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ANÁLISES E REFLEXÕES SOBRE A PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO

DAS PRÁTICAS DO PSICODRAMA E DA GESTALT-TERAPIA: um


levantamento bibliográfico
André Barbosa Ximenes1

RESUMO
Este artigo aborda sobre a proposta de unificação das práticas do Psicodrama e da Gestalt-
terapia, onde acredita-se tratar de uma forma mais eficaz de realizar um tratamento
terapêutico complementar, alternativa que ganhou destaque nos últimos anos. O referencial
teórico apresenta histórico, definição e importância do Psicodrama; definição, importância
e campo de atuação da Gestalt-terapia, além da relação estabelecida entre o Psicodrama e a
Gestalt-terapia. Tem como objetivo apresentar os resultados de pesquisas acadêmicas que
realizam análises e reflexões sobre a proposta de união entre os métodos e técnicas do
Psicodrama e da Gestalt-terapia. Classifica-se como uma pesquisa bibliográfica que
viabilizou a construção do referencial teórico e o levantamento bibliográfico que baseou-se
em pesquisas que versam sobre o tema em questão, realizado com base nos dados extraídos
de três artigos e de uma monografia que datam de 2011 a 2018. Para tanto, apresenta um
quadro contendo categoria, título, referência e principais resultados obtidos. Na etapa final,
deu-se ênfase aos dados qualitativos com a utilização do método reflexivo de análise e
síntese sobre os conteúdos pesquisados. E, finalmente, considera-se que foi possível
apresentar algumas análises sobre a proposta de unificação entre os métodos e técnicas do
Psicodrama e da Gestalt-terapia, estando de acordo com as indicações dos autores
pesquisados e servindo para evidenciar a importância da proposta apresentada, onde
espera-se ofertar um tratamento mais completo e eficaz.

Palavras-Chave: Gestalt-terapia. Psicodrama. Proposta de unificação.

1 INTRODUÇÃO
Este artigo possui como tema central a proposta de unificação entre as práticas do
Psicodrama e da Gestalt-terapia que se apresenta como mais uma possibilidade de fornecer
uma linha de terapia alternativa, capaz de garantir a oferta de um tratamento
psicoterapêutico complementar e mais eficiente. Tem como objetivo apresentar os

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Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal Fluminense (2013), Pós Graduado em
Gêneros Textuais e Interação pelo Centro Universitário Plínio Leite - UNIPLI (2008), Graduado em Letras
pelo Centro Universitário Plínio Leite - UNIPLI (2005). E-mail: uerbum@bol.com.br
resultados de pesquisas acadêmicas que realizam análises e reflexões sobre a unidade entre
os métodos e técnicas do Psicodrama e da Gestalt-terapia.
Estudos já realizados indicam pontos de convergências e de divergências existentes
entre as teorias, métodos e práticas do Psicodrama e da Gestalt-terapia. Cabe ressaltar que
neste artigo as duas psicoterapias são tratadas como abordagens relacionais, na medida em
que elas possuem as mesmas bases epistemológicas, sendo influenciadas pelo processo da
Fenomenologia, do Humanismo e do Existencialismo, segundo indicação de Almeida
(2006). Assim sendo, outro ponto de convergência que cabe aqui destacar é que as
referidas psicoterapias podem ser definidas como abordagens fenomenológico-existenciais
que buscam a ruptura com modelos científicos deterministas, valorizando a batalha do
indivíduo na busca por dar um significado mais relevante à vida.
Os autores pesquisados sinalizam que há outros pontos de convergências entre o
Psicodrama e a Gestalt-terapia, tais como: a valorização da relação existencial e a vivência
que devem ir além de simples análises verbais, tornando possível o acesso a níveis mais
complexos e aprofundados sobre a experiência humana.
Cabe ressaltar que a motivação para a realização desta pesquisa está vinculada a
possibilidade de reforçar a importância da proposta de unificação entre as duas abordagens
supracitadas, com base nas análises e reflexões já realizadas por vários autores. Para tanto,
foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão, a fim de comprovar a
importância que a união entre essas duas práticas terapêuticas pode gerar, onde se recorreu
a três artigos e uma monografia datados de 2011 a 2018.
Em termos metodológicos, inicialmente foi realizado um levantamento
bibliográfico sobre o Psicodrama, a Gestalt-terapia e a relação estabelecida entre elas, ao
apresentar um referencial teórico, subdividido nos seguintes itens: histórico, definição e
importância do Psicodrama; definição, importância e campo de atuação da Gestalt-terapia e
a relação estabelecida entre o Psicodrama e a Gestalt-terapia.
Em seguida, foi feito um levantamento sobre os resultados obtidos por estudos que
analisaram a possibilidade de unificação entre as duas abordagens pesquisadas. Para tanto,
montou-se um quadro que apresenta: categoria, título, referência e principais resultados
obtidos pelos seguintes autores: Vieira, Vandenberghe (2011; 2014); Oliveira, Vieira
(2015); Cutrim (2018), seguido de análise e síntese sobre os dados pesquisados. Por
último, são apresentadas as considerações finais onde entende-se que foi possível alcançar

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o objetivo deste artigo que evidencia a importância da proposta de unificação do
Psicodrama com a Gestalt-terapia, e assim, espera-se ofertar um tratamento mais completo
e eficaz.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PSICODRAMA: HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA


O Psicodrama foi criado pelo médico romeno Jacob Levy Moreno, em Viena, na
Áustria, no início de século XX. Moreno foi diretamente influenciado pelo pensamento
fenomenológico existencial, sua descoberta foi fruto da busca por alternativas diante das
inúmeras limitações apresentadas pelas formas de sociabilidade e pelos modelos científicos
existentes naquela época, pois eles os definiam como estruturas profundamente rígidas e
restritivas que impediam e limitavam a autêntica expressão da criatividade humana
(ALMEIDA, 2006).
Moreno propunha que, por meio da dramatização, o Psicodrama pudesse se utilizar
da arte do teatro para representar os conflitos originários do convívio social. A
dramatização é o núcleo do psicodrama, por meio dela a intervenção
acontece da forma mais completa. Ele considerou que o espaço cênico poderia ser um
veículo de expressão das questões vivenciadas cotidianamente pelos indivíduos, grupos,
famílias e comunidades (CONTRO, 2011).
Moraes Neto (2011) aponta que Moreno considerou que, por meio do teatro, era
possível dramatizar de maneira significativa situações do passado, do presente e futuro.
Para ele a arte cênica pode promover a dissolução de fronteiras, a partir da criação artística
de uma vivência suplementar que é capaz de mobilizar as emoções das pessoas. Segundo o
criador do Psicodrama o teatro gera liberdade para que o indivíduo manifeste suas emoções
e permite que ele vivencie uma experiência única por meio do uso da sua imaginação, da
movimentação espacial e corporal.
O histórico do psicodrama no contexto nacional, nos últimos anos, tem sido
marcado por desenvolvimentos importantes que refletem a contínua relevância e aplicação
dessa abordagem terapêutica no Brasil. Nos últimos anos, o psicodrama no Brasil tem se
destacado pela sua crescente aplicação em diferentes contextos. Souza, Moreira (2017)
destacam a utilização do psicodrama em instituições de saúde mental, onde tem se revelado

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eficaz na promoção da expressão emocional e no tratamento de transtornos psicológicos.
Outro aspecto relevante do histórico recente do psicodrama no Brasil é a sua
aplicação na educação. Oliveira, Santos, Lima (2018) destacam como o psicodrama tem
sido utilizado como ferramenta pedagógica, facilitando o aprendizado e promovendo o
desenvolvimento socioemocional de estudantes.
A formação de profissionais em psicodrama também tem sido um foco importante
nos últimos anos. Fonseca (2016) menciona a importância da capacitação e supervisão
adequadas para terapeutas de psicodrama, visando garantir a qualidade das intervenções
terapêuticas. O histórico do psicodrama no Brasil nos últimos anos revela uma crescente
aplicação em saúde mental, integração com outras abordagens terapêuticas, utilização na
educação e ênfase na formação profissional. Esses desenvolvimentos destacam a
versatilidade e a importância contínua do psicodrama como uma abordagem terapêutica no
cenário nacional.
Em suma, o psicodrama é uma abordagem terapêutica que foi desenvolvida por
Jacob Levy Moreno e se baseia na ação, na dramatização e no envolvimento direto para
ajudar os indivíduos a explorar e resolver questões emocionais e psicológicas. Sua
importância reside na capacidade que possui de proporcionar uma compreensão mais
profunda das emoções e conflitos, promovendo o crescimento pessoal e a resolução de
problemas. Esta abordagem continua a ser uma ferramenta valiosa na psicoterapia e na
terapia de grupo, contribuindo para o bem-estar emocional e o desenvolvimento pessoal
dos indivíduos (RIBEIRO, 2012).
Jacob Levy Moreno, considerado o pai do Psicodrama, trouxe contribuições
pioneiras. Moreno (1975) definiu o Psicodrama como um método terapêutico e de
treinamento que utiliza a dramatização espontânea para explorar problemas e questões
pessoais. Moreno também introduziu o conceito de "psicoterapia de grupo" como uma
parte fundamental do Psicodrama.
Fonseca Filho (1981) desenvolveu o conceito de "dramatização" como o ato de
representar um conflito ou uma situação problemática dentro de um grupo terapêutico. Ele
enfatizou a importância do grupo como um espaço de apoio para a expressão das emoções
e a resolução de conflitos.
Rojas-Bermúdez (1998) explorou o conceito de "espaço cênico" no Psicodrama.
Ele descreve o espaço cênico como um ambiente físico onde as sessões de Psicodrama

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ocorrem, projetado para representar o mundo exterior e promover a expressão criativa dos
participantes.
Assim sendo, o Psicodrama é uma abordagem terapêutica e socioterapêutica que
tem desempenhado um papel significativo na compreensão e na promoção do
desenvolvimento humano. A importância do Psicodrama é destacada por diversos autores
nacionais, que oferecem perspectivas distintas sobre como essa abordagem contribui para o
crescimento pessoal e a transformação social. Moreno (1975) enfatizou a importância do
"aqui e agora" como um conceito fundamental. Ele argumentava que o Psicodrama
possibilita a exploração imediata de questões emocionais e sociais, permitindo que os
participantes revelem e compreendam seus sentimentos e conflitos em tempo real.
Ressalta-se que para o Psicodrama o enfoque no presente é crucial para a resolução
de problemas e a tomada de consciência. Trata-se de uma abordagem que se baseia na
busca pelo resgate da espontaneidade por meio do rompimento com padrões de
comportamentais estereotipados, considerando os valores humanos e as maneiras de
participar da vida em sociedade que resultam na automatização do homem enquanto ser
integral e pleno. Há uma valorização da espontaneidade que é vista como a capacidade do
homem de responder de formas distintas, variadas e adequadas às situações que surgem, ou
mesmo de dar respostas inovadoras à outras situações já ocorridas.
Fonseca Filho (1981) ressalta a importância do grupo no Psicodrama. Para ele, o
grupo terapêutico oferece um ambiente seguro e solidário no qual os participantes podem
compartilhar experiências, expressar emoções e explorar questões pessoais. Esse tipo de
experiência promove o senso de pertencimento e a compreensão mútua, facilitando a cura e
o crescimento.
O Psicodrama também é valorizado por sua capacidade de promover a empatia e a
compreensão interpessoal. Rojas-Bermúdez (1998) destaca que o Psicodrama, ao permitir
que os participantes assumam diferentes papéis e perspectivas, ajuda a desenvolver a
empatia e a compreensão das motivações e das emoções dos outros. Isso contribui para
relacionamentos mais saudáveis e sociedades mais harmoniosas.
Zimerman (2000) enfatiza a importância do terapeuta, conhecido como "diretor" no
Psicodrama, como um facilitador do processo terapêutico. O diretor desempenha um papel
fundamental ao criar um ambiente seguro e ao orientar os participantes na exploração das
questões em jogo. Essa orientação promove o autoconhecimento e a resolução de conflitos.

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Cabe ao “diretor” a responsabilidade por orientar os participantes na exploração das
questões em jogo e na criação de um ambiente seguro para a expressão emocional. Muitos
dos autores, já citados, ofereceram perspectivas diferentes, mas complementares, sobre os
conceitos fundamentais do Psicodrama. Suas contribuições enriqueceram a compreensão e
a prática dessa abordagem terapêutica, tornando-a uma ferramenta valiosa no campo da
psicoterapia e do desenvolvimento pessoal.
Desta maneira, observa-se que o Psicodrama é uma abordagem terapêutica que se
destaca por sua ênfase na ação, na interação grupal e na exploração emocional. Inúmeros
autores destacam sua importância na promoção do autoconhecimento, na melhoria dos
relacionamentos interpessoais e na transformação social, tornando-o uma ferramenta
valiosa na psicoterapia e no desenvolvimento pessoal. Contro (2011) define o psicodrama
como uma abordagem que conta com o trabalho de ação, criação, capacidade de propiciar a
renovação e a transformação da realidade social, tratando-se de uma significativa
ferramenta teórica e metodológica, capaz de intervir sobre realidades subjetivas e sociais.

2.2 GESTALT-TERAPIA: DEFINIÇÃO, IMPORTÂNCIA E CAMPO DE


ATUAÇÃO
O surgimento da Gestalt-terapia ocorreu em 1951, por meio da publicação do
livro Gestalt-therapy: excitement and growth in the human personality, escrito por
Frederick Perls, Paul Goodmam e Ralph Hefferline - livro traduzido para o português no
ano de 1997, com o seguinte título: Gestalt-terapia. Tratava-se de um método inovador,
pois visava focar mais no relato das experiências vivenciadas pelo cliente do que na
interpretação baseada no inconsciente e nas experiências passadas. A partir de 1980
observou-se entre os profissionais da gestalt-terapia uma inclinação a alterar o modelo
proposto por Perls, que se baseava na realização de exercícios de ação sugeridos ao
paciente, por um modelo focado na relação terapeuta-paciente, prática denominada por:
Gestalt-terapia relacional - surge graças as ideias de Martin Buber. Logo, considera-se que
esse tipo de abordagem serviu para fortalecer seus fundamentos teóricos e filosóficos.
Sendo que, no Brasil esta tendência ainda se sobrepõe até os dias atuais (PERLS,
HEFFERLINE & GOODMAN, 1997; FRAZÃO & FUKUMITSU, 2013).
A Gestalt é uma abordagem psicológica que se concentra na compreensão da
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percepção e cognição humanas, destacando como as pessoas que percebem o mundo ao seu
redor. O termo "Gestalt" em alemão significa "forma" ou "configuração", e a teoria Gestalt
enfatiza a ideia de que a mente humana tende a perceber objetos e eventos como um todo
integrado, em vez de partes isoladas. A Gestalt-terapia encontra-se incluída no contexto
das chamadas psicoterapias humanistas que surgiram logo após a Segunda Guerra
Mundial. Apresenta como principal proposta a valorização do desenvolvimento e
crescimento da personalidade humana, considerando que o homem é capaz de se
autorregular e de se autogerir (RODRIGUES, 2000).
Um dos conceitos-chave da Gestalt é a Lei da Prägnanz, que se traduz como "lei da
simplicidade" ou "lei da boa forma". Essa lei sugere que, quando confrontados com
múltiplos elementos ou estímulos, tendemos a organizá-los de forma a criar a configuração
mais simples e significativa possível. Isso significa que nossa mente busca padrões,
equilíbrio e harmonia na percepção visual e perceptual. Outro princípio central da Gestalt é
a ideia de que a percepção não é uma soma simples de partes, mas uma experiência
holística. Isso é encapsulado no conceito de "isomorfismo funcional", que afirma que a
estrutura da mente reflete a estrutura do mundo percebido. Em outras palavras, a percepção
humana é moldada pela forma como o indivíduo organiza e interpreta as informações. A
Gestalt-terapia visa fundamentalmente o crescimento do paciente, considerando a fronteira
de contato estabelecida entre o organismo humano e o ambiente, além da transição que
ocorre entre a rotina e os fatos novos que se transformam em assimilação e crescimento
(PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).
Além disso, a teoria da Gestalt também se preocupa com a resolução de problemas
e o insight. Os Gestaltistas argumentam que a resolução de problemas envolve uma
reestruturação da percepção, na qual o cliente passa a ver um problema de uma nova
maneira, muitas vezes repentinamente. Esse insight é fundamental para o processo de
aprendizado e resolução de problemas. A importância da abordagem Gestalt na psicologia
e em diversos campos transcende décadas e continua a influenciar profundamente a forma
como percebemos o mundo e entendemos a mente humana. A teoria Gestalt oferece
insights valiosos sobre a percepção, cognição, criatividade, resolução de problemas e até
mesmo nas práticas terapêuticas, tornando-se uma base sólida para inúmeras disciplinas.
Na resolução de problemas, a abordagem Gestalt promove o "insight" - a compreensão
súbita e profunda de uma situação ou problema. Isso ocorre quando nossa mente

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reorganiza informações de maneira inesperada e reveladora. A aplicação desses princípios
à educação e ao treinamento pode melhorar a capacidade dos indivíduos de abordar
desafios complexos de maneira criativa e eficaz (MORAES NETO, 2011).
Uma das contribuições mais significativas da Gestalt está na compreensão da
percepção humana. A teoria enfatiza a ideia de que nossa mente não percebe o mundo
como uma coleção de partes desconexas, mas como um todo significativo. Isso tem
implicações profundas no campo do design, onde os princípios da Gestalt são usados para
criar interfaces intuitivas de usuário, gráficos eficazes e experiências visuais atraentes. A
Gestalt-terapia foca na atitude descritiva normalmente voltada para o momento presente,
prioriza a tomada de consciência como uma maneira de agir e ser do cliente, além do
crescimento pessoal, tratando-se de significativas contribuições para o exercício da
psicoterapia (RODRIGUES, 2000).
Para Frazão & Fukumitsu (2013) a terapia Gestalt é uma ferramenta valiosa para
ajudar as pessoas a explorar suas emoções, pensamentos e comportamentos de maneira
holística e autêntica. Ela promove a autoconsciência, a compreensão e a mudança positiva.
O trabalho seminal de Fritz Perls em "Gestalt Therapy: Excitement and Growth in the
Human Personality" (1951) é uma referência fundamental nessa área. No campo da
psicologia, a teoria Gestalt ainda é estudada e aplicada em diversas áreas, como na
psicologia cognitiva, na psicologia da percepção e na psicologia experimental. A obra
"Gestalt Psychology: From German Culture to Modern Psychology" de Roy Sugarman
(2018) fornece uma análise detalhada do desenvolvimento histórico e dos conceitos-chave
da Gestalt.
Em resumo, a importância da abordagem Gestalt é indiscutível, tendo influenciado
uma ampla gama de disciplinas e áreas de estudo. Seus princípios continuam a moldar a
compreensão da mente humana, da percepção e da criatividade, tornando-se uma parte
essencial do arsenal intelectual de muitos profissionais e pesquisadores.

2.3 A RELAÇÃO ESTABELECIDA ENTRE O PSICODRAMA E A


GESTALT-TERAPIA
O Psicodrama e a Gestalt-terapia apresentam alguns pontos de divergências e
convergências, apesar de haver o registro de poucos estudos que apontem resultados mais

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significativos sobre a possibilidade de unir suas práticas e métodos. E, sobre os pontos em
comum existentes entre as duas abordagens, Blatner (1996) afirma que a Gestalt-terapia
passou a adotar, na sua prática, os recursos dramáticos utilizados pelo Psicodrama. Cabe
ressaltar que o Psicodrama e a Gestalt-terapia apresentam propostas similares, por
adotarem uma visão fenomenológica-existencial no que tange as questões humanas
(ALMEIDA, 2006).
Segundo Wulf (1998), os criadores do Psicodrama e da Gestalt-terapia, Jacob Levy
Moreno e Frederick Salomon Perls, respectivamente, atuaram fortemente em movimentos
expressivos, datados do início do século XX, onde ambos expressaram reações contrárias
às genuínas crenças baseadas no progresso e nas normas determinadas pela burguesia.
Em Berlim, Perls foi fortemente influenciado por propostas de reformas sociais
profundas, focadas em questões humanistas e comunitárias, graças ao seu envolvimento
com intelectuais e atores de teatro. Já Moreno, em Viena, foi influenciado graças a sua
atuação como editor de uma revista expressionista, além de trabalhar no teatro da
Espontaneidade, tendo surgido a partir daí a origem do Psicodrama (SÁ-JÚNIOR, 2009).

Vieira & Vandenberghe (2011) afirmam que um ponto relevante de convergência a


ser destacado entre o Psicodrama e a Gestalt-terapia, é a abordagem central de ambas que
está focada no resgate do potencial criativo do indivíduo, diante dos desafios e obstáculos
impostos pelas questões culturais que acabam por interferir e impedir que ocorra a fluidez
existencial.
Blatner (1996) destaca que houve uma rápida convivência acadêmica estabelecida
entre Moreno e Perls, na década de 1960, onde Perls participou de algumas sessões de
Psicodrama dirigidas por Moreno. Assim sendo, a partir desta experiência com o
Psicodrama, o criador da Gestalt-terapia passou a incluir um cunho experiencial na sua
abordagem. A partir daí, ele criou a técnica da cadeira vazia e adotou a utilização de
dramatizações com seus clientes. No entanto, apesar deste ponto de convergência entre o
Psicodrama e a Gestalt-terapia, cabe evidenciar que o desenvolvimento das duas
abordagens ocorreu em separado. Tal ocorrência se justifica graças a tradicional rivalidade
que se apresenta no campo de todas as psicoterapias. No entanto, identifica-se a existência
de lacunas de convergências e divergências entre estas duas abordagens que necessitam de
futuras e aprofundadas investigações.
Segundo Motta (2008), no Brasil, a partir da década de 80, surge uma tendência
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marcante com relação ao movimento psicodramático, que se consolidou baseado em
aportes tanto teóricos quanto metodológicos, visando maior aperfeiçoamento no
atendimento específico em psicoterapia individual. Mais recentemente começaram as
tentativas que visaram responder às demandas sociais e institucionais, realidade que
possibilitou a recuperação de determinadas características iniciais do Psicodrama.
Apesar do objetivo deste artigo estar focado na proposta de unificação entre as
práticas do Psicodrama e da Gestalt-terapia, considera-se relevante citar que existem
argumentos que se colocam contrários a esta proposta. Assim sendo, cabe ressaltar que
Oliveira; Vieira (2015) apontam argumentos favoráveis, mas também apresentam ideias
contrárias à proposta de integração entre as duas psicoterapias. Nesse sentido, eles citam
alguns autores que são contrários à ideia de integração, por meio dos seguintes
argumentos: há um obstáculo intransponível que inviabiliza o estabelecimento de diálogos
a serem estabelecidos entre as diferentes escolas; as diferenças filosóficas colocam as duas
abordagens em universos bem distintos; a integração pode trazer uma ideia de
desorganização ou incoerência; a ausência de uma linguagem em comum entre os
psicoterapeutas de diferentes enfoques pode produzir no campo uma grande barreira que
dificulta a comunicação entre as comunidades por meio do uso de jargões específicos;
torna-se inviável a integração entre abordagens graças a visões de mundos muito
divergentes; o processo de seleção indiscriminada de partes oriundas de fontes divergentes
pode gerar uma mistura inconsistente de conceitos e técnicas (HAWKINS; NESTOROS,
1997; KHUN, 1970/2011; FIGUEIREDO, 1991; 2009; NORCROSS, 2005; MARQUIS;
WILBER, 2008 apud OLIVEIRA, VIEIRA, 2015).
Em contra partida, a pesquisa sobre a proposta de integração das práticas do
Psicodrama com abordagens terapêuticas tradicionais também tem ganhado destaque.
Pereira, Costa (2019) exploraram a combinação do Psicodrama com a terapia cognitivo-
comportamental, demonstrando como essa integração pode enriquecer o tratamento de
diversos problemas psicológicos. E, segundo Almeida (2006), a unidade do Psicodrama e
da Gestalt-terapia está em total sintonia, na medida em que as duas abordagens possuem
concepções bem similares com relação ao processo de mudança a ser alcançado. Nesse
contexto, o autor destaca os seguintes pontos convergentes: a busca por uma
horizontalidade na relação terapêutica, a valorização do trabalho terapêutico realizado em

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grupo, a busca por uma vivência capaz de mobilizar outros recursos além da verbalização e
a atenção focada na experiência do momento presente vivenciado pelo cliente.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O quadro 1 apresenta o levantamento bibliográfico realizado com base em três


artigos e uma monografia que versam sobre a proposta de união entre as práticas do
Psicodrama e da Gestalt-terapia, visando evidenciar os pontos de convergências existentes
entre elas. Assim sendo, apresenta: categoria, título, referência e principais resultados
obtidos:
Quadro 1 – Pesquisas sobre a proposta de unificação das práticas do Psicodrama e
da Gestalt-terapia

CATEGORIA, TÍTULO PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS


E REFERÊNCIA

Este artigo apresenta uma discussão sobre as possibilidades de integrar os


conceitos, as técnicas e as práticas do Psicodrama
Artigo - Reflexões sobre como a Gestalt-Terapia. Partiu-se do princípio de que estas abordagens
Gestalt-terapia e apresentam convergências de conceitos e pressupostos filosóficos, realidade
Psicodrama a partir do que possibilitaria um processo de integração entre as duas abordagens. Os
movimento de integração autores apontam que o diálogo estabelecido entre Psicodrama e Gestalt-
em psicoterapia. (VIEIRA;
Terapia pode ser produtivo e gerar um modelo mais rico que considere os
VANDENBERGHE, 2011)
aspectos mais positivos e vantajosos de ambas. Pois, as duas abordagens
apresentam fundamentos epistemológicos semelhantes com base nos seus
conceitos e nos ideais existencialistas, fundamentados na Fenomenologia e no
Movimento Humanista, que lhes permite formar visões antropológicas
semelhantes. Portanto, o Psicodrama e a Gestalt-Terapia possuem
características em comum que podem viabilizar a exploração conjunta de
espaços disciplinares, realidade que pode originar um espaço interdisciplinar
favorável. Assim sendo, os autores afirmam que as duas abordagens podem
articular seus princípios, conceitos e técnicas, a fim de contribuir para a
criação de novas maneiras de intervenções na prática clínica. Segundo eles,
este processo de articulação pode auxiliar na superação de rivalidades
metodológicas e mercadológicas existentes entre o Psicodrama e a Gestalt-
Terapia. Os autores ainda propõem que, para além da compatibilidade, deveria
ser feito um esforço integrativo para que se obtenha um produto de qualidade
diferenciada e que consiga ir além de uma simples união de conceitos e
técnicas. E, diante da proposta apresentada, os clientes também poderão ter
benefícios por meio da obtenção de uma provável eficácia terapêutica. Os
autores ressaltam que não se pode deixar de considerar que as duas
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abordagens apresentam divergências e semelhanças em muitos aspectos.
Finalmente eles consideram que o processo de aproximação entre a Gestalt-
Terapia e o Psicodrama pode vir a contribuir para que os profissionais de
ambas se aprimorem como psicoterapeutas, e ao entrarem em contato uma
com a outra abordagem que, apesar de serem diferentes ao mesmo tempo, elas
possuem bases filosóficas em comum. Ressalta-se que a proposta de
aproximação não visa criar uma nova abordagem, pois torna-se fundamental
que as duas continuem existindo em separado, considerando as suas
especificidades e riquezas.

Segundo os autores, o Psicodrama e a Gestalt-terapia possuem pontos de


Artigo - Possibilidades de convergência, tanto nas suas concepções filosóficas como em inúmeros
diálogos entre abordagens processos metodológicos. A aproximação de ambas pode incentivar o uso de
humanistas: escutando trocas que são capazes de gerar benefícios para cada uma delas. As duas são
vivências de contemporâneas, no que tange as origens do movimento da Psicologia
psicodramatistas e gestalt- Humanista e na medida em que valorizam os recursos dramáticos. Foi
terapeutas (VIEIRA, identificada, por meio do estudo realizado, a existência de intercâmbios entre
VANDENBERGHE, 2014) as duas orientações, na medida em que alguns profissionais passaram a
incorporar frequentemente elementos comuns da outra abordagem como uma
maneira de dar sustento a um tipo de atuação mais eficaz. Nos resultados
obtidos observou-se que os gestalt-terapeutas apresentaram uma postura de
exaltação dos aspectos filosóficos e teóricos da sua abordagem, já os
psicodramatistas expressaram admiração quanto aos recursos metodológicos
do Psicodrama. Concluiu-se que a Gestalt-terapia pode gerar um
aprofundamento significativo quanto as reflexões filosóficas do
psicodramatista, enquanto o Psicodrama pode vir a contribuir com o
gestaltista por meio da sua criatividade metodológica. Os participantes da
pesquisa defenderam que as duas abordagens devem atuar no sentido de
buscar a preservação das suas singularidades, pois se assim não fizerem, elas
correm o risco de terem suas importantes contribuições ofuscadas. Com
relação a possibilidade de uma atuação integrada, os autores ressaltam que as
duas abordagens precisam manter suas fronteiras bem-construídas, além de
adotarem um perfil de flexibilidade que seja capaz de manter contato com
outras teorias, pois, caso contrário, a possibilidade de crescimento de ambas
será limitada ou até mesmo inviável.

Neste artigo, os autores realizaram algumas reflexões sobre as posturas


adequadas que cabem ao psicoterapeuta, bem como sobre os princípios que
Artigo - Reflexões sobre a devem ser mantidos na relação terapêutica, tanto para o Psicodrama como
relação terapêutica: para a Gestalt-Terapia. O estudo aborda as convergências e divergências
perspectivas da gestalt- existentes entre as duas orientações, onde ficou evidenciado o potencial
terapia e do psicodrama terapêutico que ambas possuem ao conseguirem estabelecer uma relação de
(OLIVEIRA; VIEIRA, ajuda mútua. Os autores consideram que o mapeamento dos elementos de uma
2015) relação terapêutica saudável e funcional pode vir a orientar atitudes mais
adequadas e desejáveis que um psicoterapeuta deve manter, visando
estabelecer com o cliente uma profunda conexão. A Gestalt-terapia e o
Psicodrama são abordagens que convergem na busca por uma atuação focada
na manutenção da horizontalidade que deve existir na relação entre o

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psicoterapeuta e o cliente. Enquanto o psicoterapeuta se coloca a serviço do
cliente, ele se mantém nessa relação como um profissional devidamente
qualificado, por conta do seu saber clínico, apesar de não deter o poder nessa
relação, a fim de possibilitar a centralidade da experiência do cliente. Para
tanto, essa relação propicia o encontro humano, onde o psicoterapeuta visa a
transcendência de sua atuação e teorias, objetivando a conexão com a
humanidade do cliente. Já o Psicodrama traz a necessidade da manutenção de
relações mais teatrais e menos transferenciais, com base na realidade do
encontro. Ao contrário da Psicoterapia, o psicodrama adota uma postura de
troca de papeis, onde o profissional se coloca no lugar do cliente, por meio de
várias ideias gestálticas que possibilita o envolvimento do psicoterapeuta.
Assim sendo, ao psicoterapeuta cabe se colocar como uma pessoa que
viabiliza atitudes de abertura e disponibilidade. A Gestalt-terapia tem como
meta o respeito ao ritmo do cliente, além da busca por uma relação de
confiança e orgânica que deve ser mantida entre as partes. Finalmente,
segundo os autores, as reflexões sobre a relação terapêutica estabelecida entre
os enfoques gestálticos e psicodramáticos podem contribuir para o
desenvolvimento de uma abordagem transdisciplinar da psicoterapia.

A partir da intercessão entre Gestalt-terapia e Psicodrama, o autor se propôs a


responder a seguinte pergunta: o que podemos evidenciar como crescimento
pessoal a partir do diálogo realizado entre as duas abordagens
Monografia - psicoterapêuticas? A pesquisa realizada identificou que a integração entre o
CRESCIMENTO organismo humano e o ambiente, realizada através do contato direto, promove
PESSOAL E GESTALT- o crescimento, porém a mesma não ocorre de forma passiva e sim por meio de
TERAPIA: possibilidades um ajustamento criativo. Segundo o autor, a espontaneidade e a criatividade
de interlocução com o vistas como potencialidades precisam estar em movimento e caminhar unidas
Psicodrama de Jacob Levy para que o processo de crescimento do organismo possa ocorrer como um
Moreno (CUTRIM, 2018) todo. O autor equiparou o cliente do Psicodrama ao ator, onde o mesmo deve
ter a possibilidade de atuar de maneira espontânea nas situações vivenciadas
durante a sua existência, experienciando a possibilidade de ser o protagonista
da sua própria vida. Um ponto de convergência bem significativo entre a
Gestalt-terapia e Psicodrama, apontado pelo autor, é a proposta de integrar
para (re)construir. As duas abordagens propõem que o homem ponha em
prática o exercício de ser quem ele é, ou seja, que haja autenticidade, pois
ambas pressupõe uma vida baseada na espontaneidade e na criatividade.
Segundo Cutrim (2018), o processo de integração entre as duas abordagens
tem sido uma opção adotada na contemporaneidade com o objetivo de
proporcionar ao cliente uma experiência única, completa e bem complexa no
que se refere ao processo psicoterápico. O autor ressalta que ao promover a
interlocução entre a Gestalt-terapia e o Psicodrama pode-se perceber que a
conduta terapêutica, de ambas, tem uma base fenomenológica-existencial.
Fonte: Vieira, Vandenberghe (2011; 2014); Oliveira, Vieira (2015); Cutrim (2018).

Por meio dos dados apresentados no quadro 1, torna-se possível observar que as
pesquisas selecionadas servem para reforçar os pontos de convergências existentes entre o
Psicodrama e a Gestalt-terapia, onde a relação estabelecida entre as duas psicoterapias

13
pode significar a possibilidade de um tratamento alternativo e complementar, capaz de
proporcionar ao cliente um suporte significativo por meio, por exemplo, do alívio das suas
desordens emocionais e mentais, realidade que ainda carece de mais estudos e
comprovação.
Considera-se que as pesquisas apresentadas servem para reforçar os seguintes
pontos que merecem destaque:
✓ o Psicodrama e a Gestalt-terapia podem articular seus princípios, conceitos e
técnicas, visando contribuir para a criação de novas formas de intervenções
na prática clínica;
✓ os participantes de uma das pesquisas realizadas apontaram que, tanto o
Psicodrama e a Gestalt-terapia, devem ter uma atuação focada na
preservação das suas singularidades, caso contrário, corre-se o risco de
terem suas contribuições ofuscadas;
✓ as reflexões sobre a relação terapêutica estabelecida entre os enfoques
gestálticos e psicodramáticos podem contribuir para o desenvolvimento de
uma abordagem transdisciplinar da psicoterapia;
✓ um ponto de convergência bem significativo, identificado entre a Gestalt-
terapia e o Psicodrama, é a proposta de integrar para (re)construir, pois as
duas abordagens propõem que o homem ponha em prática o exercício de ser
quem ele é, ou seja, que haja autenticidade, pois ambas pressupõe uma vida
baseada na espontaneidade e na criatividade.
Ressalta-se que os resultados obtidos servem para reforçar as convergências
existentes entre o Psicodrama e a Gestalt-terapia, além de comprovar a eficácia
proporcionada pela junção das teorias, métodos e técnicas adotadas pelas duas abordagens,
servindo para reforçar a importância de alguns profissionais atuarem focados na unidade
dessa relação terapêutica, a fim de alcançarem resultados bem mais eficazes e satisfatórios.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo de natureza teórica, apresenta análises e reflexões sobre a proposta de


unificação entre duas concepções, refere-se mais especificamente a relação direta que pode
ser estabelecida entre as práticas da Gestalt-Terapia e do Psicodrama, onde deu-se destaque
14
aos pontos de convergências existentes entre elas. Ressalta-se que foram apresentados
também alguns pontos divergentes, sobre o tema em questão, como uma forma de realizar
um contraponto e de reforçar a importância de manter as especificidades de cada uma das
abordagens.
Neste sentido, entende-se que o objetivo proposto foi alcançado, na medida em que
são apresentados os resultados de pesquisas acadêmicas sobre o tema em questão, visando
reforçar a viabilidade da proposta de unificação, considerando a oferta de um tratamento
complementar com potencial bem satisfatório e visando manter os clientes mais alinhados,
equilibrados e saudáveis.
Espera-se que os resultados apresentados sirvam para sinalizar que, por meio da
proposta de unificação entre as práticas do Psicodrama e da Gestalt-Terapia, os terapeutas
possam vir a ofertar um tratamento mais eficaz que seja capaz de estabelecer um canal de
maior equilíbrio entre as questões emocionais e os consequentes sintomas físicos
apresentados por seus clientes, preparando-os para lidar com os grandes e pequenos
desafios da vida, ao aliviar suas dores e angústias, ocasionadas pelo frequente desiquilíbrio
existencial que aflige a espécie humana.
Cabe ressaltar que há na proposta de unificação, ora apresentada, a possibilidade de
construção de uma nova organização do conhecimento, onde os autores pesquisados
defendem que as duas abordagens devam manter suas especificidades, seus territórios e
limites, através da divisão e distinção de domínios do conhecimento. No entanto, espera-se
que elas mantenham a possibilidade de inserção da comunicação entre elas, por meio do
exercício da interdisciplinaridade. Nesse contexto, faz-se necessária a manutenção do
processo de articulação do que foi dissociado, além do convívio com o procedimento
tradicional de hierarquização e separação de saberes. Torna-se fundamental manter a
distinção entre as duas abordagens, a fim de garantir a manutenção da essência de cada
uma delas, considerando-se que ao mesmo tempo, pode-se obter uma atuação mais
abrangente e completa por meio de aproximações e diálogos a serem estabelecidos entre as
duas orientações.
Assim sendo, espera-se que sejam realizados novos estudos sobre a proposta de
unificação das psicoterapias pesquisadas e que os mesmos sejam capazes de, com base em
futuras pesquisas de campo, apresentar outras análises e reflexões sobre os pontos de
convergências e divergências existentes entre elas, visando gerar resultados que apontem,

15
por exemplo, as mudanças comportamentais e emocionais alcançadas, a eliminação de
quadros sintomáticos das patologias existentes, o equilíbrio das emoções e a busca pela
consciência da necessidade de identificar e alinhar pensamentos, sentimentos e ações.

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