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N-O52

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EXPEDIENTE
Série MPT em Quadrinhos
ISSN 2527-1091
Coordenação: Ministério Público do
Trabalho no Estado do Espírito Santo
Gerência: Wendell Luís Táboas (MPT/ES)
Sinopse e Roteiro: Claudia Gomes da Cunha
Ilustrações, Cor, Balões, Revisão Ortográfica,
Diagramação e Editoração: Estúdio Dr. Quem!
Colaboraram: Dr. Djailson Martins Rocha (MPT-
PTM Cachoeiro do Itapemirim/ES); Gina Marins
(Perita Médica Federal-ME); Nuria F. Castro
(Centro de Tecnologia Mineral-CETEM/Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovações - MCTI);
Vagner Moro F. Leitão (Engenheiro de Minas-
INOVAR Consultoria em Mineração); José Lourenço
de Jesus Gomes (Diretor do SINDIMÁRMORE/
ES); Eliza T. de Oliveira (Advogada, Assessora
Jurídica do SINDIMÁRMORE/ES e integrante
do Coletivo Jurídico da CUT/ES); José Irineu de
Oliveira (Advogado, Coordenador Jurídico do
SINDIMÁRMORE/ES e integrante do Coletivo
Jurídico da CUT/ES); Reginaldo Célia (Diretor
de saúde e segurança do SINDIMÁRMORE/ES);
Marcia Pilisson Cogo (MPT-PTM de Cachoeiro
do Itapemirim/ES) e Daniela Coelho Fontana
(MPT-PTM de Cachoeiro do Itapemirim/ES)
Agradecimento especial: Gina Marins, autora
da tese “Trabalho «de pedra e cal» na Indústria
das Rochas: QTC – um ensaio transcultural
para medir o risco psicossocial”, realizado

mpt.br
sob orientação de Liliana Cunha e Marianne
Lacomblez, do Programa Doutoral em SSO de
2021, da Universidade do Porto, Porto-Portugal

mptrabalho
Apoio: Procuradoria do Trabalho no
Município de Cachoeiro de Itapemirim/ES
Contato: quadrinhos@mpt.mp.br

@mpt_pgt Website: www.quadrinhos.mpt.mp.br


Facebook: www.facebook.com/quadrinhosmpt

mptpgt
A série “MPT em Quadrinhos” teve início em junho
de 2012 dentro do projeto “O MPT, a Sociedade
e o Cidadão”, vinculado à Coordenadoria
Nacional de Estágio do MPT, coordenada, à
época, pelas Dras. Guadalupe Louro Turos
Couto (MPT-PRT Rio de Janeiro/RJ) e Daniele
Corrêa Santa Catarina (à época no MPT-PRT
Vitória/ES e atualmente no TRT/ES). Esta edição
foi publicada na gestão do Procurador-Geral
do Trabalho Dr. Alberto Bastos Balazeiro.
Esta obra poderá ser reproduzida ou utilizada
mediante comunicação ao Ministério
Público do Trabalho e citação da fonte.
Vitória/ES - abril/2021

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3

a
fica,
em!
PT-
ns

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S);
o

ra
ria

e
gal Completa
e dá aquele grau,
por favor. Vou
Manda tomar um café.
as ordens,
chefia!

mpt
junho
de

ção

ada

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Um café. g

Grande alexandre!
Um
pingado!

Já faz um
Carlão? tempo, cara!
Como você
está?

Tudo indo, né? E


você?

Um pouco compli-
cado… a patroa
tá querendo que
eu largue do
caminhão…

Mas
por quê?

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É porque puxar granito Não sei. Sempre


é muito perigoso, a grana fui caminhoneiro.
não compensa, o risco é Mudar assim, de
grande e acaba com nosso uma hora para
caminhão! outra, é difícil.

É verdade. Mas, Ficar desempre-


vai trabalhar gado, passando
com o quê? Aqui necessidades, não é
não é fácil con- o que eu quero para
seguir trabalho. minha família. É pedir
proteção aos céus e
pegar a estrada!

Se nossa classe fosse mais


unida, dava para exigir nossos
direitos… ter um frete
mais justo. Pois é!
Esse tipo de
transporte não é
um serviço fácil, tem
Fico me perguntando muitos imprevistos e
por que o valor do é demorado.
frete pra puxar bloco
e chapa é tão baixo
se o granito dá muito
dinheiro?

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Só gente como a gente aceita O valor do frete não


esse desafio. As grandes acompanha o aumento dos
transportadoras não querem custos. É o tipo de serviço que
nem saber. só faz quem precisa.

E elas estão
certas! O caminhão Aí tem que botar mola
estraga demais na- nos eixos e contra
quelas estradinhas eixos pra poder puxar
das pedreiras. mais peso, ganhar mais
e conseguir pagar o
caminhão.

“A situação é séria. Muitos


acidentes acontecem por-
que, com sobrecarga, não
freia igual.”

“Tem gente que aceita


puxar mais peso a
pedido das empresas.
Depois, metem o car-
ro em rotas de fuga
pra fugir da balança.
Se esquecem que a
responsabilidade civil
é solidária, mas a cri-
minal é do motorista!
É o que está na lei 1 !”

“Sem contar que muitas


dessas estradas vicinais
são esburacadas. Acabam
ainda mais com o caminhão.”

Desculpem por
interromper o papo, mas
acabei ouvindo a conversa Nada fácil e
de vocês, mesmo tem que ter
sem querer. muita respon-
sabilidade!
Fiquei curioso
pra saber Como é
dirigir uma carreta
com um bloco. É
muito difícil?

1 Código de Trânsito: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503Compilado.htm


Resolução do CONTRAN 547/2015: https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao5472015.pdf

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Conhece o boneco
João Bobo? Aquele
cheio de areia na base
que, por mais que
tombe, sempre fica
de pé?

Sim, meu
filho tem
um.

É COMO
SE CAMINHÃO,
MOTORISTA E BLOCO
FOSSEM UMA
COISA SÓ.
O conjunto
bloco-carreta funciona como
o boneco, mas de cabeça pra baixo. ME IMAGINEI
Sabe, a pedra na parte de cima do TENTANDO EQUI-
caminhão, é como se fosse a areia LIBRAR O BONECO
no boneco. Tem a ver com DE MEU FILHO DE
o centro de gravidade. PONTA-CABEÇA!
É Física! Ha, ha, ha!

“Então, Você entendeu. se a carreta


fosse mais baixa, o bloco estaria
mais perto do chão, do mesmo
jeito que a areia que fica na parte
de baixo do boneco. Assim, haveria
maior estabilidade do conjunto
carreta-bloco.”

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“Agora, imagina que você está


dirigindo um caminhão com uma
carga quatro vezes maior do
que ele suporta...” “...se você precisar parar, vai
ser bem difícil. A carreta pode
até parar, mas a pedra segue
em frente.”

“Vai passar por cima da cabine e de tudo que


estiver na frente. Aprendi isso no Curso de
Carga Indivisível, é a chamada Lei da Inércia!2”

Nossa! Aceitar O certo mesmo


sobrecarregar o veículo é seria ter carro bom,
aceitar o risco de morrer estrada boa e frete bom,
esmagado! Eu, hein! porque aí… não tem mais
Isso é doideira! acidente com bloco!

Caraca! Ser
Mas, como temos tudo ao carreteiro não
contrário do que eu falei, é para fracos,
fica difícil! Aí, acontece o não.
acidente, botam a culpa
só na gente!

Não é,
mesmo.

2 https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao_contran_354_10.pdf

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Minha esposa
se apega na fé para
O que a
poder aguentar espe-
gente faz, heim,
rar pela minha volta
Alexandre?
pra casa. Mas ela já Não faz,
está no limite. compra pronto,
né?

… e criar uma linha de crédito para ajudar


Mas, falando sério, o os carreteiros a comprar uma carreta tipo
que seria uma solução prancha... como a que eu falei no exemplo do
para vocês? João-Bobo! Bem baixa!

É o óbvio. Sonha,
A solução é tudo Alexandre...
aquilo que falei:
melhorar as estradas,
os fretes…

“Ué, sonho não. Podia sim,


por que não?! Com um veículo
melhor pra puxar os blocos, as
rodovias seriam mais seguras.”

“Meu sonho é uma carreta prancha rebaixada!


É o ideal para transportar cargas indivisíveis
como os blocos. Melhora a estabilidade.”

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Você sabe
bastante!

Não elogia
que ele fica
metido.

Quase tudo
aprendi no curso
de Cargas
Indivisíveis.

sem vocês, a indústria Quer ver um exemplo?


de rochas para. Ela Tem Conhece a “lancinha”,
que valorizar o profissional né, Alexandre?
e pagar melhor pelo
transporte.

Não
entendi… po
o que é? ca
Quem me da
dera. e
t

“Um “professor Pardal” aí


inventou uma espécie de cava-
lete giratório para colocar
no caminhão. A ideia é até boa,
porque facilita na hora de
descarregar as chapas.”

“O problema é que não foi


patenteada, não passou pelo
Inmetro, não foi nem regu-
larizada, mas é popular nas
pedreiras.”

3 Nor
http

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11

Muito condutor E facilita


de carreta já a vida de Nem um pouco!
comprou. vocês? Nossa obrigação,
que era só trans-
portar, agora
inclui descarre-
gar com a tal da
lancinha.
Quase todo
mundo tem. Esse
equipamento
está em
desacordo
a NR113!

Para isso, não


poderia extrapolar a
carga máxima permiti-
da e informar o nome
e o CNPJ do fabrican-
te e do responsável
técnico.

E você já viu
alguma lancinha com
essas informações?
Mas se aparecer lá
sem ela, você perde a
carga e nunca mais
te chamam.

3 Norma Regulamentadora Nº 11
https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-11-Anexo-01.pdf

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Apesar da nossa contribuição
para o setor, quiseram nos
jogar de escanteio quando
tentaram fazer todo o trans-
porte pelas ferrovias.
Só que a ideia deles
Os graniteiros acham
não deu certo.
que só o granito tem
valor. Pra eles, o Os blocos não
resto, não tem. A Chapa puderam furar a fila
não pode trincar, mas pra entrar no trem!
a coluna da gente pode Primeiro era o minério
se arregaçar! de ferro, depois os
blocos.

E aí, não
conseguiram tirar o
frete dos carreteiros,
que sempre foram a
melhor opção.

Deveriam
entender que temos
uma parceria. Que ela
tinha que ser como
uma via de mão dupla:
vem e vai.

Olha, do jeito que


está, vai nossa saúde,
nossa segurança e,
com esse frete, não
volta quase nada!

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Esse é
por conta
da casa.

Opa!
Valeu.

Resumo da ópera:
os piores proble- Alexandre,
mas são o valor você poderia ajudar
Ahhh!
do frete... a organizar melhor
Gostou do
… as estradas e os carreteiros. Suas
“meu sonho”,
os veículos pouco ideias de união são
não é!?
adequados para o interessantes! Quem
tipo de carga. sabe a criação de uma
cooperativa?!

vou procurar saber


É rapaz,
sobre a prancha… e
mas isso é difícil,
a tal linha de crédito
viu! Mas a vida do
que você falou.
carreteiro tem um
lado muito bom, o
das amizades.

E a gente bota
um som na caixa, vai
cantando junto, vendo
paisagens e pessoas.
Mas o bom é quando a
gente volta pra casa
cheio de saudade.

E com
um monte de
histórias.

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Com licença,
gente. Vou aten-
der uma cliente.

Foi bom te
ver, Carlão! Mas eu
também vou precisar
tocar direito, ainda
tenho muito chão até
meu destino. É, rapaz, o
papo foi bom,
mas é hora de
partir.

Bora pegar
a estrada.
Enquanto ela
não pega a
gente!

Alexandre, não some, não! Temos


que unir os caras, os carretei-
ros e os caminhoneiros e pensar
em soluções boas pra gente.

“Tamo junto”,
vamos, sim!
Unidos a gente
cria força.

FIM

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não perca a
próxima edição!
N-O53

FIM

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www.quadrinhos.mpt.mp.br

Realização

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