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Apostila Direito Administrativo e Novas Tecnologias
Apostila Direito Administrativo e Novas Tecnologias
Sumário
Introdução ........................................................................................................ 4
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 37
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FACUMINAS
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Introdução
Os impactos das novas tecnologias sobre o direito administrativo são
incontáveis. Este breve ensaio pretende, de modo geral, apontar alguns desses
impactos no intuito de fomentar mais amplas discussões sobre o assunto no cenário
jurídico
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brasileiro, tendo em vista que a ciência do direito administrativo pátrio, ao contrário do
que vem ocorrendo em outros ramos, ainda não se dedicou aprofundadamente à
temática. Nesse intuito, são tecidos esclarecimentos introdutórios acerca do conceito
de “tecnologia” e “nova tecnologia”, exemplificando-as breve e panoramicamente nos
setores de saúde, produção, transporte, comunicação e informação.
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de um âmbito restrito e sejam transmitidos globalmente e com uma velocidade ímpar,
combinando os fatores de tempo e espaço.
A telemática, diferentemente da eletricidade, não transmite uma corrente inerte,
mas veicula informação, e, quando corretamente utilizada, significa poder. Podese
dizer que isso apresenta dois lados: primeiramente, uma vantagem propiciada pela
informática, no sentido de armazenar o conhecimento e transmiti-lo de uma maneira
veloz. Por outro lado, há o risco de que as liberdades sejam violadas, e tal
possibilidade exige a intervenção do poder público, como forma de proteção dos
indivíduos.
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Novas tecnologias de saúde, produção, transporte e
comunicação
Feitos esses esclarecimentos introdutórios, resta indagar quais são essas novas
técnicas e essas novas ciências técnicas. Uma enumeração exaustiva de todas elas
seriam impertinentes a este estudo, senão verdadeiramente impossível. Ainda assim,
é possível categorizá-las e exemplificá-las.
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de evolução, essas tecnologias, assim como os benefícios e problemas delas
decorrentes, ganham extrema relevância no mundo atual.
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tecnologias de produção perderiam sentido ou atratividade econômica. De outro lado,
as novas técnicas de transporte promovem o tráfego de pessoas. Com isso, dada a
facilitação da interação humana, elas acarretam consideráveis impactos sociais e,
ainda, in- contáveis benefícios para diversos segmentos econômicos de mercadorias
e serviços (sobretudo o de serviços turísticos).
Essa facilitação das trocas de informação, por sua vez, é crescentemente estimulada
em virtude da consolidação de uma sociedade informacional. Nos dias atuais, “a
geração, o processamento e a transmissão de informações tornam-se fontes
fundamentais de produtividade e poder”. Isso significa que o intercâmbio gratuito ou
oneroso de informações se torna essencial não apenas por motivos de intercâmbio
social, mas também para fins de dominação ou ampliação do poder em sentido
econômico, político, religioso, ideológico ou militar.
A relação entre informação e poder ganha ainda maior sentido quando se compreende
a ideia de sociedade em rede, elaborada por Manuel Castells. A sociedade reticular,
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de modo geral, expressa uma forte tendência de conexão instrumental de pessoas e
objetos situados nas mais diferentes partes do globo. Essa conexão de pessoas e
objetos é atualmente valorizada, pois permite a consecução de objetivos de produção
de mercadorias (através de redes industriais), oferta de serviços (através de redes de
comércio), integração social (através de redes sociais) e, inclusive, a prática de atos
ilegais/imorais (mediante redes criminosas).
Para que essa macroconexão ocorra nas mais diversas áreas da ação humana são
essenciais as novas tecnologias de comunicação e informação, somadas às
tecnologias de transporte e produção.
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cidadão contra ingerências indevidas do Estado. Ainda que este objetivo perdure, há
dois complicadores. Primeiro, o cenário sociocultural foi alterado, pois, no momento
de criação do direito administrativo, não se falava de engenharia genética;
mecanismos de comunicação simultânea; formas de produção descentralizada; redes
etc. Segundo o direito administrativo se ampliou ao longo do tempo, passando a
abranger não apenas as relações entre Estado e cidadão, mas também inúmeras
relações envolvendo exclusivamente órgãos e entidades estatais.
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constitucionalidade das leis (que não foi abordado por Montesquieu, em sua obra,
mas que foi desenvolvido a partir do modelo norte-americano e austríaco) art. 102, I,
“a”; b) o exercido pelo Poder Legislativo sobre os atos do Poder Executivo, quando
proclama os princípios que regem a administração pública, previstos no art. 37,
“caput”, da CF e, também, quando julga os crimes de responsabilidade do Presidente
da República, art. 86, da CF; c) o Poder Executivo tem o poder sobre os atos de
produção legislativa, quando se permite ao Presidente da República que vete os
projetos de lei, art. 66, § 1º, da CF; d) o Poder Judiciário pode controlar atos emanados
das autoridades públicas, por meio das ações constitucionais: mandado de segurança
individual, art. 5º, LIX, e coletivo, art. 5º LXX, habeas corpus, art. 5º LXVIII, habeas
data, art. 5º, LXXII, da CF, etc.
Desta forma, é possível propugnar um controle dito vertical, uma vez que se
tem buscado a cada dia a democratização do poder. Nesta visualização de controles,
seria possível a sociedade fiscalizar os atos praticados pelo Estado nas suas mais
diferentes funções. Esta proposição de controles horizontais e verticais foi
desenvolvida por Karl Loewenstein. Para o citado autor os controles horizontais são
aqueles que se operam dentro de um determinado poder (intraorgânico) ou entre
diversos detentores de poder (interorgânicos). Os controles horizontais se movem
lateralmente, no mesmo aparato de domínio, sendo que os controles verticais
funcionam em uma linha ascendente e descendente entre a totalidade dos poderes
instituídos e a comunidade, por meio de seus componentes.
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da população no controle das ações de assistência social e gestão democrática do
ensino público, art. 206, VI, da CF.
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político-administrativa, e da importância que nos últimos anos adquiriu a publicidade
dos atos administrativos e a participação dos cidadãos na atuação da administração.
Os objetivos perseguidos pela lei de responsabilidade fiscal são: reduzir a dívida
pública, adotar uma política tributária nacional, preservar o patrimônio público e
promover a transparência da gestão fiscal.
Javier Bustamante, “o fenômeno humano não pode ser entendido fora de seu diálogo
com a tecnologia. Nada está transformando tanto a realidade humana como a
tecnologia em todas as suas facetas”. Nesse movimento de consolidação de uma
sociedade tecnológica, alteraram-se, principalmente, as relações humanas
intersubjetivas (entre dois sujeitos), bem como as relações coletivas (entre grupos
determinados) e difusas (entre grupos indeterminados).
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Ao impactarem essas diversas relações humanas regradas pelo ordenamento
jurídico, tais tecnologias passaram a suscitar o interesse daqueles que se ocupam
das ciências jurídicas. Em muitos casos, elas mesmas transformaram-se em objeto
de normas jurídicas, originando novos temas de pesquisa jurídica e, inclusive,
inovadores ramos científicos: uns deles direcionados para as tecnologias humanas
ou de saúde (bioética, por exemplo) e outros, para as tecnologias operacionais,
exemplificadas pelos novos métodos de produção, transporte e comunicação (direito
das infraestruturas e.g.).
No direito administrativo, contudo, pouco tem sido dito a respeito desse assunto no
Brasil — ao contrário do que se vê em alguns países. Essa lacuna deve ser, porém,
sanada. Para se compreender a necessidade de exame mais aprofundado desse
tema, basta que se verifiquem os impactos dessas tecnologias para a relação entre
Estado e cidadão e para as relações internas da organização administrativa. Antes
disso, contudo, é preciso resgatar o significa- do das relações jurídicas abordadas no
campo do direito administrativo. Em outras palavras, urge responder quais são as
relações jurídicas que compõem este ramo do direito e, por conseguinte, que estão
sujeitas à influência positiva ou negativa das novas tecnologias.
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originariamente ligadas aos poderes de fiscalização hierárquica ou supervisão de um
ente administrativo de hierarquia superior sobre um inferior. Mais recentemente e de
maneira crescente, as relações inter administrativas passaram a abordar a
estipulação de obrigações colaborativas entre duas ou mais entidades estatais —
especialmente mediante instrumento de convênio — e de normas de planejamento
de gestão — por exemplo, através de contratos de gestão.
O terceiro grupo, por fim, abarca as relações intra-administrativas que são ora
interorgânicas (ou seja, entre diferentes órgãos da administração pública) e ora
intraorgânicas (entre uma ou mais subdivisões de órgãos públicos). Nesse particular,
o direito administrativo lida basicamente com relações jurídicas de natureza funcional,
organizacional e processual. Tais relações dizem res- peito à prática de atos
materiais, atos consultivos e atos normativos que, em grande parte dos casos,
produzem efeitos meramente internos. Melhor dizendo: os atos internos à
organização administrativa são de menor impacto direto aos cidadãos, pois, na
maioria das vezes, não influenciam a esfera de direitos, obrigações e faculdades
individuais.
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no estudo da justiça e do direito: a do público e do privado, afirmando que direito
público é o que diz respeito ao estado da república, e o direito privado o que
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diz respeito aos particulares e estatui a respeito das coisas com utilidades pública
e/ou particular (Digesto, 1,1,1). Nesta perspectiva, esta diferenciação tem como
objetivo estatuir a supremacia do público com relação ao privado (Digesto, 2,14,32).
Da lição dos povos antigos, pode-se extrair que a res pública, de longa data,
traz em si a noção de que a esfera pública deve publicisar os seus atos. Desta ideia
conclui-se a importância do cidadão informar-se. Como decorrência, tem-se a
informação como elemento formador da opinião pública. Quando esta não ocorre, há
a desinformação e o não cumprimento do princípio democrático.
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acessibilidade e a possibilidade de controle dos atos públicos. Daí se origina a
polêmica do iluminismo contra o Estado absoluto, a exigência da publicidade com
relação aos atos do monarca fundados no poder divino. O triunfo dos iluministas tem
como resultado o art. 15 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que
prevê o direito da sociedade de pedir contas a todo o agente público incumbido da
administração. Este direito evolui e vem consolidado na Carta dos direitos
fundamentais da União Europeia, que no art. 41, prevê o direito a uma boa
administração.
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exercício de certas liberdades individuais. Nos Estados democráticos, a livre
discussão é um componente jurídico prévio à tomada de decisão que afeta à
coletividade e é imprescindível para sua legitimação. Por isso, para Ignácio Villaverde
Menéndez no Estado democrático a informação é credora de uma atenção particular
por sua importância na participação do cidadão no controle e na crítica dos assuntos
públicos. Não se protege somente a difusão, como sucedia no Estado liberal, mas se
assegura a própria informação, porque o processo de comunicação é essencial à
democracia. O ordenamento jurídico no Estado democrático se assenta no princípio
geral da publicidade, devendo o sigilo ser excepcional e justificado. Esse preceito é
extraído com base no princípio da publicidade e do direito a ser informado do cidadão.
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dizer de Diogo a publicidade “é um instituto polivalente da participação política, de
amplo espectro subjetivo, pois se estende a toda a sociedade, visando tanto à
legalidade quanto à legitimidade, mediante a qual, pela divulgação dos atos do poder
público, reconhece-se o direito ao conhecimento formal ou informal das suas
tendências, decisões, manifestações e avaliações oficiais”.
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atos sancionatórios praticados sem- pre de acordo com procedimentos
administrativos específicos.
O emprego, pelo Estado, de novas tecnologias de produção e comunica- ção tem, por
exemplo, colaborado diretamente para o aumento dos chamados atos automáticos de
administração. Diferentemente do que ocorre em relação aos atos tradicionais,
praticados conforme o exercício direto da vontade do agente público em conexão com
a vontade presumida do Estado, nos atos automáticos, são máquinas e aparelhos
que praticam a ação ou a determinam, ora produzindo efeitos meramente internos ao
Estado, ora causando impactos na esfera de direitos dos cidadãos.
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de passaportes da Polícia Federal ou do INSS), em sistemas de controle de
solicitações administrativas (e.g., sistema eletrônico de solicitação de bolsas de
estudos da Fapesp), em sistema de controle, organização e publicação de dados de
interesse público (e.g. plataforma Lattes do CNPq).
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administrativos em geral, pois os meios digitais derrubam, sem piedade, o monopólio
do acesso presencial e os custos que lhe são inerentes. Essa acessibilidade mais
ampla torna mais simples, barato e rápido o controle popular sobre atos de gestão da
coisa pública, repercutindo de modo igualmente favorável sobre o princípio
republicano. Nesse particular, a acessibilidade se torna uma aliada do que Bresser-
Pereira deno- minou de direitos republicanos, ou seja, os direitos à gestão do
patrimônio público em favor da sociedade, e não de meros interesses patrimonialistas
ou corporativistas.19
Tal como explica Dinorá Grotti, esse princípio básico dos serviços públicos guarda
íntima relação com o princípio maior da igualdade, uma vez que busca promover a
fruição de serviços públicos por todos e independente- mente das condições
econômicas de cada um.20 Por isso, novas tecnologias de produção e transporte são
capazes de impedir o que Grotti denomina de “elitização do serviço público” e a
manutenção de “graus de cidadania”21 num país extremamente desigual como o
Brasil. A elitização dos serviços públicos e a criação de uma escala de cidadania são
claramente incompatíveis com a ideia de estado social de direito consagrada na
Constituição da República.22 Em vista das considerações acima expostas, resta
evidente que as novas tecnologias são capazes de estimular a concretização do
direito administrativo quando manejadas de maneira adequada. Ocorre, porém, que
os efeitos benéficos gerados pelo emprego de novas técnicas pela administração
pública eventualmente são acompanhados de problemas e desafios. Para se
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compreender essa tensão, justifica-se um breve exame de alguns princípios
constitucionais do direito administrativo ante o fenômeno técnico-social aqui debatido.
Esse exame será pautado por três princípios jurídicos constitucionais, a saber: a
impessoalidade, a publicidade e a eficiência — todos consagrados na Carta Magna
(art.
37, caput).
25
Isso não obstante, as novas tecnologias aplicadas para fins de automação de atos e
procedimentos administrativos podem acarretar sérios problemas para o bom
funcionamento da administração pública. A racionalização e padronização dos
sistemas técnicos de gestão pública, ao exacerbarem a impessoalidade, muitas vezes
redundam em uma perda de flexibilidade da função administrativa. Essa rigidez
gerencial decorre da natural limitação da programação mecânica e antecipada das
funções estatais para atender os mais diversos tipos de casos fáticos e exceções com
as quais o Estado se depara no exercício de suas atividades. Essa incapacidade de
programar soluções humanamente adequadas para todos os casos, sobretudo os
excepcionais, muitas vezes transforma a impessoalidade em injustiça. Além disso, a
rigidez de sistemas tecnológicos previamente programados corre o risco de
comprometer a rapidez que se espera do Estado na resolução de casos excepcionais
e, por conseguinte, ocasionalmente afetará o princípio da eficiência de modo negativo.
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Os ganhos gerados pelo emprego de novas tecnologias se afiguram significativos
quando se fala de publicidade e democratização. A título de exemplo, os novos
sistemas de informação, comunicação e transporte permitem que informações
(públicas), pessoas (em exercício de funções estatais), mercadorias e serviços
públicos cheguem a locais antes inatingíveis. Cidadãos antes aprisionados a
localidades de difícil acesso entram em contato com o Estado, seus serviços e
atividades de controle. A publicidade, portanto, ganha força pelo fato de o Estado,
através de novas tecnologias, aproximar-se da sociedade e vice-versa.
Por essas e outras razões, notam-se fortes movimentos que buscam radicalizar a
publicidade e a transparência governamental a favor da plena divulgação de dados
públicos. Em estudo sobre o tema, Daniela Silva relata que os ativistas do movimento
do open government data pautam-se por uma série de princípios, a saber: 1) os dados
públicos devem ser integralmente divulgados; 2) devem ser detalhados; 3) atualizados
o mais rápido possível; 4) acessíveis; 5) legíveis por máquinas; 6) independentemente
de registro dos interessados; 7) disponibilizados em formato aberto e sem controle
exclusivo por qualquer entidade e 8) livres de licenças ou óbices decorrentes de
propriedade intelectual.25
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novas técnicas não são capazes de garantir isoladamente esses valores em níveis
adequados. Dizendo de outro modo: a mesma tecnologia que é capaz de incluir pode
até mesmo excluir. Um exemplo ilustra essa afirmação. Novos sistemas de governo
eletrônico — geralmente defendidos como armas de democratização — têm suscitado
inúmeras dúvidas quando empregados sem a devida consideração de aspectos
sociais, culturais e econômicos de uma nação.
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Para se compreender essa tensão, é relevante recordar que o princípio constitucional
da eficiência — já presente no direito administrativo brasileiro desde a década de
196027 — tem uma relação direta com o estado social. Como bem ex- plica Paulo
Modesto, um estado social não está autorizado a “descuidar de agir com eficiência,
justificando os recursos que extrai da sociedade com resultados socialmente
relevantes”.28 O princípio da eficiência demanda do Estado, entre outras coisas,
“celeridade e simplicidade, efetividade e eficiência na obtenção de utilidades para o
cidadão, na regulação da conduta pública e privada, na vigilância ao abuso de
mercado, no manejo dos recursos públicos”.29
Apesar disso, não há dúvidas de que o uso inadequado de novas tecnologias também
pode minar a eficiência administrativa imposta pela Constituição. Se a eficiência, em
sentido constitucional, envolve celeridade na ação pública, economicidade no
funcionamento da máquina administrativa, eficácia na consecução de fins públicos e
29
assim por diante, é possível que, em casos concretos, esses vetores entrem em
choque. Há vários exemplos que evidenciam essa afirmação.
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administração pública (caracterizada por elevada impessoalidade, transparência,
moralidade etc.), também inserem novos desafios para a gestão pública. Esses
desafios não se resumem, porém, às relações jurídico-administrativas restritivas e
prestativas que envolvem o Estado, de um lado, e cidadãos, de outro. A organização
administrativa e as funções internas de órgãos e instituições públicas são também
atingidas pelo modelo tecnológico que se impõe no mundo atual.
Para se tratar dos efeitos das novas tecnologias sobre a organização administrativa,
há que se recordar os dois conjuntos de relações jurídicas básicas. O primeiro contém
as relações jurídicas de caráter Inter administrativo, ou seja, as que envolvem duas
ou mais entidades da administração direta ou indireta. O segundo inclui as relações
intra administrativas, isto é, as relações entre dois ou mais órgãos de cada uma
dessas entidades públicas. As novas tecnologias, em suas mais diversas facetas,
influenciam positiva e negativamente esses dois conjuntos de relações.
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execução de atividades estatais. Hoje, as técnicas de pro- cessamento e cruzamento
de dados ainda continuam a suscitar grandes questões. Essas técnicas permitem
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entidade de controle; d) os altos custos financeiros do exercício da atividade de
controle, o que muitas vezes a tornava economicamente irracional.
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fundamental que os órgãos controladores verifiquem presencialmente se obras e
programas estão sendo executados adequadamente, nos tempos exigidos e de
acordo com a qualidade desejada pelo Estado. No passado, esse tipo de controle era,
porém, significativamente mais dificultoso, quer pelo seu custo mais elevado, quer
pelas dimensões territoriais e características geográficas e estruturais brasileiras —
problemas que foram relativizados pela adoção de novas tecnologias.
Entre tantos desafios, cumpre mencionar a tensão existente entre, de um lado, o uso
de informações contidas em arquivos públicos e os benefícios daí resultantes e, de
outro, a proteção de direitos fundamentais dos cidadãos e agentes públicos.
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Prefeitura do Município de São Paulo no “portal da transparência” — medida
administrativa que foi forte- mente combatida perante a Justiça estadual.
35
Em 2006, editou- se finalmente no nível europeu a Diretiva no 24, a qual disciplinou
os prazos mínimos de armazenamento de dados pessoais em serviços de
comunicação eletrônica no intuito de encontrar, sobretudo, indícios para persecução
de atos criminosos mais graves.
36
REFERÊNCIAS
37
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KAMMER, Matthias. Informatisierung der Verwaltung, VerwArch, p. 418 e
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38
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OlIVEIRA, Régis Fernandes de. Ato administrativo. 5. ed. São Paulo: Revista
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39
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(....)”.
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