Você está na página 1de 110

Teologia Cosmológica

(Analisando Seus Conceitos)

Durval Ciamponi
Título Original: Teologia Cosmológica (Analisando seus
Conceitos) - Durval Ciamponi

Obra devidamente registrada na Biblioteca Nacional do Brasil

1a; Edição – 2014

Diagramação: Aleks Mijic Estevam

Os direitos autorais desta edição foram cedidos à Instituição


Espiritualista, Casa da Esperança, que mantém, em Piedade
(SP), um abrigo de idosos específico para a velhice
desamparada. É reconhecida de Utilidade Pública pelos
governos Federal, Municipal da Capital de São Paulo e do
Município de Piedade (SP).
Pessoa Jurídica: CNPJ: - 52.168.713/0001-62.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em


parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9610/98).
PROLÓGO

Este livro teve seu embrião num pequeno diálogo dentro da


Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, quando se
comemorava o Dia dos Espíritas, em 20/04/2001.

Sentava-me ao lado da presidente do CE Jesus Redivivo e, após


as palavras de um pastor evangélico, ouvi dela seguinte:
Precisamos prestar muita atenção no crescimento dos
evangélicos, pois têm uma ampla penetração na mídia e na
política, superando, inclusive, os católicos que sempre foram
maioria no Brasil no campo religioso.

Respondi na hora, por intuição, pois em verdade nunca pensara


antes neste assunto, que tal fato não representava qualquer
perigo para o desenvolvimento do Espiritismo, dado que, se
assim estava ocorrendo, tal acontecimento deveria contar com o
apoio dos amigos espirituais que interferem em nossa vida
muito mais do que podemos imaginar. Os desígnios de Deus não
se assentam nas cabeças dos homens de livre arbítrio limitado,
ante a ação supervisora dos Espíritos Superiores. Disse a ela que
nos competia descobrir qual o significado espiritual deste
crescimento das religiões reformadas.

— Como assim? Replicou a companheira surpresa, pois


certamente esperava uma concordância.

— Acho até, se fosse Espírito, que ampliaria ainda mais esta


situação porque eles estão caminhando ao lado do Espiritismo,
ampliando as luzes da religiosidade nesta aurora da Nova Era
espiritual que já se mostra nos horizontes da civilização terrena.
Disse que a Reforma luterana combateu as indulgências, de
início, depois as missas, as imagens, os altares, os paramentos,
confissões e grande parte da liturgia dogmática acumulada pela
Igreja Católica por mais de 1.000 anos.

Os reformistas ou reformados libertaram-se destes formalismos,


conquanto ainda permaneçam presos a alguns outros dogmas
fundamentais, como o da ressurreição, da salvação da alma pela
graça de Deus e outros decorrentes, trazidos ao Cristianismo por
influência do pensamento farisaico de São Paulo.

Falta apenas se libertarem destes e outros dogmas, o que deve


ocorrer quando e somente quando a Ciência comprovar a
existência dos Espíritos. Isto, acredito, deve acontecer entre os
anos 20 e 30, próximos.
Como consequência desta descoberta estarão eles, inclusive os
católicos, como os espíritas conhecem hoje, libertos destas
amarras instituídas nos Concílios, em condições de viver a
religiosidade como ensinou Jesus: ligar-se ao Pai pelo
pensamento, em espírito e verdade.

Depois destas palavras aceitas pela companheira deixei tal fato


registrado no computador, para eventual complementação
futura, onde analisaria em conjunto outros temas correlatos por
revelarem em sua exegese vieses distintos.

Tomei, assim, como ponto de partida, a existência do Além.


Eis me aqui, agora, pensando no que fazer com aqueles rabiscos
gravados em disquetes, juntando meus estudos, ajudado pela
intuição ou inspiração espiritual, para escrever esta Teologia
Cosmológica (Analisando Seus Conceitos).
Este livro tem por objetivo, mostrar aos leitores das religiões
cristãs os fundamentos filosóficos, científicos e religiosos da
doutrina que se denomina de o Consolador Prometido por
Jesus, sem qualquer intenção de proselitismo, pois, quem é
espírita estuda diretamente nos livros da Codificação.
Ao analisar aquele conjunto de anotações observei que as
principais divergências decorriam de dois fatos interligados.

Primeiro:

A polissemia das palavras. Estas, muitas vezes, têm diferentes


significados que prejudicam a interpretação do leitor ou do
ouvinte. Assim, ao se transmitir um ensinamento ou uma ideia
da melhor maneira possível para definir o que se pensa, é
conveniente utilizar aquela que contenha o conceito desejado.

Segundo:

As decorrentes interpretações que se dá para determinados


conceitos emitidos, como revelam a exegese dos fatos
existentes, no campo religioso, a respeito deste o daquele tema.
Neste sentido, comparando os ensinos religiosos, a partir de uma
mesma palavra polissêmica, verificam-se interpretações
diferentes que se dão ao mesmo fato, em si.

Por exemplo, em relação à existência do Além (Mundo dos


Mortos ou dos Espíritos), observa-se uma nítida divisão na
exegese deste habitat das almas dos mortos. Por decorrência
das polissemias, há distintas interpretações a respeito da ação
deste mundo espiritual sobre os homens e, ainda, até que ponto
eles se subordinam a esta influência, tendo em vista o seu livre
arbítrio?
Como complemento da análise decorrente desta relação do
mundo dos homens com o mundo dos Espíritos, pode-se chegar
a outro tema: Qual o melhor caminho para alma chegar a Deus?

Neste sentido, este livro tem como cerne o estudo destes temas,
que serão analisados em quatro capítulos, a saber:

1. Analisando os conceitos.
2. O limite da ação dos Espíritos;
3. O limite da ação humana;
4. A amarra final e o nó de união entre os dois mundos.

Como complemento, no quinto capítulo, analisa-se como poderá


ser a vida do homem, com o advento de uma Nova Era.
Neste prólogo, a fim de justificar a importância dos conceitos
gerais para entendimento das mensagens transmitidas, levo ao
amigo leitor, à guisa de ensaio, um e-mail muito interessante e
muito inteligente de um autor desconhecido. Peço sua licença:

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e


caneta. Escreveu assim:
Deixo meus bens à minha irmã não ao meu sobrinho jamais
será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.

Ele, no entanto, morreu antes de fazer a pontuação.

Apareceram quatro os concorrentes.

1. O sobrinho fez a seguinte pontuação:


Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais
será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2. A irmã chegou, em seguida e pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã. Não ao meu sobrinho. Jamais


será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3. O padeiro pediu cópia do original e escreveu:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais!


Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4. Ai chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido,


fez a seguinte interpretação: Deixo meus bens à minha irmã?
Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro?
Nada. Dou aos pobres. Moral da história: A vida pode ser
interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos
sua pontuação. E isso faz toda a diferença.

A soma destas diferenças de comportamento, todavia, gravadas


na consciência de cada um é que, no dia do Juízo da
Humanidade terrena, a alma ou é liberta para a ressurreição da
vida ou é enviada para as trevas exteriores, como dizem as
palavras de Jesus Cristo. Cada um, por seu livre arbítrio e
responsabilidade é que decide, amando ou não ao Deus Cósmico
(universal), conforme o seu entendimento.

A todos, desejo muita paz e sucesso espiritual.

Durval Ciamponi.
SUMÁRIO

Capítulo 1 – ANALISANDO CONCEITOS 01


01.1. Teologia e Cosmologia 01
01.2. Conceito de Alma (Princípio Inteligente) 11
01.3 Deus é Cósmico 13
Capítulo 2 – O LIMITE DA AÇÃO DOS ESPÍRITOS 17
02.1. O Consolador Prometido 19
02.2. Mediunidade: Fatores Condicionantes 21
02.3. Leis Naturais e Leis Morais 25

Capítulo 3 – O LIMITE DA AÇÃO HUMANA 29


03.1. Fidelidade Mediúnica 32
03.2. A Exegese do Ponto Crítico 36
03.3. Promessas e Jogo de Loteria 42
03.4. Vida em Família 43
03.5. Violência e Trabalho 48
03.6. A Luta pela Vida 53
03.7. Reprodução do Corpo Humano 54
03.8. Assistência Religiosa a Doentes Terminais 56

Capítulo 4 - A AMARRA FINAL 63


04.1. O Homem e o Consolador 64
04.2. A Vida na Espiritualidade 71

Capítulo 5 - O ADVENTO DA NOVA ERA 77


05.1. Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai 78
05.2. Filosofia Penal Espírita 80
05.3. Uma Nova Era 89
05.4. Conclusão 95
Bibliografia 99
Dados Biográficos do Autor 101
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

CAPÍTULO 1

ANALISANDO CONCEITOS

01.1. Teologia e Cosmologia


Consultei o Dicionário do Aurélio para saber e transmitir aos
amigos leitores os conceitos dos verbetes:

Cosmologia: Ciência afim da Astronomia, e que trata da


estrutura do universo.

Teologia: Ciência dos deuses.

1. Estudo das questões referentes ao conhecimento da


divindade, de seus atributos e relações com o mundo e com os
homens, e a verdade religiosa.

2. Estudo racional dos textos sagrados, dos dogmas e das


tradições do cristianismo.

3. Tratado ou compêndio de Teologia.

4. O conjunto de conhecimentos relativos à Teologia ou que tem


implicações com ela, ministrados em cursos ou respectivas
faculdades.

1
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

01.1.1. Qual é a Estrutura do Universo na Cosmologia?

A tecnologia que investiga essa estrutura e grandeza do


Universo está hoje avançadíssima e, em verdade, os olhos
humanos alongados pelos telescópios e pelas sondas que
perambulam no espaço do nosso sistema solar ou pelos
microscópios ou sondas que navegam pelos canais do corpo
humano deixam cada vez mais o homem perplexo ante essa
grandeza ou miudeza infinita.

Há poucos dias recebi de um amigo, notável Professor de


Matemática e de disciplinas de Computação, um e-mail que
falava dessas dimensões infinitas.

Seu título era A Criação, de origem francesa, mostrando


algumas fotos e falando dessa maravilhosa Terra e Universo em
que vivemos.

Alguns dias depois pedi cópias e ele, carinhosamente, enviou-


me todas coloridas para arquivo.

As mensagens diziam o seguinte: Espantai-vos. Maravilhai-vos


e citava um pensamento de Albert Einstein:

Um dos motivos mais poderosos que conduziram o homem em


direção à arte e à ciência foi o de escapar do quotidiano.

Na sequência exibe fotos e diz o seguinte:

a). O Sol é uma estrela um milhão de vezes maior que a Terra e


cada segundo consome 600 milhões de toneladas de hidrogênio;

2
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

b). As nebulosas são as salas de parto do Universo, pois nelas


nascem as estrelas;

c). A nebulosa Orion se situa a 1500 anos luz de nós;

d). Ao mostrar uma nebulosa espiralada disse que era


semelhante à Via Láctea e continha: 300 bilhões de estrelas
como o nosso Sol;

e). No Universo observável há, pelo menos, cem bilhões de


sistemas estelares, que contam cada um, em média, com 50
bilhões de estrelas.

Esta informação se complementa quando diz que se esse


Universo observável pudesse ser visto ou descrito como uma
bola teria um diâmetro de 28 bilhões de anos luz, contendo 15
trilhões de Sois.

Veja, amigo leitor, que número grande: Um trilhão é igual a l


(um) seguido de 12 zeros.

f). Ao mostrar fotos e falar do microcosmo revela que:

f-1). O corpo humano contém cerca de 100 mil bilhões de


células. Existem centenas de tipos de células diferentes – cada
qual com sua própria função, sua própria idade e seu próprio
local no corpo – que estão em comunicação constante uma com
as outras;

f-2). Somente nosso cérebro é composto de100 bilhões células


cerebrais que estão interligadas cada uma, em média, a
milhares de outras células.

3
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Na nossa cabeça há, portanto, bilhões de ligações, tanto quanto


ligações que existem de estrelas em um milhar de vias lácteas.

O texto, em sua sequência, exibe uma série e fotografias


lindíssimas, revelando a beleza e as grandezas desse imenso
Universo, dentro o qual a Terra não passa de um simples
grãozinho de areia, muito insignificante, desta imensa praia
universal.

Mostra a simetria dos cristais da neve, as ligações dos


neurônios, como símbolo micro, entre os seres vivos, e de uma
baleia no oceano, como o maior de todos.

Por fim mostra e fala da complexidade de uma simples folha de


mato e da regularidade matemática de um pedaço de brócolis.

Conclui com um pensamento de Albert Einstein:

Há momentos em que se sente liberado de seus próprios limites


e imperfeições humanas.
Nesses instantes a gente se sente num pequeno canto de um
planeta com o olhar fixo e maravilhado na beleza fria, mas,
contudo, profunda e emocionante do que é eterno e
incompreensível.

A vida e a morte se fundem, não há nem evolução nem


destino, apenas ser.

Algum sábio ou gênio, no mundo dos homens, seria capaz de


dizer como estas grandezas e belezas começaram?

4
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

01.1.2. Qual é a Verdade Religiosa da Teologia?

A busca deste eterno e incompreensível revela a incapacidade


do homem, em seu nível atual de conhecimento e sabedoria, de
saber como se deu a origem deste Universo, com todos os seres
vivos que nele habita.

A sociedade humana, em sua maioria, crê que tudo foi criado


por Deus, por um ato de sua vontade, como registram os livros
sagrados.

Com justa razão, no entanto, uma pequena parte, apegada ao


rigor do estudo científico, não aceita esta criação divina e coloca
a origem do Universo, por conta do acaso, seja nas combinações
de proteínas para a origem dos seres vivos, seja na teoria da
Grande Explosão.

Este debate entre criacionistas e não criacionistas será infindável


porque nos dois lados predomina a ignorância do espírito
humano que ainda não tem condições de compreender o
princípio de tudo.

Por causa desta ignorância, entre os criacionistas existem


divisões religiosas, decorrentes da forma como aprenderam,
pelas “revelações”, esta Criação divina, e consequentemente, a
sobrevivência ou não da alma, após a morte.

Dentre aquelas que não admitem a sobrevivência da alma,


encontram-se os diversos conceitos de Panteísmo, pelo qual
existe uma única inteligência permanente: Deus.

5
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O enigma revelado pelas palavras (A vida e a morte se fundem,


não há nem evolução nem destino, apenas ser) supracitadas, de
Einstein, decorre do seu pensamento panteísta, pelo qual a alma
humana deixa de existir após a morte do corpo.

A citação está coerente com o que ele escreveu em seu livro,


Como Vejo o Mundo, cap. 1, onde se revela adepto de uma
religião cósmica ao dizer:

Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o


objeto de sua criação.

Não posso fazer ideia de um ser que sobreviva à morte do


corpo.

Se semelhantes ideias germinam em um espírito para mim é ele


um fraco, medroso e estupidamente egoísta.

Não me canso de contemplar o mistério da eternidade da vida.

De acordo com estas palavras de Einstein, realmente, para a


alma humana não há nem evolução nem destino, apenas ser,
como se fosse uma simples manifestação do psiquismo humano,
de desaparece após a morte.

Em síntese, seu pensamento o liga ao Panteísmo, que tem sua


origem na língua grega.

A palavra é composta de Pan (tudo, todo) e Theos (Deus),


significando, pois, Deus em tudo ou tudo em Deus. Segundo
esta doutrina somente Deus é real e o mundo (Universo) é um
conjunto de Suas manifestações ou emanações.

6
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Os adeptos do criacionismo, todavia, que admitem a


sobrevivência da alma é constituído pela grande maioria da
população humana, perto de 80 %, somando-se apenas os
cristãos, judeus, islâmicos e os hindus do bramanismo.
Discordo, portanto, das palavras de Einstein ao classificar todo
este grupo de fraco, medroso e estupidamente egoísta.

Este grupo da população admite três verdades absolutas em sua


organização religiosa, evidentemente com pequenas
divergências, decorrentes de polissemias ou de tradição cultural:

A primeira verdade é a crença no Deus Único, criador de todas


as coisas deste Universo, sendo, portanto, também, um Deus
Cósmico.

Cada grupo, em princípio, admite que o seu Deus, seja o


verdadeiro, caracterizado com nome específico em seus livros
sagrados.

A segunda verdade é crença na sobrevivência da alma, após a


morte do corpo físico.

A terceira verdade é a crença de que essa sobrevivência da


alma se apresenta de duas maneiras possíveis:

- A da unicidade pela qual cada espírito tem apenas uma vida


na terra; e

- A da pluralidade, pela qual cada espírito tem mais de uma


vivência na terra.

7
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Como consequência destas três verdades, decorrem muitos


outros fatos que integram a teologia e a liturgia de cada grupo,
conforme registros em seus livros sagrados, imaginando ou
crendo na existência de um mundo espiritual ou Mundo dos
Mortos com as recompensas ou penas que o Deus reserva para
os bons ou para os maus de comportamento, em sua convivência
social.

O objetivo deste livro não é analisar as diferenças entre estas


religiões, mas se ater basicamente ao Cristianismo, conquanto
não se possa deixar a registrar a origem comum dos três grupos,
a partir de Abrahão, mas que no decorrer do tempo foram se
distanciando um do outro, por causa de tradições, costumes,
revelações espirituais, e principalmente por causa de polissemias
de palavras e diferentes interpretações que davam margem.

01.1.3. Polissemias ou Diferentes Significados das Palavras

Apenas para elucidar, anotemos alguns exemplos:

1. Filho de Deus e filho de Deus.


Qual a diferença destas duas expressões, pois se todos os seres
humanos são criados por Deus, todos são seus filhos.

João Batista, disse de Jesus (Jo 1,34): Eu vi e atesto que este é o


Filho de Deus.

Na confissão de Pedro (Mt 16, 15) ele disse: Vós sois o Cristo, o
Filho de Deus vivo.

8
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Jesus, no Sermão das Beatitudes, disse (Mt 5, 9) Bem


aventurados os pacificadores, que serão chamados filhos de
Deus.

Para o Consolador Prometido, somente são classificados como


Filhos de Deus, aqueles espíritos que atingiram o estágio
angélico, ao se libertarem da influência da matéria e ingressaram
na Família Divina.

2. Espírito e espírito.
Costuma-se reservar o termo Espírito para designar a alma que
está vivendo no mundo dos mortos e espírito, como a alma ou
princípio inteligente criado por Deus. Assim, todo Espírito (que
vive no Além) é um espírito, mas nem todo espírito (que vive
ainda como homem) é um Espírito.

3. Ressurreição.
Apresenta diferentes significados, podendo ser: ressurgir,
ressuscitar ou reaparecer.

São exemplos:

- O de Jesus foi de ressurgir dos mortos (com seu corpo


espiritual);

- O de Lázaro foi de ressuscitar (retorno à vida) no mesmo


corpo, que aparentemente estava morto e

- O caso de Moisés e Elias foi de reaparecer ou ressurgir diante


dos homens, como narrado no fato da Transfiguração.
Para alguns estudiosos, o termo ressurreição significa também
reencarnação, isto é nascer de novo.

9
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Em seu livro, Cristianismo e Espiritismo, Léon Denis, da


Editora FEB, 10a. Ed., Rio de Janeiro (RJ), 1994, escreve na
Nota Complementar, n. 1, que Moisés, o grande legislador
judeu, em lugar algum faz menção da alma como entidade
sobrevivente ao corpo.

E complementa: Na maior parte, os outros livros do Antigo


Testamento não falam do futuro do homem senão com a mesma
dúvida, com o mesmo sentimento de desesperadora tristeza.

4. Deus.
No Bramanismo, entre os Hindus, desde o tempo dos Vedas, há
mais de 2.000 anos antes de Cristo havia o conceito de um Deus
cósmico, com a ideia de uma pluralidade de existências.
Igualmente, também, o Consolador Prometido por Jesus, sob a
direção do Espírito da Verdade (Jo, capítulos 14 e 16), fala de
um Deus Cósmico ao examinar a evolução da alma humana sob
a ótica do nascer de novo e não da unicidade, como entendem o
Judaísmo, o Islamismo, a Igreja Católica Apostólica Romana e
as Reformadas.

Tudo o mais, em princípio, depende de opiniões, pesquisas e


conhecimentos adquiridos para que o homem possa
paulatinamente descobrir cada verdade em si das grandezas e
miudezas do Universo, incluindo necessariamente as suas Leis
Naturais.

Até lá, nos resta vislumbrar algumas facetas poliédricas dessa


grande verdade, ou como disse Einstein, a gente se sente num
pequeno canto de um planeta com o olhar fixo e maravilhado na
beleza fria, mas, contudo, profunda e emocionante do que é
eterno e incompreensível.

10
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

A crença nestas verdades religiosas certamente deverá sofrer


profundas alterações, com a descoberta dos Espíritos pela
Ciência, nos laboratórios universitários, que está bem perto de
ocorrer.

Nesta hora todos os homens vão descobrir como é a vida dos


Espíritos e o que eles dizem do Deus Cósmico, imaginado por
Einstein, e também como eles podem influir na vida dos
homens, para que estes não vivam como disse Einstein, apenas
ser, mas sendo e convivendo, em busca de uma harmoniosa e
ecumênica religiosidade, como se fossem todos do mesmo e
único redil.

01.2. Conceito de Alma (Princípio


Inteligente)
A palavra alma também apresenta suas polissemias e, nas
expressões religiosas tem diferentes significados, como revela o
Dicionário Prático da Bíblia Sagrada, Edição Barsa, 1971, ao
dizer no verbete alma: É o princípio vital que pode ser de três
espécies ou graus: 1) da vida vegetativa (plantas); 2) da vida
sensitiva (brutos); 3) da vida espiritual (homens).

Como cada grau superior supõe o inferior, a alma humana tem


os três graus, como um único princípio, de onde a unidade vital
do ser humano.

Tenho estudado a Doutrina dos Espíritos há mais de 40 anos e


em minhas pesquisas escrevi livros, querendo entender seu
ensinamento associado aos do Novo e Velho Testamento.

11
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Segundo a Doutrina Espírita existem, no Universo, três


princípios fundamentais: o princípio material, que deu origem
aos corpos físicos, o princípio espiritual que deu origem à
sabedoria, e acima de ambos o Criador de todas as coisas.

O espírito humano, em sua origem foi o princípio inteligente,


criado por Deus, simples e ignorante, ao ligar o princípio
material ao espiritual, para ter vida eterna (teve início, mas não
tem fim) e para que em suas vivências passasse pelas provas
para conhecer Sua Verdade ao evoluir, em amor e sabedoria, até
ingressar, como Espírito Angélico, no círculo da Família Divina.
Esta alternativa possibilita à alma cumprir o que disse Jesus:
Sede perfeitos, como perfeito é o Pai Celestial.

Segundo a Igreja, todavia, (ver cap. 2, parte 1, do livro A Igreja


Católica é Mais Paulina do Que Cristã), Deus a cria a alma no
momento da concepção do corpo e a liga ao embrião,
provavelmente no seio materno. O pensamento da Igreja
associado ao do Judaísmo difere profundamente daquele
anunciado pelo Consolador Prometido.

Escreveu São Paulo, em I Tessalonicenses, Epílogo 23: Que


tudo em vós, o espírito, a alma e o corpo, seja conservado sem
mancha para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

No mesmo sentido, um exegeta católico comenta na carta aos


Hebreus, 4, 12: Alma e espírito: Os dois termos originais
designam: o primeiro a parte sensitiva da alma e o segundo as
faculdades espirituais.

Para o Espiritismo a alma, espírito e princípio inteligente são


palavras sinônimas. A diferença decorreu do ensinamento

12
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

contido no Judaísmo Ortodoxo, conforme o livro Cabala, de


F.V. Lorenz, onde se distingue três partes no ser humano:
Neshamah, Ruach e Nephesh.

Nephesh é o corpo físico; Ruach é o princípio intermediário, a


alma e Neshamah é o princípio superior, o espírito.

Para a Doutrina Espírita o homem é formado de três partes:


Corpo físico, perispírito e espírito. O corpo é nephesh; o
perispírito é ruach e espírito, neshamah.

Perispírito é o envoltório ou corpo do espírito e funciona como o


princípio intermediário ou o elo que liga a alma (princípio
inteligente ou espírito) ao corpo físico a partir da formação do
embrião no útero materno.

A palavra alma na Doutrina Espírita tem também duplo sentido,


pois significa o Espírito encarnado e também o ser pensante, o
espírito do homem.

01.3. Deus é Cósmico


O evangelista João (I Jo 4, 16) disse que Deus é Amor e quem
permanece no amor, permanece em Deus; e Deus nele. Este
apóstolo escutou diretamente do Mestre Jesus seu novo
mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei e,
também que Deus é o nosso Pai.

Séculos depois, Allan Kardec ao perguntar O que é Deus?


recebeu dos Espíritos outra definição:

13
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

É a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.


Este conceito revela que o Deus dos Espíritos é um Deus
Cósmico, bem diferente do antigo Pai da família judaica.

Para o Espiritismo Deus é o Criador de todas as coisas contidas


no Universo; é eterno, único, imutável, puro, imaterial,
soberanamente bom e justo.

O amor de Deus, sua Justiça, sua Bondade, são manifestadas na


criação dos espíritos, simples e ignorantes, com oportunidades
iguais e sucessivas de melhoria espiritual ante a pluralidade de
existências, possibilitando a eles as oportunidades de amar e se
instruir, corrigir seus erros e progredir sem cessar.

Deus se manifesta por suas leis naturais em todo o Universo, em


cada ponto do espaço e em cada instante do tempo. Em síntese,
a Suprema Inteligência também é o Supremo Amor.

Em o Consolador foi dito que Deus é o Criador, Pai de todas as


coisas, logo o Espiritismo, como o Cristianismo Redivivo, é
também criacionista. Disseram que os homens não têm
condições de saber esta origem e que eles também estão
pesquisando o princípio das coisas.

E esta ignorância dos homens o leva a mil e outras perguntas,


como por exemplo: O que havia, antes da criação de tudo?
Tantas são as perguntas sem respostas, que me fazem lembrar
aquela história narrada por Stephen W. Hawking, famoso físico
inglês, em seu livro Uma Breve História do Tempo, capítulo 1,
ao ensinar que o conceito de tempo não tem significado antes do
começo do universo, confirmando a resposta de Santo

14
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Agostinho, quando lhe indagaram o Deus fazia antes de


Criação.

Disse ele: o Santo respondeu que o tempo era uma propriedade


do Universo criado por Deus e que não existia antes de seu
começo, mas poderia ter dito que estava preparando o inferno
para as pessoas que fazem este tipo de pergunta.

O conceito de Deus apresentado pela Doutrina Espírita, quando


diz que Ele é a inteligência suprema e causa primária de todas
as coisas, é muito diferente do criacionismo das religiões
judaica, cristãs e islâmica e também muito diferente do
criacionismo bramânico e de todas as concepções religiosas:
Taoísmo, Budismo, Teosofia, Rosa Cruz etc.

Aceito o criacionismo, embora me soe como dogmático,


conquanto tem sua lógica e racionalidade. No estágio evolutivo
de nossa civilização o homem não tem condições de tudo saber.
Foi por isto que os Espíritos disseram: há muitas coisas que não
compreendeis, porque a vossa inteligência é limitada; mas não
é isso razão para as repelirdes.

Como se percebe, para o homem do nosso tempo, como aquele


do tempo de Jesus, ainda há muitas coisas que não
compreendem. O Mestre deixou bem claro em suas palavras:
Amar a Deus de toda sua alma e de todo o teu entendimento.

Ele sabia que os homens estavam em diferentes graus


evolutivos, daí sua compreensão e fraternidade com todas as
gentes. Sua crítica se dirigia sempre aos hipócritas e que se
assemelhavam a lobos vestidos com pele de ovelha.

15
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Tenho amigos católicos, evangélicos, budistas, judeus,


umbandistas e do Candomblé e tenho a convicção de que cada
um acredita na sua verdade religiosa e tem a liberdade de ser,
agir e pensar como quiser. A evolução espiritual é solo, pois
cada um responde por seus atos. Nada há neste livro que tenha
segundas intenções, dado que a proposta é transmitir uma
informação da maneira mais correta possível, anotada sem
qualquer proposta de proselitismo.

16
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

CAPÍTULO 2

O LIMITE DA AÇÃO
DOS ESPÍRITOS

O mundo dos Espíritos, composto por entidades que recebem


diferentes nomes, como almas dos mortos, anjos, demônios,
santos, diabo, deuses, existe para mais de 90 por cento da
população humana.

A relação dos homens com este mundo é extremamente variável


seja pelos comportamentos individuais, seja pelas decisões dos
dignitários das diferentes religiões. A ação destes Espíritos,
portanto, é interpretada conforme exegese de cada um.

Os escritos nos livros sagrados tidos como palavras de Deus, em


que pese os cuidados dos guardiões responsáveis, algumas vezes
foram ligeiramente alterados seja por causa de traduções ou de
uma para outra língua, ou uso deste ou daquele termo que gera
polissemia. Assim, consequentemente a interpretação dos
religiosos termina em cismas e novos ramos numa frondosa
árvore religiosa.

A quase totalidade de população humana, perto de 90 por cento,


admite existir em si algo de espiritual, distinto de seu corpo
físico. Esse algo além do corpo ele chama de alma ou espírito;
sobrevive ao corpo físico e vai habitar o mundo dos mortos.
Todos os livros sagrados falam desse mundo espiritual e da
existência dos Espíritos que exercem influência sobre a vida dos

17
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

homens. Estes seres viventes recebam diferentes nomes:


Espíritos, Anjos, Demônios, Guias Protetores, Santos e tantos
outros. Qual é o limite de sua influência sobre os homens?

A resposta é variável, pois depende do entendimento dos


dignitários de cada religião. Estas religiões se agrupam
basicamente em dois grandes grupos: as que admitem existir
apenas uma existência da alma na terra e as que consideram uma
pluralidade de existências.

No primeiro caso se incluem o Judaísmo, o Cristianismo da


Igreja Romana e Reformadas e o Islamismo. Para estas religiões
a alma do morto fica como que num estado de sono aguardando
o dia da ressurreição de seu corpo no Juízo Final.

No segundo, temos as religiões ou filosofias religiosas que


admitem a pluralidade das existências. Para estas, há a
reencarnação ou renascimentos das almas ou espíritos como
homens e, que após sua morte, retornam para o Além, onde a
vida continua, com seu livre arbítrio e interagindo com o mundo
dos vivos de diferentes maneiras, seja para o bem ou para o mal.

Para a Doutrina Espírita, também conhecida como o Consolador


Prometido, essa influência oculta dos Espíritos sobre os
pensamentos e ações humanas é maior do que os homens podem
imaginar (LE, 459). Somente um estudo mais amplo destas
relações permite o conhecimento deste grau de dependência ou
de influências mútuas, dando origem a causas cujos efeitos eles
pouco compreendem.

18
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

02.1. O Consolador Prometido


Allan Kardec é o pseudônimo usado pelo professor Hippolyte
Léon Denizard Rivail, nascido em Lyon, França, em 3 de
outubro de 1804, em seu trabalho de Codificação da Doutrina
dos Espíritos. É também conhecida como O Consolador
Prometido, cuja publicação começou com O Livro dos
Espíritos, em sua primeira edição em 18 de abril de1857.

Os termos Espiritismo e espírita foram criados por Allan


Kardec, em 1857, para distingui-los, como espécie, do gênero
Espiritualismo e espiritualista, comum a todas as religiões.
Espírita, portanto, é o termo que designa o seguidor do
Espiritismo ou (Consolador Prometido), considerado por ele
como o cumprimento da promessa de Jesus, conforme se lê no
Evangelho de João, capítulos 14 e 16, quando afirmou (Jo, 14,
25 e 26): Eu vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar
de tudo o que vos tenho dito.

Por causa dos novos esclarecimentos e da recordação dos


ensinados por Jesus é também de Cristianismo Redivivo, isto é,
o Evangelho de Cristo, liberto dos dogmas apostólicos
acrescentados a ele nos Concílios da Igreja Romana.

Seus princípios fundamentais estão todos assentados nas


palavras de Jesus Cristo:

1. Existência de um Deus Único;

2. Progresso infinito da alma;

19
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

3. Reencarnação;

4. Pluralidade dos mundos habitados;

5.Perispírito: Este termo criado por Allan Kardec, assemelhado


ao perisperma, como tecido que envolve a semente. É corpo
espiritual da alma e se constitui no elo intermediário entre ela e
o corpo físico, desde sua ligação na concepção do corpo até a
morte, como o ruach na Cabala;

6. Lei de causa e efeito: Revela que a toda ação corresponde


uma reação, razão porque Deus não castiga nem perdoa; sua lei
se cumpre, pois será dado a cada um, segundo suas obras. É o
carma das religiões orientalistas;

7. Livre arbítrio: É o princípio da livre determinação individual


de ser, agir e pensar, implicando na liberdade de tempo, de
modo e de vontade e na responsabilidade pessoal dos atos
praticados pelos espíritos, encarnados ou desencarnados;

8. Comunicação dos Espíritos: Genericamente significa todas as


formas de intervenção de efeitos físicos ou inteligentes dos
agentes do mundo espiritual no mundo dos homens.

De modo particular foram ou são as mensagens dos Espíritos


transmitidas através dos profetas, sibilas, pitonisas e outros
nomes, designadas como a intervenção do Espírito Santo.
Segundo o Consolador estas mensagens dos deuses do passado,
decorrem de uma faculdade do homem, designada de
mediunidade, da qual todos estão dotados, pois decorre de uma
disposição orgânica (ver. Cap.3).

20
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

10. Esquecimento do passado: O Espírito quando renasce não se


lembra do seu passado. A recordação das existências passadas
teria inconvenientes maiores para sua evolução, como no caso
de inimigos do passado, prejudicando sua renovação íntima.

02.1.1. O Espiritismo é uma Doutrina Social

É Ciência de observação, nas relações práticas que se


estabelecem entre os homens e os Espíritos, isto é, entre o
mundo dos vivos da terra e dos vivos do Além.

Tais fundamentos científicos estão contidos em sua obra O


Livro dos Médiuns, que estuda os fenômenos mediúnicos de
forma experimental, demonstrando que aqueles fatos que
sempre existiram em todos os tempos e lugares, podiam ser
examinados e comprovados sob a ótica da razão.

É Filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso para


conhecer o princípio das causas. Tais fundamentos filosóficos
básicos foram instituídos em O Livro dos Espíritos.

É Religião quando, no exercício da razão ou da fé raciocinada,


se apoia nos fatos e na lógica destas relações entre os homens,
Deus e os Espíritos, tendo em vista as consequências morais que
delas dimanam.

02.2. Mediunidade: Fatores Condicionantes


Sinteticamente pode-se dizer que ao se formar o embrião no
útero materno, desde o primeiro instante, o corpo espiritual do
espírito que vai nascer se liga a este embrião, como um molde

21
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

na estruturação de seu corpo físico, em formação, célula a


célula.

Esta ligação decorre de um processo magnético, como informa


André Luiz (Espírito), e ela pode ser mais ou menos densa, à
semelhança daquelas propagandas imantadas que se colocam na
porta das geladeiras.

A relação de um homem com os Espíritos decorre dessa


faculdade que está intimamente ligada a este processo
magnético, mais ou menos denso na ligação entre seu corpo
espiritual e seu corpo físico, e, é por isso, que todos pouco mais,
pouco menos possuem esta faculdade mediúnica.
Consequentemente, as relações entre o mundo dos mortos e dos
vivos estão intimamente associadas e decorrem das mútuas
influências ou graus de dependência entre homens e Espíritos.

Em síntese, a relação mediúnica se efetiva entre o corpo


espiritual do homem com o do Espírito.

Assim, a mediunidade é a faculdade que tem o homem se tornar


um instrumento das comunicações dos Espíritos. Ele é um
médium, como médium foi um profeta, uma pitonisa e tantos
outros ao longo da civilização. Esta mediunidade depende, pois,
de muitos fatores que condicionam esta inter-relação.

Quatro são os fatores condicionantes principais para que essa


faculdade seja exercida.

22
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Primeiro:

A mediunidade é inerente a uma condição orgânica, de que


todos podem ser dotados, como a de ver, ouvir e falar (ESE,
cap. XXIV, 12).

Ela decorre do menor ou maior grau de densidade na ligação dos


implementos do corpo espiritual ao corpo físico. Os laços que
ligam o corpo espiritual ao corpo físico não somente dependem
do grau evolutivo da alma, mas também das condições
reencarnatórias de cada uma.

Eles poderão estar mais apertados ou mais frouxos,


magneticamente falando, possibilitando menor ou maior
desarticulação das forças anímicas.

Diz André Luiz que tal eclosão de recursos medianímicos,


capaz de ocorrer em qualquer idade da constituição fisiológica,
independe de quaisquer fatores de cultura, da inteligência ou de
aprimoramento da alma, por filiar-se a fatores positivamente
mecânicos (Mecanismos da Mediunidade, cap. XVII). É neste
sentido que se diz que a mediunidade é uma dádiva ou um dom.

Quanto mais frouxos os laços, maiores são as possibilidades


para que a mediação se realize. Muitas pessoas exercem esta
faculdade de forma sem saber o que é e como ocorre.
Aparentemente veem e conversam com os Espíritos
empiricamente. Às vezes são chamados de alienados mentais.

Quando têm consciência desta faculdade, podem adquirir


conhecimentos específicos, como indica O Livro dos Médiuns,

23
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

de maneira a utilizá-la para o bem de si mesmo e do próximo,


como fez Francisco Cândido Xavier e fazem tantos outros.

Segundo:

É um fator que decorre da evolução da própria alma.

Caracteriza-se como mediunidade de conquista, variando


também de um mínimo nos Espíritos inferiores a um máximo,
nos superiores, dado o domínio que têm sobre a matéria.

Terceiro:

Este fator prende-se diretamente do livre arbítrio e da vontade


do médium em ligar-se com os Espíritos

Quarto:

Depende do livre arbítrio do Espírito e de sua vontade em querer


ligar-se ao médium.

Em O Livro dos Espíritos, questão 433, há uma associação dos


dois primeiros fatores. Kardec pergunta: O desenvolvimento
maior ou menor da clarividência sonambúlica depende da
organização física ou da natureza do Espírito encarnado?
Resposta: De uma e de outra; há disposições físicas que
permitem ao Espírito libertar-se mais ou menos facilmente da
matéria. Esta correlação é também explicada pelos amigos
espirituais na questão 448, ao dizerem que nos mundos menos
materiais que o nosso, os Espíritos se desprendem mais
facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento,
sem excluir, entretanto, a linguagem articulada.

24
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

02.3. Leis Naturais e Leis Morais


Em síntese pode-se dizer que todas as Leis da Natureza
reguladoras da estrutura do Universo, e de cada um de seus
componentes, galáxias, nebulosas e sistemas estelares em si, são
chamadas leis naturais ou leis divinas, dado que para os
criacionistas foram feitas ou criadas por Deus.

No LE, questão 626, há um esclarecimento: Estando as leis


divinas escritas no livro da Natureza, o homem pôde conhecê-
las sempre que desejou procurá-la.

Umas se ligam ao princípio material, que deu origem a todos os


corpos físicos do Universo, constituindo-se, pois no campo de
estudo das Ciências exatas que regulam sua estrutura ou
organização. Outras decorrem do princípio espiritual, como a
alma, e praticamente se ligam às Ciências humanas.

Na questão (LE 615) os Espíritos afirmam que a Lei de Deus é


eterna e imutável como o próprio Deus.

Espinosa em sua Ética chama a natureza material de natura


naturata e a natureza inteligente de natura naturans,
distinguindo assim os dois princípios, material e o inteligente.

São Paulo, em Atos dos Apóstolos, 17, 28, diz: Em Deus


vivemos, nos movemos e existimos. Lao Tse, em seu livro Tao
Te Ching (Faces do Mistério) ele afirma: Existe algo indefinido
e completo, que nasceu antes do céu e da terra. Como é calmo e
informe, solitário e imutável, e tudo atinge sem se exaurir!
Deve-se considerá-lo a Mãe de todas as coisas. Não sei o seu
nome e, na falta dele, eu o chamo de Tao (O Caminho Perfeito).

25
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Em outro item, quando fala do Tao, Lao Tse escreve: Sua


origem está lá onde não existe qualquer ser. Sua forma é sem
forma, sua figura sem figura. Ele é o INDETERMINADO.

Em resumo, para o Espiritismo Deus é o criador de tudo o que


existe e as leis naturais são eternas e imutáveis como o próprio
Deus. Para Lao Tse, não existe um Deus criador, mas tão
somente as Leis naturais, que é o Tao, o Caminho Perfeito.

02.3.1. Divisão da Lei Natural

No LE, questões 647 e 648, fala-se que a lei natural


compreende todas as circunstâncias da vida e registra sua
divisão em dez leis: Adoração, Trabalho, Reprodução,
Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso. Igualdade,
Liberdade, e Justiça, Amor e Caridade. Os Espíritos dizem que
esta última lei de Justiça, Amor e Caridade, resume todas as
outras. O próprio nome indica os objetivos de cada lei e não é
proposta de seu estudo neste livro. Para analisá-las o amigo
leitor poderá consultar o LE, questões 614 até 892.

02.3.2. As Leis Morais, o Bem e o Mal

Vimos anteriormente que na questão 617 os Espíritos falam da


Lei Natural, umas decorrentes do principio material e outras do
principio espiritual. Kardec, em seu comentário anota que o
estudo destas últimas se liga à alma e, praticamente às Ciências
humanas, pois, concernem especialmente ao homem e às suas
relações com Deus e com os seus semelhantes. Compreendem
as regras da vida do corpo e as da vida da alma: são as leis
morais.

26
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O fulcro central das leis morais, portanto, é a busca da perfeição


moral, com o estudo das causas do mal e do bem, do
comportamento do homem com seus vícios (paixões, egoísmo
etc.) e suas virtudes (humildade, paciência, fraternidade etc.).

I. Conceitos de Moral, Bem e Mal (LE, 629 e 630):

A moral é a regra da boa conduta e, portanto, da distinção


entre o bem e o mal. A moral funda-se na observação da lei de
Deus: O bem é tudo que está de acordo com ela e o mal é tudo o
que dela se afasta.

O homem pode distinguir o bem do mal:

a) pelo raciocínio – descobrindo as causas e sendo prudente,


vigiando. Exemplos: fumar ou beber demais prejudica a saúde;

b) pela lógica – comparando e aprendendo pela experiência;

c), pela crença – tendo fé, acreditando na proteção de Deus.

d) pelo amor – querendo para o outro o que quer para si mesmo.

II. Caracteres do Homem de Bem:

Alguns conceitos básicos distinguem os caracteres do homem de


bem (LE, 918): O que é possuído do sentimento de caridade e
de amor ao próximo, que é bom, humano e benevolente para
com todos...;o que é indulgente com as fraquezas dos outros...;
não é vingativo...; o que e respeita, enfim, nos seus semelhantes,
todos os direitos decorrentes da lei natural, como desejaria que
respeitassem os seus.

27
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

III. Características do mal:

- A ideia de mal varia de acordo com o tempo e lugares por


causa da Lei do Progresso e das diferenças individuais;
- O mal é sempre o mal. A responsabilidade depende da
intenção que se tenha em praticá-lo e do grau evolutivo. A alma
mais evoluída tem maior responsabilidade (LE, 636);

- O mal não é menos mal por ser necessário (LE 638) como a
morte dos animais que no futuro não mais existirá;

- O homem sofrerá a pena não somente do mal que tenha feito,


mas também do que houver provocado (LE, 639)

- Aquele que não fez o mal, mas dele se aproveitou, tem


responsabilidade, pois é como se o tivesse cometido (LE, 640);

- O desejo do mal gera responsabilidade se lhe faltou


oportunidade (LE, 641);

- Não basta não fazer o mal é preciso fazer o bem; toda alma
responde pelo bem que deixou de fazer (LE, 642).

Por fim, nos dizem que não há arrastamento irresistível ao mal,


basta conhecer-se a si mesmo (LE, 919).

Quando se tem fé em Deus, boa-vontade, perseverança e se


busca a ligação com seu anjo de guarda ou outros santos ou
guias protetores, toda alma acha o apoio divino para resistir a
grandes obstáculos, como consequência natural de sua prece,
dentro de seus méritos ou esteja dentro do limite da ação dos
Espíritos.

28
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

CAPÍTULO 3

O LIMITE DA AÇÃO HUMANA

O homem, ante suas dificuldades de saúde, trabalho, família,


amor, conhecimento, de acordo com seu entendimento, observa
esse mundo espiritual e age de diferentes maneiras, negando ou
concordando, simplesmente crendo ou sabendo. Alguns dizem
que o diabo e seus demônios simbolizam o mal e querem roubar
as almas humanas, filhas de Deus.

Outros aceitam que Deus salva pela fé, outros que salva pelas
obras e, outros ainda, que cada um se salva por si mesmo. Além
destas diferentes interpretações no que concerne a forma de agir,
pensar e ser decorrentes dessa relação com os Espíritos, os
homens de per si por seu entendimento executam suas tarefas na
vida diversamente um do outro.

Estas formas de pensar, agir e ser do homem, naturais por causa


dos diferentes estágios evolutivos em que se encontram, acaba
determinando práticas diferenciadas em suas ações.

Partindo dos pressupostos condicionantes da mediunidade,


decorrentes da inter-relação homem e Espírito, se pode dizer que
o limite da ação humana depende diretamente de sua evolução
em moral e saber, de suas propostas de trabalho programadas
como Espírito, antes de nascer, de provas a cumprir ou
expiações a resgatar.

29
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Dentro das leis morais todo Espírito tem seu livre arbítrio, seja
no mundo físico seja no mundo espiritual e esse seu livre
arbítrio é respeitado, porquanto a alma é responsável pela rota
do seu destino ou de sua evolução.

Foi por isso que Jesus nos ensinou na sua Boa Nova:

Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á


porque todo aquele que pede recebe, o que busca acha.

Foi por isto que no Consolador, LE 123, foi dito que a


sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que
concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de
suas obras.

O ensinamento de Jesus revela o natural respeito à lei de Deus,


porque cada alma é responsável pela construção de sua casa
(vida), seja numa rocha ou na areia e tem os méritos de sua
evolução por suas conquistas.

A prece pode ser de louvor, agradecimento e também um pedido


de ajuda. Neste pedido a alma está dizendo: Senhor, por meu
livre arbítrio não tenho conseguido realizar minha tarefa, por
isso peço socorro.

Se a alma não pedir ou não buscar o apoio divino é sinal de que


não está precisando de nada e sua vontade é respeitada. Na rua
você pode dar esmola a quem pede, mas não oferece a qualquer
um que passa.

Assim se processam as relações dos vivos da vida da terra com


os vivos da vida eterna, sempre tendo em vista uma

30
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

multiplicidade de variáveis, seja pelas qualificações dos


Espíritos, seja pela dos homens, criteriosamente examinadas no
corpo doutrinário do Consolador Prometido ou Cristianismo
Redivivo.

Dentro dos ensinamentos recebidos nessa codificação e nos


livros complementares escritos por outros Espíritos, dentre os
quais cito André Luiz e Emmanuel, sem desmerecer todos
aqueles outros que falaram com os homens, através de muitos
médiuns, anoto que alguns temas carecem de maior
esclarecimento dadas as diferentes interpretações dos homens a
seu respeito.

Como uma síntese geral, vimos no capítulo anterior que a


mediunidade é uma faculdade que permite ao homem agir como
elo entre os dois mundos da vida da alma. No passado este elo
foi exercido pelos profetas, sibilas, pitonisas, mas hoje o é, pelos
chamados médiuns. Todos os homens, pouco mais, pouco
menos possuem esta faculdade de servirem de intermediários
entre estes dois mundos. Durante o sono sonhamos e nosso
sonho, quase sempre é um tempo de reencontro com aquela
vida, tendo em vista o desdobramento da alma que se afasta do
corpo que, simplesmente, repousa para recuperar suas energias.
De modo geral, se diz que a alma não dorme por isso o instante
do sono é uma porta aberta para ela rever amigos, analisar sua
vida, estudar, trabalhar, e também, se divertir, conforme seja seu
comportamento mais apegado às coisas materiais ou do espírito.
Certos homens, todavia, dependendo da combinação daqueles
fatores condicionantes da mediunidade podem ter maior
faculdade para mediar as comunicações dos Espíritos com os
homens. Foi o caso dos grandes profetas do Velho Testamento e
de muitos outros que a historia religiosa registra.

31
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Em nossos dias, no campo da mediunidade, como ação humana


na relação com os Espíritos, viveu Francisco Cândido Xavier
como o grande medianeiro que praticamente complementou,
com múltiplos esclarecimentos, a obra da Codificação elaborada
por Allan Kardec.

Muita gente o reconhece como um santo, quando se dá a esta


palavra, sob o aspecto moral, a conotação daquele que obedece
as Leis de Deus, agindo amorosamente em todos os seus atos,
com humildade e respeito aos outros. Todavia, sob o aspecto
ontológico, segundo o conceito espírita, esta santidade
propriamente não existe, porque todos nós, como criaturas,
seguimos passo a passo os degraus da evolução anímica no
campo das vidas sucessivas para atingir o nível dos Espíritos
superiores, como todos aqueles que reúnem a ciência, a
sabedoria e a bondade, através de uma linguagem que transpira
benevolência, dignidade, elevação e muitas vezes sublimidade.

03.1. Fidelidade Mediúnica


Denomina-se fidelidade mediúnica a perfeita transmissão do
pensamento do Espírito na mensagem escrita. Qualquer
interferência do pensamento do médium é classificada de
animismo.

Em O Livro dos Médiuns todos os fatos espíritas e fenômenos


mediúnicos, tipos de mediunidade, influência do organismo,
foram examinados com profundidade pelo codificador.

Em Chico Xavier temos provas suficientes ao analisar as


mensagens dos autores que mais se serviram dele como
instrumento para manifestar suas ideias. Nos muitos livros de

32
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

André Luiz, de Emmanuel e de Humberto de Campos (Irmão


X), somente para citar três deles, percebe-se a sustentação do
estilo, temperamento e vivência de cada um na transmissão dos
conceitos e ideais.

André Luiz assemelha-se a um professor dos fatos científicos e,


falando para a mente, esquadrinha a realidade física do Mundo
Espiritual, das moradias nas cidades, dos meios de transportes,
da evolução da alma nos dois mundos, da mediunidade, da
ligação das vidas passadas à presente, da Lei de Causa e Efeito,
transmitindo-nos com a nitidez possível como vivem os
Espíritos.

Emmanuel, tal um notável padre amoroso, analista e comenta os


fatos do Evangelho de Jesus, falando para o coração,
esquadrinha a religiosidade da alma, associando os
ensinamentos de Jesus e de Paulo de Tarso aos da Codificação
espírita, para demonstrar como o homem deve agir no caminho
do bem para não se demorar tanto nas zonas do sofrimento.

Humberto de Campos ou Irmão X, o cronista dos fatos da vida


espiritual, nos revela como os Espíritos se comportam ao se
descobrirem que continuam vivos e como agem neste confronto
com a nova realidade.

Em todos os livros destes autores espirituais, segundo a análise


de muitos estudiosos, eles mantiveram ao longo de suas obras o
mesmo eixo de suas tendências vocacionais, o mesmo estilo e
estrutura da linguagem.

Sem entrar no mérito específico das mensagens de cada um,


pode se dizer que Chico Xavier foi um canal correto ao

33
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

transmitir seus pensamentos. Não se pode confundir o


pensamento do autor espiritual com a atividade do médium.
Muitas vezes, quando o médium não é fiel, ele interfere no
pensamento dos comunicantes, provocando o que se denomina
de animismo. Por isto, pelo menos dois fatores devem ser
levados em consideração, quando se analisa tais manifestações:
A linguagem utilizada pelos Espíritos em sua mensagem,
incluindo-se aí a natureza das comunicações (seriedade,
elevação, frivolidade) dos conceitos externados e o grau de
intervenção do médium nestas manifestações, revelando sua
maior ou menor passividade no contato com a mente espiritual
que transmite o seu pensamento.

João, o apóstolo, em sua Epístola I, capítulo IV, disse:


Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se
os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas
que se levantaram no mundo. Logo, é possível acreditar em
alguns Espíritos (em suas comunicações), portanto nem todos
são demônios ou falsos profetas. De uma forma ou de outra, a
afirmação do Apóstolo contraria o dogma da Igreja que fala da
incomunicabilidade dos mortos.

A Doutrina Espírita ensina também que nem todas as


comunicações devem ser aceitas como se verdades fossem e que
tudo o que for dito ou escrito pelos Espíritos deve passar pelo
crivo da nossa razão.

Para atender a este requisito tem ela dois princípios


fundamentais: O princípio da diversidade das fontes de
comunicação e o princípio da concordância universal das
comunicações.

34
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O primeiro, diz Allan Kardec em O Livro dos Espíritos,


Introdução, item XVI: Se todos os fenômenos provêm do
médium, deviam ser idênticos para um mesmo indivíduo e não
se veria a mesma pessoa falar linguagens diferentes, nem
exprimir alternadamente as coisas mais contraditórias. Essa
falta de unidade nas manifestações de um mesmo médium prova
a diversidade das fontes.

O segundo princípio revela-se na concordância das revelações


feitas espontaneamente, através de um grande número de
médiuns, estranhos uns aos outros e em diversos lugares.

Conscientes de tais princípios, os aprendizes do evangelho do


Cristianismo Redivivo sabem que há um elevado grau de
interdependência entre os dois mundos e que as Entidades do
Além interferem na vida dos homens, muito mais do que eles
possam imaginar, conquanto também os homens, conhecendo
melhor aquele mundo e tendo certeza da vida futura, poderão se
libertar do medo da morte, do medo dos fantasmas e de muitas
crendices e superstições.

Como já foi escrito na obra da Codificação, o Espiritismo não


foi uma criação dos homens, mas foi elaborado pelos Espíritos
Superiores, como o Consolador Prometido, para revelar como
vivem as almas dos homens depois de sua morte física,
submetidas aos seus princípios fundamentais. Segundo seus
ensinamentos a vaidade, o orgulho e o egoísmo humano são os
grandes escolhos do progresso da alma, da mesma forma que o
anseio do poder e da posse de bens materiais, salvo se e quando
administrados com justiça e amor ao próximo.

35
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

03.2. A Exegese do Ponto Crítico


O objetivo deste item, neste capítulo, é mostrar alguns temas
polêmicos e revelar ao amigo leitor que ele não deve
simplesmente acreditar em Kardec, em um Padre ou em um
Pastor, mas descobrir quem tem razão ou que esteja mais
próximo da verdade de acordo com o seu entendimento.
Ninguém deve crer por crer, mas crer por saber. É o princípio da
fé raciocinada. Este princípio é de suma importância para o
aprendizado da Doutrina Espírita, motivo porque se propõe o
estudo do tema seguinte que exigirá do nosso leitor a mais
profunda reflexão para descobrir quem está com a razão, dada a
sutileza da dialética.

03.2.1 – Quem Está Envolvido Pelo Satanás?

Num folhetim, distribuído por pregadores evangélicos, havia um


artigo que examinava o tema Quem Realmente Governa o
Mundo? E um subtítulo: Resista aos Espíritos Iníquos.

Estava escrito que apesar de a Palavra de Deus indicar


claramente que os mortos não estão cônscios de nada (Genesis
2:17; 3:19; Ezequiel 18:4; Salmo 146:3; Eclesiastes 9:5, 10) ,
esses governantes mundiais invisíveis e iníquos estão decididos
a desencaminhar toda a humanidade, desviando-a da adoração
de Deus. E continua: Assim, um espírito iníquo, imitando a voz
do falecido, talvez fale com os parentes ou amigos vivos dele,
quer através dum médium espírita, quer através duma voz
procedente do domínio invisível. A voz finge ser o falecido, mas
é na verdade o demônio!

36
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Satanás, demônio, diabo na linguagem das religiões originárias


do Velho Testamento são palavras que simbolizam os anjos
decaídos que se rebelaram contra a vontade de Deus. Para estas
igrejas o satanás ao ser criado por Deus o foi na perfeição, como
anjo, e mesmo após sua ação de rebeldia contra o Criador
continuaram a manter o poder de comunicação.

O homem, por exemplo, na linguagem de um dogma da Igreja


Romana, não foi criado com a natureza dos anjos. É constituído
de corpo e alma, formando uma pessoa; ele manifesta-se,
enquanto vivo sua vontade através do corpo; mas quando morto
o homem, sua alma sem o corpo perde sua capacidade de
manifestação porque não tem a natureza divina dos anjos.

Por causa deste dogma, a Igreja fala na ressurreição dos corpos


no dia do Juízo, quando então os homens recuperarão esta
faculdade no fim do mundo.

Para o Espiritismo não existe satanás nem demônio do sentido


dogmático atribuído à estas palavras. São apenas Espíritos
inferiores, isto é, de menor grau de evolução moral e até
intelectual, agindo por ignorância ou maldade, mas nunca uma
personalidade específica do mal, em oposição a Deus.

Diz o folhetim que se algum dia você ouvir uma voz assim, não
se deixe enganar. Rejeite o que quer que esta diga, repita as
palavras de Jesus: Vai-te, Satanás! (Mateus 4:10; Tiago 4:7).

E complementa que tal envolvimento chama-se espiritismo, e


Deus adverte seus adoradores contra todas as formas deste,
citando Deuteronômio 18:10, concluindo, enfaticamente: Visto
que o espiritismo coloca a pessoa sob a influência dos

37
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

demônios, resista a todas as suas práticas, não importa quão


divertidas ou excitantes pareçam. Tais práticas incluem o uso
da bola de cristal e de pranchetas Ouija, a PES (percepção
extrassensorial), o exame das linhas da palma da mão
(quiromancia) e a astrologia.

Estas palavras indicam que o autor deste folhetim


premeditadamente misturou conceitos ou como diz o dito
popular, alhos com bugalhos, provando sua segunda intenção e
revelando desconhecer completamente o que é o Espiritismo.
Atemoriza seus fieis e seus eventuais leitores com as ameaças de
um Deus cruel que somente pode existir na cabeça de um falso
profeta.

O Espiritismo é obra dos Espíritos Superiores, o Consolador


Prometido por Jesus. Allan Kardec demonstrou e muitos
cientistas comprovaram que as comunicações das almas dos
mortos com os vivos não é enganação de qualquer conjunto de
Demônios, pois se o fossem, seriam benditos, pois revelaram ao
homem a verdadeira face do mundo espiritual, comprovando
efetivamente que a vida continua além da morte física.

Não resta a menor dúvida a este respeito. Se você, amigo leitor,


tiver medo do inferno pode continuar acreditando nestas
palavras do folhetim, mas se confiar na justiça divina e no seu
bom senso, estude as comunicações dos Espíritos, analisando-as
sob o crivo de sua razão e descubra, por você mesmo, que
aquele demônio ou satanás de uma voz que pode lhe falar como
menciona o folhetim, pode ser um Espírito amigo e até familiar
que quer ajudá-lo a se libertar de sofrimentos, incertezas,
pieguices aterrorizantes, às vezes manipuladas por falsos
profetas.

38
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Através do estudo da lei da reencarnação ou pluralidade das


existências, a Doutrina nos conduz à lei do progresso e à
evolução anímica, em amor e sabedoria, desde sua condição de
criatura simples e ignorante até a perfeição relativa nos estágios
mais elevados. Foi por isso que Jesus disse que poderíamos
fazer as coisas que ele mesmo fazia e até mais.

É preferível e muito mais racional passar os milênios nascendo,


morrendo, renascendo para viver de cada vez 50 anos ou mais,
do que passar estes mesmos milênios num estado de transe, com
se estivesse dormindo, a espera da ressurreição do corpo no
Juízo Final, para depois dele, ir por outros milênios viver num
céu paradisíaco de contempladores de Deus, ou para uma zona
infernal de sofrimento atroz, por todos os séculos dos séculos.

Bem mais da metade da população mundial aceita a


reencarnação e praticamente toda esta porção concorda com a
comunicação dos Espíritos com os homens.

A verdade é uma só: ou os Espíritos se comunicam ou não se


comunicam. Se se comunicam, o Espiritismo está com a razão e
com a verdade e, neste caso, os dogmáticos é que estão sendo
envolvidos pelos demônios, que não querem que a verdade
venha à tona.

Quem está com o demônio, afinal? Quem está envolvido pelo


satanás?

São Mateus (12, 24 a 26) narra que os fariseus injuriaram o


Mestre dizendo: É pelo poder de Belzebu, príncipe dos
demônios, que este homem expulsa os demônios.

39
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Jesus lhes respondeu: Todo reino dividido em si mesmo será


destruído e toda cidade ou casa dividida em si mesma não
poderá subsistir. Se Satanás expulsa Satanás está fazendo
guerra a si mesmo.

Tenho a convicção de que não foi Allan Kardec manipulado por


falsos profetas, pois ao falar com o Espírito da Verdade
codificou o Consolador Prometido e recordou o que Jesus Cristo
disse, sem as inserções feitas pelos homens, a respeito da prática
do amor ao próximo, da vida futura no reino de Deus e tantas
outras verdades, para que a humanidade não permanecesse na
ignorância.

Quem está com Satanás? O que ameaça, vilipendia, calunia e


engana ou aquele que fala da necessidade da renovação de si
mesmo, pelo entendimento da fraternidade e ajuda ao próximo,
praticando a Lei do Amor? Jesus ensinou (Mt 7, 15): Acautelai-
vos contra os falsos profetas, que vêm a vós com vestimenta de
ovelhas e por dentro são lobos vorazes.

Esta afirmação vale para os dois lados na linguagem do


folhetim.
Você decide meu amigo leitor. Você tem seu livre arbítrio e,
portanto, é responsável pelo seu destino. Somente não poderá
depois jogar a culpa em A, B ou C ou, ainda, em Deus.

03.2.2. Conversando com os Demônios

Um dia, lá pelos idos de 95, não me lembro da data exata,


quando a Televisão Record mantinha um programa chamado de
25a. Hora, e sendo eu um dos convidados, conversei com um

40
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

dos Pastores, escritor de livros, e disse a ele: Você ao invés


expulsar o Satanás, porque você não conversa com ele. Não
tenha medo, principalmente você que se sente protegido por
Deus. Tente dialogar e vai descobrir que é um Espírito, amigo
ou parente de alguém.

Ele me confessou que certa vez acontecera algo parecido com o


que lhe falara. Disse que numa das reuniões tentava expulsar um
demônio que envolvera uma pessoa presente. Quando
exorcizava chamando-o de demônio, o tal do demônio lhe disse:
Não sou demônio não, eu sou fulano de tal e irmão dessa
mulher que está perto de você.

Ele disse ter levado um susto, olhou e perto dele havia uma
mulher a quem perguntou: Você tem um irmão chamado fulano
de tal, ela respondeu que tinha, mas que ele havia morrido havia
um tempo. O susto aumentou e ele não sabia se continuava
falando com o demônio ou com o Espírito do irmão da mulher.

Havia toda uma mística religiosa dentro da organização da


atividade envolvendo o exorcismo; ele tremeu nas bases e me
confessou que para não ter problema publicamente pediu ao
fulano de tal que se retirasse em nome de Jesus. Foi o que
aconteceu.

Analisando o fato: Para aquele Pastor que escreveu o Folhetim,


do item acima, certamente seria um demônio querendo enganar
o Pastor, mas para o Pastor da Record que me contou o fato
restou a grande dúvida do ser ou do não ser.

41
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

03.3. Promessas e Jogo de Loteria


O Espiritismo aceita ou condena o jogo de Loteria Esportiva?
O jogo é um vício que pode conduzir muitos homens a
comportamentos condenáveis. Cabe ao livre arbítrio de cada um
marcar o limite de sua ação para que os efeitos não sejam
negativos em sua vida.

Um jogo de cartas pode ser uma brincadeira de amigos, um


lazer, um passatempo, mas se ele influir em rotinas que
prejudicam a educação e a evolução da alma no bem, por causa
da repetição constante, será um vício a ser eliminado.

Fatores importantes na análise do jogo estão ligados à intenção


do jogador: o desejo de ganhar dinheiro fácil; a ânsia de ser o
vencedor; a raiva e angústia que o perdedor manifesta; a
malandragem dos espertos querendo passar a perna nos outros;
as promessas de ajudar os pobres com os resultados obtidos.

Deus julga as intenções de cada um, e se você se perder por elas,


sendo ambicioso, intolerante, hipócrita etc., uma simples
brincadeira pode gerar consequências desagradáveis.

A Loteria Esportiva pode ser um passatempo jogando-se pouco


para ganhar muito, pois quem não arrisca não petisca.

A riqueza é uma prova e nada acontece por acaso, de acordo


com o ensinamento dos Espíritos. Este jogo pode trazer
extraordinárias mudanças nas vidas dos seus ganhadores ou na
de seus jogadores inveterados. A prova da riqueza é tão ou mais
difícil que a prova da miséria, por isso quem está submetido a

42
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

elas carrega um fardo muito pesado, pelas causas e influências


negativas que traz no seu bojo, se não domadas a tempo.

O vício é o balde que leva o jogador, quase sempre, ao fundo de


um poço vazio de esperança e de amor, se ele não souber
separar da ganga bruta de seus sonhos e ambições.

Posso estar errado porque o mal e sempre mal: uma fezinha de


vez em quando não me deixa mais pobre, mas pode me trazer a
riqueza. Quem sabe se deveria passar por esta prova?

O erro não está no jogo, está no homem.

Pior comportamento é daquele que faz promessas a Deus para


ganhar na loteria, propondo doar tanto quanto a esta ou aquela
Instituição.

03.4. Vida em Família


A família é o berço onde os homens ensaiam seus primeiros
passos na sua senda evolutiva neste mundo, hoje muito diferente
daquela dos tempos antigos, todavia resultante de uma
civilização construída pelo próprio homem por sua cultura e
experiências acumuladas.

A vida em família é o ponto de encontro daqueles espíritos que


têm reajustes a realizar, seja como missão, expiação ou prova.

É por isso que quase sempre se nasce na família que lhe é mais
necessária e junto àqueles amigos ou inimigos de outrora que
têm compromissos recíprocos.

43
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Jesus ensinou que antes que se levasse a oferenda ao altar para


oferecê-la ao Pai, ali a deixasse e retornasse para se reconciliar
com seus inimigos e, depois, sim, fizesse a oferta. A família
consanguínea, pela misericórdia de Deus que quer a harmonia
entre seus filhos, como ensina o Consolador Prometido, é um
lugar propício para esta reconciliação.

A terra se tornou uma pequena aldeia, ligada nos seus quatro


cantos pelas linhas imaginárias da Internet, pelas imagens da
televisão, pelas ondas do rádio e da telefonia.

Não há, propriamente falando, mais mistérios na conduta


humana, seja desta ou daquela sociedade, com este ou aquele
regime de governo, desta ou daquela etnia, deste ou daquele
fundamento religioso.

A moral da família, bem como a de qualquer país, foi


contaminada pela moral do mundo, como o mundo foi
contaminado pelas ondas de renovação de costumes deste ou
daquele núcleo familiar, cidade ou nação.

O predomínio dos governos democráticos no mundo moderno, a


equiparação dos direitos da mulher aos do homem, as lutas pelas
igualdades de etnias associadas aos meios de divulgação,
unificaram muitas regras de conduta, validando hoje, o que
ontem não era válido como comportamento neste ou naquele
grupo social.

Alguma coisa que antes era feito às escondidas, hoje é feito às


claras e ninguém dá importância ao fato, por estar incorporado
ao quotidiano de todos nós. O estudo da moral, todavia, não
pode ser feito sem seu complemento ético. A ética é intrínseca a

44
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

qualquer paradigma que se quer estabelecer para este conjunto


de regras consideradas válidas, para esta ou aquela família ou
dentro deste ou daquele grupo social.

Uma conduta humana, conforme o tempo, o lugar e as


circunstâncias em que ocorrer, pode ser considerada imoral,
moral ou amoral e ao mesmo tempo antiética, ética ou aética,
como decorrência de aprovação da maioria social ou de
restrições impostas por minorias.

São exemplos, o adultério e a castidade da mulher.

O adultério, por isto, já não é mais nem crime previsto nos


códigos penais da maioria dos países, conquanto esteja ainda
ligado aos fundamentos éticos dos juízos de valor, como sinal de
respeito à sociedade conjugal.

A mesma história se repete com a virgindade da mulher ou com


a homossexualidade, cuja normalidade ou anormalidade deve
ser vista com muita fraternidade e respeito face às vivências
anteriores de cada um.

Como e o que cada família pode ou deve fazer para se


resguardar das ondas da mídia que penetram em casa,
mostrando, até certo ponto, uma sociedade desnuda do que
antigamente se denominava de boa conduta moral?

Em princípio, aquilo que muita gente chama de bandalheira, de


pornografia, de vida desregrada, de violência, de maus exemplos
de comportamento sexual e educacional, estão nas telas das
televisões, dos computadores, nas vias da Internet, dentro de
nossos lares, na mão das crianças e dos jovens que quase tudo

45
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

vê, sem ter tido ainda o fundamento de aprendizado da escola


familiar. Como impedir que isto possa ocorrer, se estes dois
bens da eletrônica constituem instrumental importante da vida
de nossos dias?

Tais equipamentos trazem no seu bojo, ao mesmo tempo, o bem


e o mal. Como separar o joio do trigo?

Os encarregados do poder público e os donos das mídias têm


suas responsabilidades, mas ao pai de família cabe a obrigação
maior de vigiar a educação de seu filho.

O mal é sempre um mal, disseram os Espíritos, mas vejo que a


banalidade do sexo, como uma ação instintiva, talvez seja até
menos importante que a banalidade da corrupção que viceja em
todos os corredores da vida pública, pois decorre de ação
intelectiva e racionalmente aceita.

A conduta humana da falta de respeito aos direitos do próximo,


da violência que campeia em todas as ruas, a impotência do
governo para dar abrigo à saúde e à educação escolar é evidente.

Os valores da moralidade estão em queda. A espiritualidade das


pessoas fenece a cada dia, talvez descrente das verdades
religiosas que ouve. Por isto, a cada dia mais aumenta o número
dos sem religião. Como reerguer essa moralidade?

Minha proposta é colocar as crianças nos trilhos da religiosidade


aplicada à vida social, não desta ou daquela religião em si, mas
dos fundamentos de respeito ao próximo, da fraternidade e
cooperação, fundamentada nos princípios de cidadania e de
entendimento do outro.

46
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

No Estado de São Paulo esta norma já existe, basta apenas os


dirigentes das escolas e religiões se entenderem, esquecendo um
pouco sua vaidade e orgulho. O Conselho Estadual de
Educação, por sua Deliberação 16/2001, aprovada em
27.07.2001 pela Secretaria da Educação, apresenta sua proposta
falando de uma educação às crianças apoiada no binômio
autoconhecimento e alteridade, isto é, aprender a ser e aprender
a conviver. Em síntese a proposta era da uma religiosidade
aplicada à vida social, começando pelo Ensino Fundamental.

Falei na época, a respeito desta proposta do CEE-SP, com o Sr.


Ministro da Educação para que o Estado a impusesse em todas
as escolas, públicas e particulares. E ele, simplesmente, me disse
que seria mexer num vespeiro.

Hoje vejo que o sr. Ministro tinha razão: o Estado se tornou


impotente, pois ninguém teve coragem de colocar a mão nas
vespas, dado que passados treze anos, a norma continua nas
prateleiras, provavelmente com muito blábláblá de reuniões a
seu respeito sem nenhuma produtividade.

Os pedagogos do Estado acham mais importantes as ciências


exatas e os donos das religiões, que a sua deve prevalecer.

Com isto, religiosidade aplicada à vida social, na educação das


crianças, vai ficando para as calendas.

47
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

03.5. Violência e Trabalho


Disse Allan Kardec (Gênese, XVIII, 12) que a marcha
progressiva da humanidade opera-se de duas maneiras: uma
gradual, lenta, insensível, que se traduz em melhorias sucessivas
nos costumes, nas leis, nos usos; outra, por movimentos
relativamente bruscos, semelhantes àqueles de uma torrente que
rompe seus diques, realizando em anos o que demoraria séculos
a percorrer.

Se se fizer uma análise dos principais acontecimentos da


civilização terrena, nestes últimos dois séculos, vai se descobrir
que o homem está passando por uma fase de corredeira deste rio
da evolução.

Existem sinais inequívocos da renovação do mundo nestes


últimos dois séculos da humanidade terrena, por causa da
ciência e da tecnologia que abriram os olhos para o mundo para
o micro e para o macrocosmo.

O homem que agia pelo direito da força nos Estados Nacionais,


foi paulatinamente substituído, nos governos dos Estados
Democráticos, por aquele que age pela força do direito, ao
serem instituídas as bases da legislação moderna, a partir do
Código Civil napoleônico, resguardando os direitos civis, de
família, de propriedade, do trabalho. Ele aprendeu com a dor e
sofrimento das grandes guerras a rever os comportamentos
nacionais ante o poderio das novas armas mortais; dominou
miasmas, pestes e doenças com a descoberta de etiologias antes
obscuras; transformou a gigantesca Terra numa pequena aldeia,
através da telefonia, Internet e transportes por seus aviões a
jato. Foi à Lua e por suas sondas espaciais já ultrapassou os

48
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

limites do sistema solar; tirou fotos excepcionais dos planetas,


dos satélites, de galáxias e das nebulosas que compõem o
Universo.

São sinais inequívocos, ainda, da nova aurora sobre a Terra,


preponderantemente surgidos neste último século:

I. A Organização das Nações Unidas, como entidade


supranacional e fiscalizadora de comportamentos individuais;
II. A instituição dos direitos fundamentais do homem, ínsitos na
maioria dos códigos nacionais:

III. A criação de tribunais internacionais para julgamentos de


pessoas e nações;

IV. O surgimento de entidades governamentais ou privadas


defensoras dos ecossistemas naturais e contra a nefasta e
depredadora ação de empresas econômicas e governos
belicosos, além de movimentos de defesa e proteção às espécies
de animais em extinção, contra a radioatividade da exploração
atômica;

V. A diminuição gradual dos preconceitos de raças,


possibilitando a convivência como se fosse uma grande família;

VI. A diminuição gradual dos preconceitos religiosos, por causa


do uso da razão e da conscientização mundial de que existe um
único Deus, Cósmico, independentemente do nome que lhe seja
atribuído;

49
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

VII. O rompimento das barreiras alfandegárias com a criação de


mercados e instituição de identidade comum, como a ocorre na
Comunidade Europeia;

Nos grupos sociais, no entanto, as mudanças profundas de


comportamentos e dos reajustamentos são graduais, insensíveis,
por força das tradições presas quase sempre às ideias fixas.

As famílias, habitantes das grandes cidades, parecem estar


desunidas face à urbanização dos tempos modernos e dos novos
meios de produção em série, reduzindo-se ao mínimo o trabalho
artesanal, próprio dos grupos familiares anteriores.

Hoje, com o aumento da tecnologia na produção de bens e


serviços associado à participação de pais e mães trabalhando,
houve excesso da demanda da mão-de-obra, gerando
desemprego; seus salários foram reduzidos e seus filhos ficaram
abandonados ou relegados às creches.

O Estado parece impotente para eliminar a baixa escolaridade e


o precário atendimento da saúde. A angústia, a ansiedade, a
inquietação, a dor e a fome são frutos destes desajustes sociais
provocados pelo orgulho, egoísmo e vaidade dos próprios
homens.

Os jornais falam da violência de cada esquina das cidades. Os


ladrões espreitam os incautos, organizam-se em quadrilhas e
assaltam, estupram mulheres e menores; matam a sangue-frio e
o temor assusta a sociedade.

50
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

As revistas mostram a ação dos traficantes que drogam nossos


filhos com cocaína, heroína, maconha, cigarro; com pílula,
seringa e a agulha.

Você vê nas ruas pessoas esmolando um pedaço de pão, os


desempregados pedindo trabalho, os velhos sentados nos bancos
dos jardins, nas praças, alguns de pés imundos, maltrapilhos,
sonhando com uma roupa limpa, um prato de comida, um
aconchego, um banho com água limpa.

Você escuta falar de guerras fratricidas, guerras santas, onde se


mata o semelhante em nome de Deus. São ataques traiçoeiros
com homens bombas, onde a morte sorri dos desgraçados de
hoje, porque foram eles mesmos que sorriram outrora de suas
aventuras tresloucadas.

Você acompanha seus representantes nas câmaras municipais,


estaduais e federal, sempre com a esperança de uma vida
melhor. Quando você espera um auxílio, você ganha mais um
imposto; quando você espera deles um trabalho profícuo,
honesto, percebe mais e mais as falcatruas, desfalques, e fuga de
estelionatários para o exterior; quando você espera justiça,
tomam-lhe até a última moeda.

A vida desregrada, com predomínio dos interesses materiais,


sempre aconteceu em todos os tempos e lugares. Vocês já
ouviram falar de Sodoma e Gomorra, no Velho Testamento; das
bacanais de Baco, o deus do vinho, nos velhos tempos dos
gregos de Atenas ou da Roma dos Césares.

Todas estas coisas que parecem aflição ao homem, em verdade


valorizam lhe a própria vida física, forçando-o a aprender as

51
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

lições, para seu progresso espiritual ou sua evolução anímica.


Quem não aprende pelo amor, aprende pela dor.

Mas quando estes homens do mundo, ainda apegados aos


conceitos do dicionário materialista, descobrirem como outros já
descobriram as novas lições do dicionário espiritual contidas no
Consolador Prometido, saberão que a lei do livre arbítrio gera a
responsabilidade pessoal e que a lei de causa e efeito não
transfere a ninguém a obrigação do pagamento devido.

E, ainda, quando descobrirem que Deus não castiga nem perdoa,


ainda que soberanamente bom e justo, aprenderão o valor da
resignação, porquanto saberão que Sua lei, de justiça, amor e
caridade, se cumpre e dá a cada um, apenas o que amealhou.

E também, quando perceberem que seu espírito eterno continua


vivo, além do horizonte aparentemente físico da Terra,
compreenderão o significado da dor e da tribulação,
convertendo-o em testemunho de fé e renovação íntima; quando
todos os homens ouvirem, com ouvidos de ouvir, as palavras de
Jesus, válidas para toda a humanidade, afirmando que seu reino
não é deste mundo e que se deve dar a César o que é de César e
a Deus o que é de Deus, então descobrirão que todas estas coisas
que acontecem não podem ser motivos de aflições, mas simples
remédios para aquelas almas que permaneceram renitentes no
mal.

Disse Emmanuel (Espírito) em Pão Nosso, lição 89, que esse ou


aquele homem serão bem-aventurados por haverem edificado o
bem, na pobreza material, por encontrarem alegria na
simplicidade e na paz, por saberem guardar no coração longa e
divina esperança.

52
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

03.6. A Luta pela Vida


Neste item o objetivo é falar da luta pela vida em dois
momentos, talvez os mais difíceis do espírito humano:

1. Na formação de seu corpo, quando se processa sua


reencarnação;

2. Numa doença terminal, sem forças vitais, somente aguarda


socorro. Nesta luta pela sobrevivência ele somente deseja a paz
para sua alma; espera de Deus Sua misericórdia e que os
responsáveis pela vida humana lhe deem guarida ao seu corpo.
Os que trabalham neste campo assistencial formam a ponta da
lança que avança sem cessar na busca da paz na terra, como o
alvorecer de uma nova era.

Em todos estes dois aspectos da luta pela vida eu vejo pontos


que unem os limites da ação humana e os limites da ação dos
espíritos, como se, de mãos dadas, buscassem lenitivo para suas
dores e sofrimentos. São momentos essenciais para a vida da
alma humana.

Na juventude, quase sempre, conduzido pelas forças físicas e


paixões, tudo lhe parece possível; em sua maioria nem se lembra
de que Deus existe.

Desde antes de nascer, isto é, desde a formação do embrião ao


qual será ligado seu corpo, o Espírito roga a proteção divina
para sua nova vida que vai começar. Ao final, quando estiver na
velhice, alquebrado e dependente de filhos ou da sociedade,
certamente estará orando novamente a Deus e aos Espíritos

53
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

protetores para que o libertem dos sofrimentos e o ampare na


nova vida que o aguarda.

03.7. Reprodução do Corpo Humano


A Comissão de Ética do Hospital Santa Catarina convidou
FEESP para participar de uma reunião em Setembro de 2000,
com outros religiosos, querendo saber o pensamento espírita em
relação à Reprodução Assistida e este autor foi indicado para
representa-la. Em reunião da Diretoria pediu socorro aos
Espíritos para lá não dizer o que pensava, mas o que eles
pensavam. Gravei as mensagens mediúnicas com as
informações que pedira.

1. Primeira Mensagem: Na reunião da Diretoria Executiva em


21.09.2000 fiz as seguintes perguntas que li aos Espíritos,
solicitando esclarecimentos:

a). Quando se tem um número maior de embriões, todos têm


Espíritos ligados a eles, no momento da fecundação ou
fertilização in vitro (união do óvulo e o espermatozoide)?

b). Se os Espíritos foram ligados no momento da fecundação


(fertilização), ficam eles ligados aos embriões, enquanto
congelados?

c). Sob o aspecto espiritual, como ficam os embriões que não


foram aproveitados?
Disseram eles, em síntese, que os embriões, enquanto não
ligados à alma, são como roupas guardadas que poderão ser
utilizadas ou não. Aquelas não utilizadas podem ficar guardadas

54
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

por certo tempo ou poderão ser inutilizadas, pois não são seres
humanos.

2. Segunda Mensagem: Reunião da DE em 11.10.2000 outras


perguntas.

a). É possível dar uma ideia aproximada do momento em que a


alma começa a ser ligada ao embrião? No estágio de mórula?
Ou quando o embrião começa a se implantar no útero?

b). Resposta: (Dada pelo mesmo Espírito da reunião anterior):

Não há um momento exato. Varia de situação para situação, isto


é de criatura para criatura. Exemplificou dizendo:

O procedimento da reencarnação assimila-se ao caso de equipe


médica que se reúne ao redor de uma mesa de operação. É
naquele momento, após a chegada do paciente, que a equipe vai
verificar o que fazer e a melhor situação para aquele paciente.
No mundo espiritual ocorre o mesmo, após a colocação do
embrião no útero materno. Aí a equipe verifica se aquele
embrião corresponde às necessidades do reencarnante, em sua
proposta missionária, de resgate etc.

O amigo leitor poderá estudar este momento inicial do ser


humano no livro Reprodução Assistida à Luz do Espiritismo,
que em seu cap. 10 traz todas as mensagens dos Espíritos
relativas ao assunto.

55
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

03.8. Assistência Religiosa a Doentes


Terminais
Uma Doutora/Professora organizou e coordenou o III Curso de
Especialização em Cancerologia para Enfermeiros, na
Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein,
objetivando reciclar seus conhecimentos para melhorar o
atendimento aos pacientes.

O objetivo foi estimular os profissionais de enfermagem a se


envolverem cada vez mais nos Programas de qualidade do
hospital e dar a eles melhor condições de agir, sob o aspecto
emocional, no seu dia-a-dia, ao se depararem com o sofrimento
do paciente oncológico e de seus familiares, afora, o
aprimoramento das técnicas específicas da função.

A última aula do curso ocorreu em 18.12.1995, quando vários


representantes de entidades religiosas, reunidos em Mesa
Redonda, puderam de inicio apresentar suas opiniões e, depois,
em debate, responder questões formuladas pelos alunos, sobre o
tema:

Atitudes Frente à Morte e o Morrer: Aspectos Culturais e


Religiosos.

Participaram da reunião o padre Anísio, católico, Capelão do


Hospital das Clínicas, Henry Sobel, representando o Judaísmo, o
Pastor Adami Gabriel, da Igreja Adventista do Sétimo Dia e este
autor pela Federação Espírita do Estado de São Paulo. Não pôde
comparecer o representante budista, também convidado.

56
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

03.8.1. Palavras dos Religiosos

O padre Anísio disse que na teologia moderna não há mais a


preocupação sacramentalista, como ocorria antes.

Citou como exemplo: Estando a mãe e o filho em perigo de


vida, antes do parto, salvar quem? Antes se dava opção à
criança, assim se salvariam duas almas, com o batismo do filho
também. Hoje a preocupação é viver bem ou prolongar o
processo de morrer.

O importante é ter fé e confiar na salvação de Deus, por isso


não cabe buscar sofrimento para se salvar. Depois da morte do
homem a alma nada mais pode fazer, senão aguardar a
ressurreição e o julgamento de Deus.

Disse que é obrigação do enfermeiro tratar o doente com


fraternidade e com muito amor. O pastor Adami Gabriel, da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, entregou cópia aos presentes
de um bom trabalho a respeito do tema, falando dos aspectos
históricos e religiosos das diferentes culturas existentes, tanto
nos aspectos da atitude de cada um frente à morte, como nas
diferenças existentes nos velórios e funerais, rituais e períodos
de luto.

Em seu trabalho ele escreveu que num mundo que valoriza a


eficiência, o intelectualismo, o racional e o pragmatismo, a morte
é vista como uma inconveniência ou embaraço; a própria
legislação dá o direito a apenas um dia de nojo, enquanto três dias
de gala.
Após se referir às causas do sofrimento, atitudes frente ao luto,
conclui ser a morte como um fator esperado e certo na vida de

57
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

todos os seres humanos. É o resultado da desobediência, de viver


separado da vontade do Criador.

Conclui que o homem só possui imortalidade na medida em que


lhe é permitido comer do alimento da vida eterna.
A seguir revela que não há vida além da morte para as almas
humanas, enquanto não ocorrer a segunda vinda de Jesus. A
ideia de vida do além são crendices populares de muitos
cristãos.

Explica o Genesis, dizendo que a alma vivente é uma equação


correspondente à soma do pó mais o fôlego de Deus. Tirando
um, a alma não é mais um ser vivente.

A morte é como uma lâmpada apagada. A luz deixa de existir


até que a equação se restitua na ressurreição.

Acrescenta temos como esperança cristã, a volta de Jesus, para


a ressurreição dos justos. Neste intervalo há um sono, como o
próprio Jesus disse: Lázaro dorme. É um período de
inconsciência e intemporalidade.

O rabino Henry Sobel disse que os judeus acreditam na


sobrevivência e fez algumas citações: que o sofrimento é maior se
a morte foi vista como um ponto final, mas menor, se o for como
uma vírgula contando que a vida continua; que viver nos corações
que ficaram não é morrer; que ninguém vive em vão, nossos
finados deixaram sua marca no mundo, deixando gravada sua
imortalidade; continuam vivos em sua essência, libertaram-se do
corpo mortal, mas estão mais vivos do que nunca.

Continuou dizendo que a morte é uma mudança de condição,


mas não de essência. A alma não morre jamais. O Judaísmo

58
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

afirma a igualdade de todos os seres humanos, na vida e na


morte: são filhos de um único Deus. Os judeus manifestam essa
igualdade quando enterram seus mortos envoltos em uma
simples mortalha branca, sem flores nem ornamentações,
nivelando a todos.
Complementou dizendo que a morte é uma transformação; é
uma curva na estrada. Por fim comparou a morte a uma viagem
de navio. Aquele que fica no porto acompanha o navio que se
afasta até sumir no horizonte. Onde foi? Você não vê, mas ele
continua tão grande e bonito como antes. Nossa visão é que é
diminuída.

De nossa parte, dissemos que o Espiritismo não tem qualquer


ritual em relação à morte, que é encarada como um fato natural.
O sofrimento decorre da Lei de causa e efeito e a salvação da
alma não depende de um ato sobrenatural de Deus, mas de cada
um de nós mesmos, pois todos somos os arquitetos e
construtores da própria estrada evolutiva.

Disse àqueles alunos que o sofrimento de muitos,


principalmente dos doentes terminais, advém da incerteza do
futuro, do medo do inferno e que decorre de uma tendência de
comportamento instintiva, adquirida ao longo dos séculos.

Argumentamos que se todos conhecessem a dinâmica da vida


espiritual e a verdadeira justiça divina, sofreriam menos e até
bendiriam a dor, se estivessem conscientes dos resgates que têm
a expiar e das provas a vencer.

Alertei os enfermeiros que a dor é relativa aos valores


individuais: Para alguns, um pequeno corte é o caos e motivos
de grandes lamentações; para outros, um grande martírio,

59
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

sofrido resignadamente, nem sempre é percebido pelos mesmos


observadores.

Incentivamos cada um, na luta do dia-a-dia nos hospitais, a


transformar a rotina do trabalho diário em sacerdócio e tratar a
rispidez de reclamações fundadas ou infundadas com dedicação
amorosa e respeito às condições do paciente.

03.8.2. Argumentos e Perguntas dos Enfermeiros

É muito difícil conversar com o paciente, quando se trata do


problema morte, pois nem sempre o enfermeiro sabe qual é a
confissão dele e, quando sabe, nem sempre sabe ele como
trabalhar o relacionamento, porquanto desconhece a sua
religião. A aula foi incluída no curso, porque os organizadores
consideraram o aspecto religioso de suma importância no
tratamento da saúde do paciente, como terapia de sustentação do
equilíbrio emocional.

Por estes motivos fizeram diversas perguntas aos participantes


da mesa, a respeito da vida do lado de lá, do luto, da cremação,
da extrema-unção.

Relato algumas respostas, a seguir:

l. O rabino disse que a Torá nada fala a respeito da vida do


lado de lá e, por isso, muito pouco poderia dizer. Quando o
Messias vier acontecerá a ressurreição e os mortos voltarão.
Quem sabe?

2. Com relação à cremação as respostas foram as seguintes:

60
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O pastor adventista do Sétimo Dia disse que desfeita a equação,


não há oposição quanto à cremação. O padre Anísio disse que
não há nada escrito sobre este assunto, mas pessoalmente, ele
disse, vê a cremação como um fato natural; não se opõe a ela.

O rabino Henri Sobel disse que o Judaísmo não aprova a


cremação. É ritual de pagãos. A tradição judaica diz que o corpo
veio do pó e deve retornar ao pó, mas não pela cremação.

De minha parte disse que o Espiritismo não se opõe à cremação,


salvo que se aguarde 72 horas para dar tempo ao Espírito para se
libertar do corpo físico.

3. O padre Anísio disse que já não se usa mais a expressão


extrema-unção, mas somente unção porque aos familiares lhes
parece um ato indicativo da morte.

4. Depois de outras perguntas sobre rituais, duas ou três


enfermeiras do Curso, quase que repetindo uma à outra
disseram: Percebemos que os doentes espíritas são muito mais
pacientes e esperançosos da realidade futura. Têm menos medo
da morte. É mais fácil trabalhar com eles.

Neste final do capítulo 3 que trata do limite da ação humana, na


sua relação com o mundo espiritual, vale ressaltar o testemunho
registrado, pelas três alunas, ao revelarem que os doentes
espíritas eram mais resignados.

Isto se justifica por terem consciência da continuidade da vida


no mundo dos Espíritos e sabendo que os sofrimentos decorrem
de provas e expiações que ele mesmo deu causa e não de um
castigo de Deus.

61
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

CAPÍTULO 4
A AMARRA FINAL

Adão e Eva, tomados por símbolos, por seu livre arbítrio


comeram do fruto proibido, por isto foram punidos pela ofensa à
ordem de Deus. No tempo que vivemos, o Consolador revela
que a decisão de escolha continua sendo da alma por sua
liberdade de ser, agir e pensar, em última análise. Ela como a
aranha traça sua teia e nela vive pendurada por tênues fios que
ligam sua vida material e espiritual. As leis naturais existem e se
cumprem independentemente de sua vontade e, somente quando
a alma aprender a fixar os tênues fios de sua teia no cerne da
árvore e não nos ramos que balançam com os ventos, sua amarra
estará firme e sua casa não ruirá.

No Aurélio, o verbete Amarra é apresentado com diferentes


conceitos. O significado que utilizo, tendo em vista o tema do
capítulo é a definição do item 1, daquele Dicionário: Corrente
especial formada por elos, em geral reforçados por travessões,
que segura a âncora à embarcação.

O espírito, seguindo seu objetivo, capitaneia a embarcação


(corpo físico) vagando nos mares de suas diferentes existências,
ao sabor dos ventos que são as circunstâncias da vida que
independem dele mesmo.

Sua única segurança está na amarra (relação mediúnica) que o


prende à âncora (Leis de Deus); rompendo-se ela por sua causa,
a embarcação certamente perder-se-á num mar de tormentas.

62
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Dentro dos objetivos deste livro, este capítulo simboliza o nó da


união entre os dois mundos, mais ou menos apertado ou solto
para os homens e os Espíritos, conforme suas ações nos limites
de cada um.

Os espíritos em geral, na existência terrena ou na espiritual, são


os capitães das embarcações vagando nos mares da vida eterna.
Em sua rota procuram os alimentos da razão para aumentar sua
sabedoria; do coração para fortalecer seus sentimentos do amor
ao próximo e a água do apoio divino como lenitivo à sede que
abrasa seus tormentos e aflições, até chegarem ao porto seguro.

Rompendo-se a amarra por sua causa, sua embarcação


certamente perder-se-á no mar das tormentas.

04.1. O Homem e o Consolador


O homem, como um espírito encarnado, vem procurando ao
longo do tempo descobrir como é a vida do outro lado, depois
de sua morte na terra. Muitas foram as revelações feitas pelos
profetas de todas as religiões, desde os tempos dos pajés das
tribos primitivas, cada uma apresentando uma faceta daquele
vitral que ainda está parcialmente escondido da vida terrena.

Jesus disse, eu sou o caminho, a verdade e a vida e também que


teria ainda muitas coisas para dizer, mas que os homens não
estavam preparados para compreendê-las, por isso prometeu que
enviaria o Consolador, sob a direção do Espírito da Verdade
para lembrar tudo o que ele havia dito e esclarecer outras coisas.

63
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O Consolador Prometido veio e está consubstanciado nas


palavras dos Espíritos Superiores codificadas por Allan Kardec
nos livros da Doutrina Espírita ou Cristianismo Redivivo.
O Consolador extirpou dos ensinamentos de Jesus todas aquelas
emendas feitas pelos homens ao longo de l500 anos; esclareceu
o que ele dissera a Nicodemos a respeito do renascer de novo;
falou das Leis Naturais ou Divinas, como a âncora que liga o
livre arbítrio do homem ao livre arbítrio dos Espíritos, através
da amarra, e de tantos outros ensinamentos para elucidar aqueles
mencionados pelo divino Mestre ou como novas informações.

A linguagem do Espírito da Verdade foi clara. Nesta síntese, ela


será examinada, segundo três ângulos distintos:

a) Como o homem é visto pelo Consolador;

b) Como o Consolador é visto pelo homem e

c) Compromissos Iluminativos.

04.1.1. O Homem Visto pelo Consolador

O homem é um Espírito encarnado. Quer dizer, a alma do


homem é um Espírito encarnado. Explico de outra maneira:

Genericamente se fala que o homem é um ser duplo, formado de


corpo e alma. O Consolador, todavia, diz que o homem é ser
triplo formado de três partes: corpo físico, espírito e perispírito.

Quando uma alma vai renascer para continuar sua vida no


mundo dos homens, seu corpo espiritual se liga ao embrião no
seio materno, formando como que um laço, chamado ou

64
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

conhecido como o fio prateado que liga a alma ao corpo. Este


laço é forma pela qual seu períspirito (corpo espiritual da alma)
vai propiciar a ação do espírito sobre a matéria, na vida
corporal.

Diz o Consolador que este corpo espiritual é o modelo sobre o


qual se organiza o corpo biológico, célula a célula em processo
de imantação. É como se o corpo espiritual da alma estivesse
vestindo uma roupa, pouco a pouco, até se tornar
completamente recoberto pela matéria densa.

As células do corpo do embrião se multiplicam na divisão para


formar os órgãos e sistemas, não ao acaso ou decorrente das leis
da matéria, mas sob o comando inteligente do espírito
reencarnante, auxiliado pelo da mãe e de outros protetores.

O homem assim é visto pelo Consolador, como uma criatura que


pode chegar à perfeição relativa (a absoluta é só de Deus),
passando por uma pluralidade de existências, dentro das quais se
submete à Lei de Causa e Efeito, assumindo a responsabilidade
por seus atos, salvando-se a si mesma, independentemente da
graça divina ou da salvação pela fé na ressurreição dos corpos.

04.1.2. O Consolador Visto pelo Homem

Sob este aspecto existem algumas correntes ou alternativas que


se confrontam, mostrando os diversos caminhos do homem em
busca desse universo espiritual.

Uma parte da população humana, perto de 45 % dela, é


defensora da ressurreição dos corpos e está agrupada nas
religiões (católica e reformadas em geral, islâmica e judaica).

65
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Dizem elas que o homem tem uma única vivência na terra e que
depois dela vem o dia do Juízo, onde haverá a ressurreição dos
corpos e o fim do mundo. Os bons irão para o céu e os maus
para o inferno. Para estes grupos religiosos o Espiritismo é visto
como uma seita satânica, porque é o diabo e seus demônios que
se manifestam em suas reuniões, justificando eles que a alma do
homem, depois de morto, não tendo corpo não teria
possibilidade de se manifestar, sob o argumento de que há uma
proibição bíblica, palavra de Deus, contida no Deuteronômio.

Uma pequena parte dos homens não aceita a existência de Deus


ou de qualquer religião. Diz ela que o homem não é mais que
matéria: que seus pensamentos, emoções, paixões, decorrem de
propriedades da matéria. É o grupo que se diz filosoficamente
materialista, num total perto de 6 % da população humana.

Outra parte admite que a alma do homem é uma fagulha da


Divindade mas que, com sua morte, ela não sobrevive,
retornando ao Todo. Para ela existe somente uma e única
inteligência universal, Deus. É o grupo formado pelos
panteístas.

Por fim, a maior parte da população humana, pouco mais de


50%, admite ter o homem mais de uma existência na terra. É o
grupo dos reencarnacionistas ao qual pertence o Espiritismo.

Entre eles existem divisões ou maneiras de ver diversamente


essa realidade espiritual. Cada uma destas religiões ou filosofias,
por seu viés, apresentam suas particularidades decorrentes dos
costumes e tradições culturais, da maneira pela qual as
revelações foram recebidas. Dentre elas se distinguem as
religiões orientalistas: (Trilogia Chinesa) – I Ching, Taoismo e

66
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Confucionismo; (Trilogia Hindu) – Vedismo, Bramanismo e


Budismo); o Xintoismo japonês, afora o Animismo das religiões
africanas, associado ao Sincretismo Religioso das Américas,
representado no Brasil, pela Umbanda, Candomblé, Quimbanda
e outros grupos menores. Como generalidade estes grupos
aceitam os renascimentos da alma e o princípio do carma ou lei
de causa e efeitos, mas existem diferenças fundamentais, como
aceitar ou não a existência de um Deus Criador e admitir ou não
a comunicação dos Espíritos.

O Espiritismo ou Consolador Prometido é visto pelo homem


como a mensagem reveladora da lei natural do progresso, que
considera a evolução da alma humana desde sua criação, pelo
seu nascer, morrer e renascer sem cessar, até sua libertação da
impureza da matéria ao atingir o estágio dos Espíritos Puros.

Aceita o criacionismo, a comunicação com os mortos, as


diferentes moradas na Casa do Pai e tantos outros ensinos de
Jesus, por isto o aceita como o Cristianismo Redivivo.

04.1.3. Compromissos Iluminativos da Alma

Compromissos iluminativos são os atos que a alma deve praticar


para se libertar da influência da matéria e evoluir em amor e
sabedoria. Estes compromissos iluminativos são vistos de
maneira diferente pelos grupos filosófico/religiosos.
Um ponto comum em todos eles é o amor ao próximo e a
conduta reta diante dos direitos alheios, isto é, a prática da lei do
amor e da justiça. Os ensinamentos dos Vedas, do Bramanismo,
do Budismo anteriores a Jesus Cristo têm as mesmas linhas da
justiça e do amor pregados pelo mundo judaico no Velho
Testamento ou do Corão de Maomé.

67
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Existem, no entanto, muitas diferenças entre eles. De um lado


caminham aqueles que esperam a salvação da alma pela Graça
de Deus, de outro, aqueles que pregam que a salvação depende
de cada alma de per si. O Espiritismo diz que os compromissos
iluminativos de cada alma, todavia, vão além de simples
adoração, de orações, de rituais, saindo da fé que simplesmente
crê para a fé sustentada pela razão.

Ele diz que:

1. O homem de bem deve praticar a lei de justiça, de amor e


caridade e, para isso de esforçar-se, a cada dia, em aprimorar
suas virtudes, eliminando vícios ou defeitos de conduta;

2. Praticar suas ações para alcançar sua iluminação interior


(reforma íntima), que deve sempre estar associada ao bom
comportamento individual, seja, como homem, mulher, jovem,
empregado, empregador, chefe, padre, médium, ouvinte, seja,
em qualquer, lugar onde esteja, no lar, na via pública, na tribuna,
na imprensa, no trabalho, na escola, na igreja etc..

São compromissos iluminativos básicos: a busca do amor e da


sabedoria.

Estes dois mandamentos foram registrados no (ESE, cap. VI,


item 5): o Amai-vos e o Instrui-vos, porque não basta somente
amar, é preciso saber, porque além do desenvolvimento moral
há a necessidade do desenvolvimento intelectual.

Quem ama faz o bem, mas quem ama e sabe faz o bem melhor.

68
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O amar impõe uma obrigação de respeito ao próximo perante si


mesmo, vigiando as próprias manifestações, não se julgando
indispensável, perante os companheiros, respeitando suas ideias
seja religiosa, filosófica ou política; ou vendo-os como irmãos
no convívio social.

Em síntese, não basta somente amar, pois é preciso saber;


também não basta somente saber, pois é preciso amar.

Ensina o Consolador, em seu Evangelho, Segundo o


Espiritismo, capítulo XVII, item 4, que: Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos
esforços que faz para dominar suas más inclinações.

Se o amor se contenta com a fé, crendo por crer, o saber exige


que a fé seja compreendida, justificada, raciocinada, isto é, não
basta crer, é preciso saber por que se crê.

Assim, a fé raciocinada mostra que os passos de hoje revelam o


destino de amanhã, dentro das leis divinas. A lei da Justiça exige
de cada um até o último ceitil por suas faltas e lhe dá em troca,
todo o seu direito, segundo suas obras.

Ela evidencia também que Deus não castiga nem perdoa, pois
suas Leis se cumprem, em igualdade de condições, para todos
seus filhos. Revela que a misericórdia de Deus, não se refere ao
perdoar, eliminando as faltas do pecador, mas, por Sua caridade
tolera o não pagamento da prestação dos ceitis devidos,
concedendo-lhe mais prazo para o resgate de sua dívida com
nova encarnação.

69
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

04.2. A Vida na Espiritualidade


Muitos estudiosos e alunos da Doutrina Espírita fazem uma
série de perguntas a respeito do Mundo Espiritual, querendo
saber se existe muita diferença entre a vida do homem aqui, com
a vida da alma do lado de lá.

Como vivem os Espíritos. Eles têm cor? Têm pátria? São


nacionalistas? Espírito tem religião? Tem Espírito ateu?
Poderia ter sido religioso numa e ateu em outra encarnação?
Como funciona o processo da família espiritual, no mecanismo
das encarnações?

Há diferentes interpretações a respeito, conforme seja o ponto de


vista de quem explica, em decorrência do estágio em que vivem
os Espíritos. Falar das regiões umbralinas é uma coisa; das
regiões socorristas ou de refazimento é outra; e diferente, ainda,
será falar das regiões onde habitam os Espíritos mais elevados.
O que vale para uns não vale para outros.

Vamos responder dentro das linhas gerais da Codificação


Espírita. Ela deixa claro que a natureza não dá saltos; que as
mudanças de comportamentos individuais são incessantes e
insensíveis, isto é, não cessam nunca, mas são imperceptíveis a
olhos vistos, como se diz.
Ao passar de um estágio para outro, excluído o tempo no corpo
físico quando há o esquecimento do passado, a alma humana
leva registrada em sua memória espiritual, praticamente tudo o
que fez de bem ou de mal; todo conhecimento adquirido e toda a
sensibilidade que desenvolveu em seu coração.
Há de se convir, ainda, que estes comportamentos individuais
são reflexos decorrentes de sua condição existencial. Os povos e

70
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

as nações são agrupamentos que vivem em função de suas


tradições e costumes, determinantes de suas diferenças
individuais, gerando os gostos e preferências de cada homem.

Dentro dessa linha de raciocínio é que se diz que a vida


continua.

Consequentemente permanecerá também, entre eles, a ideia de


pátria e de língua, pois também eles não sabem tudo.

Os Espíritos se unem por afinidade de gostos e preferências e


este ponto é importante no agrupamento deles no mundo
espiritual. Vivem em cidades espirituais próximas da crosta.

São citados no Brasil, como exemplos, muitos agrupamentos ou


cidades espirituais existentes sobre o Rio de Janeiro, São Paulo,
Belo Horizonte etc. etc..

Normalmente os homens que moram nestas cidades, por ocasião


da morte, tendo a alma algum mérito, pode ser socorrida e ir
morar nas cidades do Além, com sua família espiritual, ou
ficarem perambulando pelos espaços da própria cidade física,
em casas onde se consideram amigos. No livro Nosso Lar, de
André Luiz (Espírito) ele mostra esta realidade.
Entre os Espíritos elevados nos níveis superiores de existência,
ainda aqui no Mundo Espiritual da Terra, certamente nada disto
existirá, pois a ideia de unidade religiosa, de língua e de pátria
deverá se fazer em função da fraternidade de convivência na
busca do bem, entre as famílias espirituais.
De minha parte considero as informações contidas nos livros de
André Luiz (Espírito) recebidas pela psicografia confiável de
Chico Xavier, judiciosas e esclarecedoras da vida espiritual, pois

71
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

retratam afirmações contidas na Codificação: - Que a vida do


homem é uma cópia da vida espiritual e que os Espíritos do lado
de lá, continuam sendo praticamente o que foram do lado de cá.
No mais, os registros existentes da vida na espiritualidade,
contidos nas obras de André Luiz, estão inteiramente integrados
no corpo doutrinário espírita, mostrando ao homem que a vida
simplesmente continua com o sofrimento ou felicidade, que
cada um conquistou ou com a capacidade que tem de superar
suas dificuldades íntimas de entendimento da vida ou de
relacionamento com os outros. Assim, lendo Nosso Lar se vê
que lá naquela cidade, existem Espíritos medianamente
evoluídos e inferiores em moral e sabedoria:

l. Vivem, ora em casas edificadas, ora em abrigos ora em


furnas, ora nas casas de parentes, amigos ou inimigos
sobreviventes, conforme as conquistas e objetivos de cada um.

Aqueles que têm casa, conforme o caso pode legar por herança
aos familiares. Cada família pode ter um e somente um lar, de
acordo com o poder aquisitivo de cada uma ou de quem
adquiriu.

2. Recebem pagamento pelos trabalhos realizados e podem ter


jornada complementar, em prorrogação. André Luiz chama o
pagamento de bonus hora (cap. 22 de Nosso Lar). Lá também
existe o descanso semanal. Ganham em dobro ou em triplo por
serviços sacrificiais, como aqui na terra em serviços insalubres.
3. Podem ajudar amigos e familiares com os créditos que têm,
levando-nos à reflexão de que nem tudo o que temos, em certo
momento, seja uma conquista própria. No mesmo capítulo,
André Luiz utiliza uma frase significativa: nada existe sem
preço e para receber é indispensável dar alguma coisa

72
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

4. Apreciam a noite enluarada e o céu cheio de estrelas. Aqui


convém lembrar que há dificuldade para a contagem do tempo
no mundo deles.

Os Espíritos, na grande maioria, que moram perto da crosta


terrestre pouco mais baixo ou mais alto, a rotação da Terra
provoca, evidentemente, a realidade do dia e da noite, por isso
contam vinte e quatro horas como os homens. Para aqueles que
estão mais distantes, além das sombras da noite, não mais existe
o horário dos homens, pois seria sempre dia.

5. Ouvem rádio e veem televisão, na língua que desejam. Em


Nosso Lar, por exemplos, as notícias eram transmitidas em
português, dado que essa cidade espiritual está sobre o Brasil.
O sistema de comunicação entre eles (rádio e telefone) é normal.
A língua inglesa, francesa, espanhola ou outras são de uso
comum nos grupos espirituais de cada uma destas nações.

6. Recolhem do Umbral (purgatório) almas cheias de dor e


sofrimento, levando-as para Hospitais, e ali são colocadas em
enfermarias onde existem camas com lençóis, equipamentos,
auxiliares de enfermagem, de limpeza e médicos. Tem até
serviço de passes e tratamento com água magnetizada. André
Luiz registra que quando entrou numa das câmaras dos
socorridos e ficou surpreso ao ver que trinta e dois homens de
semblante patibular permaneciam inertes em leitos muitos
baixos, evidenciando apenas leves movimentos de respiração.
André Luiz falou em homens, estando no mundo espiritual, e
isto evidencia a grande semelhança existente nas duas esferas da
vida. Isso mostra também que o corpo espiritual, com todas as
suas faculdades de ouvir, falar, respirar é semelhante ao nosso

73
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

corpo físico, em suas diferentes funções, dentro dos cinco


sentidos.

Os Espíritos dizem que o Mundo dos Homens é um reflexo do


Mundo dos Espíritos.

7. Existem grandes fábricas; a preparação de sucos, de tecidos e


artefatos em geral, dá trabalho a mais de cem mil criaturas, que
se regeneram e se iluminam ao mesmo tempo. Isto quer dizer
que os Espíritos não vivem obtendo energias apenas pelo
processo da respiração.

8. Deslocam-se, de um lugar para outro, por meio de veículos


construídos para as diferentes necessidades, desde o aerobus, de
uso na cidade, aos carros puxados por muares, acompanhados de
cães, utilizados nas regiões purgatórias.

9. Vivem em família, num tipo de comunhão por combinação


vibratória ou afinidade de interesses.

Explica André Luiz que o matrimônio espiritual realiza-se alma


com alma.

Muitos casamentos na terra representam simples conciliações


indispensáveis à solução de necessidades ou processos
retificadores, embora todos sejam sagrados, dando origem a
muito sofrimento para quem não compreende tais significados.

10. Os Espíritos guardam a noção da religião que tiveram na


terra. André Luiz relata o caso de uma socorrida do umbral que
dizia: Cruzes! Credo! Graças à Providência Divina, afastei-me

74
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

do purgatório... Ah! que malditos demônios lá me torturavam!


Que inferno! Mas os Anjos do Senhor sempre chegaram.

11. Os Espíritos também dormem e sonham.

A busca do ideal futuro e da solução dos problemas passados é


parte integrante dos sonhos da alma.

O autor espiritual do livro relata no cap. 36 de Nosso Lar que


dormiu e sonhou como acontece com o homem, desligando-se
do corpo espiritual que ficara na cama, e foi visitar sua mãe que
vivia numa região superior à dele.

Em Evolução em Dois Mundos, cap. XIII, falando da Vida na


Espiritualidade, diz André Luiz: Na moradia de continuidade
para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas
leis de gravitação que controlam a Terra, com os dias e as
noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das
estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que
asseguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase
constante e quase uniforme, como se os equinócios e solstícios
entrelaçassem as próprias forças, retificando automaticamente
os excessos de influenciação com que se dividem.

É evidente que entre a crendice e a fé raciocinada há muita


diferença. O espírito não morre, vive, pois a vida continua sem
cessar além dos horizontes da morte do homem.

Não há mistérios entre o Céu e a Terra como possa imaginar a


vã filosofia religiosa de muita gente, mas, sim, uma exegese
arcaica dos que teimam em segurar a chave da porta nas mãos.

75
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

CAPÍTULO 5

O ADVENTO DA NOVA ERA

No capítulo anterior anotei que a amarra simbolizava a relação


mediúnica, pela qual se dava o nó da união entre os dois
mundos, mais ou menos apertado para os homens e os Espíritos,
como resultante de suas ações, nos limites de cada um. E que
este nó se ampliará enormemente depois da descoberta científica
da vida do Espírito, via eletrônica, que antevejo realizada nos
laboratórios das Universidades, marcando o advento de uma
nova era para a Humanidade.

Será a Era do Espírito, que dará início a um longo período de


maturação para os homens, face à maior influência aos novos
conhecimentos cientificamente adquiridos, pelos quais eles
buscarão se ajustar a essa nova realidade espiritual.

Será a partir dessa aurora do Terceiro Milênio, em novo ciclo


evolutivo ou tempo de vivência, que se dará a preparação da
geração para os tempos do fim, quando ocorrerá o segundo
advento de Jesus.

Neste capítulo da Teologia Cosmológica procura se anotar, em


linhas gerais, para onde nos levarão estas novas relações de
união em que os homens e Espíritos se entrelaçam.

Como se processará a nova filosofia da vivência social nesse


mundo novo de regeneração?

76
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Nele, o homem consciente, pelo saber da continuidade da vida


espiritual, regido pela Lei de Causa e Efeito, certamente centrará
seus atos na busca da conquista do amor e da sabedoria, no seu
dia-a-dia, seguindo a rota indicada por Jesus no Sermão das
Bem-aventuranças.

05.1. Há Muitas Moradas na Casa de Meu


Pai
Como indicativo deste novo mundo de regeneração, anoto o que
diz o capítulo III de O Evangelho Segundo o Espiritismo – Há
muitas moradas na casa de meu Pai.

Nele se fala da progressão dos mundos habitados, ordenados por


seus diferentes estágios de evolução. Para fim didático foi
adotada a seguinte classificação:

- Mundos Primitivos;
- Mundos de Expiação e Provas;
- Mundos de Regeneração;
- Mundos Felizes e
- Mundos Celestes ou Divinos.

1). Mundos Primitivos: Neles se verificam as primeiras


encarnações da alma humana, de vivência mais instintiva. Pode-
se exemplificar a vida na Terra até o surgimento do Homo
Sapiens, provavelmente entre 25 a 30 mil anos, antes de Cristo;

2). Mundos de Expiação e de Provas: Neles a vivência se


apresenta, principalmente após o início da civilização, cada vez
mais elevado grau de desenvolvimento da inteligência. Surgem

77
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

as primeiras revelações do politeísmo, com o desenvolvimento


do amor; todavia, o mal predomina sobre o bem;

3). Mundos de Regeneração: Neles as almas que ainda têm


alguma coisa a expiar; adquirem novas forças, repousando das
fadigas da luta. Há certo equilíbrio na prática do bem e do mal.

4). Nos Mundos Felizes: Neles o bem supera o mal;

5). Mundos Celestes ou Divinos: Constituem-se na morada dos


Espíritos purificados, onde o bem reina sem mistura.

Segundo dizem os Espíritos os fatos podem ser observados na


história da humanidade. A Terra já foi um mundo primitivo,
passando depois para a categoria de mundo de expiação e de
provas e, hoje, por causa o estágio de sua civilização, está bem
perto de se tornar um mundo de regeneração, estando, pois,
perto do fim do seu atual ciclo evolutivo.

Dada a paulatina conquista dos patrimônios culturais da sua


civilização, revelada nos códigos de direito; em suas estruturas
básicas de governo, com preponderância da força do direito e
não o direito da força; dos sistemas de transportes e
comunicações e dos comportamentos individuais em moralidade
e saber revelando certo equilíbrio entre a prática do bem e do
mal. Hoje, em tese, existe muito abuso de direito, por causa do
poder econômico e poder político, ou do bandidismo de homens
de índole maldosa.

Dizem os Espíritos que a Terra está chegando ao final de seu


ciclo de expiação de provas, para dar início a uma nova
geração, até certo ponto, dentro da linguagem de Jesus no seu

78
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Sermão Profético, em Mateus, cap. 24, Marcos, cap. 13 e Lucas,


cap.21.

Em (Mt 24, 34) está escrito: Em verdade vos digo que não
passará esta geração sem que tudo isto aconteça.

E na linguagem das Bem Aventuranças (Mt 5, 1 a 12), depois


deste tempo:

a) Os mansos herdarão a Terra;

b) Os puros de coração verão a Deus;

c) Os pacificadores serão chamados Filhos de Deus e

d) Os pobres de espírito e os que sofrem perseguição por amor


da justiça, deles será o Reino do céu.

E também, nesse final de ciclo, repetimos, os Espíritos


renitentes no mal serão retirados deste mundo e levados para
mundos primitivos (trevas exteriores) e, então, a Terra iniciará
sua nova geração, num período transitório de regeneração,
como advento de um novo tempo, com todas as almas reunidas
num só redil; o Redil do Deus Único, Cósmico, como o
Grande Pastor, unindo todos seus filhos, como irmãos.

05.2. Filosofia Penal Espírita


Para falar, como introdução da Era do Espírito, optei por este
item, filosofia penal espírita. Achei interessante associar seus
fundamentos àquilo que o genial Professor Francesco Carnelutti,
da Universidade de Milão, Itália, escreveu em seu livro Teoria

79
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Geral do Direito publicado no Brasil pela empresa Âmbito


Cultural Edições Ltda., Rio de Janeiro (RJ).

No item Imagem – Conceito e Lei, ele disse:

1. O resultado integral das nossas percepções é o que se chama


a nossa experiência. Ora, visto como os sentidos são as portas
do pensamento, mas não o pensamento mesmo, a experiência
não fica em nós no estado bruto, antes vem a ser elaborada. A
nossa mente é uma prodigiosa oficina, da qual os sentidos não
são mais do que os municiadores.

2. A matéria prima fornecida pelos sentidos consiste numa


enorme massa de imagens, as quais entram promiscuamente e
têm que ser ordenadas, e o critério para se por em ordem é o
das semelhanças de diferenças formais, espaciais e temporais;

3. De conformidade com as semelhanças e as diferenças,


construímos os conceitos, os quais são não um produto final,
mas sim um produto intermediário da oficina, uma espécie de
mercadoria meio trabalhada;

4. Por sua vez, os conceitos são submetidos a um paciente e


complicado trabalho ulterior de especificação e de
generalização, cujo mecanismo, por seu lado, se pode
compreender melhor, evocando certos processos químicos que
têm como resultado a obtenção do produto acabado, através de
uma série interminável de decomposições e de recomposições;

5. No final deste trabalho acabamos por descobrir certas


uniformidades entre os objetos, que se traduzem em leis da
experiência ou da realidade: da realidade se dizem por que nela

80
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

se encontram; da experiência porque através dela são


determinadas.

Estas leis da experiência valem para o princípio inteligente, ora


existindo no mundo terra, ora no mundo espiritual.

O Prof. Carnelutti com sua linguagem legal justificou o


comportamento e as leis dos homens, o que também foi feito
pelo Consolador Prometido, revelando em sua Filosofia dentro
de O Livro dos Espíritos, ao indicar as Leis Naturais como a
fonte para a alma humana beber a água da vida eterna e saber
que as leis da justiça, do amor e da caridade margeiam a estrada
que indica a rota das bem-aventuranças, para chegar aos mundos
superiores.

Tanto aqui na terra como lá na outra vida, portanto, o


aprimoramento intelectual e moral da alma decorrem não
somente da percepção destas imagens, gravadas em seu
intelecto, mas, principalmente, da sua aplicação prática na
convivência com seu semelhante.

Em última análise, para que a alma humana adquira o direito de


permanecer na Terra, com o advento da nova geração, essencial
é que esteja consciente destes ensinamentos, porque não se pode
compreender que num mundo de regeneração, onde o mal está
sendo superado pela prática do bem não predomine o binômio
autoconhecimento e alteridade (aprender a ser e a conhecer).

81
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

05.2.1. Objeto Sensível e Objeto Suprassensível

O Professor Carnelutti afirmou, concluindo suas premissas:

Ora, em conformidade com estas leis, nós conseguimos não


somente conhecer o que vimos, o que quer dizer darmo-nos
conta das suas relações com o resto da realidade, mas
outrossim, através destas relações, conhecer o que não vemos.

Desta afirmação ele deduziu:

Pode afirmar-se, entretanto, que existe uma realidade para lá


dos limites da nossa percepção, ou, noutras palavras, que a
realidade não é tudo quanto é percebido, mas sim tudo quanto
poderia ser percebido se os sentidos fossem perfeitos;
Pode afirmar-se, em segundo lugar, que o característico da
realidade não está em ser percebida, mas em ser pensada isto é,
se não puder ser percebida, em poder ser deduzida.

Com isto quis ele dizer que a percepção serve para o


conhecimento, ainda mesmo para além dos limites do objeto
imediato. Isto é, possibilita também conhecer objetos diversos
do objeto percebido, através da razão, em seus dois processos
elementares: indução e dedução.

Concluiu o mestre milanês:

Existem, por conseguinte, objetos sensíveis e objetos


suprassensíveis; distinção que, bem entendida, se relaciona com
um determinado grau da técnica referente aos meios para
aumentar a sensibilidade. Razão porque a linha que distingue

82
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

estas duas categorias se desloca dia a dia, mais ou menos


lentamente.

Finalizou Carnelutti seu pensamento:

Assim, são para mim reais os micróbios ou os astros invisíveis a


olho nu, embora para vê-los eu nunca me tenha servido do
microscópio ou do telescópio.

Posso dizer de minha parte, apoiado neste raciocínio de


Carnelutti, que para mim é real o mundo extrafísico, onde vivem
os Espíritos invisíveis a olho nu, embora para senti-los, sem
nunca vê-los, me tenha servido dos mecanismos da
mediunidade.

05.2.2. A Evolução Anímica

Ampliando cada vez mais seu conhecimento através da razão,


seja para a realidade sensível como para a suprassensível, o
homem conseguiu desvendar a partir do tempo da civilização
primitiva até hoje novos horizontes na busca da realidade
espiritual.

Saiu do estado tribal para o agrário, deste para o estado


teológico, depois para o bíblico e, finalmente, para o espiritual
dos dias atuais como ensinou J. Herculano Pires em seu livro O
Espírito e o Tempo.

Este comportamento social transcorreu naturalmente,


deslocando a ação humana paulatinamente do comportamento
reflexivo para satisfação do eu, para a ação refletida na busca do
nós.

83
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Desaparece, via de consequência, a aplicação do direito da força


individual, como tinha o pai de família no Jus Civile
Romanorum (Direito Romano, de Alexandre Correia e Gaetano
Sciascia), passando para a força do direito.

São exemplos:

- o jus vitae et necis (direito de vida e de morte sobre as pessoas


dependentes);

- o jus vendendi (direito de vender os escravos como coisas);

- jus exponendi (direito de abandonar o filho infante).

Assim a legislação passou da punição dos fatos para a punição


das intenções.

Em o Livro dos Espíritos, questões 670 e 672 e em outras,


foram feitas perguntas aos Espíritos para que falassem o que era
mais agradável a Deus: Os sacrifícios de humanos, os de
animais ou de frutos da terra?

E as respostas foram que Deus sempre julga a intenção com que


o homem praticou sua ação, enfatizando na questão 672: Repito
que a intenção é tudo, e o fato, nada.

Nos tempos antigos era punido o fato, simbolizado no olho por


olho, dente por dente do povo hebreu.

Hoje, temos as atenuantes ou agravantes das faltas, face ao


maior ou menor grau de dolo ou de culpa do faltoso, pois a
legislação civil, a partir do código napoleônico de 1808,

84
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

reconhece os direitos e garantias individuais, regulando a vida


social.

Associando este progresso da civilização humana à descoberta


cada vez maior do Mundo Espiritual, pode se afirmar que a linha
divisória entre o nosso mundo e o dos Espíritos está se
estreitando cada vez mais e mais, ou no dizer de Carnelutti, a
linha que distingue estas duas categorias se desloca dia a dia,
mais ou menos lentamente, de sorte que muito breve o homem
possa sem medo de morrer e de ir para o inferno, conquistar
novas experiências para o progresso de sua alma, interagindo
nos dois mundos.

05.2.3. Código Penal da Vida Futura.

Allan Kardec no livro O Céu e o Inferno, cap. VII (As Penas


Futuras Segundo o Espiritismo) fala de um Código Penal da
Vida Futura, anotando 33 artigos que orientam as diretrizes
legais da vida espiritual.

Dizem alguns destes artigos, em síntese:

1. A alma ou Espírito sofre na vida espiritual as consequências


de todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida
corporal;

2. Toda imperfeição é causa de sofrimento e privação do gozo;

3. Não há uma única imperfeição da alma que não importe


funestas e inevitáveis consequências, como não há uma só
qualidade que não seja fonte de gozo;

85
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

4. A alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer


que se encontre;

5. Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida


contraída que deverá ser paga;

6. A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta,


podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações
diversas, conforme as circunstâncias atenuantes ou agravantes
em que for cometida;

7. Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e


duração do castigo;

8. A duração do castigo depende da melhoria do Espírito


culpado, (Deste modo o Espírito é sempre o árbitro da própria
sorte, podendo prolongar ou suavizar seu sofrimento);

9. O culpado que jamais melhorasse sofreria sempre e, para ele,


a pena seria eterna;

10. Arrependimento, expiação e reparação constituem as três


condições necessárias para apagar os traços de uma falta e
suas consequências.

A seguir registra Kardec que qualquer que seja a inferioridade


ou perversidade de um Espírito, ele sempre tem um anjo de
guarda (guia) que por ele vela; que a responsabilidade da falta é
toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles
deu origem.

86
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

A alma culpada sofre alguns tipos de penas. Exemplos:

- lentidão no desprendimento da alma e angústia no despertar na


outra vida, acreditando que ainda está vivo;

- sentir a presença das vítimas e das circunstâncias do crime;

- privação de ver os entes queridos;

-suplício ao ver acima dele aquele que desprezara na Terra;

- saber que estão desvendados todos seus secretos pensamentos;

- ao avaro, sentir o esbanjamento do seu tesouro;

- ao egoísta, sentir-se desamparado de todos etc.

O art. 27 diz que o único meio de evitar ou atenuar as


consequências futuras de uma falta, está no repará-la,
desfazendo-a no presente;

O art.30 diz a misericórdia de Deus é infinita, mas não é cega; e


o, 32, afirma que a justiça divina patenteia-se na igualdade
absoluta que preside a criação dos Espíritos; todos têm o
mesmo ponto de partida.

Não há, portanto, favorecimento nem exceções para qualquer


um. Deus não castiga nem perdoa. Sua Lei se cumpre.

O último artigo deste código é o 33º. Ele diz: Em que pese a


diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos

87
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se


nestes três princípios:

1º – O sofrimento é inerentes à imperfeição;

2º – Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada,


traz consigo o próprio castigo nas consequências naturais e
inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade
nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial
para cada falta ou indivíduo;

3º – Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por


efeito da vontade, pode igualmente anular os males
consecutivos e assegurar a futura felicidade. A cada um
segundo as suas obras, no Céu como na Terra: – tal é a lei da
Justiça Divina.

05.3. Uma Nova Era


Não basta ser espírita ou adepto de qualquer outra religião, não
basta conhecer e falar do Evangelho ou do Livro dos Espíritos,
pois é necessário, além de conhecer e falar, colocar a mão no
arado e praticar efetivamente os ensinamentos de Jesus.

Quem é espírita consciente, agindo como homem de bem, ao


compreender a vida presente, como uma continuidade do
passado; a vida futura, como um novo elo de sua corrente
evolutiva, e a dor, como uma consequência de expiação, missão
ou prova, seja de vidas anteriores ou da vida presente,
certamente já sente os prelúdios desta Nova Era,
independentemente de qualquer prova científica.

88
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Vou lhes contar uma pequena parábola:

Havia uma pequena cidade que precisava se tornar conhecida de


todos. Para isso construiu um aeroporto para o pouso de aviões.
Muitas pessoas vieram e ficaram, outras, vieram e voltaram; a
cidade aumentou e tornou-se conhecida quase do mundo inteiro,
mas não de todos os rincões, porque muita gente rica não
compareceu, alegando que o aeroporto era pequeno para o pouso
de seus aviões.
Era necessário então que a pista fosse aumentada, de modo a
receber as grandes aeronaves que trariam os investimentos
destes grandes milionários à cidade. E os dirigentes da cidade
perguntavam a si mesmos: será que precisamos destes
milionários? Como vamos ampliar a pista do nosso aeroporto?
Será que vale a pena investir neste campo?
Alguém, não entendendo o significado, perguntou que cidade é
esta?
A cidade é o Espiritismo que precisava crescer.
Os princípios básicos da Codificação Espírita é o aeroporto.
Os aviões são as comunicações mediúnicas que ligavam as
pessoas à cidade.
As pessoas que ficaram são aqueles adeptos que compreenderam
a nova mensagem; os que voltaram são aqueles que não
gostaram da cidade ou que preferiram permanecer nas suas
mesmas.
Aqueles que alegam ser o aeroporto pequeno e querem um avião
maior são de duas classes: de um lado, estão os cientistas
ateístas, com seus dogmas científicos, e afirmam que o avião
existente (mediunidade) não é suficiente para satisfazer seu
campo de conhecimento; de outro lado, estão os radicais
religiosos, com seus dogmas de fé e misticismo fora da razão,

89
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

que também não querem entrar na aeronave, alegando que quem


comanda o avião é Satanás.
Meus amigos, que fazer para convencer estes Tomés, que a
mediunidade, depois de século e meio do primeiro diálogo com
os Espíritos, a partir das Irmãs Fox, em Hydesville, não foi
suficiente para quebrar suas barreiras?
A resposta não é fácil, porque o esclarecimento não pode ser
imposto como crença cega, com promessas de salvação divina,
mas partir de um convencimento lógico, racional e baseado em
fundamentos reais e irrecusáveis que revelam a existência da
Nova Jerusalém.

Tais fundamentos são históricos, espirituais e


comportamentais.

05.3.1. Fundamentos históricos:

São sinais inequívocos da nova aurora sobre a Terra,


preponderantemente surgidos a partir da metade do Século
XVIII, a reformulação dos costumes sociais a partir das
revoluções política e industrial, com a organização dos estados
democráticos.

Surgiram, como consequência: Uma nova ordem econômica e


social, o aumento demográfico das cidades, a produção de bens
de consumo padronizados e em série, o ingresso da mulher no
mercado do trabalho, a declaração universal dos direitos
humanos, a igualdade de direitos individuais, a tecnologia nos
novos meios de produção, de transporte, de rádio e televisão, a
Organização das Nações Unidas, e até a busca da igualdade dos
direitos nacionais, etc..

90
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

A Terra tornou-se uma pequena aldeia e os meios de divulgação


revelam predomínio do mal.

A maioria da sua população, todavia, conforme indicam as


estatísticas, aceita a reencarnação, a comunicação dos Espíritos
e a lei de causa e efeitos, aguardando, apenas, o novo avião, para
realizar com os irmãos, o binômio autoconhecimento (aprender
a ser) e alteridade (aprender a conviver).
Esperam tão somente que algumas nuvens se afastem, para que
o sol apareça no céu desta aurora. Como será este avião, no qual
voarão estes Tomés, para que também eles pousem na cidade?

05.3.2. Fundamentos espirituais:

A mediunidade natural não foi suficiente até agora para


convencer o cientista ateu nem o religioso dogmático. O que
seria capaz de convencê-los? Qual será o grande avião que os
levará a pousar no Mundo dos Espíritos?

Tenho por mim que será necessária outra manifestação coletiva


dos amigos espirituais, agora sob a égide da Ciência, para que o
dogma materialista da inexistência do espírito seja quebrado, e
também aqueles criados e sustentados há séculos e séculos por
algumas religiões, principalmente por causa da ideia de
ressurreição do corpo para a continuidade da vida dos Espíritos
e suas comunicações. Teríamos desta maneira convalidado o
princípio da concordância universal das manifestações
espirituais, conforme escreveu Kardec, para assegurar a certeza
da verdade manifestada.

Tenho por certo, que brevemente o homem descobrirá o mundo


espiritual por via do que se chama Transcomunicação

91
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Instrumental (TCI) ou intercâmbio eletromagnético com os


Espíritos.

Não falo dos experimentos de gravação de vozes sussurrantes


em telefone, nem de imagens projetadas em fitas de vídeo, tidos
e havidos como decorrentes de efeitos físicos por utilização do
ectoplasma de qualquer médium, ainda que inconsciente; mas de
um equipamento simples e barato, similar a uma antena de
televisão, que possibilitará captar as ondas emitidas pelas
estações espirituais, abrindo o diálogo entre a Ciência dos
homens com os Espíritos.

Brevemente o dedo da Ciência tocará o Mundo dos Espíritos,


comprovando através de estudos de qualidade metodológica e
revisões sistemáticas, e existência da dinâmica espiritual, dando
aos homens a certeza absoluta da continuidade da vida, muito
além daquilo que foi escrito nos livros sagrados, ou imaginado
por todas as religiões até hoje.

Se hoje se aceitam as afirmações dos Espíritos com base na


razão e na lógica, amanhã, qual Tomé tocando o corpo de Jesus,
toda a Humanidade encarnada, sem as restrições de preconceitos
ou dogmas científicos e religiosos, verá e ouvirá as vozes dos
Espíritos, abrindo, de vez, a Era Espiritual para a Terra.

05.3.3. Fundamentos Comportamentais:

A partir deste nascer do sol, a civilização terrena estará


ingressando na nova era, consciente da realidade espiritual,
conforme os ensinamentos dos Espíritos, de modo que cada
homem terá a grande visão de si mesmo, descobrindo hoje como
será o seu próprio eu, amanhã.

92
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Com o conhecimento, pois, de si mesmo no presente e com o


conhecimento da vida futura, a alma encarnada terá condições
de evitar os males que lhe provocariam o mau uso de seu livre
arbítrio, e as consequências da lei de causa e efeitos.
Forçosamente será conduzida por sua própria consciência à
reforma íntima por meio da autoeducação.

Certamente terão os homens, ainda neste século XXI o início de


uma educação integral, que é aquela que consiste na arte de
formar os caracteres, aquela que cria hábitos, conforme
escreveu Allan Kardec (LE, 685-a).

As grandes diferenças teológicas, em relação ao futuro,


desaparecerão e o Deus Único, Cósmico, como o Grande
Pastor unirá todos seus filhos, como irmãos: o aprendizado da
vida espiritual será mais uniforme; as igrejas ou templos tornar-
se-ão casas de religiosidade, de trabalho ao próximo e de estudo
do novo mundo.

Haverá mais uniformidade no processo educacional: o


aprendizado no lar, nas casas religiosas, nas escolas, na pesquisa
científica, terão este novo elo de ligação.

A vida do homem continua, mas o tempo de aprender a ser e a


conviver está chegando ao fim, por isso, estou convicto que é
melhor saber, desde agora, como é a vida lá para não andar
errando por aqui, pois a vida do espírito continua e ele mesmo
deverá pagar até o último ceitil.

Este é o objetivo desta Teologia Cosmológica, mostrar como


disse Kardec: Não é o Espiritismo que cria a renovação social,

93
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

é a madureza da humanidade que faz de tal renovação uma


necessidade (A Gênese, cap. XVIII, item 24).

Por causa dessa madureza da Humanidade, haverá no planeta o


predomínio do bem. Os renitentes no mal dela serão excluídos,
mas os que forem dignos de herdarem a Terra, pela
autoeducação, colocarão um freio em suas tendências instintivas
e más paixões de hoje, para evitar a dor e o resgate amanhã.

Via de consequência:

a) A fraternidade será a pedra angular da nova era social, e ela


se exprimirá pela verdadeira prática do amor ao próximo;

b) A unidade de crença surgida, por força das novas


manifestações dos Espíritos, via eletrônica, levando todas as
religiões a tender para os ensinos do Consolador Prometido;

c) A caridade material e espiritual será mais exemplificada pelos


homens, não por serem compelidos, mas por terem consciência
de que ela é a única rota a lhes conduzir ao porto seguro.

05.4. Conclusão

Este livro teve por fim demonstrar que o Espiritismo, ou o


Consolador Prometido ou o Cristianismo Redivivo é uma
Teologia Cósmica ou uma doutrina social que estuda a vida dos
espíritos de todos os seres vivos como irmãos nas diferentes
moradas da Casa do Pai, tanto no mundo físico como no extra
físico, sob um tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião.

94
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

A proposta é a renovação da alma humana, escoimada dos


vícios do egoísmo e do orgulho, decorrentes da sua ignorância e
de sua ligação com a matéria mais densa, para conduzi-la dentro
da fé raciocinada ao mundo da justiça, do amor e da caridade.

Esta renovação da alma está, pois, intimamente relacionada com


a lei de causa e efeito, por isso também é chamada de lei de ação
e reação e aquele que for responsável pela causa deverá
responder pelos efeitos causados a outrem ou a si mesmo. É uma
consequência da lei do livre arbítrio, que dá ao homem a
liberdade de agir, de ser e de pensar como quiser.

Esta síntese doutrinária está contida na questão 123, de O Livro


dos Espíritos, onde diz: A sabedoria de Deus se encontra na
liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim
cada um tem mérito de suas obras.

O grande problema do homem é descobrir como caminhar,


como agir, como ser, como pensar sem ofender a lei de causa e
efeito. Para isto, basta observar uma lei áurea: Não faças ao
outro o que não queres que se te faça. À medida que a alma for
evoluindo em saber e amor, vai depurando seu sentimento e
aproximando-se da verdade mais pura, liberta de ações movidas
por preconceitos, paixões, emoções incontroláveis etc.. O
progresso individual é paulatino e ao se resgatar os próprios
débitos, se restaura os direitos dos ofendidos. Com o progresso
coletivo, amanhã se terá a renovação do mundo e de todos os
homens. Não apenas porque eles ouviram dizer que precisam ser
bons, mas porque compreenderão que, no mundo novo, somente
permanecerão os que tomaram por bandeira a lição das bem-
aventuranças, não fazendo justiça por suas próprias mãos.

95
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

O estudo do Mundo Espiritual pela Ciência e das leis que


regulam a vida do espírito serão o leme da Nova Era.
Anoto o que disse F. C. Xavier (O Evangelho de Chico Xavier,
compilado por C. A. Baccelli) , como os sinais verdes da rota
dos

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.


Disse Chico Xavier:

1. – (Item 124): Deus pode perdoar, mas é a nossa própria


consciência que não nos perdoa. Somos nós mesmos que
solicitamos as provas por que iremos passar na Terra, em
decorrência dos nossos erros cometidos em uma encarnação
anterior. Além do mais, eu pedi a um amigo meu o qual é grego,
que verificasse para mim as origens da palavra perdoar em
grego antigo e ele me disse que, nessa língua, tal palavra tinha
o significado de tolerar. Quer dizer que Deus tolera, tolera
apenas, veja bem, os nossos pecados, tem benevolência para
com o devedor.

2. – (Item 142): O espírito preso ao remorso não consegue


avançar... Enquanto não quitar, com a própria consciência, os
seus débitos, não encontrará o caminho que lhe permita livre
acesso a novas conquistas.

3. – (Item 339): Sem a ideia da reencarnação, sinceramente,


com todo o respeito às demais religiões eu não vejo uma
explicação sensata, inclusive, para a existência de Deus.
Fui católico romano até a idade madura. Quando moleque, antes
de vir morar na Capital ia à igreja de minha terra natal. Era
mariano e ainda guardo a medalhinha com fita azul com
carinho.

96
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Certa vez, quando tinha 40 anos, numa missa na Igreja de Santa


Terezinha do Menino Jesus, na rua Maranhão, roguei àquela
Santa que considerava minha protetora, para que me ajudasse a
decidir se devia ou não estudar o Espiritismo; e lhe pedi prova
de sua intervenção, como ela sempre fazia em seus pedidos.
Assim, enquanto assistia a missa das 18 horas, pedi ą ela que
fizesse cair uma pétala de rosa. Se eu a visse caindo, era o seu
sinal de sim.

Eu estava com minha mulher no centro da nave principal, e


quase no final da missa senti uma das maiores emoções de
minha vida: Uma pétala, vinda do alto (forro da igreja) veio
caindo, volteando suavemente; estendi meu braço e peguei a
pétala que caiu em minhas mãos. A prova aconteceu e, então, eu
fui saber o que e como era a tal da reencarnação e da
comunicação dos Espíritos, sem medo de ir para o inferno. Hoje,
sou um cristão/espírita e estou contente e agradecido a ela e a
Jesus porque uma nova era começou em minha vida. Os novos
conceitos que aprendi, ora analisados, me alumiaram a rota por
onde caminham os bem-aventurados.

Busco esta estrada como uma escada de Jacó, tendo a certeza de


que Jesus não é Deus e que, embora as línguas dos homens
sejam diferentes, a linguagem do amor é universal, caridosa e de
compreensão fraterna.

97
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Bibliografia

01. A Bíblia Sagrada, Edição BARSA, R. Janeiro (RJ), 1971;


02. A Bíblia Sagrada, Editora Sociedade Bíblica do Brasil,
tradução João Ferreira de Almeida, Rio de Janeiro (RJ
Janeiro (RJ), 1963;
03. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,
22a. ed., Editora LAKE, São Paulo ( SP), 1981;
04. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 2a. Ed., Edições
FEESP, São Paulo (SP);
05. Nosso Lar, André Luiz (Espírito), Psicografia de F. C.
Xavier, 33a. Ed., Editora da FEB, R. Janeiro (RJ), 1987;
06. Como Vejo o Mundo, Albert Einstein, 7a. Ed, da Editora
Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ), 1981;
07. Pão Nosso, Emmanuel (Espírito), Psicografia de F. C.
Xavier, 5a. Ed., Editora da FEB, R. Janeiro (RJ), 1977;
08. Obras Póstumas, Allan Kardec, 16a. Ed., Editora da
FEB, Rio de Janeiro (RJ), 1977;
09. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio B. de
Holanda, Editora Nova Fronteira, R. Janeiro (RJ), 1986;
10. A Gênese, os Milagres e as Predições. Allan Kardec,
12a. Ed., LAKE Editora, 1977;
11. O Livro do Caminho Perfeito (Tao Te Ching), Lao Tse,
3a. Ed., Edit. Civilização Brasileira, R.Janeiro (RJ), 1975;
12. A Palavra do Senhor – Novo Testamento, 3a. Edição da
Editorial Dom Bosco, São Paulo (SP), 1979;
13. Cabala, F.V. Lorenz, 9a. Ed., Editoria Pensamento, São
Paulo (SP), 1993;
14. O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, 2a. Ed., Edições
FEESP, São Paulo (SP), 1989;
15. Conduta Espírita, André Luiz (Espírito), Psicografia de

98
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Waldo Vieira, 5a. Ed., Editora FEB, R. Janeiro (RJ), 1977;


16. O Espírito e o Tempo, J. Herculano Pires, 2a. Edição,
EDICEL, São Paulo (SP), 1977;
17. Uma Breve História do Tempo, Stephen W. Hawking
16a. Ed., Edit. Rocco, Rio de Janeiro (RJ), 1988;
18. O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 32a. Ed., da FEB,
Rio de Janeiro (RJ), 1984;
19. Mecanismos da Mediunidade, André Luiz (Espírito),
Psicografia de F. C. Xavier e Waldo Vieira, 4a. Ed., FEB,
Rio de Janeiro (RJ), 1977;
20. Deliberação 16/2001, de 27.07.2001, Conselho Estadual de
Educação do Estado de São Paulo;
21. Missionários da Luz, André Luiz (Espírito), Psicografia de
F. C. Xavier, 16a. Ed., FEB, Rio de Janeiro (RJ), 1983;
22. O Consolador, Emmanuel (Espírito), Psicografia de F. .C.
Xavier, 16a. Ed., FEB, R. Janeiro (RJ), 1983;
23. Evolução em Dois Mundos, André Luiz (Espírito),
Psicografia de F. C. Xavier e Waldo Vieira, 5ª. Ed., FEB,
Rio de Janeiro (RJ), 1979;
24. Teoria Geral de Direito, Francesco Carnelutti, Editora
Âmbito Cultural Edições, Rio de Janeiro (RJ), 2006;
25. Manual de Direito Romano, Alexandre Correia e Gaetano
Sciascia, 3a. Ed., Edições Saraiva, São Paulo (SP),1957;
26. O Evangelho de Chico Xavier, Carlos Baccelli, 1a,
Ed.Editora. Didier, Votuporanga (SP), 2000.

99
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

Dados Biográficos do Autor


— Durval Ciamponi, nascido em 10/01/1930, em Itobi (SP), filho
de Palmyra Ciamponi e João Ciamponi. Casado com Maria José
Ida Rosa Souza Ciamponi, tem 3 filhos, Celso, Renato e Ana Lídia,
quatro netas e dois netos;

— Bacharel em Direito, na Universidade de São Paulo, Largo São


Francisco e em Administração de Empresas, da Universidade
Mackenzie;

— É funcionário aposentado do Banco do Brasil S.A. Após sua


aposentadoria foi gerente administrativo e financeiro de outras
indústrias;

— Foi Vice-diretor da Faculdade de Filosofia, da Fundação Santo


André, e Professor das disciplinas: Introdução à Custos e
Introdução à Economia.

– Foi Diretor Financeiro e Presidente da FEESP;

— É membro da Academia de Letras dos Funcionários do Banco


do Brasil, cadeira 28;

— É autor de livros de pesquisas no campo doutrinário e do


comportamento religioso, sendo um de poesias.

1) Reflexões Sobre as Bem-Aventuranças, analisando os


ensinamentos de Jesus Cristo em relação a uma só vida ou a uma
pluralidade de existências; 1a. edição, Edições FEESP, São
Paulo (SP), em 1991;

100
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

2) A Evolução do Princípio Inteligente, associando a evolução do


princípio inteligente à evolução das espécies; 1a. edição, Edições
FEESP, São Paulo (SP), em 1995;

3) Alternativas da Humanidade, mostrando as diferentes opções


dos homens em relação à vida espiritual; 1a. edição, Edições
FEESP, São Paulo (SP), em 1996;

4) As Profecias de Jesus, estudando o Sermão Profético em


relação ao mencionado fim do mundo; 1a; edição, Nova Luz
Editora, São Paulo (SP), em 1999;

5) Perispírito e Corpo Mental, onde estuda os centros de força e a


sede da memória; Edições FEESP, la. Edição, em 1999;
6) Reprodução Assistida à Luz do Espiritismo, 1a. edição,
Edições FEESP, 2001;

7) Introdução à Metapsicologia, onde se examina os diferentes


indícios da vida espiritual, tomando por base os registros dos livros
sagradas dos diferentes povos; Editora Elevação, São Paulo (SP),
em 2002;

8) Corrigindo o Passado, Construindo o Futuro, 1a. edição,


Editora DPL, São Paulo (SP), em 2003;

9) Religiosidade Aplicada à Vida Social, (180 exemplares),


coleção composta de sete pequenos volumes, de acordo com a
Deliberação do CCE – SP – 16, de 27/07/2001, como estudo de
viável aplicação ao Ensino Religioso do terceiro ao nono ano, do
Fundamental; Edição especial; São Paulo (SP), em 2007;
10) A Igreja Católica É Mais Paulina Do Que Cristã, 1a.
Edição, Editora AGBOOK, onde mostra a influência de São Paulo
nos dogmas da Igreja; São Paulo (SP), em 2013.

101
Teologia Cosmológica (Analisando seus Conceitos)

102

Você também pode gostar