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MÓDULO 05 - FUNDAÇÕES PROFUNDAS

TUBULÕES

Definição

Tubulão é uma fundação profunda, pouco esbelta, geralmente dotada de alargamento


de base, onde prevê a descida do homem no seu interior.

Via de regra despreza-se a parcela de atrito lateral do tubulão. Desta forma as cargas
são transmitidas pela base

Esse tipo de fundação normalmente é empregado acima do lençol freático, ou mesmo


abaixo dele através de tubulões submersos ou a ar comprimido.

Face a possibilidade de alargamento da base, os tubulões tem sido utilizados para


suportar cargas de até 6000t.

São três os tipos de tubulões:

1) A Céu Aberto
2) Submerso
3) Ar Comprimido (ou pneumáticos)

Em passagem por solos pouco coesivos, e consequentemente, pouco estáveis, pode-


se proteger o fuste, utilizando-se camisas de aço, cambota de madeira ou concreto.

Assim como para sapatas, e estacas, as formulações teóricas ainda são um assunto
polêmico e transitam melhor no campo de pesquisa. Vários autores têm proposto
métodos semi-empíricos, discutidos nos próximos itens.

A grande diferença entre tubulões e estacas é que nos tubulões há sempre a descida
do homem.

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Recomendação de Berberian:

Mesmo não necessitando de base, deve-se alargar uma pequena base (Db = 80cm)
dobrando-se a segurança praticamente sem acréscimo de custo.

A existência de base, faz com que a carga se transfira mais pela base do que pelo fuste
em tubulões, e é comum na prática de projeto, como se verá mais para frente,
desprezar o atrito lateral gerado.

Algumas vantagens dos tubulões:

1) Seguro (apesar do erro psicológico de alguns profissionais pouco experientes


acreditarem o contrário).

Permite inspeções visuais in loco realizada por geotecnista experiente. Além disto, é
possível realizar ensaios SPT na base do tubulão, com o objetivo de aferir a resistência
do maciço que suportará o mesmo, liberando para concretagem.

2) Econômico
3) Rápido

Além disto:

4) Pode ser escavado em matacões e camadas muito resistentes, o que não acontece
em estacas.

5) Não produz vibrações

6) Em regiões em que o custo do concreto é baixo e o solo é coesivo, se torna


imbatível na relação custo/carga.

7) Custo de mobilização nulo.

8) Facilidade de alteração na cota de assentamento em obra devido a variações


geotécnicas. Lembrar sempre da frase: "O projeto é BURRO"

9) Função social considerável (muitos empregos).

O processo de escavação do fuste de tubulões pode ser manual ou mecânico, porém o


alargamento da base, execução de rodapé e limpeza deve ser feito de forma manual,
visto que ainda não foi inventado um equipamento que realize esse serviço de forma
eficiente.

Condições de escavação

Tubulões a Céu Aberto é um tipo de tubulão é escavado sobre a pressão atmosférica.

Um fato interessante é quem em argilas e siltes rijos (SPT>15) pode-se continuar


escavando, mesmo alguns metros abaixo do nível de lençol freático, sem escoramento
com o auxílio de bombas submersíveis.

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Sem camisa metálica, recomenda-se escavar em solos com alguma coesão, como:

1) Argila
2) Silte
3) Argila normalmente siltosa
4) Site normalmente argiloso
5) Argila muito pouco arenosa
6) Silte muito pouco arenoso

Em caso de dúvida, deve-se executar um tubulão experimental.

No caso de solos granulares puros, deve-se revestir o fuste com anéis de concreto ou
camisas de aço, e/ou utilizar ar comprimido, o que acaba encarecendo bastante a
obras. Normalmente esses tipos de tubulões são utilizados em obras-de-arte como
pontes.

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Algumas considerações quanto a geometria dos tubulões:

O dimensionamento geométrico de tubulões fica facilitado, uma vez que na grande


maioria dos casos, estes trabalham somente a compressão.

Quanto a profundidade de assentamento da base, recomenda-se sempre que a


camada de suporte tenha (SPT>20), melhor se for com SPT>25, para evitar problemas
de recalque a médio, longo prazo. Em algumas areias, desde que com a devida
experiência, é admissível, assentar a base do tubulão em SPT≥15.

Berberian traz uma classificação quanto ao nível de profundidade de tubulões:

Dimensionamento do fuste
O cálculo do fuste é realizada conforme abaixo:

Em que:

Af = Área do fuste
P = Carga do pilar
Fcd = Resistência a compressão do concreto de projeto

Sendo que o diâmetro mínimo devido a descida do homem, deve ser de 70cm.

Segundo a 6122:2010 recomenda-se:

Fck = 18MPa
Fcd = 5MPa
Slump ~ 12cm

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Considera-se a não vibração do concreto, a eventual mistura de solo e lama, e a
provável segregação durante a concretagem, (lançado da boca do tubulão, através de
um pequeno funil), recomenda-se um elevado fator de segurança, mesmo que, por que
via de regra, quem comanda a capacidade de carga de uma fundação, não é o
concreto e sim o solo.

As assertivas acima, só valem para tubulões com carga centrada, com erro de locação
menor do que 10% do diâmetro do fuste e desaprumo vertical menor 1,5% do
comprimento do tubulão (profundidade).

A forma que estamos calculando garante que a pressão máxima realizada ao longo do
fuste não ultrapasse 5 MPa, desta forma, deve-se armar o tubulão apenas com espera
ou armadura de ancoragem.

Caso o fuste esteja submetido a esforços horizontais e de momento, deve-se realizar o


mesmo procedimento de cálculo (que serão apresentados nos módulos seguintes) do
que para estacas.

A cota de assentamento da base indicada em projeto deve ser determinada de metro


em metro, tendo em vista a precisão dos dados que obtemos através da sondagem
SPT.

Dimensionamento da base

Definida a profundidade de assentamento ideal, procede-se com o cálculo da


resistência admissível do maciço por meio de formulações semi-empíricas estatísticas.

Com a tensão admissível calculada podemos realizar o dimensionamento da base


circular do tubulão por meio das formulações abaixo:

Em que:

σa = tensão admissível
Pb = carga que chega a base do tubulão
H = altura total do base
h = altura acima do calcanhar
c = altura do calcanhar (via de regra 20cm ou retirado da tabela abaixo)

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A NBR 6122:2010 limita a altura de tubulões a 1,8m e quando a ar comprido a 3,0m.
Na reunião de discussão desta norma realizada em Brasilia, não se firmou consenso
sobre essa limitação, desta forma, a partir da minha experiência e de outros grande
nomes da literatura (prática), nos casos em que o solo apresenta resistência adequada
pode-se executar bases com maiores alturas.

Em locais em que o solo não ofereça tal segurança, recomenda-se aumentar a atura da
base, α (alpha) até no máximo 90º quando o tubulão perde a base, transformando-se
em um grande fuste.

Face a limitação de obras em que pilares surgem junto a divisa, executa-se tubulões
com base ovalizada (conforme a figura abaixo) e viga de transição buscando o pilar que
nasce junto a divisa.

Fonte das imagens: Livro - Engenharia de Fundações (Prof. Dickran Berberian) que
aliás é um grande entusiasta e defensor dos tubulões. Grande professor e prático da
geotecnia moderna.

Recomenda-se deixar uma junta de dilatação de 1,5 a 2,0cm entre vizinhos.

Em quase todos os estados do Brasil, os códigos de obras, exigem um afastamento


mínimo da divisa a fase das fundações de 50cm.

Para evitar tensão de tração na base (visto que estamos utilizando concreto simples),
devemos projetar a altura da base de forma que o alguma α (alpha) seja maior ou igual
a 60º

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A NBR 6122:2010 limita a altura de tubulões a 1,8m e quando a ar comprido a 3,0m.
Na reunião de discussão desta norma realizada em Brasilia, não se firmou consenso
sobre essa limitação, desta forma, a partir da minha experiência e de outros grande
nomes da literatura (prática), nos casos em que o solo apresenta resistência adequada
pode-se executar bases com maiores alturas (até 5m) em solos argilosos de boa
coesão (SPT>15).

Em locais em que o solo não ofereça tal segurança, recomenda-se aumentar a altura
da base, α (alpha) até no máximo 90º quando o tubulão perde a base, transformando-
se em um grande fuste.

Face a limitação de obras em que pilares surgem junto a divisa, executa-se tubulões
com base ovalizada (conforme a figura abaixo) e viga de transição buscando o pilar que
nasce junto a divisa.

Apesar de possível, não recomenda-se a utilização de fundações excêntricas.

Fonte das imagens: Livro - Engenharia de Fundações (Prof. Dickran Berberian) que
aliás é um grande entusiasta e defensor dos tubulões. Grande professor e prático da
geotecnia moderna.

Recomenda-se deixar uma junta de dilatação de 1,5 a 2,0cm entre vizinhos.

Em quase todos os estados do Brasil, os códigos de obras, exigem um afastamento


mínimo da divisa a fase das fundações de 50cm.

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Para evitar tensão de tração na base (visto que utiliza-se concreto simples para a
execução de tubulões), devemos projetar a altura da base de forma que o alguma α
(alpha) seja maior ou igual a 60º

Base

Quando da necessidade de ovalisar a base, percebe-se o seguite:

Abc = Abo

Em que:

Abc = Área da base circular


Aco = Área da base ovalizada (área de 2 semicírculos + 1 retângulo)

Recomenda-se que a dimensão b(m), quando necessária a ovalização da base, deve


ser:

1) b > 0,80m para cargas menores que 100t


2) b > 1,20m para cargas menores que 150t
3) b ≥ 1,50m para cargas maiores que 150t

Um detalhe importante, é sempre deixar 10cm de distância entre as bases e 5cm de


distância entre a base e a divisa, quando for o caso.

Cálculo da das dimensões da base ovalizada:

Inicialmente devemos calcular a área da base como se ela fosse circular, onde:

Onde:

Ab = área da base
σa = tensão admissível
Pb = carga que chega a base do tubulão

Existem vários artifícios técnicos que são utilizados para o cálculo de bases ovalizadas,
o que veremos na prática. De modo geral deve-se calcular a área da base como se
fosse circular, e então procede-se com o cálculo de x e b em que:

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Ab = área da base circular em m²

Definido os valores de (b) e (x), pode-se então calcular (a), por meio da formulação
abaixo:

x=a-b

Deve-se então garantir que o angulo α (alpha) seja maior ou igual a 60º para a base
ovalizada, a partir da formulação:

H=h+c

Em que:

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h = 0,86 x (a - F)

Sendo:

H = altura total da base


h = altura acima do calcanhar (c)
c = altura do calcanhar (c)
a = dimensão da base do tubulão em falsa elípse, maior lado
F = diâmetro do fuste

Ovaliza-se a base para diminuir o braço de alavanca entre o fuste do tubulão e o pilar
de divisa.

Apesar de ser possível bases alongadas, recomenda-se:

a≤3xb

Não se recomenda também, bases muito estreitas, sempre satisfazendo as equações


abaixo:

b ≥ 1,5 F
b ≥ 80cm

Para a obtenção da tensão admissível do solo, utiliza-se o métodos


empíricos/estatísticos com: Berberian, Albieiro & Cintra, Decóurt, etc.

Capacidade de carga em tubulões


Em tubulões despreza-se a parcela de resistência a atrito lateral por três grandes
motivos:

1) A parcela de resistência a atrito lateral, na maioria das vezes, corresponde ao peso


próprio do tubulão.

2) A deformação de ruptura do fuste é em torno de 1 a 2 cm, totalmente diferente do


recalque necessário para mobilizar toda a carga da base, algo em torno de 10 a 15%
de B.

Ex: Se temos uma base (pequena) de 75cm = 0,15 x 75 = 11,25cm.

Quando estivermos com recalque próximo de 2cm, ainda não mobilizamos todo a toda
a carga da base, mesmo assim, já perdemos toda a contribuição que o atrito lateral do
fuste produzia, visto que o mesmo já entrou em ruptura.

3) Em solos coesivos, apesar da característica tixotrópica do solo, ao escavar o fuste, a


água presente no solo que está ao redor do tubulão, tende a migrar para dentro da
escavação devido a pressão ser menor (pressão atmosférica), diminuindo a coesão do
solo no contato fuste/solo.

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Visto isso, na prática, despreza-se a parcela de contribuição do atrito lateral nos
tubulões.

A expressiva maioria dos profissionais, Engenheiros de Fundações, consideram Pb =


P, ou seja, despreza-se a contribuição positiva do atrito lateral em detrimento da
contribuição negativa do peso próprio do tubulão.

Em que:

Pb = Parcela de carga transferida a base


P = Carga que o pilar está descarregando na fundação

Métodos semi-empíricos estatísticos


Vamos estudar para tubulões o que considero os três principais métodos para
verificação da tensão admissível do solo que está suportando a base de tubulões, são
eles:

1) Método de Berberian (2007), aplicável a todos os solos.


2) Método de Albieiro & Cintra (1996), aplicável a todos os solos.
3) Método de Decóurt (1996), aplicável a todos os solos.

Recomendações:

1) SPT máximo para todos os métodos ≤ 40.

2) Os valores médios de N72, deve ser obtido nas camadas de espessura igual a 1,5 x
B, abaixo da base (zona de plastificação).

3) Recomenda-se que as pressões distribuídas pela base dos tubulões estejam entre 3
e 6 kgf/cm². Valores maiores de 6 kgf/cm² devem ser tratados com cuidado.

4) Vale ressaltar que nos tubulões, como já visto anteriormente, a tranferência de carga
se faz preferencialmente pela base (B), em face da diferença entre os recalques
mobilizados pelo fuste (1 e 2 cm) e pela base (10 a 15% de B).

5) Desprezando-se a parcela da resistência por atrito/aderência lateral, pode-se


considerar válidas as fórmulas semi-empíricas utilizadas para sapatas, adicionando a
elas a sobre carga efetiva do solo ao nível da base, que agora passam a ser mais
representativas devido ao aumento de profundidade, tomando-se o cuidado de limitar o
valor das sobrecargas em tubulões profundos.

6) Os valores valores da densidade do solo, podem ser obtidos através de correlações


diretas com SPT e umidade (tátil/visual) como o da tabela abaixo, ou ainda caso
desconhecido, utilizar 1,6 tf/m³.

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Método 01: Berberian (2007) - Todos os solos.

Para solos com N72 ≥ 15:

σa = (N72 / Kdb) + 1,0 kgf/cm²

Em que:

N72 = Média dos valores de SPT atuando na zona de plastificação (1,5 x B) do tubulão
Kdb = Coeficiente de Berberian (tabelado, verificar página seguinte)
1,0 kgf/cm² = Refere-se a sobrecarga efetiva que auxilia na estabilidade.

Método 02: Albieiro & Cintra (1996) - Todos os solos.

σa = (N72 / Kac) + σ0, em kgf/cm² no qual σ0 ≤ 0,4 kgf/cm²

Em que:

N72 = Média dos valores de SPT atuando na zona de plastificação (1,5 x B) do tubulão
Kac = 5,00 = Coeficiente de Albieiro e Cintra (tabelado, verificar página seguinte)
σ0 = Tensão geostática efetiva, calculada por:

σ0 = Σ(γ x h), ≤ 0,4kgf/cm²

Em que:

γ = densidade do solo na camada considerada


h = altura da camada considerada

Método 03: Décourt (1996) - Todos os solos.

σa = N72 x Kdq, em kgf/cm²

Em que:

N72 = Média dos valores de SPT da cota de assentamento, um acima e um abaixo.


Kdq = Coeficiente de Décourt (tabelado, verificar abaixo).

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Faça você mesmo

1) Por que despreza-se o atrito lateral em tubulões?

2) Quais são as principais características a serem avaliadas em um laudo de sondagem


para possibilitar o uso de tubulões a céu aberto?

3) Quais são os principais tipos de tubulões?

4) Qual o diâmetro mínimo para o fuste de tubulões segundo as NR's?

5) Qual o fck ideal para tubulões?

6) Qual o limite (com exceções) a ser considerado para a tensão admissível de


tubulões?

8) Dimensione o fuste de um tubulão que pega uma carga de 70tf

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