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GEOTECNOLOGIAS PARA O MAPEAMENTO TEMATICO DOS

ÍNDICES DE ARIDEZ E CLASSES DE DESERTIFICAÇÃO NA


MICRORREGIÃO DE UMBUZEIRO-PB

George do Nascimento Ribeiro (Professor, Universidade Federal de Campina


Grande/Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido); george@ufcg.edu.br
Paulo Roberto Megna Francisco (Dr. Pesquisador DCR CNPq/Fapesq)
Herlanne Campos Porto (Graduanda em Engenharia de Biossistemas, UFCG/CDSA)
Jéssica Sabrina Ovídio de Araújo (Graduanda em Engenharia de Biossistemas,
UFCG/CDSA)
Júlio César Rodrigues de Sales (Graduando em Engenharia de Biossistemas UFCG/CDSA)

Resumo: O índice de aridez é bastante utilizado nos estudos para a determinação de áreas
secas e principalmente nos estudos do processo de desertificação, tendo em vista que
diversos fatores influenciam nesse processo, tais como elevadas temperaturas, fenômenos
naturas, ações antrópicas. A microrregião de Umbuzeiro pertence à mesorregião do Agreste
Paraibano. Este trabalho teve como objetivo principal promover o uso de geotecnologias
para o mapeamento temático dos índices de aridez e posteriores classes de desertificação,
para demonstrar as relações existentes e as dinâmicas espaço-temporal na microrregião de
Umbuzeiro-PB. Os mapas finais correspondentes aos IA’s e classes de desertificação foram
elaborados com a utilização do Software Surfer 10. A classificação de risco à desertificação
para a região de estudo variou entre grau Moderado a Muito Alto, apresentando uma
dinâmica espacial nos melhores índices de aridez no sentido Leste-Oeste.

Palavras-chave: software Surfer, krigagem, desertificação.

GEOTECHNOLOGYS FOR THEMATIC MAPPING OF ARIDITY


INDICES AND DESERTIFICATION CLASS IN THE MICROREGION OF
UMBUZEIRO-PB

Abstract: The aridity index (AI) is widely used in studies for the determination of dry areas
and especially in studies of desertification, considering that several factors influence this
process, such as high temperatures, natural phenomena human actions. The microregion of
Umbuzeiro belongs to the mesoregion of Agreste Paraibano. This work aimed to promote the

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use of geotechnology for thematic mapping of drought and subsequent desertification
classes indices to show the relationship and dynamic spatiotemporal in microregion of
Umbuzeiro-PB. The final maps corresponding to the IA's and desertification classes were
developed using the Software Surfer 10. Desertification rating risk for the study area ranged
from grade Moderate to Very High, with a spatial dynamic in the best aridity indices in the
east to the west.

Keywords: software Surfer, kriging, desertification.

1. INTRODUÇÃO
O índice de aridez (IA) é bastante utilizado nos estudos para a determinação de áreas secas
e principalmente nos estudos do processo de desertificação. É possível determinar o IA de
uma região através de diferentes metodologias. Uma delas é a metodologia desenvolvida
por Thornthwaite em 1941, com posterior ajuste por Penman em 1953, segundo a qual
evidencia que o IA de uma região consiste na razão entre a quantidade de água advinda da
chuva (Precipitação) e as potenciais perdas de água para a atmosfera, chamadas de
Evapotranspiração Potencial (CAITANO et al., 2001).
A desertificação, de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre
Desertificação, seguindo a Agenda 21, é definida como sendo “a degradação de terra nas
zonas áridas, semiáridas e sub úmidas, secas resultante de fatores diversos tais como as
variações climáticas e as atividades humanas” (BRASIL, 1999). As definições não deixam
claro como se mede a degradação, que pode ser o resultado de ações complexas. Elas
envolvem aspectos do uso das terras e da cobertura dos solos, da deterioração ambiental,
da queda na produção agropecuária, da redução da renda das comunidades rurais e piora
nas condições sociais (SAMPAIO, 2014).
A última grande avaliação sobre o estado da desertificação no mundo foi elaborada
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUD) em 1991. Nessa época, a
desertificação já afetava diretamente 3,6 bilhões de hectares e 1/6 da população mundial
(UNEP, 1992). Os processos de desertificação afetam todos os continentes, especialmente
o africano. Na América Latina, onde cerca de 30% do território encontra-se sob condições
climáticas propícias à desertificação, os países mais afetados são Argentina, Bolívia, Chile,
México, Peru e Brasil (ARELLANO-SOTA et al., 1996; OLIVEIRA-GALVÃO, 2001).

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A área de ocorrência dos processos de desertificação no Brasil abrange todos os
Estados da região Nordeste, com exceção do Maranhão, além de incluir a porção norte do
Estado de Minas Gerais, segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil em 1998. A
região semiárida do Nordeste brasileiro é a principal região do Brasil com problemas
ambientais de desertificação e apresenta um total de aproximadamente 1.340.000 km 2 de
áreas susceptíveis à desertificação (Figura 1) atingindo diretamente 30 milhões de pessoas.

Figura 1 – Localização do semiárido brasileiro (SAB). Fonte: Adaptado de INSA (2014).

Desse total, 180.000 km 2, aproximadamente 13% do território nordestino, já se


encontram em processo grave ou muito grave de desertificação, segundo o Atlas das Áreas
Susceptíveis a Desertificação do Brasil (2007) (Figura 2).

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Figura 2 – Áreas degradadas e susceptíveis à degradação no Nordeste brasileiro. Fonte: Atlas das
Áreas Susceptíveis a Desertificação do Brasil (2007).

Historicamente, é sabido que a caatinga é amplamente utilizada como fonte


energética em todo o Nordeste. No Brasil as áreas com maior risco de desertificação estão
localizadas na Paraíba, com cerca de 70% de seu território comprometido, uma de suas
possiveis causas para esse alto risco é a extração de madeira para o uso de lenha e carvão
vegetal como forma de matriz energetica, geralmente esse recurso natural é extraido muitas
vezes de maneira inadequada acarretando em um grande desiquilibrio ambiental, assim
influenciando diretamente na desertificação da região (TRAVASSOS & SOUZA, 2014)
Sendo assim, sempre houve uma forte participação do energético florestal
relacionada a essas atividades (Tabela 1), sendo que 56,8% da energia utilizada provêm de
sua vegetação nativa, enquanto no ramo industrial esse índice chega a aproximadamente
80% (RIEGELHAUPT & FERREIRA, 2004).

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Tabela 1- Consumo domiciliar dos produtos extrativistas. Fonte: Adaptado de Riegelhaupt e Ferreira
(2004).
Estado Produto extrativista
Lenha (t/ano) Carvão vegetal (t/ano)
Paraíba 76.266,25 102.755,45

Por ser um processo dinâmico, é difícil determinar uma causa para desertificação
das terras, tendo em vista que ela geralmente resulta de um emaranhado de causas e
efeitos que se entrelaçam, formando um quadro complexo (SAMPAIO & SAMPAIO, 2002). A
desertificação vem se tornando um sério problema para as regiões semiáridas de todo o
planeta. A degradação da terra e a desertificação não são problemas restritos ao Brasil;
33% da superfície terrestre, uma área onde moram cerca de 2,6 bilhões de pessoas, sofre
com as mesmas dificuldades (MARENGO, 2008).
Apesar desta relação direta entre o índice de aridez e a desertificação, deve-se
ressaltar que a determinação da susceptibilidade ou não a este processo não pode ser
apontada apenas pelo índice de aridez, uma vez que vários outros fatores estão envolvidos
nesta temática (DUARTE, 2003; PACHÊCO, 2006). Porém, a importância da determinação
deste índice para a desertificação está no fato de a ocorrência deste processo se limitar a
áreas secas, e o cálculo deste índice indica exatamente esta condição climática. O índice de
aridez é considerado de grande precisão na determinação das áreas vulneráveis à
desertificação, já que é o único que utiliza variáveis quantitativas para tal análise (SAMPAIO
& SAMPAIO, 2002).
Diante do exposto, objetivou-se com essa pesquisa obter uma representação
espacial, de forma mais precisa, por meio do uso de geotecnologias, propiciando um
mapeamento temático dos índices de aridez e das classes de desertificação da microrregião
de Umbuzeiro-PB.

2. METODOLOGIA
O Estado da Paraíba está localizado no Nordeste Oriental, na Zona Tropical, e abrange uma
área de 56.585 mil km². Faz divisa ao norte com o Rio Grande do Norte, ao sul com
Pernambuco e a oeste com o Ceará (IBGE, 2012). A microrregião de Umbuzeiro pertence à
mesorregião do Agreste Paraibano (Figura 3). Sua população foi estimada em 2015 pelo
IBGE em 54.576 habitantes. Possui uma área total de 1.293,9 km² e está dividida em cinco
municípios, sendo eles: Aroeiras, Gado bravo, Natuba, Santa Cecília e Umbuzeiro.

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Figura 3 – Localização Geográfica da Microrregião de Umbuzeiro-PB (Aroeiras-1, Natuba-2,
Umbuzeiro-3, Santa Cecília-4, Gado Bravo-5).

Paraíba

Para determinar o índice de aridez de um determinado local deve-se inicialmente


obter o total anual de precipitação e estimativa da evapotranspiração potencial, neste estudo
calculado pelo método de Thornthwaite e Mather (1955), onde calcula-se a
evapotranspiração, ou seja, a diferença entre a quantidade de chuva e a perda de água do
sistema. Neste cálculo, a evapotranspiração foi utilizada a partir do momento em que se
percebeu o caráter decisivo deste parâmetro na determinação de um clima (FREITAS,
2005).
O índice de aridez é de grande importância nos estudos da desertificação, sendo
consenso que a susceptibilidade a este processo está diretamente associada ao nível de
aridez do local (FREITAS, 2005; DUARTE, 2003; MATALLO JÚNIOR, 2001). No ano de
1977 este índice foi aplicado no Plano de Ação de Combate à Desertificação das Nações
Unidas (MATALLO JÚNIOR, 2001) sendo a equação de IA dada por:

De acordo com os valores calculados do IA, foram determinados os riscos à


desertificação para cada município da microrregião, assim como, a classificação climática
que delimitam as zonas estabelecidas pelo CONAMA (1997), de maneira geral, pode-se
concluir que a área onde pode ocorrer desertificação está razoavelmente bem definida. É
aquela na qual a razão entre precipitação e evapotranspiração potencial anuais fica abaixo
de 0,65 (SAMPAIO, 2014), apresentado na Tabela 2.

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Tabela 2 – Classes de clima de acordo com o Índice de Aridez. Fonte: Resolução CONAMA Nº 238
(1997).

Classe Índice
Hiperárido <0,03

Árido 0,03-0,2

Semiárido 0,21-0,5

Sub-úmido e seco 0,51-0,65

Sub-úmido e úmido >0,65

A análise comparativa dos índices de Aridez (IA’s) referente aos anos de 2000, 2005,
2010 e 2015 foi feita utilizando dados de precipitação disponíveis no site da AESA (2016a).
Para o cálculo do IA, utilizou-se o valor médio de Evapotranspiração fornecido por BDCLIMA
(2003) no qual apresenta um valor total anual de 1.074,00 mm.ano -1, concernentes à uma
média histórica de leituras para o período de 1911-1990.
De posse dos índices de aridez tem-se a classificação dos riscos de desertificação
(Tabela 3) para a microrregião em estudo, a saber:

Tabela 3 – Padrões de classes de desertificação de acordo com o IA. Fonte: Matallo Junior (2001).

Índice de aridez Grau de risco ao processo de desertificação


0,05 até 0,20 Muito Alto

0,21 até 0,50 Alto

0,51 até 0,65 Moderado

De início, promoveu-se o desmembramento dos elementos da planilha geral


observada no site da AESA, para ser feita uma análise da participação individual municipal
de cada componente e índice, conjugados com os dados de latitude e longitude centrais de
cada cidade da microrregião em estudo; logo após, elaborou-se uma planilha no Excel
apenas com os dados requeridos (cidades, longitude, latitude, IA.ano -1, precipitação.ano-1,
evapotranspiração potencial dos municípios=1.074,00 mm.ano -1).

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Os mapas finais correspondentes aos IA’s e classes de desertificação foram
elaborados com a utilização do Software Surfer 10, utilizando o método de gradeamento
Krigagem; e, como recorte utilizou-se um arquivo digitalizado com extensão bln da
microrregião de Umbuzeiro, sobre o shape da mesma microrregião da Paraíba, obtido em
AESA (2016b).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A precipitação pluviométrica está rigorosamente ligada com o IA, pois este equivale à
associação entre os dados de precipitação e as potenciais perdas de água para a atmosfera
(evapotranspiração potencial). Possivelmente pela microrregião apresentar elevadas
temperaturas anuais, maior será a perda de água para à atmosfera, com elevado índice de
evapotranspiração, acarretando em níveis mais baixos de IA.
Não obstante, outra possível causa para a variabilidade interanual dos IA’s é
provavelmente pelo fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS), caracterizado pelo
aquecimento anormal das águas superficiais no oceano pacifico tropical, assim mudando os
padrões de ventos a nível mundial. De acordo com o INPE (2016) para o ano de 2000 não
ocorreu evento de ENOS; já para os anos de 2005, 2010 e 2015 podem ser verificados
como anos de atuação do fenômeno ENOS.
Ademais, o processo de desertificação cumulativo com um longo processo de
degradação causada pela ação antrópica tais como: manejo inadequado do solo, cultivo em
terras inapropriadas, retiradas de mata ciliar, desmatamento excessivo, retirada da
vegetação antural como fonte energética, entre outros processos são fatores presentes na
região em estudo.
O clima também tem influência no processo de desertificação pelo seu impacto na
vegetação uma vez que as formações vegetais possuem a importante função de absorver
parte da energia solar que incide sobre a superfície terrestre. Assim, quando o grau de
reflexão é maior (o que chamamos de albedo), maior tende a ser o impacto do efeito estufa,
pois haverá mais radiação disseminando-se e retornando para a atmosfera.
Dessa forma, a região em estudo por pertencer ao bioma Caatinga, tem
características como áreas mais abertas, com menor presença de vegetação, por tanto
tendem a absorver mais calor, provocando o aumento das temperaturas, uma vez que o
aumento da temperatura também tem o efeito de diminuir a umidade do solo através da
evaporação direta e pelo aumento da evapotranspiração das plantas.

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A microrregião de Umbuzeiro apresenta um longo período de estiagem,
consequentemente o déficit hídrico relacionados com os baixos valores pluviométricos assim
como as elevadas temperaturas. Tais variáveis exercem grande influência sobre o índice de
aridez. (PATRÍCIO et al., 2014).
É possível observar, com mais detalhes na Tabela 4, os valores médios dos IA’s de
cada município da microrregião em estudo.

Tabela 4 – Valores médios anuais dos índices de aridez para os municípios da microrregião de
Umbuzeiro-PB para os anos de estudo.

Municípios Ano 2000 Ano 2005 Ano 2010 Ano 2015


Aroeiras 0,76200 0,5712 0,5557 0,2267
Gado Bravo 0,59000 0,6152 0,0263 0,2939
Santa Cecília 0,53020 0,9202 0,0011 0,7959
Natuba 0,72000 0,4546 0,441 0,3267
Umbuzeiro 1,16250 0,9093 0,9321 0,6518

De acordo com o exposto na Figura 4, pode-se perceber que, sob a influência do


fenômeno ENOS para os anos 2005 (0,4-1,0), 2010 (0,03-1,15) e 2015 (0,2 a 0,8) foram
verificados IA’s com menores valores com relação ao ano de 2000 (0,53-1,18),
possivelmente, para o segundo caso, pode-se vislumbrar que sob a ação do La Niña, esse
possa ter afetado o período chuvoso da região, consequentemente apresentando melhores
IA’s assim como uma variação pequena entre o menor e maior valor.
No entanto, vale a ressalva para o valor mínimo de IA (0,03) encontrado no ano de
2010, no qual possivelmente o dado de precipitação total anual apresentado para o
município de Gado Bravo (28,3 mm.ano -1), de acordo com AESA (2016), não é condizente
com a realidade, dessa forma influenciando na interpolação final. Não obstante, pode-se
verificar que para o ano de 2015 a variação entre mínimo e máximo valor de IA foi a menor
apresentada.

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Figura 4 – Distribuição espacial dos IA’s para a microrregião de Umbuzeiro-PB nos anos de estudo.

De acordo com o site BBC Brasil (2016) vemos uma repetição no impacto dos
fenômenos (El Niño) de 1982-1983 e 1997-1998 para o momento e que esse evento de El
Niño no ano de 2015 parece ser o mais forte registrado em todos os tempos.
Considerando-se a escala anual para o ano de 2000 (0,50-0,65) ele foi considerado
como risco Moderado para as classes de graus de risco à degradação; em 2005 (0,40-0,65)
e 2015 (0,2-0,65) é possível observar que está entre as classes de Alto a Moderado; para o
ano de 2010 (0,05-0,65) foi observado uma classificação entre os três níveis apresentados.
Em geral, a dinâmica espacial da distribuição das classes de graus de risco à
degradação seguem um padrão no sentido Leste-Oeste, o que era de esperar, uma vez que
a topografia local influencia diretamente, pois o município que se encontra em maior altitude
é o de Umbuzeiro, porém também recebem influência dos valores de temperatura e
evapotranspiração potencial menores. A região sudeste da microrregião apresenta-se como
a mais chuvosa e a que apresenta os menores valores do índice de aridez e com graus de
risco à degradação consequentemente menores.
Na Figura 5, é possível observar as classes de grau de risco de desertificação para
os anos estudados. Nessa distribuição a ocorrência dos IA’s apresentaram-se concentrados
em cada ano em diferentes munícipios estudados, assim como também o grau de risco de

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desertificação. Observa-se que as classes Alta e Muito Alta ocupam, em grande parte, a
região noroeste, para todos os anos estudados.

Figura 5 – Classes de grau de risco de desertificação para os anos estudados.

Relacionando os mapas apresentados, obteve-se como resultado que, no ano de


2000, esse índice foi menor no município de Natuba, e que, de acordo com o risco de
desertificação, classifica-se como Moderado para o município. Para o ano de 2005
concentrou-se na região de Santa Cecília a classificação de risco de desertificação Alto. No
ano de 2010 foi possível observar que o menor índice concentrou-se no município de Gado
Bravo, tendo sua classificação como risco Muito Alto de desertificação. Em 2015 pode-se
verificar que esse baixo índice de aridez concentrou-se no munícipio de Aroeiras e
estendeu-se pelos municípios de Gado Bravo e Santa Cecília classificando como risco Alto
de desertificação.
As áreas de risco Alto e Muito Alto apresentam-se de forma difusa, porém de forma
mais expressiva que a Moderada, na região analisada e que estas, por suas condições já
exibem forte restrição de uso agrícola, requerendo o uso intensivo de práticas
conservacionistas.

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É notório que a degradação ambiental está quase sempre relacionada ao mau uso
do solo em decorrência das diversas atividades degradantes, tanto naturais como
antrópicas. Dentre elas, a retirada da cobertura vegetal para implantação de agricultura de
subsistência (autosconsumo) ou para atividade pecuária extensiva sem práticas e manejos
adequados compromete, a médio e longo prazo, as propriedades físicas, químicas e
biológicas dos solos (FRANCISCO et al., 2014) inviabilizando essas áreas a uma exploração
sustentável no futuro e transformando-as em áreas desertificadas (SANTANA et al., 2012).

4. CONCLUSÕES

A classificação de risco à desertificação para a região de estudo variou entre grau Moderado
a Muito Alto, apresentando uma dinâmica espacial nos melhores índices de aridez no
sentido Leste-Oeste.
O município de Umbuzeiro foi o que apresentou melhor IA dentre todos da
microrregião. No ano de 2015, todos os municípios tiveram uma diminuição significativa no
IA em relação a todos os anos estudados, contudo, nesse ano Natuba se sobressaiu ao ser
comparado com os outros municípios da microrregião.
Possivelmente o baixo índice pluviométrico, as elevadas temperaturas, a topografia
local e as ações antrópicas influenciam diretamente no IA da microrregião de Umbuzeiro,
assim como fenômenos climáticos como exemplo o ENOS.

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