2  X1 X 2
F v  0  R3 
2 L1
 
L1 L1
.

De posse dos hiperestáticos, mostramos na Figura 5.15 os diagramas do pórtico


em questão.

Figura 5.15 – Diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor do pórtico.

103
Exemplo 5 – Pórtico com deslocamentos prescritos, variação de temperatura, apoios
elásticos, carga distribuída e rótula interna.
O problema a seguir é um pórtico com quatro barras sob variação de temperatura
com apoios elásticos, deslocamentos prescritos, um momento concentrado no canto
esquerdo inferior, uma força concentrada no canto esquerdo superior e carga distribuída
nas barras horizontais. A Figura 5.16 ilustra o problema e apresenta o sistema principal
(SP) escolhido para resolver o problema. A barra de comprimento L4 é rígida ao esforço
axial e as barras horizontais são completamente rígidas.

Figura 5.16 – Pórtico com dois graus de hiperasticidade e submetido a variação de


temperatura, deslocamentos prescritos, cargas concentradas, apoios elásticos e cargas
distribuídas.

A Figura 5.17 mostra os estados E0, E1 e E2 com as reações e diagramas. As


variáveis S e C são simplificações de sen() e cos(), respectivamente.

104
Figura 5.17 – Estados E0, E1 e E2 com suas reações e diagramas de esforço normal,
cortante e fletor.

As reações dos três estados são obtidas a partir da imposição das equações
universais da estática. Para o estado E0, temos que:

105
 F  0  H  F ,
h
0
D
M
 M rótula  0V  L C 0
A
1
, (5.68)
1 

F v  0  VE0  qL2  L3   VA0 .


Para o estado E1, temos que:

 F  0  H  1,
h
1
D
L
 M rótula  0V  L C ,  F 1
A
4
v  0  VE1  VA1, (5.69)
1 

 M canto esq.  0 M 1
D   L4  VE1 L1C  L2 .
Para o estado E2, temos que:

 F  0  H  0,
h
2
D

 M rótula  0V  0,  F  0  V 2
A v E
2
 0, (5.70)
 M canto esq.  0 M  1. 1
D

A seguir mostramos primeiramente a montagem do vetor das ações externas.


VETOR DAS AÇÕES EXTERNAS:
Ao combinarmos as forças e diagramas dos estados E0 e E1 obtemos o elemento
10 da seguinte forma:
E1
E0 E1  E0   
E1  E0

Dpx 
   
1


 1  Dpy   VE  1  10 
 EI
1
 0 
Cargas Virtuais 
Desl. Prescrito
    Def.da viga devido EI
WE

1

L1 1  VA1S  C  VA1S 
EA 

  
Barra L1
 
Def. da viga devido EA

vão E1
1 1 
vão E1

 
gT  L2   M D  L3 1 M D1     (5.71)
  2  
 vão
   E1
   vão 
E1 
vão E1 
vão E1



 1

T L1 1  C  VAS  L2 1 1  L3 1 1  L4 1 VE 
1


 
 

Efeito Temp.
desl. real
  desl. real
  0  força
força virtual
 virtual
 0 
 
V
k 
M
 VA1  A   M 1D  D  .
kt 
 
  
y 

Apoios Elástico

Simplificando, temos que:

106
10  Dpx  D V 
L1VA1S
1
py E
EA
 L 
C  VA1S  gT M D1  2  L3  
2 
(5.72)
 VA1VA0   M 1D M D0 
  1
A  
 T  L1 C  V S  L2  L3  L V   1
 k   k 
4 E  .
 y   t 
O elemento  20 é obtido ao combinarmos as forças e diagramas dos estados E0 e
E2, o que resulta em:

E2  E0
1


1   20 
 
0  1 0 
EI
 EA
 
Cargas Virtuais
  Def.da viga devido EI Def.da viga devido EA
WE

 vão E2 
vão E2

gT  L3 11  L4 11  T 0
  (5.73)
   
Efeito Temp.
desl.real
 
força virtual
  M 0 
  1  D  .
kt 
 
Apoios Elástico

Simplificando, temos que:


 M D0 
 20  gT L3  L4    . (5.74)
 kt 
De posse dos resultados das equações (5.72) e (5.74) montamos o vetor das ações
externas:
10 
 0    . (5.75)
 20 
Neste exemplo, devido a extensão das expressões dos seus elementos, deixamos
apenas indicado o vetor das ações externas.
MATRIZ DE FLEXIBILIDADE:
Temos três coeficientes de flexibilidade para determinar: 11 ,  22 e  12 ou  21 . O
elemento de flexibilidade  11 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do estado E1
com ele mesmo. Como resultado, temos que:

107

E1  E1


1  11 
 
1
EI
0 
1
L1 1  C  VA1S 
EA  
2
 
Cargas Virtuais  Barra L1
  Def.da viga devido EI   
WE Def. da viga devido EA

  
 força virtual
desl.real desl.real
desl.real
 (5.76)
força virtual

força virtual
 1 V     M 1D 
   
1
 1    V
     MD 
1
1
 .
A

k k  A
k
  x 
   t 

y

Apoios Elástico

Simplificando as contas, temos que:

11 

L1  C  VA1S 2
1 VA1
  
M 1D    
.
2 2

(5.77)
EA kx ky kt

O elemento de flexibilidade  22 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do


estado E2 com ele mesmo, resultando em:
desl. real
 força virtual
 
E2 E2
1 1   1
1   22   0  L4 11   1   .
2
  (5.78)
EA EI 
  kt 
Cargas Virtuais

 
 Def.da viga devido EA  Apoios
Barra L4   
Elástico
WE Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, temos que:


L4 1
 22   . (5.79)
EI kt
O elemento de flexibilidade  21 é obtido ao combinarmos forças e diagramas dos
estados E1 e E2:
desl.real E2
 virtual E1
E2  E1 
 1

1   21 
  EA
1
 0 
1
EI
0  M 1D   .
k 
  (5.80)
  
 Def.da viga devido EA Def.da viga devido EI 
Cargas Virtuais
 t 
Apoios Elástico
WE

Simplificando as contas, temos que:


 M 1D
 21  . (5.81)
kt
Como  21  12 , podemos então expressar a matriz de flexibilidade de forma
completa.

108
11 12 
   
 21  22 

 1

 L  C  V 1S 2 1
 A 

 
V   M  
1 2
A
1 2
D
  M D1  
  (5.82)
 EA kx ky kt   kt  
    .
   M D1   L4 1 
    
  kt   EI kt 
MONTAGEM E SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES:
Assim conseguimos escrever o sistema de equações por este método simplificado
da seguinte forma:
 0   X    p 

 1

 L  C  V 1S 2 1
 A 

 
V   M  
1 2
A
1 2
D
  M 1D  
 
 EA kx ky kt   kt    X1   0  10  (5.83)
        .
   M D1   L4 1   X 2   p   20 
     
  kt   EI kt 
Conforme exemplo anterior, não apresentamos a solução deste sistema de
equações de forma literal.
DIAGRAMAS:
A Figura 5.18 mostra as reações, as cargas e os hiperestáticos do problema.

Figura 5.18 – Pórtico com cargas, reações e hiperestáticos destacados.

Nas equações a seguir mostramos a obtenção das reações de apoio: R1, R2 e R3 em


função dos hiperestáticos X1 e X2.

109
 F  0  R  F,
h 3
XS M
 M rot.emb.  0 R  C   L C
1
1 1
,
 1 

X1S M (5.84)
F v  0  R2  qL2  L3    1
C L1C
q L  L 
2

 M rot.dir.  0 R4  2 2 3  X 2  L2 R2 ,
onde “rot.emb.” e “rot.dir.” indicam referências por baixo e pelo lado direito da rótula
respectivamente. De posse dos hiperestáticos, mostramos na Figura 5.19 os diagramas do
pórtico em questão.

Figura 5.19 – Diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor do pórtico.

110
5.6. GRELHAS
Exemplo 6 – Grelha com deslocamento prescrito, variação de temperatura e apoio
elástico.
O problema a seguir é uma grelha com duas barras sob variação de temperatura
com apoios elásticos e deslocamento prescrito. O problema, juntamente com o sistema
principal escolhido, são apresentados na Figura 5.20.

Figura 5.20 – Grelha com um grau de hiperasticidade submetida a variação de


temperatura, deslocamentos prescritos e cargas concentradas com apoios elásticos.

A Figura 5.21 mostra os estados E0 e E1 com as reações e diagramas.

Figura 5.21 – Estados E0 e E1 com suas reações e diagramas de momentos torçor e


fletor.

A seguir mostramos a determinação do coeficiente da ação externa.

111
O trabalho virtual realizado pelas cargas do estado E1 resultam em:
E0 E1 E1  E0

WE  D p    1  1  10 . (5.85)


   
Desl. Prescrito Cargas Virtuais

Já a energia de deformação elástica, separamos por partes. Consideramos primeiro


a energia de deformação elástica devido à flexão:
  1   
  2 M 2  PL1    
L L    
1 

1 1
  
1  
  M 2  M 2  PL1   
Esforços
U Ela 
EI   6    (5.86)
 1 
L2  L2  PL2  
  3  
1
L1 1 L2 M1  PL2  ,
GJ
A deformação elástica virtual devido a variação de temperatura é obtida por:
  1  1 
Temp
U Ela  gT L1   L1   L2   L2  , (5.87)
 2 
vão  2  
vão

A equação (5.89) mostra a energia virtual de deformação dos apoios elásticos:

  M 2  PL2    M1  PL1   
Molas
U Ela   L1     L2     1 0 . (5.88)
ktx  kty  k 
     z
Usando o PTV resulta que:

  1   
  M 2  PL1   
L 2  2   
1   1    L1 L2
1

 10  D p    PL1    M 1  PL2  
EI   6    GJ
 1  (5.89)
L2  L2  PL2  
  3  
 M  PL2 
L1  2
k tx
 M  PL1 
  L2  1
 k ty  2

g T 1 L1 2  L2 2 . 
   
A seguir mostramos a determinação do coeficiente de flexibilidade  11 . Já
aplicamos diretamente o PTV, o que resulta em:

112
1  1 1 2 1
 11  L1  L1   L2  L2    L2 1 L2  
2 2

EI   3   3  GJ
(5.90)
  L1 2    L2 2    12 
   .
 k   k   k 
 tx   ty   z 
MONTAGEM E SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES:
Assim conseguimos escrever o sistema de equações por este método simplificado
da seguinte forma:

 0   X    p  X 1   10 . (5.91)


11
Conforme exemplo anterior, não apresentamos a solução deste sistema de
equações de forma literal.
DIAGRAMAS:
A Figura 5.22 mostra as reações, as cargas e o hiperestático do exemplo, assim
como os diagramas de momento torçor e fletor.

Figura 5.22 – Grelha com cargas, reações e hiperestático destacado.

Nas equações a seguir mostramos a obtenção das reações de apoio: Rz, Mrx e Mry
em função do hiperestático X1.

F  0  R  P  X ,
z z 1

 M eixo x   0  Mr  P  X L - M ,
x 1 1 2 (5.92)
 M eixo y   0  Mr  M  P  X L .
y 1 1 2

113
5.7. RESUMO
Neste capítulo vimos a metodologia do Método das Forças. Vimos como obter
este método a partir da aplicação direta do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV).
Posteriormente vimos, que esta abordagem é bastante trabalhosa. Assim, explicamos uma
versão simplificada do método, denominada aqui de Método das Forças Simplificado.
Toda essa explicação é original. Nos livros estudados, achei uma naturalização da
construção do Método das Forças sem levar em conta todos os detalhes vistos até
obtermos o Método das Forças na sua forma simplificada.
Em seguida aplicamos o MFS para resolver problemas de vigas, pórticos e grelhas.
No próximo capítulo, apresentamos a construção do Método Clássico dos Deslocamentos
a partir do uso do MFS.

114
Cap. 6: A Construção do
Método Clássico dos
Deslocamentos
Este capítulo apresenta os conceitos fundamentais para o entendimento do Método
Clássico dos Deslocamentos (MD). Para tanto, usamos o Método das Forças Simplificado
(MFS). Dividimos este capítulo em duas seções. A primeira fala define e mostra aplicação
do Coeficiente de Rigidez e a segunda apresenta casos em que obtemos reações de
estruturas hiperestáticas. O objetivo deste capítulo é construir a Tabela 6.1 e as Tabelas
6.2. Elas formam a base do Método Clássico dos Deslocamentos (MCD).

6.1. COEFICIENTE DE RIGIDEZ


Começamos definindo o conceito de Coeficiente de Rigidez.
Definição 6.1 (Coeficiente de Rigidez): o Coeficiente de Rigidez é a reação que
surge em uma deslocabilidade que tem deslocamento restrito (ou parcialmente restrito)
devido a um deslocamento prescrito unitário em uma deslocabilidade.
Duas consequências imediatas podem ser obtidas a partir da definição.
1) coeficientes de rigidez em estruturas isostáticas são necessariamente nulos;
2) resolver uma estrutura isostática implica necessariamente torna-la hiperestática.
A seguir vamos apresentar os coeficientes de rigidez de dois elementos retos de
viga com condições de contorno diferentes. Para os demais casos, sugerimos que o leitor
treine como obtê-los. Como ponto de partida, teremos um elemento reto plano com nós
inicial I e final J. A Figura 6.1 ilustra os nós e a numeração dos deslocamentos permitidos
para um desses nós.

115
Figura 6.1 – Elemento reto plano de viga com os nós inicial I e final J com três
deslocabilidades por nó.

Conforme a definição de coeficiente de rigidez, a única ação externa é o


deslocamento prescrito. Inicialmente consideramos um deslocamento qualquer para
depois torna-lo unitário.

6.1.a viga biengastada


 Deslocamento prescrito unitário na deslocabilidade 6.
A seguir apresentamos o elemento de viga reto plano biengastado com uma
rotação prescrita no nó J. Ao lado já colocamos o Sistema Principal (SP) que escolhemos
para resolver o problema.

Figura 6.2 – Elemento de viga reto plano e biengastado com rotação prescrita no nó J
com o sistema principal (SP).

Conforme visto no Capítulo 5, para resolvermos o problema pelo Método das


Forças (MF) criamos quatro estados: E0, E1, E2 e E3. Ao lado de cada estado apresentamos
os diagramas de esforço normal e fletor. Repare que o deslocamento prescrito foi aplicada
numa deslocabilidade que foi liberado no SP. Por esta razão, os diagramas no estado E0
são nulos.

116
Figura 6.3 – Estados E0, E1, E2 e E3 e seus diagramas de esforço normal e momento
fletor correspondentes a solução do problema com rotação prescrita no nó J.

A seguir montamos o vetor das ações externas.


VETOR DAS AÇÕES EXTERNAS:
Ao combinarmos as forças e os diagramas de estados E1, E2 e E3 com os do estado
E0, obtemos o vetor das ações externas. Esperamos que seja evidente que  0   0 já
que não há nenhuma ação externa atuando no estado E0. Logo, temos que:
10  0
 0    20    0   0.
 
(6.1)
  0
 30   
Observação 6.1: 0 indica um vetor em que todos seus elementos são zero.
A seguir montamos a matriz de flexibilidade da viga engastada livre.
MATRIZ DE FLEXIBILIDADE:
Temos nove coeficientes de flexibilidade para determinar: 11 ,  22 ,  33 da diagonal
principal e mais seis fora da desta diagonal. Contudo, devido a simetria da matriz, temos
apenas mais três elementos para determinar, digamos: 12 , 13 e  23 . O elemento de

117
flexibilidade  11 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do estado E1 com ele
mesmo. Como resultado, temos que:
1 1
1  11 


L1 1 
2
0 .
(6.2)
EA
    EI

W
Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, resulta que:


L
11  . (6.3)
EA
O elemento de flexibilidade  22 é obtido ao combinarmos forças e diagramas do
estado E2 com ele mesmo, o que resulta em:
1 1 1


1   22 
 
0  L  L  .
2

(6.4)
EA
  EI
 3 
 
W
Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, obtemos:


L3
 22  . (6.5)
3EI
De forma análoga, o elemento de flexibilidade  33 é obtido quanto combinamos
forças e diagramas do estado E3 com ele mesmo. Assim, temos que:
1 1


1   33 
 
0  L1 1 .
2
(6.6)
EA
  EI
   
W
Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, obtemos:


L
 33  . (6.7)
EI
Os elementos 12 e 13 são todos nulos. Isto ocorre porque o diagrama de momento
fletor do estado E1 é nulo e os diagramas de esforço normal nos estados E2 e E3 são nulos.
Assim, só nos resta calcular o elemento  23 , que é obtido ao combinarmos as forças e
diagramas do estados E2 e E3.
E3 E2 E3 E2
 1 1  1  

1 23 
 
0  L  1 L . (6.8)
EA
  EI
 2
  
W
Def. da viga devido EA Def. da viga devido EI

Simplificando as contas, temos que:


L2
 23  . (6.9)
2 EI

118
Assim, a matriz de flexibilidade de forma completa é dada por:

 L 
 EA 0 0 
11 12 13   L3 L2 
   21  22  23      0 . (6.10)
 3EI 2 EI 
 31  32  33   L2 L 
 0 EI 
 2 EI
MONTAGEM E SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES:
Assim, adotando  p  1 , escrevemos o sistema de equações pelo MFS da seguinte

forma:
 0  X    p 
 L 
 EA 0 0 
  X1   0  0
 0 L3 L2        (6.11)
 X 2    0   0.
 3EI 2 EI       
 L2 L   X 3   p  0
 0 
 2 EI EI 
A solução deste sistema de equações é de fácil solução. Pode ser obtido até pela
inversão da matriz de flexibilidade   . Resolvendo o sistema obtemos:

 
 0 
 X1 
    6 EI 
 X 2    2 . (6.12)
X   L 
 3   4 EI 
 L 

De posse dos hiperestáticos podemos achar as demais reações de apoio, obtendo


assim, todos os coeficientes de rigidez relacionados ao deslocamento prescrito unitários
na deslocabilidade número 6. A Figura 6.4 nos ajuda a entender o problema.

Figura 6.4 – Viga do exemplo com rotação prescrita no nó J com as reações de apoio e
os hiperestáticos X1, X2 e X3.

As reações de apoio R1, R2 e R3 são obtidas em função dos hiperestáticos a partir


da imposição de equilíbrio global da viga.
119
 F  0  R  0,
h 1
6 EI
F  0  R  L ,
v 2 2
(6.13)
2 EI
 M nó I   0  R 3   X 3 - X 2 L  R3 
L
Já as reações de apoio R4, R5 e R6 são os próprios hiperestáticos, ou seja:
 6 EI 4 EI
R4  X 1 , R5  X 2 e R6  X 3  R4  0, R5  2
e R6  . (6.14)
L L
Essas seis reações foram obtidas devido a um deslocamento prescrito unitário na
deslocabilidade 6. Para cada deslocabilidade que tem um deslocamento prescrito unitário,
temos 6 coeficientes de rigidez. Como temos seis deslocabilidade, precisamos determinar
36 coeficientes de rigidez em um elemento reto plano de viga. Armazenando esses 36
coeficientes numa matriz denominada de matriz de rigidez [K], o que nós fizemos no
exemplo anterior foi preencher a sexta coluna desta matriz, que genericamente teria o
seguinte aspecto.
 k11 k12 k13 k14 k16 0 
 6 EI 
k21 k22 k23 k24 k25 
 L2 
k 2 EI 
k32 k33 k34 k35
K   k L .
31
(6.15)
41 k42 k43 k44 k45 0 
  6 EI 
k51 k52 k53 k54 k55 
 L2 
k 4 EI 
k62 k63 k64 k65
 L 
61

 Deslocamento prescrito unitário na deslocabilidade 2.


A seguir apresentamos o mesmo elemento de viga plano anterior, só que desta vez
com um deslocamento vertical prescrito no nó I. O SP escolhido é o mesmo do exemplo
anterior. Com isto, temos a mesma matriz de flexibilidade, reduzindo as etapas de solução
do problema.

Figura 6.5 – Elemento de viga reto plano e biengastado com deslocamento prescrito
vertical no nó I com o sistema principal (SP).

120
Novamente temos quatro estados: E0, E1, E2 e E3. Os três últimos são idênticos
aos três últimos do exemplo anterior. A mudança importante está no estado E0 onde a
ação externa (deslocamento prescrito vertical) aparece. Como temos um deslocamento
prescrito numa estrutura isostática, novamente os diagramas neste estado são nulos.

Figura 6.6 – Estados E0, E1, E2 e E3 e seus diagramas de esforço normal e momento
fletor correspondentes ao problema com deslocamento prescrito vertical no nó I.

VETOR DAS AÇÕES EXTERNAS:


Esse vetor é obtido ao combinarmos as forças e os diagramas de estados E1, E2 e
E3 com os do estado E0. Exceto o coeficiente  20 , todos os demais são nulos. Isso ocorre
porque a única ação externa é o deslocamento prescrito vertical no estado E0. Como
resultado, todas as energias de deformação elásticas virtuais serão nulas. Dos trabalhos
virtuais realizados pelas cargas externas, o único diferente de zero é o feito pelo estado
E2, pois é o único que tem reação vertical no nó I diferente de zero. Pelo Princípio dos
Trabalhos Virtuais (PTV), obtemos:
E2 E0 E2 E0
   
WE , 20   1Dp   1 20  e U Ela,20  0  Pelo PTV WE , 20  U Ela, 20   20  Dp , (6.16)

onde, o subscrito “,20” indica que estamos relacionando os estados E2 e E0. Assim, o vetor
das ações externas resultante é:

121
10  0
 0    20  0  Dp .
 
(6.17)
  0
 30   
Como o SP é igual ao caso anterior, a matriz de flexibilidade é a mesma. Portanto,
a seguir apresentamos a montagem e solução do sistema de equações.

MONTAGEM E SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES:


 
Como não há deslocamentos prescritos na direção dos hiperestáticos, o vetor  p

é todo nulo. Adotando Dp  1 , conseguimos escrever o sistema de equações pelo MFS da

seguinte forma:
 0  X    p 
 L 
 EA 0 0 
  X 1  0 0
 0 L3 L2        (6.18)
 X 2   0  1.
 3EI 2 EI       
 L2 L   X 3  0 0
 0 
 2 EI EI 
Resolvendo o sistema obtemos os seguintes hiperestáticos.
 0 
 X1   
     12 EI 
 X 2    3 . (6.19)
X   L 
 3   6 EI 
 L2 

A seguir indicamos a viga reta plana com o deslocamento prescrito vertical no nó


I com suas reações e hiperestáticos.

Figura 6.7 – Viga do exemplo com deslocamento prescrito vertical no nó I com as


reações de apoio e os hiperestáticos X1, X2 e X3.

As reações de apoio R1, R2 e R3 são obtidas em função dos hiperestáticos a partir


da imposição de equilíbrio global da viga.

122
 F  0  R  0,
h 1
12EI
F  0  R  L ,
v 2 3
(6.20)
6 EI
 M nó I   0  R 3   X 3 - X 2 L  R3 
L2
.

Já as reações de apoio R4, R5 e R6 são os próprios hiperestáticos, ou seja:


 12EI 6 EI
R4  X 1, R5  X 2 e R6  X 3  R4  0, R5  3
e R6  2 . (6.21)
L L
Essas seis reações foram obtidas devido a um deslocamento prescrito unitário na
deslocabilidade 2. Portanto, nós acabamos de obter a segunda coluna da matriz
apresentada na equação (6.15). Genericamente, temos que:
 k11 0 k13 k14 k16 0 
 12EI 6 EI 
k 21 k 23 k 24 k 25 
 L3 L2 
k31 6 EI 2 EI 
k33 k34 k35
K   k L2
0 k 43 k 44 k 45
L .
0 
(6.22)
41
  12EI  6 EI 
k51 k53 k54 k55 
 L3 L2 
k 6 EI 4 EI 
k63 k64 k65
 L 
61
L2
 Matriz de Rigidez do elemento biengastado.
Se aplicarmos deslocamentos prescritos unitários nas demais deslocabilidade,
preencheríamos as demais colunas da matriz de rigidez de um elemento de viga reta plana
biengastada. Como resultado, temos que:
 EA  EA 
 L 0 0 0 0 
L
 12EI 6 EI  12EI 6 EI 
 0 0 
 L3 L2 L3 L2 
 0 6 EI 4 EI  6 EI 2 EI 
0
K     EA L2 L
EA
L2 L .
 (6.23)
 0 0 0 0 
 L L 
 0  12EI  6 EI 12EI  6 EI 
0
 L3 L2 L3 L2 
 6 EI 2 EI  6 EI 4 EI 
 0 0 
 L2 L L2 L 

Observação 6.2: se você leitor, não está habituado com esta matriz, recomendamos que
você monte as demais colunas dela.

123
A seguir apresentamos outra observação importante sobre a matriz apresentada na
equação (6.23).
Observação 6.3: a matriz de rigidez apresentada é simétrica e é singular.

A simetria se deve por requisitos de equilíbrio, terceira Lei de Newton na verdade.


Foquemos nos elementos k14 e k41, por exemplo. Para tanto, analisemos o sistema em que
d4 é diferente de zero e todos os demais deslocamentos são nulos.
 EA  EA 
 L 0 0 0 0 
L
 12EI 6 EI  12EI 6 EI   0 
 f1   0 0 
f   L3 L2 L3 L2   0 
 2  6 EI 4 EI  6 EI 2 EI   
 f3   0 L2 L
0
L2 L   0 
     EA EA 
 f4   0 0 0 0  d4 
 f5   L L  0 
    12EI  6 EI 12EI  6 EI   
 f 6   0 0 0
L3 L2 L3 L2   
 6 EI 2 EI  6 EI 4 EI  (6.24)
 0 0 
 L2 L L2 L 
 EA 
 f1   d4
f   L 

 2  0 
 f3   0 
    EA .
 f4   d4 
 f5   L 
   0 
 f 6   
 0 
Como resultado, as forças horizontais f1 e f4 se anulam, indicando que a viga está
em equilíbrio horizontal. Agora analisemos o sistema em que apenas d1 é diferente de
zero com todos os demais deslocamentos nulos.

124
 EA  EA 
 L 0 0 0 0 
L
 12EI 6 EI  12EI 6 EI  d 
 f1   0 0  1
f   L3 L2 L3 L2   0 
   2 6 EI 4 EI  6 EI 2 EI   
 f3   0 L2 L
0
L2 L   0 
     EA EA 
 f4   0 0 0 0  0 
 f5   L L  0 
    12EI  6 EI 12EI  6 EI   
 f6   0 0 0
L3 L2 L3 L2   
 6 EI 2 EI  6 EI 4 EI  (6.25)
 0 0 
 L2 L L2 L 
 EA 
 f1   d1
f   L 

 2  0 
 f3   0 
  EA .
f
   d1
4 
 f5   L 
   0 
 f6   0 
 
Novamente as forças horizontais f1 e f4 estão em equilíbrio. Supondo d1 = d4 = d,
com d sendo um deslocamento qualquer, temos que:
 EA   EA 
 f1   d4  f   L 
L   
1
f     0 
 2   0   f2   
 f3   0   f3   0 
    EA     d  EA  forças que surgem por d 4  d ,
 f4   d4   f4   
 f5   L  f   L 
   0     0 
5

 f 6    
 f 6  0 
 0   
(6.26)
 EA   EA 
 f1   d1  f 
L     L 
1
f    f  0 
   0   
2 2
 
 f3   0   f3   0 
  EA   f   d  EA  forças que surgem por d1  d .
 f 4   d1   4  
 f5   L  f   L 
   0     0 
5

 f 6    f
  6   0 
 0   
Perceba que a força f1 que surge devido a d4 = d  f1  d EA L  é numericamente

igual a força f4 que aparece pelo fato de d1 ser igual a d  f 4  d EA L  , ou seja, a força
horizontal que surge no nó I devido a d4 = d é igual a força horizontal no nó J devido a
d1 = d. Por esta mesma razão, temos que kij = kji e a matriz [K] é simétrica.
125
Em relação a singularidade, ela ocorre pelo fato do sistema permitir
deslocamentos de corpo rígido. Vejamos quais são eles:
 Deslocamento de corpo rígido horizontal com d1 = d4 = d.
Conforme mostrado acima, temos o seguinte sistema:
 EA  EA 
 L 0 0 0 0 
L
 12EI 6 EI  12EI 6 EI  d 
 f1   0 0 
f   L3 L2 L3 L2   0 
 2  6 EI 4 EI  6 EI 2 EI   
0 0
 f3   L2 L L2 L   0  
    EA 
EA
 f4   0 0 0 0  d 
 f5   L L 0 
    12EI  6 EI 12EI  6 EI   
 f6   0 0 0 
L3 L2 L3 L2    (6.27)
 6 EI 2 EI  6 EI 4 EI 
 0 0 
 L2 L L2 L 
 f1  0
 f  0
 2  
 f3  0
    .
 f 4  0
 f5  0
   
 f6  0
A Figura 6.8 apresenta o deslocamento de corpo rígido horizontal e as forças
nodais que surgem.

Figura 6.8 – Deslocamentos d1 = d4 = d e demais nulos com deslocamento de corpo


rígido horizontal e forças nulas.

126
 Deslocamento de corpo rígido vertical com d2 = d5 = d.
Conforme mostrado acima, temos o seguinte sistema:
 EA  EA 
 L 0 0 0 0 
L
 12EI 6 EI  12EI 6 EI   0 
 f1   0 0 
f   L3 L2 L3 L2  d 
 2  6 EI 4 EI  6 EI 2 EI   
 f3   0 L2 L
0
L2 L   0  
     EA EA 
 f4   0 0 0 0 0 
 f5   L L  d 
    12EI  6 EI 12EI  6 EI   
 f6   0 0 0 
L3 L2 L3 L2    (6.28)
 6 EI 2 EI  6 EI 4 EI 
 0 0 
 L2 L L2 L 
 f1  0
 f  0
 2  
 f3  0
    .
 f 4  0
 f5  0
   
 f6  0
A Figura 6.9 apresenta o deslocamento de corpo rígido vertical e as forças nodais
que surgem.

Figura 6.9 – Deslocamentos d2 = d5 = d e demais nulos com deslocamento de corpo


rígido vertical e forças nulas.

 Deslocamento de corpo rígido rotacional com d3 = d6 =  e d5 = L.


Conforme mostrado acima, temos o seguinte sistema:

127
 EA  EA 
 L 0 0 0 0 
L
 12EI 6 EI  12EI 6EI   0 
 f1   0 0 
f   L3 L2 L3 L2   0 
 2  6 EI 4 EI  6 EI 2 EI   
 f3   0 L2 L
0
L2 L     
     EA EA 
 f4   0 0 0 0  0 
 f5   L L  L 
    12EI  6 EI 12EI  6 EI   
 f 6   0 0  
L3 L2 L3 L2    (6.29)
 6 EI 2 EI  6 EI 4 EI 
 0 0 
 L2 L L2 L 
 f1  0
 f  0
 2  
 f3  0
    .
 f 4  0
 f5  0
   
 f 6  0
A Figura 6.10 apresenta o deslocamento de corpo rígido vertical e as forças nodais
que surgem.

Figura 6.10 – Deslocamentos d3 = d6 =  e d5 = L e demais nulos com deslocamento


de corpo rígido rotacional e forças nulas.

6.1.b demais condições de contorno


De fato a organização desses coeficientes de rigidez em matrizes é objetivo de
estudo de outra abordagem do Método dos Deslocamentos (Método da Rigidez Direta)
ou mesmo de outras disciplinas (Análise Matricial de Estruturas). Como nosso foco é o
MCD, apresentamos os coeficientes de rigidez para as principais condições de contorno
na Tabela 6.1.

128
Tabela 6.1 – Coeficientes de Rigidez da principais condições de contorno de vigas.

129
Observação 6.4:usamos barras onduladas para indicar que elas estão torcidas.

A seguir apresentamos o cálculo das reações de estruturas hiperestáticas.

6.2. REAÇÕES DE APOIO DE ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS


De forma similar ao que fizemos na seção 6.1., resolvemos a seguir um caso de
vários que podem surgir. Na solução do caso escolhido, usamos novamente o Método das
Forças Simplificado (MFS). Em seguida, organizamos os diversos casos na Tabela 6.2.

6.2.a viga plana engastada e apoiada sob carga distribuída


O exemplo que usamos para resolver é de uma viga plana engastada e apoiada
submetida a carregamento uniformemente distribuído. A Figura 6.11 mostra os detalhes
do problema com o SP escolhido para resolve-lo.

Figura 6.11 – Viga plana engasta e apoiada sob carregamento uniformemente


distribuído.

Seguindo a metodologia do MF, apresentamos na Figura 6.12 os estados E0 e E1.

Figura 6.12 – Estados E0 e E1 e seus diagramas de momento fletor correspondentes


devido a um carregamento uniformemente distribuído.
Como temos apenas um hiperestático, temos apenas uma única equação.

130
COEFICIENTE DA AÇÃO EXTERNA:
Combinando os estados E0 e E1 obtemos o coeficiente 10 :
E0
E0
 
E1 E1
  1  1    qL2   qL3

110   L  1
 EI  3 
 10  (6.30)
8  24EI
WE  
Def. da viga devido EI

COEFICIENTE DE FLEXIBILIDADE:
Combinando o estado E1 com ele mesmo temos o coeficiente 11 :
E1
  1  1 
E1 E1
L

111  
 EI  3 
L  1 11 
2
(6.31)
  3EI
WE
Def. da viga devido EI

MONTAGEM E SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO:


Como não há deslocamentos prescritos na direção do hiperestático, o elemento
 p  0 . Logo, a equação de compatibilidade resolvida é dada por:

3EI qL3 qL2


10  11 X  0  X  X  (6.32)
L 24EI 8
A seguir indicamos o problema com destaque ao hiperestático.

Figura 6.13 – Viga plana engastada e apoiada submetida a carga uniformemente


distribuída com destaque ao hiperestático X.

As reações de apoio R1, R2 e R4 são obtidas em função dos hiperestáticos a partir


da imposição de equilíbrio global da viga.

F h  0  R1  0,
3qL
 M nó I   0  R 4 
8
, (6.33)
5qL
F v  0  R2 
8
.

Já a reação de apoio R3 é o próprio hiperestático, ou seja:

131
qL2
R3  . (6.34)
8
6.2.b reações de estruturas hiperestáticas para diversos tipos de cargas e apoios
A seguir apresentamos a Tabela 6.2 com vários casos de cargas e condições de
contorno. São essas tabelas que permitem obter as forças nodais (reações de apoio) devido
a cargas que atuam no vão do elemento. Note que o sentido das forças estão para cima,
para estar de acordo com a orientação definida no Capítulo 3!
Observação 6.5: devemos destacar que engastes com rótulas ao lado correspondem a
apoios do segundo gênero em que se restringe deslocamentos translacionais.

132
Tabela 6.2.a – Viga biengastada.

133
Tabela 6.2.b – Viga engastada e apoiada.

134
Tabela 6.2.c – Viga apoiada e engastada.

135
Tabela 6.2.d – Viga engastada e com engaste deslizante.

136
Tabela 6.2.e – Viga com engaste deslizante e engastada.

De posse da Tabela 6.1 e da Tabela 6.2 estamos com todas as ferramentas para
estudar no Capítulo 7 o Método Clássico dos Deslocamentos. Perceba que todas as tabelas
foram construídas com aplicação direta da metodologia estudada no Método das Forças
Simplificado, que por sua vez é todo fundamentado na aplicação do Princípio dos
Trabalhos Virtuais (PTV)!

137
Cap. 7: O Método
Clássico dos
Deslocamentos
Reservamos este capítulo para aplicação do Método Clássico dos Deslocamentos
(MCD) para a solução de estruturas isostáticas e hiperestáticas. Dividimos ele em sete
seções. A primeira apresenta de forma sucinta o que é o método. As seguintes aplicam o
método para casos estruturais: vigas, pórticos, treliças, estruturas compostas e grelhas. Na
última seção apresentamos a situação em que não conseguimos aplicar o MCD.

7.1. INTRODUÇÃO
A ideia principal deste método é decompor a estrutura que queremos analisar (iso
ou hiperestática) em um conjunto de elementos hiperestáticos, cujas informações
conhecemos, para depois reunir (pelo Princípio da Superposição dos Efeitos - PSE) esses
resultados e obter novamente a estrutura original.
Pedimos que o leitor note que a abordagem é completamente oposta ao que foi
feito no MF. Aqui, nós colocamos mais impedimentos na estrutura criada a partir da
estrutura original, ou seja, a estrutura fica mais rígida (travada). Esses deslocamentos,
criados artificialmente e devidamente numerados, são as incógnitas que devemos
determinar após montarmos o sistema de equações. A esta estrutura travada denominamos
de sistema principal (SP).
n + 1 estados de deslocamento são criados a partir do SP, em que n representa o
número de restrições criadas para definir o SP a partir da estrutura original. As essas n
restrições criadas, temos n reações correspondentes. A seguir definimos cada estado, o
que nos ajuda a entender de forma organizacional o Método Clássico dos Deslocamentos
(MCD).

138
Método Clássico dos Deslocamentos (MCD)
Estrutura Organizacional (Criação dos estados): todos os estados de deslocamento
a seguir são aplicados no SP.
- E0: aplicamos as ações externas: cargas reais (forças e momentos concentrados e/ou
distribuídos), deslocamentos prescritos e variação de temperatura;
- E1: aplicamos o deslocamento d1 como única ação na estrutura definida no SP e
calculamos as forças correspondentes a d1;

-
- En: aplicamos o deslocamento dn como única ação na estrutura definida no SP e
calculamos as forças correspondentes a dn.

Observação 7.1: a ordem de numeração dos deslocamentos criados é completamente


arbitrária.
A seguir apresentamos uma sequência de perguntas e respostas que ajuda o leitor
a organizar o MCD de forma lógica.
Pergunta 1: como reconhecer onde criar deslocamentos artificiais
Resposta 1: todo grau de liberdade nodal no plano (dois translacionais e um rotacional)
que acionem modos de deformação nas barras ou nos apoios elásticos deve ser
restringido. Em geral partimos dos nós que conectam os elementos que compõem a
estrutura articulada.
Pergunta 2: após criar uma estrutura hiperestática (SP) a partir da estrutura original (iso
ou hiperestática) e separar a ação dos n deslocamentos, como fazer para restituir o
problema hiperestático original
Resposta 2: a esses n deslocamentos criados no SP, temos n reações correspondentes.
Essas n reações devem ser tais que reproduzam as forças que existiam na estrutura
original, nos mesmos n pontos.
Pergunta 3: como aplicar os hiperestáticos di desconhecidos
Resposta 3: para cada estado a partir do E0 apenas um deslocamento é aplicado por vez
(isso é o que define cada estado). Todas as informações de cada estado Ei são
multiplicadas pelo deslocamento desconhecido di.
Pergunta 4: como restituir o problema original

139
Resposta 4: para cada estado Ei (incluindo o E0) calculamos as n forças nas direções dos
n deslocamentos criados. Ao superpormos os efeitos temos uma igualdade entre forças,
implicando num sistema de equações representando equilíbrio de forças, cujo aspecto é:

 f 01   k11  kn1   F1 
       
    d1       d n        , (7.1)
f  k  k  F 
0n 
 1 n

 1n 
  n
 
E0 E1 En Forças Nodais

em que as forças no estado E0 não aparece nenhuma incógnita (di). Isto ocorre porque elas
são calculadas considerando todas as ações externas e todos os deslocamentos criados
iguais a zero. Ou seja, essas forças são de fato reações do estado E0 devido as ações reais
do problema considerando todos os deslocamentos nulos. Cada um dos vetores mostrados
na equação (7.1) contém n forças. Em forma matricial, temos que:
K d   f Neq  onde f Neq   Fn  -  f 0 . (7.2)
Textualmente, temos que:
“As n forças, correspondentes aos n deslocamentos criados, calculados nos n+1
estados devem ser iguais a zero ou as forças pré-existentes caso existam”.
Pergunta 5: como calculamos as forças
Resposta 5: as forças calculadas no estado E0 são obtidas a partir da Tabela 6.2 do
Capítulo 6. Já as demais forças, estado E1 em diante, são obtidas a partir da Tabela 6.1 do
mesmo capítulo. Conforme veremos nos exemplos, aprenderemos simplificações que
facilitarão a obtenção do sistema de equações representado pela equação (5.2).
Pergunta 6: por que usamos o termo Clássico
Resposta 6: o termo Clássico vem exatamente pelo o que está escrito na resposta 5, ou
seja, por montarmos o sistema de equações da forma mais manual possível usando
Tabelas. Em geral, temos um sistema muito grande (alta ordem). Por isso veremos neste
capítulo diversas hipóteses simplificadoras para diminuir o tamanho deste sistema. A
seguir enumeramos as três principais hipóteses que serão usadas.
Hipóteses Simplificadoras para utilização do MCD:
Hipótese 1: nós que conectam a estrutura com meio externo e que tenham deslocamentos
livres não devem ser restringidos;
Hipótese 2: barras (elementos) que são submetidas a esforços exclusivamente axiais, são
consideradas axialmente rígidas;
Hipótese 3: nós que tenham barras rotuladas a eles, em geral, não são restringidos.

140
Observação 7.2: a hipótese 2 combinada com barras inclinadas leva a grandes
dificuldades de interpretação cinemática do comportamento estrutural. A maioria dos
livros didáticos nacionais e internacionais explicitam que não tratam este caso. Quando
colocam barras axialmente rígidas, elas não estão inclinadas e quando consideram
barras inclinadas, elas não são axialmente rígidas.

7.2. VIGAS
Como aplicação ilustrativa da aplicação do MCD, analisamos uma viga isostática
engastada livre submetida aos seguintes tipos de ações reais: carga distribuída, cargas
concentradas, deslocamento prescrito e variação de temperatura.
A seguir destacamos os objetivos destes exemplos.
Objetivos: separamos os objetivos em duas partes:
objetivo geral: aplicar a metodologia do MCD para resolver um problema isostático
simples.
objetivos específicos:
- determinar o deslocamento vertical do nó J, o que poderia ser resolvido usando as
ferramentas vistas no Capítulo 4;
- mostrar a importância da hipótese 1 tendo como base o objetivo específico anterior. Para
tanto, utilizamos dois exemplos. No primeiro, usamos duas incógnitas, resultando em um
sistema de duas incógnitas com duas equações para resolver (sistema 2x2). Já no segundo,
quatro incógnitas são usadas, resultando num sistema 4x4. No fim apresentamos algumas
conclusões do exemplo.

Exemplo 1 – Viga isostática, engastada livre, sob todos os efeitos com duas incógnitas

A Figura 7.1 mostra os detalhes deste exemplo.

Figura 7.1 – Viga plana isostática submetida a diversos tipos de ações externas com o
SP com 2 incógnitas.

141
Perceba que temos duas incógnitas (dois deslocamentos a serem determinados)
neste problema. Uma referente ao deslocamento vertical que desejamos calcular e outra,
referente ao modo de deformação da mola rotacional. Portanto, teremos três estados: E0,
E1 e E2.
A Figura 7.2 mostra em detalhes os três estados. No estado E0, usamos o Princípio
da Superposição dos Efeitos (PSE) para separar cada ação externa. Para cada uma
definimos uma classificação adicional a partir de superíndices. Também usamos o PSE
nos estados E1 e E2 colocando em evidência os deslocamentos incógnitos d1 e d2. Outro
ponto importante que devemos lembrar, já que não está desenhado na figura, é que a mola
torcional está sendo deformada devido a aplicação de d2 no estado E2.

Figura 7.2 – Estados E0, E1 e E2 do exemplo em questão.

A seguir, começamos contabilizando as reações que surgem nas direções dos


deslocamentos restringidos do estado E0.
ESTADO E0:
As reações devido ao deslocamento prescrito são obtidas a partir da Tabela 6.1.
Todas as demais foram obtidas a partir do uso da Tabela 6.2.b, pois é exatamente a
condição de contorno do SP do nosso problema.

142
 f10   f101   f102   f103   f104 
 f 0       1    2    3    4 .
 f 20  
f 20   f 20   f 20   f 20 
   
(7.3)
Dp q P ,M e F T e g t

A equação (7.3) mostra genericamente, ainda, o vetor de forças  f 0 . Começamos


com a parcela referente ao deslocamento prescrito Dp. Isto é feito consultando a
Tabela 6.1.e. Logo, temos que:
 3EI 
 f101   L3 
 1  D p .
 f 20  3EI  (7.4)
 2 
 L 
O efeito da carga distribuída q é dado por:
 3L 
f 2
 8 
   q L2 .
10
2
(7.5)
f 
20  
 8
As forças concentradas contribuem para o vetor  f 0  da seguinte forma:

 3 
 f103  
 1  2 L  0
 3    P    M  1   F  . (7.6)
 f 20  0   0
 2 
Observação 7.3: o efeito da força concentrada P poderia entrar no vetor Fn  , veja a
equação (7.2). Como poderíamos esperar, o resultado é exatamente o mesmo. Já os
efeitos de F e M não podem ser considerados em outro momento. Isso ocorre porque
não há uma deslocabilidade associada a P. No próximo exemplo, este fato ocorrerá.
Outra observação importante diz respeito ao sinal da cargas q e P e das suas reações.
Como ambas estão para baixo, elas aparecem com sinal de menos. As reações geradas
pela carga q aparecem também com sinal de menos, diferentemente da tabela, pois nela,
as reações são obtidas para uma carga q positiva para baixo.

As reações que surgem devido a temperatura são:


 3EI 
 f104  0  2 L 
 4  T    g t . (7.7)
f
 20  0  3 EI
 
 2 

143
Observação 7.4: a variação uniforme de temperatura T não gera nenhuma reação no
SP. Isto ocorre porque a barra está livre para variar de comprimento, já que o apoio
colocado no nó J é do primeiro gênero e restringe apenas deslocamento vertical.

Assim, finalmente podemos expressar o vetor de forças no estado E0 por:

 3EI   3L   3  3EI 
 L3   8  
 1    2L 
 f 0   Dp  3EI   q 2   P   M  1   gt  3EI .
2 L (7.8)
 2   L  0    
 L   8  2   2 
Computadas as forças do estado E0, vamos calcular as reações que surgem devido
aos deslocamentos prescritos nos estados E1 e E2.
ESTADO E1:
As reações que surgem são devido ao produto do deslocamento incógnito d1 pelos
coeficientes de rigidez que aparecem nas direções das incógnitas. Portanto, temos que:
 3EI 
 3 
 f1   d1  3LEI . (7.9)
 2 
 L 
ESTADO E2:
As reações que surgem são devido ao produto do deslocamento incógnito d2 pelos
coeficientes de rigidez que aparecem nas direções das incógnitas da viga. Além disso,
esse deslocamento está associado também a deformação da mola rotacional. Portanto,
temos que:
 3EI 
  L2 
 f 2   d 2  3EI . (7.10)
  kt 
 L 
MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES (EQUILÍBRIO):
Superpondo os efeitos, equação (7.1), obtemos um sistema de equações que
representa equilíbrio de forças e que para este exemplo tem o seguinte aspecto:

144
 3EI   3L   3   3EI 
 L3   8   1  2 L   
Dp    q 2   P   M    gt  2L  
3EI 1 3EI
 2   L  0    
 L   8  2   2 
(7.11)
 3EI   3EI 
 L3    L2  0
 d1  d    .
3EI  2  3EI
 2    kt  0
 L   L 
Conforme já comentado, o vetor Fn  é todo nulo (ver observação 7.3).
Escrevendo em forma matricial a equação (7.11) temos que:
  3EI   3L  
  3    1 
 D p  L   q 82   P   
 3EI 3EI    3EI   L  0 
 L3  2  d   
L  1  L   8
2
 3EI   ,
 d 2    3 
(7.12)
 2  3EI  3EI  
  kt   
 L  L    2L   2L  
 M  1   gt  3EI  
     
  2   2  
onde a matriz que aparece é a matriz de rigidez [K] da viga isostática engastada livre,
considerando as 2 incógnitas.
Observação 7.5: esta matriz de rigidez [K] é não singular. Ela leva em consideração
apenas as deslocabilidades considerados no SP, o que implica que são deslocamentos
linearmente independentes que são relacionados a modos de deformação de algum
elemento da estrutura. Nesse exemplo temos a deformação da barra por deslocamento
perpendicular ao seu eixo e a deformação da mola rotacional.

As respostas d1 e d2 deste problema são respectivamente o deslocamento vertical


do nó J e a rotação do nó I, contando com a mola torcional.
Observação 7.6: como esse problema é isostático, não faremos qualquer menção de
como obter os diagramas. Lembre que um dos pressupostos para a leitura deste material
é o conhecimento prévio da construção de diagramas de estruturas isostáticas.

145
Exemplo 2 – Viga isostática, engastada livre, sob todos os efeitos com quatro
incógnitas

Neste exemplo travamos todos as deslocabilidades do nó J. A Figura 7.3 mostra


os detalhes deste exemplo.

Figura 7.3 – Viga plana isostática submetida a diversos tipos de ações externas com o
SP com 4 incógnitas.

Perceba que temos quatro incógnitas (quatro deslocamentos a serem


determinados) neste exemplo. Três deslocamentos do nó J e o outro correspondendo a
rotação do nó I. Portanto, teremos cinco estados: E0, E1, E2, E3 e E4.
A Figura 7.4 mostra em detalhe as reações e modos de deformação cinco estados.

146
Figura 7.4 – Estados E0, E1, E2, E3 e E4 do exemplo em questão.

Conforme mencionado anteriormente, nesse exemplo colocamos os efeitos das


forças nodais no vetor FN . Logo, temos que:

 P
 0 
FN    . (7.13)
M 
 F 

A seguir, calculamos as reações que surgem nas direções dos deslocamentos


restringidos do estado E0.
ESTADO E0:
As reações devido ao deslocamento prescrito são obtidas a partir da Tabela 6.1.
Todas as demais são obtidas a partir da Tabela 6.2.b, pois é exatamente a condição de
contorno do SP do nosso problema. Note que como agora temos 4 deslocamentos para
calcular, nossos vetores têm quatro elementos.

147
 f10   f101   f102   f103   f104 
f   1   2  3  4
 f 0    20    201    202    203    204 .
f f f f
 f 30   f 30   f 30   f 30   f 30  (7.14)
 f 20   f 401   f 402   f 403   f 404 
   
Dp q P ,M e F T e g t

Detalhando a equação (7.14), começamos com a parcela referente ao


deslocamento prescrito Dp. Isto é feito consultando a Tabela 6.1.e. Logo, temos que:
 12EI 
 L3 
 f101   6 EI 
 1  2 
 f 20 
 1   D p  L . (7.15)
 f 30   6 EI 
 f 401   L2 
 
 0 
O efeito da carga distribuída q é dado por:
 L
 2 
 f102   L2 
 2  
 f 20 
 2   q  12 . (7.16)
 f 30  L2

 f 402   12 
 
 0 

As forças concentradas são consideradas no vetor de forças nodais FN . Logo:

 f103  0
 3  
 f 20  0
 3    . (7.17)
 f 30  0
 f 403  0

As reações que surgem devido a temperatura são:


 f104   EA   0 
 4  0   EI 
 f 20     
 4   T    gt  . (7.18)
 f 30   0   EI 
 f 404   EA  0 

Assim, finalmente podemos expressar o vetor de forças no estado E0 por:

148
 12 EI    L 
 L3   2 
 6 EI   L2   0   0 
         0 
 EI 
 f 0   D p  L2   q  12   g    T



. (7.19)
 6 EI   L2

t
  EI   0 
 L2   12   0   EA
   
 0   0 
Computadas as forças do estado E0, vamos calcular as reações que surgem devido
aos deslocamentos prescritos nos estados E1, E2, E3 e E4.
ESTADO E1:
As reações que surgem são devido ao produto do deslocamento incógnito d1 pelos
coeficientes de rigidez que aparecem nas direções das incógnitas. Logo, temos que:
 12 EI 
 L3 
 6 EI 
 
 f1  d1  L2 . (7.20)
 6 EI 
 L2 
 
 0 

ESTADO E2:
As reações que surgem são devido ao produto do deslocamento incógnito d2 pelos
coeficientes de rigidez que aparecem nas direções das incógnitas da viga. Além disso,
este deslocamento está associado também a deformação da mola rotacional. Portanto,
temos que:
 6EI 
  L2 
 4 EI 
  kt 
 f2   d2  L . (7.21)
 2 EI 
 L 
 
 0 
ESTADO E3:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E3:

149
 6 EI 
 L2 
 2EI 
 
 f 3   d3  L . (7.22)
 4EI 
 L 
 
 0 

ESTADO E4:
Abaixo temos o vetor de forças que surge no estado E4:
 0 
 0 
 
 f 4   d 4  0 . (7.23)
 
 EA 
 L 

MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES (EQUILÍBRIO):


Superpondo os efeitos, equação (7.1), obtemos um sistema de equações que
representa equilíbrio de forças e que para esse exemplo tem o seguinte aspecto:

 12EI    L 
 L3   2 
 6 EI   L2   0   0 
 2       0 
 EI   
Dp  L   q 2   g t 
12   T  
 6 EI   L   EI   0 
 L2   12   0   EA
   
 0   0 
(7.24)
 12EI   6 EI   6 EI 
 L3    L2   L2   0 
 6 EI   4 EI   2 EI   0   P
 2    kt       0 
d1  L   d 2  L 
 3d L  4  0    .
 d
 6 EI   2 EI   4 EI    M 
 L  2  L   L   EA   F 
       L 
 0   0   0 

Escrevendo em forma matricial a equação (7.24) temos que:

150
 12EI 6EI 6EI 
 L 3
 2
 2
0 
L L
 6EI  4EI  2EI   d1   P
 2   kt  0  d   0 
 L  L  L   2     
 6EI 2EI 4EI  d M
 2 0  3   
 L L L
EA  d 4   F 
 0 0 0 
 L (7.25)
  12EI   L  
     
  L   22 
3
 0   EA 
  6EI   L   EI   0 
  2       
 D p  L   q 12   g t    T   .
 6 EI 2
L   EI 0
  2      
  L   12  
 0   
 EA 

  0      
    0  
onde a matriz que aparece é a matriz de rigidez [K] da viga isostática engastada livre,
considerando 4 incógnitas.
Observação 7.7: esta matriz de rigidez [K] é não singular. Ela leva em consideração
apenas as deslocabilidades considerados no SP.

As respostas d1, d4, e d3 são os deslocamentos translacionais (vertical e horizontal)


e rotacional do nó J. Já o deslocamento d2 é a rotação do nó I.

151
CONCLUSÕES DESTE EXEMPLO DE VIGA:
1) No exemplo 1 criamos uma viga engasta livre no SP. Fizemos isso porque tínhamos o
objetivo específico de medir o deslocamento vertical do nó J. Neste exemplo, obtivemos
um sistema 2x2.
2) No exemplo 2 criamos uma viga biengasta no SP. Neste caso, calculamos os três
deslocamentos do nó J. Contudo, esse exemplo gerou um sistema 4x4.
3) Se nosso objetivo fosse medir apenas o deslocamento vertical do nó J usando o MCD,
o primeiro exemplo seria suficiente, e teríamos um sistema menor para solucionar. Já no
segundo obtivemos mais informações, mas o sistema que resolvemos foi maior. Portanto,
conforme hipótese 1, não precisamos restringir nós que conectam a estrutura com meio
externo!
4) Verificamos que a determinação do deslocamento vertical do nó J pode ser resolvido
de duas formas diferentes. Isto é possível porque os dois SP usados estão contemplados
na Tabela 6.1 e Tabela 6.2. Assim, os modos de deformações possíveis dessas condições
de contorno já foram contabilizadas.

Veja os exemplos numéricos no apêndice A7.

7.3. PÓRTICOS
Usamos agora o MCD, no formato matricial, para analisar pórticos planos
hiperestáticos submetidos a cargas distribuídas e concentradas, deslocamentos prescritos
e variação de temperatura.
A partir daqui usaremos a abordagem matricial. Nessa abordagem montamos a
matriz de rigidez [K] logo após analisarmos cada estado presente no exemplo. A seguir
destacamos os objetivos desses exemplos.
Objetivos: separamos os objetivos em duas partes:
objetivo geral: aplicar a metodologia do MCD para resolver pórticos hiperestáticos.
objetivos específicos:
- determinar esforços para em seguida obter todas as reações a partir de equações de
equilíbrio no sistema global e entre os sistema local e global;
- mostrar a importância da hipótese 2 para reduzir a ordem do sistema que estamos
analisando. Portanto, novamente usamos dois exemplos para resolver o problema
proposto.

152
Exemplo 3 – Pórtico plano hiperestático sob todos os efeitos com cinco incógnitas
considerando barras com rigidez axial finita

Neste exemplo consideramos que todas as barras têm rigidez axial finita. Como
precisamos de deslocamentos que computem todas as formas de deformação das barras e
molas que compõem o pórtico, são necessárias cinco incógnitas. A Figura 7.5 mostra os
detalhes deste exemplo. Repare que só a barra L2 está sob variação de temperatura.

Figura 7.5 – Pórtico plano hiperestático submetido a diversos tipos de ações externas
com o SP com 5 incógnitas.

A Figura 7.6 mostra em detalhe as reações do estado E0, lembrando que neste
estado os deslocamentos são todos nulos.

Figura 7.6 – Estado E0 do exemplo em questão.

153
O vetor das forças nodais FN  é dado por:

F N T  M 0 F 0 0 . (7.26)
Para compactar informação, colocamos FN  na sua forma transposta. É
importante destacar a ausência da força concentrada P. Isso ocorre porque ela não está na
direção de nenhuma incógnita.
A seguir, começamos contabilizando as reações que surgem nas direções dos
deslocamentos restringidos do estado E0.
ESTADO E0:
As reações devido ao deslocamento prescrito Dpx são obtidas a partir da
Tabela 6.1.e. Devido a Dpy usamos a Tabela 6.1.f. As demais reações são retiradas da
Tabela 6.2.d para a barra L1 e da Tabela 6.2.c para a barra L2. De maneira genérica, temos:

 f10   f101   f102   f103   f104 


f   1   2  3  4
 20   f 20   f 20   f 20   f 20 
 f 0    f30    f 30    f 30    f 30    f 30 .
1 2 3 4

f  f 1  f 2 f 3  f 4 (7.27)
 40   40   40   40   40 
 f 50   f 501   f 502   f 503   f 504 
   
Dpx e Dpxy q P T e gt

Começamos detalhando a equação (7.27) a partir da parcela referente aos


deslocamentos prescritos Dpx e Dpy (ver Tabela 6.1.e). Logo, temos que:
T
 f101 
 1
 f 20    3EI  3EI    EA 
 f 30   D px  2 0 0  D py 0 0 0 0 (7.28)
1
0 3 .
f 1   L2 L2   L2 
 40 
 f 501 

O efeito da carga distribuída q é dado por:


T
 f102 
 2
 f 20    L12  L1
2

 f 30   q  0 0  L1 . (7.29)
2

f 2  3 6 
  40

 f 502 

Apenas a força concentrada P entra no estado E0. Logo:

154
T
 f103 
 3
 f 20 
  L1  L1 
 f 30    P  0 0  1. (7.30)
3

f 3  2 2 
  40

 f 50 
3

As reações que surgem devido a temperatura são:


T
 f104 
 4
 f 20    3EI  3EI 
 f 30   T 0 0 0 0  EA  g t  (7.31)
4
0 0 0.
f 4  2 2 L2 
  40

 f 504 

Preste atenção no detalhe das fibras superior e inferior da Tabela 6.2.c


(CUIDADO). Assim, finalmente podemos expressar o vetor de forças no estado E0 por:
  3EI  3EI    EA 
 f 0 T  D px  2 0 3
0 0  D py 0 0 0 0 
 L2 L2   L2 
  L 2  L12    L  L1 
 q 1 0 0  L2   P  1 0 0  1  (7.32)
 3 6   2 2 
 3EI 3EI 
gt  0 0 0  T 0 0 0 0  EA.
 2 2 L2 
Computadas as forças do estado E0, vamos calcular as reações que surgem devido
aos deslocamentos prescritos nos estados E1, E2, E3, E4 e E5.
A Figura 7.7 mostra em detalhe as reações e modos de deformação cinco demais
estados.

155
Figura 7.7 – Estados E1, E2, E3, E4 e E5 do exemplo em questão.

ESTADO E1:
As reações que surgem são devido ao produto do deslocamento desconhecido d1
pelos coeficientes de rigidez que aparecem nas direções das incógnitas são:

 EI 3EI   EI 3EI 
 f1T  d1    0 0. (7.33)
 L1 L2  L1 L2
2

ESTADO E2:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E2. Neste estado aparece
o efeito da mola torcional.

156
  EI  EI  
 f 2 T  d2    kt  0 0 0. (7.34)
 L1  L1  
ESTADO E3:
O vetor de forças devido a aplicação do estado E3 é dado por:
 3EI  3EI EA  
 f 3 T  d3  2 0  3    EA 0. (7.35)
 L2  L2 L1  L1 
ESTADO E4:
O vetor de forças que surge no estado E4, conta o efeito da mola translacional é
expresso por:

 EA  EA  
 f 4 T  d 4 0 0    k x  0. (7.36)
 L1  L1  
ESTADO E5:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E5:
 EA 
 f 5 T  d 5 0 0 0 0 . (7.37)
 L2 

MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES PELA ABORDAGEM


MATRICIAL:
O vetor de forças nodais equivalentes f Neq  é:

   3EI   2
   L1  
  0    L1 
  L2   0   3   2  
  2      L1 
2  L  
 0   1  
   3EI   0   
 D px  3   D py    q 6   P 2   
M    L2   0   0   0  
0   0    EA  0   0  
           
   L2    L     
f Neq    F     0   2  1

, (7.38)
0   3EI 
      0  
 0   2  0  
  0    
 g   3EI   T  0  
 t  2L   0  
  2

  0   
 EA 
 0 
   
e a matriz de rigidez [K]:

157
 EI 3EI   EI 3EI 
   2
0 0 
  L1 L2  L1 L2 
  EI  EI  
   kt  0 0 0 
 L1  L1  
  3EI EA   EA 
K    3EI2 0  3 
L

 0 . (7.39)
 L2  2 L1  L1 
  EA  EA  
 0 0   k x  0 
 L1  L1  
  EA 
 0 0 0 0  
  L2 
onde [K] de dimensão 5x5. O sistema que devemos resolver é expresso por:

 d1 
d 
 2 
K d3   f Neq . (7.40)
d 
 4
d5 

Veja a solução numérica deste problema no apêndice. A seguir resolvemos o


mesmo exemplo considerando barras axialmente rígidas.

158
Exemplo 4 – Pórtico plano hiperestático sob todos os efeitos com três incógnitas
considerando barras axialmente rigidas

Neste exemplo consideramos que todas as barras são axialmente rígidas. Esta
hipótese traz restrição de deformação das barras que compõem o pórtico. A Figura 7.8
mostra os detalhes deste exemplo.

Figura 7.8 – Pórtico plano hiperestático submetido a diversos tipos de ações externas
com o SP de 3 incógnitas.

Note que duas incógnitas translacionais deixaram de ser necessárias:


- a incógnita horizontal do nó do meio (d3 da Figura 7.5) não é colocada já que a
impedimos o deslocamento horizontal do nó do canto superior direito (d3 da Figura 7.8).
Se a barra horizontal continuasse tendo dois deslocamentos axiais (conforme exemplo
anterior) ela deformaria axialmente, o que contrariaria a hipótese 2;
- a incógnita vertical do nó do meio (d5 da Figura 7.5) não é colocada já que o
deslocamento vertical do nó do canto inferior esquerdo é impedido pelo apoio. Caso
contrário, a barra vertical teria deformação axial, o que é contrário a hipótese 2.
A Figura 7.9 mostra em detalhe as reações do estado E0.

159
Figura 7.9 – Estado E0 do exemplo em questão.

O vetor das forças nodais FN  é dado por:

FN T  M 0 0 . (7.41)
Consideramos as forças concentradas P e F no estado E0.
ESTADO E0:
As reações devido aos deslocamentos prescritos Dpx e Dpy são obtidas a partir da
Tabela 6.1.e. e da Tabela 6.1.f. respectivamente. As demais reações são retiradas da
Tabela 6.2.d para a barra L1 e da Tabela 6.2.c para a barra L2. De maneira genérica, temos:

 f10   f101   f102   f103   f104 


 1   2  3  4
 f0    f 20    f 20    f 20    f 20    f 20 .
f  f1  f 2 f 3 f 4 (7.42)
 30   30 
   
30 30 30

Dpx e Dpxy q PeF T e gt

Detalhando a equação (7.42), começamos com a parcela referente aos


deslocamentos prescritos. Isso é feito consultando a Tabela 6.1.e. Logo, temos que:
T
 f101 
 1   3EI  3EI 
 f 20   D px  2
0 3 
 D py 0 0 0. (7.43)
f1  L2 L2 
 30 
Observe que Dpy não gera reação de apoio, pois impõe um deslocamento de corpo
rígido a estrutura. Já o deslocamento prescrito Dpx resulta em duas reações. A primeira é

160
 
bem intuitiva. A segunda  3 EI L 2 3 tem que olhar com mais detalhe. Ela se transfere
para a deslocabilidade d3. Já o efeito da carga distribuída q é dado por:
T
 f102 
 2   L1 2  L1
2

f
 20    q  0 . (7.44)
f 2  3 6 
  30

As forças concentradas P e F entram no estado E0 da seguinte forma:


T
 f103 
 3   L1  L1 
 f 20    P  0  F 0 0  1. (7.45)
f3  2 2 
  30

As reações que surgem devido a temperatura (ver Tabela 6.2.c e não 6.2.b) são:
T
 f 104 
 4   3EI 
 f 20   T 0 0 0  g t  0 0. (7.46)
f 4  2 
  30

Devido a hipótese de barras axialmente rígidas, não conseguimos obter o


deslocamento vertical do nó do meio. Isso aparece na equação (7.46) com efeito nulo de
T. Finalmente podemos expressar o vetor de forças no estado E0 por:
  L12    L1    3EI 
  3 EI   
 L 2   3 2  2  0  2 
 2    L1    L     
 f 0   D px  0   q   P
1
  F  0   g t  0 . (7.47)
  3EI   6   2   1   3EI 
 L   0 
3  0     
 2       2 L2 
 
Calculadas as forças do estado E0, vamos obter as reações que surgem devido aos
deslocamentos prescritos nos estados E1, E2 e E3.
A Figura 7.10 mostra em detalhe as reações e modos de deformação três demais
estados.

161
Figura 7.10 – Estados E1, E2 e E3 do exemplo em questão.

ESTADO E1:
As reações que surgem são devido ao produto do deslocamento incógnito d1 pelos
coeficientes de rigidez que aparecem nas direções das incógnitas são:

 EI 3EI   EI 3EI 
 f1T  d1    2 
. (7.48)
 1L L2  L1 L2 
ESTADO E2:
O vetor de forças do estado E2 considera o efeito da mola torcional e é dado por:

  EI  EI  
 f 2 T  d2    kt  0. (7.49)
 L1  L1  
ESTADO E3:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E3:
 3EI  3EI 
 f 3 T  d3  0  3  k x . (7.50)
 L2  L2 

162
MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES PELA ABORDAGEM
MATRICIAL:
O vetor de forças nodais equivalentes f Neq  é expresso por:

   L12  
   3 EI     L1    3EI  
  2   2 
M    L 2   3 2
  0  
    
f Neq    0    D px  0   q 1   P 1   F  0   g t  0  ,
L L
2
(7.51)
0    3EI   6   2   1  0 
    L   0 
3  0     
  2        
   
e a matriz de rigidez [K] é:
 EI 3EI   EI 3EI 
   2 
 1L L2  L1 L2 
  EI  EI  
K      kt  0 . (7.52)
 L1  L1  
 3EI  3EI 
 0  3  k x 
 L2
2 L 
 2 
O sistema que devemos resolver é:

 d1 
d 
 2
K d3   f Neq . (7.53)
d 
 4
d5 

Veja solução numérica deste problema no apêndice.

163
CONCLUSÕES DESTE EXEMPLO DE PÓRTICO:
1) No exemplo 3 consideramos que existem três deslocabilidades por nó. O nó da direita,
por ter duas molas, teve dois deslocamentos para serem considerados. Isso resultou num
SP com 5 incógnitas e uma matriz [K] 5x5. Também vimos que a barra L1 foi tratada
como se fosse engastada e com engaste deslizante no nó da direita, o que está de acordo
com a hipótese 1.
2) No exemplo 4 usamos as hipóteses 1 e 2. A hipótese 1 foi usada igual ao exposto em
1). Já devido a segunda hipótese, reduzimos o problema para um sistema 3x3. Em relação
ao exemplo 3, reduzimos o sistema quase pela metade. Essas hipóteses são fundamentais
na aplicação do MCD, pois a ideia é montar pequenos sistemas que possam ser resolvidos
com o mínimo esforço computacional.

Observação 7.8: é claro que a redução da ordem do sistema a partir do uso da hipótese 2
deve ser utilizada na prática de acordo com a experiência do engenheiro.

164
7.4. TRELIÇAS
Usamos esta seção para analisarmos treliças a partir do MCD no formato
matricial. Similarmente ao que fizemos anteriormente, destacamos o objetivo deste
exemplo a seguir.
Objetivos: separamos os objetivos em duas partes:
objetivo geral: aplicar a metodologia do MCD para resolver treliças hiperestáticas.
objetivos específicos:
- determinar esforços para em seguida determinar todas as reações a partir de equações
de equilíbrio no sistema global e entre os sistema local e global;
- detalhar a consideração da hipótese de pequenos deslocamentos para a obtenção dos
coeficientes de rigidez de barras inclinadas que deformam axialmente.

Exemplo 5 – Treliça plana hiperestática sob todos os efeitos com quatro incógnitas

Devido todos os nós da estrutura serem rotulados, só temos coeficientes


relacionados a deformação axial das barras e das molas constituintes dos apoios elásticos.
Conforme mostra a Figura 7.11, quatro incógnitas são necessárias. Note o destaque para
o ângulo  que a barra L3 forma com a horizontal.

Figura 7.11 – Treliça plana hiperestática submetida a diversos tipos de ações externas
com o SP com 4 incógnitas.

165
ESTADO E0:
A Figura 7.12 mostra em detalhe as reações do estado E0, lembrando que neste
estado os deslocamentos são todos nulos.

Figura 7.12 – Estado E0 do exemplo em questão.

A seguir computamos o vetor das forças nodais FN , resultando em:

F N T  0 0 F  P . (7.54)
As reações devido ao deslocamentos prescritos Dpx e Dpy que surgem no estado E0
são obtidas a partir das relações entre forças e deslocamentos no sistema local, ou seja,
do alongamento da barra L1 e do encurtamento da barra L2. As reações pela carga
distribuída é calculada como se a barra L1 estivesse biapoiada. O efeito de temperatura
acontece na barra L3 e as reações devido seu efeito são obtidas por qualquer uma das
Tabelas 6.2. Veja que o efeito de T é o mesmo para qualquer condição de contorno. De
maneira genérica, temos:

166
 f10   f101   f102   f103   f104 
f   1   2  3  4
 f 0    20    f 20   f 20   f 20   f 20 
 1    2    3    4 .
 f 30   f 30   f 30   f 30   f 30  (7.55)
 f 40   f 401   f 402   f 403   f 404 
   
D px e D pxy q P T e g t

O efeito dos deslocamentos prescritos Dpx e Dpy no vetor de forças no estado E0 é:


T
 f101 
 1
 f 20    EA    EA 
 1   D px  0 0 0  D py 0 0 0 . (7.56)
 f 30   L1   L2 
 f 401 

O efeito da carga distribuída q é dado por:


T
 f102 
 2
 f 20    L1 
 2    q 0 0 0. (7.57)
 f 30   2 
 f 40 
2

As forças concentradas já foram consideradas no vetor FN . Logo:


T
 f103 
 3
 f 20 
 3   0 0 0 0. (7.58)
 f 30 
 f 403 

As reações que surgem devido a temperatura são:


T
 f104 
 4
 f 20 
 4   EAT C S  C  S   g t 0 0 0 0. (7.59)
 f 30 
 f 404 

Superpondo os efeitos, o vetor de forças no estado E0 fica:

    EA
 f 0 T  Dpx   EA
0 0 0  Dpy 0 0 0 
 L1   L2 
(7.60)
  L1 
 q 0 0 0  TEAC S  C  S .
 2 
A seguir calculamos as reações que surgem devido aos deslocamentos prescritos
nos estados E1, E2, E3 e E4.

167
A Figura 7.13 mostra em detalhe as reações e modos de deformação quatro demais
estados.

Figura 7.13 – Estados E1, E2, E3 e E4 do exemplo em questão.

ESTADO E1:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E1. Neste estado aparece
o efeito da mola translacional kx:

  EA  EA  EA 
 f1T  d1  EA C C  EA  kx  C S C C C S . (7.61)
 L3 L1  L3 L3 L3 
ESTADO E2:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E2. Neste estado aparece
o efeito da mola translacional ky.

168
  EA   EA  EA 
 f2 T  d2  EA S C  S S  k y  S C S S . (7.62)
 L3 L
 3  L3 L3 
ESTADO E3:
O vetor de forças que surge no estado E3 é dado por:

 
 f3T  d3   EAC C  EA
C S
EA
C C
EA
C S . (7.63)
 L3 L3 L3 L3 
ESTADO E4:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E4.

  EA EA 
 f 4 T  d4   EA S C  EA
S S
EA
S C  S S  . (7.64)
 L3 L3 L3 L
 3 L2 

MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES PELA ABORDAGEM


MATRICIAL:
O vetor de forças nodais equivalentes f Neq  é:

   EA  0   0  
  L 
  0    L1  
 1 
 D px  0   D py    
  q 2   
0
 0    0    EA  0  
 0        0  
f Neq   F       2    ,
   0 L
(7.65)
    EAC  
 P    
 T 
EAS  

  EAC  
   
   EAS  
e a matriz de rigidez [K] é:
 EA 2 EA EA  EA 2  EA 
 L C  L  k x L3
C S
L3
C
L3
C S 
 3 1

 EA EA 2  EA  EA 2 
C S S  k y C S S
 L3 L3 L3 L3 
K     EA  EA EA 2 EA . (7.66)
2
 C S C C S C 
 L3 L3 L3 L3 
  EA  EA 2 EA EA 2 EA 
 C S S C S S 
 L3 L3 L3 L3 L2 
O sistema que devemos resolver é:

169
d1 
d 
K  2   f Neq. (7.67)
d3 
d 4 

Veja a solução numérica deste problema no apêndice.


CONCLUSÕES DESTE EXEMPLO DE TRELIÇA:
1) Neste exemplo, devido estarmos trabalhando com treliça, temos apenas duas
deslocabilidades por nó. No total, temos três barras conectadas por três nós. Um nó recebe
cargas concentradas. Outro é submetido a deslocamentos prescritos translacionais e o
terceiro está apoiado sobre duas molas translacionais. Devido ao nó livre e ao nó com
molas, temos um sistema 4x4 para resolvermos.
2) Devido a inclinação da barra ou do deslocamento (prescrito no estado E0 ou nos demais
estados) a influência da inclinação  aparece na matriz de rigidez da estrutura [K]. Esta
influência aparece em termos de funções trigonométricas seno e cosseno e surgem
considerando hipótese de pequenos deslocamentos.

7.5. PÓRTICOS COM ELEMENTOS AXIAIS


Agora resolvemos estruturas compostas por mais de um elemento estrutural.
Nesse caso temos um elemento de treliça em um pórtico plano. A seguir destacamos o
objetivo deste exemplo.
Objetivos: separamos os objetivos em duas partes:
objetivo geral: aplicar a metodologia do MCD para problemas envolvendo mais de um
elemento estrutural, neste caso: pórtico e treliça.
objetivos específicos:
- montar a matriz de rigidez [K], manualmente, a partir da Tabela 1 vista no Capítulo 6
considerando elementos inclinados e hipótese de pequenos deslocamentos;
- montar o sistema de equações;
- mostrar a aplicação da hipótese 3.

170
Exemplo 6 – Pórtico plano hiperestática com elemento axial sob variação de
temperatura e deslocamento prescrito com quatro incógnitas

A Figura 7.14 apresenta o problema com o Sistema Principal (SP) escolhido. Para
cada mola temos uma deslocabilidade. Além disso, devido a hipótese 3 e devido termos
uma barra que resiste exclusivamente ao esforço normal, colocamos mais duas incógnitas
no nó que liga as barras L2, L3 e L4. Exceto L4, todas as barras estão submetidas ao efeito
térmico e as barras L1 e L2 são consideradas axialmente rígidas.

Figura 7.14 – Pórtico plano com barras axialmente rígidas, inclina e que trabalha sob
esforço axial com o SP com 4 incógnitas.

ESTADO E0:
Mostramos na Figura 7.15 o detalhe das reações do estado E0, lembrando que
neste estado os deslocamentos são todos nulos.

171
Figura 7.15 – Estado E0 do exemplo em questão.

O vetor das forças nodais FN  é dado por:

FN T  0 0 0 0 . (7.68)
O vetor de forças do estado E0 pode ser expresso genericamente por:

 f10   f101   f102   f103   f104 


f   1   2  3   4
 f 0    20    201    202    203    204 .
f f f f
 f 30   f30   f30   f30   f30  (7.69)
 f 40   f 401   f 402   f 403   f 404 
   
Dpx q P T e gt

As ações do deslocamento prescrito e da variação de temperatura são bem


interessantes de serem estudados detalhadamente. Isso ocorre pela presença da barra L4.
As reações devido o deslocamento prescrito Dpx são obtidas a partir do uso da
Tabela 6.1. A barra L1 está engastada e apoiada. As barras L2 e L3 sofrem deslocamento
de corpo rígido. Já a barra L4 encurta com condições de contorno engastada e apoiada.
Para detalhar o que foi exposto acima, apresentamos a Figura 7.16.

172
Figura 7.16 – Detalhamento do deslocamento prescrito do estado E0 do exemplo.

  referente ao deslocamento prescrito Dpx é dada por:


A parcela do vetor f 0
T
 f101 
 1
 f 20   6 EI 3EI 3EI 
 1   D px  2 2
S  N L04 S  3
S C 0. (7.70)
 f 30   L1 L4 L4 
 f 40 
1

O efeito da carga distribuída q e das cargas concentradas são:


T T
 f102   f103 
 2  3
 f 20   f 20 
 2   0 0 0 0 e  3   0 0 0 0. (7.71)
 f 30   f 30 
 f 402   f 403 

O efeito da variação de temperatura T e gt é obtido considerando as mesmas


condições de contorno vistas no caso de Dpx. Um ponto importante que aparece neste caso
é a condição de contorno da barra L2. Apesar de ser hiperestática, ela só tem um
impedimento de deslocamento na horizontal, o nó da esquerda. Portanto, o nó da direita

173
irá deslocar para a direita (T > 0). Esse deslocamento para a direita causa um
deslocamento prescrito na barra inclinada (L4). Como resultado, L4 tem um
comportamento similar ao estudado no caso da ação Dpx. A Figura 7.17 nos ajuda a
entender o problema.
Note que devido o deslocamento prescrito causado por T, L4 tem deformação
 
axial  L04  
e por cisalhamento DL04 . Correspondente a deformação axial, temos o

 
esforço normal na barra N L04 .

Figura 7.17 – Detalhamento da variação de temperatura do estado E0 do exemplo.

As reações que surgem devido a temperatura são:


T
 f104 
 4
 f 20   3EI 3EI 
 4   L2 T 0 2
S  N L04 S  3 S C 0 
 f 30   L4 L4  (7.72)
 f 40 
4

EAT 0 0  1 1  g t EI 1  1 0 0.
Superpondo os efeitos, o vetor de forças no estado E0 fica:

174
 
 f 0 T  Dpx  6EI2 3EI
2
S  N L04 S 
3EI
3
S C 0 
 L1 L4 L4 
 3EI 3EI (7.73)
L2 T 0 2
S  N L04 S 0  3
S C
 L4 L4
EAT 0 0  1 1  gt EI 1  1 0 0.
Computadas as forças do estado E0, vamos calcular as reações que surgem devido
aos deslocamentos prescritos nos estados E1, E2, E3 e E4. Figura 7.18 mostra os estados
E1, E2 e E4.

Figura 7.18 – Estados E1, E2, e E4 do exemplo em questão.

A Figura 7.19 detalha o estado E3. Diferentemente do caso do deslocamento


prescrito e da variação uniforme de temperatura, a barra L4 traciona.

175
Figura 7.19 – Estado E3 do exemplo.

A seguir analisamos os demais estados.


ESTADO E1:
O vetor de forças do estado E1 leva em consideração o efeito da mola translacional
kt é pode ser expresso por:

  
 f1T  d1  4EI  kt 0 0 0. (7.74)
 L1  
ESTADO E2:
O vetor de forças que surge no estado E2 é dado por:

  EI 3EI  3EI 
 f2 T  d2 0    2
C 0. (7.75)
  L2 L4  L4 
ESTADO E3:
O vetor de forças que surge no estado E3 é:

176
 3EI EA 3EI  EA
 f3T  d3 0 2
C  NL34 S  3 C C . (7.76)
 L4 L3 L4 L3 
onde:
EA
NL34  C . (7.77)
L4
ESTADO E4:
A seguir mostramos o vetor de forças que surge no estado E4. Neste estado aparece
o efeito da mola translacional vertical ky.

  EA  EA 
 f 4 T  d4 0 0   k y . (7.78)
 L3  L3 
MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES PELA ABORDAGEM
MATRICIAL:
O vetor de forças nodais equivalentes f Neq :

  6 EI  
  2  
 L1  1  
 
  3 EI    
D  S  1 
  gt EI    
2
 px  L4
0
  3EI    
 N L 4 S  3 S C 
0
0   0  
0   L 
4

f Neq   0    0  , (7.79)
    0  
0    
 3 EI  0 
 S   0 
  2   
L2 T  L 4   EAT   
  N 0 S  3EI S C   1 
  L4 
L4
3  
  1  
  0  
   
e a matriz de rigidez [K]:
 4 EI 
 L  kt 0 0 0 
 1 
 0 EI 3EI 3EI
 C 0 
 L2 L4 L4
2

K    3EI  EA 3EI   EA 
. (7.80)
 0 C   N 3
S  C C 
 L4
2 L L4 
L4
3    L3 
 3 
  EA EA 
 0 0  ky 
 L3 L3 

177
O sistema que devemos resolver é:

d1 
d 
K  2   f Neq. (7.81)
d3 
d 4 

Veja a solução numérica deste problema no apêndice.


CONCLUSÕES DESTE EXEMPLO DE PÓRTICO COM ELEMENTOS DE
TRELIÇA:
1) Devido a hipótese 2, foram necessárias quatro incógnitas para resolver o exemplo,
resultando em um sistema 4x4.
2) A condição de contorno da barra L2 no SP não está diretamente nas tabelas que
caracterizam o MCD. Contudo, o fato mais importante foi perceber que devido a ação da
temperatura, o alongamento desta barra causou um deslocamento prescrito na barra
inclinada L4. Julgamos que esta análise é bastante informativa sob o ponto de vista de
análise estrutural.

178
7.6. GRELHAS
Nesta seção resolvemos o caso de grelhas. A seguir destacamos o objetivo deste
exemplo.
Objetivos: separamos os objetivos em duas partes:
objetivo geral: aplicar a metodologia do MCD para grelhas.
objetivos específicos:
- montar a matriz de rigidez [K], manualmente, a partir da Tabela 1 vista no Capítulo 6;
- rever os esforços de momento torçor e que permitem a visualização espacial da estrutura;
- montar o sistema de equações.

Exemplo 7 – Grelha submetida a deslocamento prescrito sob cargas concentradas,


variação de temperatura e deslocamento prescrito com seis incógnitas

A Figura 7.20 apresenta o problema com o Sistema Principal (SP) escolhido. Para
cada mola temos uma deslocabilidade. O nó do meio possui três deslocabilidades: dois
rotacionais e um translacional.

Figura 7.20 – Grelha sob cargas concentradas, variação de temperatura e deslocamento


prescrito com 6 incógnitas.

ESTADO E0:
Mostramos na Figura 7.21 o detalhe das reações do estado E0, lembrando que
neste estado os deslocamentos são todos nulos.

179
Figura 7.21 – Estado E0 do exemplo em questão.

O vetor das forças nodais FN  é dado por:

FN T   P 0 M1 0 0 0 . (7.82)
O vetor de forças do estado E0 pode ser expresso genericamente por:

 f10   f10   f10   f10   f10 


1 2 3 4

 f 0                     .
f  f1  f 2 f 3 f 4 (7.83)
 60   60   60   60   60 
   
Dpx q P T e gt

As reações devido o deslocamento prescrito Dpx são obtidas a partir do uso da


Tabela 6.1. A barra L1 está biengastada. Já os demais reações dos carregamentos são
obtidas a partir do uso da Tabela 6.2.
A parcela do vetor f 0   referente ao deslocamento prescrito Dpx é dada por:
T
 f101 
    12EI 6 EI 6 EI 
    D px 0 3
0 2
0 2 
. (7.84)
f1   L1 L1 L1 
 60 
O efeito da carga distribuída q é expresso por:

180
T
 f102 
 
    0 0 0 0 0 0. (7.85)
f 2
 60 
Das cargas concentradas, apenas o momento M2 entra nessa etapa. A força P e o
momento M1 já foram consideradas no vetor FN .
T
 f103 
 
    0 0 0  M 2 0 0. (7.86)
f 3
 60 
Já o efeito da variação de temperatura T e gt é dado pelo vetor:
T
 f104 
    3EIg t 3EIg t  3EIg t 
     EIg t 0 EIg t  . (7.87)
f 4  2 L1 2 L1 2 
 60 
Superpondo os efeitos, o vetor de forças no estado E0 fica:

  12EI 6 EI 6EI 
 f 0 T
 D px 0 3
0 2
0 2 

 L1 L1 L1 
0 0 0  M 2 0 0  (7.88)
 3 3 3 
EIgt   1 0 1.
 2 L1 2 L1 2 
Computadas as forças do estado E0, vamos calcular as reações que surgem devido
os estados E1, E2, E3, E4, E5 e E6. Figura 7.22 mostra as reações de todos os estados
separadamente. Note que no estado E4 a barra L2 como corpo rígido. Nos demais, onde
há a presença de molas, elas entram nas reações correspondentes. As barras que aparecem
com ondulações indicam que elas estão sob torção.

181
Figura 7.22 – Estados E1, E2, E3, E4, E5 e E6 do exemplo em questão.

A seguir analisamos os demais estados.


ESTADO E1:
O vetor de forças do estado E1 leva em consideração o efeito da mola translacional
kz é pode ser expresso por:

 3EI   3EI 3EI 


 f1T  d1  3  k z  3 2
0 0 0. (7.89)
 L2  L2 L2 
ESTADO E2:
O vetor de forças que surge no estado E2 é dado por:

  3EI  3EI 12EI   3EI  6EI  6EI 


 f 2 T  d2  3  
L 3  L3  L 2 2
0 2 
. (7.90)
 L2  2 1  2 L1 L1 

ESTADO E3:
O vetor de forças que surge no estado E3 é:

  3EI  3EI GJ   GJ 
 f3T  d3 3EI2 2
   0 0. (7.91)
 L2 L2 L
 2 L1  L1 

182
ESTADO E4:
O vetor de forças que surge no estado E4 é:

  6EI  4EI  2EI 


 f 4 T  d 4 0 2
0 
 L   0 . (7.92)
 L 1  1  L1 
ESTADO E5:
O efeito da mola kty aparece neste estado e seu vetor de forças é dado por:

  GJ  GJ  
 f5T  d5 0 0 0   kty  0. (7.93)
 L1  L1  
ESTADO E6:
O efeito da mola ktx aparece neste estado e seu vetor de forças é dado por:

  6EI 2EI  4EI 


 f 6 T  d6 0 2
0 0   ktx . (7.94)
 L1 L1  L1 
MONTAGEM DO SISTEMA DE EQUAÇÕES PELA ABORDAGEM
MATRICIAL:
O vetor de forças nodais equivalentes f Neq :

   3 
  0   2L  
   12EI  0  1 
  L3     3 
0   1  0
0   0   2 L1  
f Neq  0   Dpx  6EI2   M 2  1  EIgt   3  ,
   0 

(7.95)
    L1     2 
0   0  0  1 
  6 EI     
    0   0 
  L
 1 
2
  1 
  
e a matriz de rigidez [K]:

183
 3EI  3EI 3EI 
 L 3  kz L2
3
L2
2
0 0 0 
 2 
  3EI 3EI 12 EI
 3
 3EI  6 EI
0
 6 EI 
 L23 L2
3
L1 L2
2
L1
2
L1
2

 3EI  3EI 3EI GJ  GJ 
 2 2
 0 0 
K    L2 L2
 6 EI
L2 L1
4 EI
L1
2 EI 

. (7.96)
 0 2
0 0 
 L1 L1 L1 
  GJ GJ 
 0 0 0  kty 0 
L1 L1
 
 0  6 EI 2 EI 4 EI
0 0  ktx 
 L1
2
L1 L1 

O sistema que devemos resolver é:

d1 
d 
K  2   f Neq. (7.97)
d3 
d 4 

Veja a solução numérica deste problema no apêndice.


CONCLUSÕES DESTE EXEMPLO DE GRELHA:
1) Devido a presença de três molas e do nó que interliga as duas barras, foram necessárias
seis incógnitas para resolver o exemplo, resultando em um sistema 6x6.

184
7.6. INSUFICIÊNCIA DO MÉTODO CLÁSSICO DO DESLOCAMENTOS
Nesta seção apresentamos um pórtico deslocável em que o Método Clássico dos
Deslocamentos (MCD) não é suficiente para resolver o problema. A seguir enumeramos
os objetivos deste exemplo.
Objetivos: separamos os objetivos em duas partes:
Objetivo geral: o objetivo deste exemplo é que o MCD não contempla casos em que temos
restrições inclinadas de deslocamentos em vigas.
objetivos específicos:
- ajudar o leitor a ver a relação direta entre o MCD com as Tabelas 6.1 e 6.2;
- reforçar o estudo da decomposição da estrutura em elementos separados por apoios
rígidos ou elásticos;
- mostrar que existe um campo de estudo em generalizar o MCD.

Antes de prosseguirmos, apresentamos a definição de um pórtico plano


deslocável.
Observação 7.9: um pórtico é deslocável quando ele não é contraventado e tem
deslocabilidades translacionais.

Exemplo 6 – Pórtico plano deslocável com barras axialmente rígidas e inclinada sob
momento concentrado com duas incógnitas

A Figura 7.23 apresenta o problema com o Sistema Principal (SP) utilizado.


Perceba que as duas barras são axialmente rígidas e que a barra L2 está inclinada.

Figura 7.23 – Pórtico plano deslocável com duas incógnitas.

Devido a hipótese da rigidez axial das duas barras, podemos separá-las


considerando apoios rígidos no ponto onde uma barra conecta a outra. Juntamente com o

185
SP, a Figura 7.24 mostra as duas barras separadas com as suas respectivas condições de
contorno. Destacado em vermelho tracejado, em cada barra, está o apoio que substitui a
ausência da outra barra.

Figura 7.24 – SP do problema com as suas barras separadas com destaque ao apoio que
as conecta.

CONCLUSÕES DESTE EXEMPLO DE PÓRTICO DESLOCÁVEL:


1) Por termos o caso de deslocamento translacional acionando modos de deformação
de barras axialmente rígidas, introduzimos restrições cinemáticas “complicadas”
de serem interpretadas. A maioria dos livros tratam este problema da seguinte
forma:
1.1) não abordam barras inclinadas axialmente rígidas;
1.2) resolvem o problema usando o denominado Método de Williot;
1.3) não mencionam a dificuldade.
2) Esperamos deixar, de uma vez por todas, a relação umbilical entre o Método Clássico
dos Deslocamentos com o uso das Tabelas 6.1 e 6.2.

186
Bibliografia
Dumont, N.A.,
Martha, L.F., Análise de Estruturas Conceitos e Métodos Básicos, Rio de Janeiro,
Elsevier Campus, 2010.
Martha, L.F., Análise Matricial de Estruturas com Orientação a Objetos, Rio de Janeiro,
LTC, 2018.
Popov, E.P., Introdução à Mecânica dos Sólidos, Berkeley, Blucher, 2001.
Smath, https://en.smath.com/view/SMathStudio/history, 2006.
Soriano, H.L., Análise de estruturas: formulações clássicas, São Paulo, Livraria da
Física, 2016.
Tauchert, .T.R., Energy Principles in Structural Mechanics, Delhi, Indo American Book,
2008.

187
Apêndice
Deixamos o apêndice deste livro reservado para mostrar as versões numéricas dos
exemplos colocados ao longo do texto. Além da ilustração com suas informações, a
construção de cada um dos problemas é feita usando o programa Smath (2006). A
organização dos problemas é feita com um formato computacional, em que separamos os
tipos de informações por seções.
Quando a informação obtida for um valor numérico usamos o comando “=” para
que o programa mostre o resultado. Quando tivermos um sistema de equações, usamos o
comando “invert” para inverter as matrizes do problema, que por construção são não
singulares, e obtemos forças (Método das Forças) ou deslocamentos (Método Clássico
dos Deslocamentos).
Colocamos três seções. A primeira mostra os exemplos do Capítulo 4. A segunda
e terceira apresentam os exemplos dos Capítulos 5 e 7, respectivamente. Apesar de tomar
mais espaço e mesmo que já tenham aparecido anteriormente no texto, colocamos todas
as figuras que julgamos serem importantes para acompanhar as soluções numéricas.

A4. Exercícios do Capítulo 4

188
Exemplo 1.3
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 1.3 do Capítulo 4.

Figura A4.1 – Exemplo 1.3 do Capítulo 4 com informações numéricas.

Exemplo 1.4
189
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 1.4 do Capítulo 4.

Figura A4.2 – Exemplo 1.4 do Capítulo 4 com informações numéricas.

Exemplo 1.5

190
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 1.5 do Capítulo 4.

Figura A4.3 – Exemplo 1.5 do Capítulo 4 com informações numéricas.

191
Exemplo 2.1
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 2.1 do Capítulo 4.

192
Figura A4.4 – Exemplo 2.1 do Capítulo 4 com informações numéricas.

193
Exemplo 3.1
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 3.1 do Capítulo 4.

194
Figura A4.5 – Exemplo 3.1 do Capítulo 4 com informações numéricas.

195
A5. Exercícios do Capítulo 05
Exemplo 1
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 1do Capítulo 5.

196
Figura A5.1 – Exemplo 1 do Capítulo 5 com informações numéricas.

197
Exemplo 2
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 2 do Capítulo 5.

198
199
Figura A5.2 – Exemplo 2 do Capítulo 5 com informações numéricas.

200
Exemplo 4
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 4 do Capítulo 5.

201
Figura A5.3 – Exemplo 4 do Capítulo 5 com informações numéricas.

202
Exemplo 5
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 5 do Capítulo 5.

203
204
205
Figura A5.4 – Exemplo 5 do Capítulo 5 com informações numéricas.

206
Exemplo 6
A seguir apresentamos os resultados numéricos do exemplo 6 do Capítulo 5.

207
208
Figura A5.5 – Exemplo 6 do Capítulo 5 com informações numéricas.

209
A7. Exercícios do Capítulo 7
Exemplo 1

210
Figura A7.1 – Exemplo 1 do Capítulo 7 com informações numéricas.

211
Exemplo 2
Como o exemplo 2 é exatamente o mesmo do exemplo 1, com a diferença de se
ter restringido a viga por completo, apresentamos apenas o arquivo Smath (2006)
correspondente do problema. Note que os dois primeiros valores obtidos na solução do
exemplo 2 são exatamente iguais ao resultado obtido no exemplo 1.

212
213
Figura A7.2 – Exemplo 2 do Capítulo 7 com informações numéricas.

214
Exemplo 3
Neste exemplo hiperestático, colocamos no ítem 2.6 a superposição dos efeitos
que nos fornece os momentos para a construção dos diagramas.

215
216
217
Figura A7.3 – Exemplo 3 do Capítulo 7 com informações numéricas.

No ítem 2.6 criamos as variáveis nó MB,baixo e MB,lado para representar os momentos


nas barras L2 e L1, respectivamente, que chegam ao nó que conecta as duas barras. A partir
desses dois momentos é possível obter as reações de apoio e construir todos os diagramas
que interessarem.

218
Exemplo 4
A diferença deste exemplo para o anterior é que agora consideramos as barras
axialmente rígidas.

219
220
Figura A7.4 – Exemplo 4 do Capítulo 7 com informações numéricas.

221
Exemplo 5
Este exemplo trata da treliça estudada.

222
223
Figura A7.5 – Exemplo 5 do Capítulo 7 com informações numéricas.

224
Exemplo 6
Este é o exemplo do pórtico com elemento axial.

225
226
227
228
Figura A7.6 – Exemplo 6 do Capítulo 7 com informações numéricas.

229
Exemplo 7
Este é o exemplo de grelha. Notar a convenção de barras onduladas indicam que
elas estão torcidas.

230
231
232
Figura A7.7 – Exemplo 7 do Capítulo 7 com informações numéricas.

233

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