DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
DISCIPLINA: Introdução às Ciências da Informação
PROFESSORA: Maria Lúcia Dias ALUNAS: Carla Castilhos e Carolina König
RESENHAS
Bibliotecário na posição de arquiteto da informação em ambiente Web.
A Internet pode ser considerada uma ferramenta para facilitar a comunicação,
possibilitando a exposição de produtos e serviços para clientelas específicas. Por isso, novos mercados de atuação profissional estão surgindo, fazendo com que muitas profissões se adaptem e as organizações escolham pessoas que possam organizar o caos existente, originando um novo perfil profissional: o “arquiteto da informação” em ambiente web. Creth (1996) diz que o bibliotecário tem o papel de trabalhador/gerente do conhecimento. Necessita conhecer e envolver-se com este novo ciclo de transferência da informação, passando pela criação, reestruturação e representação da informação até a disseminação e seu uso. O bibliotecário auxilia na seleção da informação para os usuários, evitando a sobrecarga informacional, e pode atuar como um organizador dos recursos em rede. Os novos profissionais que gerenciam documentos digitais variam desde os tradicionais arquivistas, os bibliotecários e outros profissionais que manejam registros e bases de dados tais como analistas de sistemas de dados e informações. Entre as habilidades desejáveis, para estes profissionais, estão requisitos como: serem pessoas dinâmicas, comunicativas, com visão de futuro sobre a implementação e apoio para o uso de tecnologias emergentes nas bibliotecas. Coordenar a integração de bases de dados e promover as iniciativas sobre a informação digital nas instituições/empresas para atender a demanda de seus usuários é fundamental. É imprescindível que conheça as ferramentas de trabalho em rede de computadores, ou seja, domine os recursos da Internet, desde os browsers de navegação, transferência de arquivos (FTP), acesso remoto (Telnet), correio eletrônico (e-mail), listas de discussões, publicações eletrônicas, mecanismos de busca, diretórios de pesquisa, e saiba utilizar editores para a criação de documentos de hipermídia. Igualmente conheça e utilize os recursos para digitalização de documentos, tais como: os scanners, câmeras digitais, vídeos digitais, entre outros. A gestão de documentos eletrônicos necessita de planejamento, análise, design, construção, armazenamento e segurança. Em cada uma dessas etapas existem atividades específicas. O arquiteto da informação necessita conhecer sua audiência e deve estar familiarizado com as tecnologias Web, desejando-se também que tenha experiência com a criação de Web sites completos, pois, a prática demonstra que no gerenciamento da informação é necessário saber interagir em um Web site, tanto para manutenção e alteração de sites existentes, como criação de novos. Após o desenvolvimento de um site, o arquiteto da informação necessita colocá-lo na rede de computadores – Internet. Para isso, deverá escolher qual o provedor – servidor que utilizará, conforme os recursos existentes, observando as políticas institucionais e especo delimitado pelo provedor de acesso. As habilidades necessárias ao bibliotecário visto como um arquiteto da informação, estão centradas principalmente na facilidade de comunicação, capacidade de organizar informações digitais e saber negociar com os seus usuários e principalmente com os provedores de informações. Necessita, ainda, desenvolver tarefas como: analisar e atender a demanda informacional dos usuários de bibliotecas e de sistemas informacionais; desenvolver políticas e serviços para melhor servir as necessidades dos usuários; proporcionar apoio e assistência aos usuários, tais como o serviço de empréstimo inter-bibliotecário e a recuperação de informações de sistemas de computadores externos e da Internet, criar e manter bases de dados; estar envolvido no planejamento e seleção de sistemas computacionais para uso na biblioteca. E o arquiteto da informação procura buscar e desenvolver programas e métodos de instrução para facilitar a pesquisa nas coleções de arquivos de informações digitais em áreas específicas do conhecimento. O bibliotecário tem, sim, que saber lidar com as ferramentas da web, principalmente com a Internet, já que esta serve como uma enorme fonte de informação, que é o maior tesouro desse profissional, cujos objetivos são organizar, tratar e disseminar aos seus usuários que buscam esses conhecimentos. Entretanto, a Internet é apenas mais uma ferramenta de informação. Ainda existem meios reais, e não virtuais, de documentos, dos quais o bibliotecário também deve tomar conta. Ou seja, conhecer e saber lidar com hardwares e softwares é importante, mas o profissional não precisa, necessariamente, ser um “expert” nessas áreas, pois pode trabalhar também com recursos “físicos”, como por exemplo, os documentos impressos ou os livros, os quais deram origem à profissão.
O mundo do trabalho na sociedade do conhecimento e os paradoxos das
profissões da informação
A diferença básica entre ocupação e profissão é que a primeira não é composta
por um corpo de saberes científicos, nem depende de títulos universitários como a segunda. Além disso, cada profissão tem direito a monopólio de suas práticas, em troca da segurança, da qualidade e da eficácia dos serviços prestados à sociedade. As profissões precisam, entretanto, dividir espaços e disputá-los com outras. Os limites delas podem ser bem definidos ou não. Quando não são, profissionais (ou apenas técnicos) de uma área podem “invadir” o campo de atuação de outra. Isso gera lutas internas que favorecem a criação de novas profissões ou a evolução da profissão “invadida”. A biblioteconomia é exercida e reconhecida como uma profissão. Já os “profissionais da informação” não estão regulamentados, protegidos por um Conselho ou algo do tipo. As atividades específicas da biblioteconomia são exercidas em unidades de informação públicas - mesmo que inseridas em instituições privadas, pois, normalmente, a comunidade ou os cidadãos em geral podem ter acesso a essas unidades – e não têm fins lucrativos, o que dificulta mensurar a “mais-valia” do trabalho realizado. Entretanto, com o surgimento de novas tecnologias de informação – internet, bancos de dados, etc. -, houve uma ampliação da área de atuação do profissional bibliotecário e uma emergência de diversos profissionais da informação. Sempre que um conhecimento novo surge, novos conteúdos se desenvolvem e novas demandas aparecem. O setor da informação é bem heterogêneo, há dificuldades em delimitar as profissões envolvidas na área. A dificuldade de se delimitar este campo é também conseqüência da incerteza dos papéis que estes profissionais devem desempenhar em uma realidade onde as mudanças tecnológicas são muito rápidas. Como bem afirma Sergean (1977, p.7) : “a dificuldade de definir o campo de informação é conseqüência da própria natureza da informação. Este recurso difere dos outros porque não é o campo exclusivo de um grupo profissional, mas concerne todos os indivíduos (...)” Biblioteconomia seria mais abrangente, mas também há a Arquivologia e a Museologia, além dos cursos de Gestão da Informação, Sistemas de Informação, Ciências da Computação e muitos outros que, eventualmente, tratem de Informação. Importante ressaltar os questionamentos pertinentes feitos ao final do texto: “Por que os seus membros permitem a ambigüidade oficial criada em torno do nome da profissão? Que valores simbólicos estão adquirindo ao identificar-se às novas tecnologias? Que valores simbólicos estão perdendo ao desvincular seu nome dos ícones tradicionais da alta cultura: o livro, a biblioteca, o museu? (Bourdieu, 1989) E em face dos compromissos assumidos com a sociedade, e sancionados pelo Estado através dos conselhos, para zelar por estas tradicionais instituições da cultura, o que se pode esperar? Um diploma mais valorizado? Mais e melhores empregos?” Há espaço para todos os tipos de profissionais. Afinal, o campo de trabalho é vasto e precisa tanto de bibliotecários tradicionais - preocupados com o acervo, a cultura e a leitura -, quanto de bibliotecários inovadores - preocupados com o conteúdo da informação, com o acervo digital, com as melhores e mais ágeis formas de disponibilizar as informações para seus clientes e com tudo o que as novas tecnologias podem trazer. O que precisamos é ter em mente que a nomenclatura “bibliotecário” é a mais adequada; quem sempre cuidou bem de tanta informação impressa resolve facilmente os problemas de informações digitais. Apenas o formato mudou, a essência da informação é a mesma.
Texto complementar:
Não é exatamente um texto, é uma notícia... E as opiniões contidas nelas refletem o
pensamento da comunidade biblioblogueira em geral:
Adiós, Biblioteconomía, adiós - 18 Abril 2006
<http://www.espacioblog.com/ranganatha2/post/2006/04/18/adios- biblioteconomia-adios> En el año 2010 quedará definitivamente consolidado el Espacio Europeo de Educación Superior (EEES)¹. Dos titulaciones: Diplomatura en Biblioteconomía y Documentación y Licenciatura en Documentación se unificarán en una única titulación que se llamará: Título de Grado en (Información) y Documentación². Gracias al EEES pronto, muy pronto, podremos olvidar esa palabra, casi impronunciable, que tanto "daño" ha hecho a esta profesión: Biblioteconomía. Seguro que no somos los únicos que hemos tenido que explicar, casi hasta la saciedad y la desesperación, lo que significa esta palabra: Biblioteconomía. Cuántas veces habremos escuchado ¿biblio qué? Y no poca razón tienen los que preguntan porque... ¿Qué significa esta palabra? ¿Define realmente nuestro trabajo? ¿Se identifica con una profesión obsoleta, estática? Que prácticamente nadie entienda el significado de esta palabra ¿ha fomentado y provocado que seamos invisibles para la sociedad? Desde hoy, no volveremos a utilizar más este término. Biblioteconomía, adios. ¹http://www.aneca.es/modal_eval/convergencia_bolonia.html ²http://www.aneca.es/modal_eval/docs/libroblanco_jun05_documentaci%F3n.pdf
A mesma alegria é compartilhada aqui:
Bibliotecários Sem Fronteiras <http://www.biblio.crube.net/?p=1011>
Adeus Biblioteconomia - 09.05.2006 por Tiago Murakami @ 13:16 Acabo de ler no blog Ranganatha2 que o Espaço Europeu de Educação Superior (EEES) irá unificar os cursos de Biblioteconomia e Documentação e Licenciatura em documentação em um único curso chamado: Informação e Documentação. Tomara que a moda pegue por aqui e consigamos nos livrar de um nome que já não mais representa os seus profissionais e que muito menos é uma ciência que deva ser preservada.
É triste que os brasileiros não percebam que, com a mudança de nomenclatura,
perde-se tudo o que foi conquistado no Brasil. Não é fácil aqui, com nosso congresso e nossas leis, tornar uma profissão regulamentada. Mudar a nomenclatura é perder não só os direitos legais adquiridos como também a cultura do profissional bibliotecário e seu envolvimento com os livros e as bibliotecas. O que estes profissionais infelizmente não perceberam é que o que importa é trabalhar com a informação. Se a sociedade desconhece ou pergunta biblio o quê? É justamente por falta de informação; culpa de nós, estudantes e profissionais da área.