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Carburação Motores Motocicletas
Carburação Motores Motocicletas
Sugando o refrigerante de uma garrafa por um canudinho você pode ter uma idéia
de como um carburador funciona. O ato de sugar o refrigerante de uma garrafa
por um canudinho cria uma diferença de pressão, fazendo que o líquido vá da
zona de maior pressão (garrafa) para a zona de menor pressão (sua boca).
Quando o motor funciona, o ar em alta velocidade passa na garganta do
carburador criando uma zona de baixa pressão (princípio de Bernoulli). O
combustível que está na cuba do carburador, que se encontra em pressão mais
alta, sobe pelos tubos e orifícios no corpo do carburador, onde é misturado com o
ar que passa. Tente outra experiência: pegue uma garrafa cheia de refrigerante,
coloque um canudinho plástico e sopre perpendicularmente ao furo do canudinho.
Se você soprar com força suficiente, verá o refrigerante subir pelo canudinho. É
assim que funcionam as pistolas de pintura.
Na moto, o combustível é forçado pela gravidade a descer pelo tanque, passar
pela torneira de combustível, pela mangueira e então para a cuba do carburador.
A quantidade de combustível é controlada pela bóia do carburador e a válvula.
Será que a carburação é afetada pelo nível da bóia? Vamos ver... Um nível de
bóia baixo faz que o motor “afine” em altas rotações, e o nível muito alto faz que
ele se engasgue como uma pessoa se afogando numa piscina!! Portanto, o
primeiro passo é AJUSTAR O NÍVEL DA BÓIA!
Todas as peças de latão na parte de baixo do corpo do carburador (com a cuba
removida) são chamadas de giclês. Alguns têm a cabeça hexagonal e outros têm
uma fenda. Todos os giclês têm um pequeno orifício e para trocar um giclê você
tira o que está no corpo do carburador e põe outro com o orifício menor ou maior.
Sempre que trocar um giclê use outro similar, por exemplo, se for um giclê
comprido de cabeça hexagonal, não ponha um giclê curto de cabeça hexagonal.
Todos os giclês são numerados, e o número indica o tamanho do orifício e é por
esta numeração que se comparam os giclês.
O giclê de alta velocidade, também conhecido como giclê principal, regula o fluxo
da mistura de três quartos de acelerador aberto até a total abertura do acelerador,
enquanto o giclê de baixa velocidade, também conhecido por giclê piloto regula o
fluxo da mistura desde a marcha lenta até um quarto da abertura do acelerador.
De um quarto da abertura do acelerador até três quartos de abertura do
acelerador quem controla é a agulha do pistonete e o giclê da agulha do pistonete
do carburador.
Os giclês controlam o fluxo de combustível pelos vários circuitos do carburador.
Estes circuitos, juntos com o parafuso de ar, o pistonete e a agulha do pistonete
fornecem o combustível direto na garganta do carburador. O segredo está em
fazer tudo isso funcionar como um batalhão bem treinado! Se for um batalhão de
patetas o motor mal vai funcionar!!
Para saber como está a carburação do motor em alta rotação, é necessário fazer
um “teste de vela”. Para isso, encontre um lugar onde você possa embalar sua
moto até quarta ou quinta marcha. Ande com ela até que o motor esteja em
temperatura de operação ideal, e faça uma arrancada sozinho. Da imobilização,
vá aumentando a velocidade usando toda rotação que o motor puder dar até
quarta ou quinta marcha. Quando o motor estiver implorando por piedade, aperte
a embreagem, feche o acelerador completamente e desligue o motor no botão. Se
você for bem coordenado, conseguirá fazer tudo isso ao mesmo tempo. Pare a
moto em um lugar seguro, retire a vela (cuidado, estará bem quente, use luvas) e
veja a cor do terminal. Ele deve estar bege claro se o motor for quatro tempos
(blarg!) e marrom escuro se for dois tempos (Ufa!). Para melhores resultados, use
uma vela de ignição usada em boas condições. Elas se colorem mais fácil. Se
estiver preta, mistura rica demais, e, se estiver branca ou com bolhas, mistura
pobre demais.
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7) DICAS FINAIS:
- SEMPRE é melhor começar acertos em carburação com MISTURA RICA!
Você pode até encharcar algumas velas, mas elas sairão mais barato que
um motor fundido;
- As várias fases de cada parte do carburador se entrelaçam (1/4 do
acelerador = giclê de marcha lenta, ¼ a ¾ do acelerador = agulha, ¾ a todo
aberto = giclê principal);
- Procure no manual da sua moto a altura do nível da bóia recomendada;
- A proporção de óleo na gasolina afeta (pouco) a carburação. Se você
acertou o motor para usar óleo a 2% e colocar gasolina com 5% de óleo a
mistura vai ficar mais pobre. Não entendeu? Pense: óleo a 2% é gasolina a
98% e óleo a 5% é gasolina a 95%, ou seja, 95% é menor que 98%;
- Eu só uso gasolina Podium da Petrobrás (não é propaganda!) e óleo
sintético de competição a 2% na minha Yamaha DT200;
- Para eliminar problemas de carburação, sempre siga o caminho que o
combustível segue (tanque torneira mangueira filtro sede e válvula
da bóia nível da bóia giclês...);
- Você pode usar finas arruelas para fazer ajustes mais precisos na altura da
agulha, só cuide para que, se ela estiver na posição mais alta (clipe mais
perto da ponta), não saia da guia e fique presa no corpo do carburador,
fazendo que o motor fique acelerado;
- Se para regular o parafuso da mistura você tiver que deixa-lo com menos
de uma volta e meia, você precisa de uma giclê de marcha lenta maior. Se
você tiver que deixa-lo com mais de duas voltas, você precisa de um giclê
de marcha lenta menor.
Boa sorte!