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DataGramaZero - Revista de Informação - v.16 n.

2 abr/15 ARTIGO 04

Pensando o espaço público do presente: a biblioteca pública em sua função social


Thinking public space in the present: the public library in its social function
por Giulia Crippa

Resumo: Nesse trabalho, propomos um retrato de bibliotecas públicas como espaço físico através de seu papel mais essencial:
elas participam do processo de costura social enquanto elementos capazes de captar indícios de sofrimento social. Por isso,
não é suficiente a realização de bibliotecas em que técnicos, administradores, bibliotecários possuem as necessárias
competências sociológicas, de comunicação e de criatividade. As bibliotecas, nesse artigo, são pensadas como laboratórios de
cidadania muito mais próximos dos processos da vida real do que atualmente são: oficinas permanentes de apropriação do
espaço coletivo e de ações compartilhadas.
Palavras Chave: Biblioteca Pública; Mediação; Comunidade; Inovação; Serviços; Cidadania.

Abstract: In this paper, we propose a portrait of public libraries as a physical space through their most essential role: they
participate to the process of social sewing as elements capable to collect indications of social suffering. In order to do that, it is
not enough to have libraries where technicians, administrators, librarians own the needed sociological, communicational and
creative skills. Libraries, in this paper, are presented as a citizenship laboratory much closer to real life processes then how
they actually are: permanent workshops appropriating collective space and shared actions.
Key-words: Public Library; Mediation; Community; Innovation; Services; Citizenship.

Introdução : em um tempo de tecnologias.

Em um tempo de tecnologias, pode parecer obsoleta uma reflexão sobre a defesa das bibliotecas
públicas em sua existência física: as tecnologias exercem, inevitavelmente, uma atração
centralizadora no campo da Ciência da Informação. Sem dúvida revolucionárias do próprio
conceito de conhecimento, elas têm capitalizado o interesse pelas formas de organização e
acesso das informações.A proposta da tecnologia como acesso remoto é crescente para todos os
serviços, do pagamento de contas e homebanking ao empréstimo bibliotecário. A tecnologia
permite uma organização voltada para um público composto de navegadores. Observa-se o uso
da tecnologia voltada ao “infotainment”, ou informação entretenimento: notícias, leituras,
filmes, vídeos e musicas são acessíveis de qualquer dispositivo eletrônico conectado em rede,
que podemos utilizar sem a necessidade de sair de casa para recuperar informações com
conteúdos comparáveis aos de TV, jornais ou best-sellers.
Google (e as novas tecnologias em geral) deu vida a uma espécie de “biblioteconomia de massa”
que, de certa forma, deslegitima os papeis tradicionais do bibliotecário. Isso, porém, tem um
custo em termo de informação de qualidade, pois claramente temos que nos satisfazer com a
obtenção de resultados insatisfatórios e superficiais no plano da pesquisa. O “consumidor”,
todavia, mais do que o usuário, nesse caso, de notícias, acessa os sites da web como forma de
infotainment.

Em que pesem publicações dedicadas principalmente a este aspecto (Cesarino, 2007), a época
em que o bibliotecário desempenhava seu papel através das fichas do catálogo e indo ao
depósito para buscar o livro procurado acabou há muito tempo. E, de qualquer forma, não
condiz com estruturas que colocam como central uma ação com o público e não com as
coleções. Se esse papel de organização e recuperação da informação é desempenhado pelas
novas tecnologias, não é absurdo pensar que a informação estratégica da catalogação, um tempo
base de todo e qualquer trabalho bibliotecário, no âmbito das bibliotecas públicas um dia possa
desaparecer, ainda que um numero (bem limitado) de catalogadores sempre será necessário
(Agnoli, 2009). A presença das tecnologias deve reduzir a necessidade de funcionários atrás do
balcão, obrigando-os a transformar seu papel para o de mediação, facilitando a aproximação dos
usuários aos estoques de informação. Todavia, ainda hoje, muitos bibliotecários estão
convencidos de que suas tarefas principais são ligadas ao “back office”, e não consideram de
sua competência aquelas ligadas ao público, para as quais, com freqüência, são utilizadas
pessoas sem competências bibliotecárias.

Cada época deve eleger seus instrumentos para interpretar as necessidades sociais, eliminando
velhos hábitos e preconceitos. Todo serviço público que envolve um espaço coletivo deve ser
analítico das situações, para escolher seus rumos e evoluir. Desde a emergência das tecnologias
de informação e comunicação, o universo das bibliotecas públicas é questionado em sua
existência pelas mudanças, abrindo caminho à necessidade de reformulação. Com efeito, se o
sistema bibliotecário não funciona, significa que não corresponde às exigências do público.
Deve, portanto, transformar-se sem perder sua natureza ou competir com outros campos.Por que
a biblioteca pública enquanto espaço físico? Assistimos à diminuição dos lugares públicos, a
crises que deterioram os tecidos urbanos, ao surgimento de novas dinâmicas de segregações
espaciais (Canclini, 2009). O que as cidades cada vez mais oferecem como opção de agregação
social são espaços ou eventos marcadamente comerciais, cada vez mais parecidos nas operações
de franchising global. Muito serviços são mobilizados na tentativa de manter as costuras sociais
estáveis. A biblioteca pública pode ser o território mais rico para realizar o encontro entre
realidades diversas, buscando saídas das crises sociais que nos cercam.

Nesse trabalho, propomos um retrato de biblioteca pública como espaço físico através de seu
papel mais essencial: ela participa do processo de costura social enquanto elemento capaz de
captar indícios de sofrimento social. Por isso, não é suficiente a realização de bibliotecas em que
técnicos, administradores, bibliotecários possuem as necessárias competências sociológicas, de
comunicação e de criatividade. A biblioteca pode ter sucesso nas mudanças se é capaz de uma
mobilização rumo à sua transformação em um lugar que recebe, apoia e oferece tecnologias,
claro. O que permite, todavia, que a biblioteca desempenhe seu papel social é a presença de
cidadãos capazes de se articular com essa instituição que se encontra, assim, na necessidade de
formar bibliotecários capacitados em tornar próprias as necessidades dos usuários, colocando-se
a disposição para envolve-los na realização de suas atividades, tornando a biblioteca uma
instituição mediadora.

A biblioteca pública, em sua existência física, nesse artigo é proposta como laboratório de
cidadania muito mais próxima dos processos da vida real do que atualmente é, uma oficina
permanente de apropriação do espaço coletivo, de ações compartilhadas. Existe uma vontade e
uma necessidade de relações comunitárias, a necessidade de conectar o micro com o macro e,
muitas vezes, se produzem experiências interessantes que permanecem isoladas porque não é
exercido um papel eficaz de mediação, papel que cabe muito bem à biblioteca e a seus
profissionais que, porém, precisam de novos paradigmas interpretativos. Se não aceitarmos que
temos um olhar paradigmático não teremos saída: há uma necessidade de valorizar a inteligência
que opera na cotidianidade coletiva e de construir “dispositivos” que a reforcem, eliminando a
diferença entre cultura “alta” e “baixa”.

Uma biblioteca é o encontro.


Uma biblioteca é o encontro entre idades diferentes. Crianças, jovens, adultos, idosos, entram
com o peso da vida em um tempo de incertezas, em um tempo de êxodos. Eles devem encontrar
um novo significado, pois suas vidas se fragilizam no decorrer do tempo, precisando, assim, ser
reinterpretadas, através de uma hermenêutica que envolve a própria biblioteca. Os jovens
procuram alento para as incertezas do futuro, os idosos procuram novos equilíbrios, enquanto
portadores de instancias de recapitulação e entrega de experiências. Mulheres e homens cada
vez mais em busca de novos significados para si mesmos, para dar um sentido ao futuro, mesmo
os idosos, através de seu futuro pregresso. A tarefa da palavra se amplia, pois de um lado a
biblioteca as conserva em seus registros, mas ao mesmo tempo ela é também palavra de novos
significados.

Como a biblioteca participa desses processos? Alguns exemplos podem ser oferecidos ejá são
integrados nos serviços de bibliotecas “modelos” ao redor do mundo, oferecendo cursos de
acesso e uso dos computadores em que os mais jovens, voluntariamente, trocam suas habilidades
pelos saberes de vida dos idosos, há produção de novos saberes que ela registra e torna
acessíveis; criando laboratórios de escritura, a biblioteca estabelece uma rede com iniciativas
semelhantes e, nisso, incluir bibliotecas de outros sistemas, como o carcerário, permitindo o
estabelecimento de um novo lugar de mediação com a experiência penal (Agnoli, 2014).

Todos diletantes da vida até seu final, podemos pensar em bibliotecas como lugares de
tecelagem de narrativas bastante diferentes e complexas, uma “Terra do Meio” dirigida para o
futuro. As memórias se tornam, assim, lugares onde todos podem residir e a biblioteca é o lugar
de acolhimento e de encontro reflexivo sobre os novos significados para afiar as armas contra a
vulnerabilidade. Uma biblioteca, enfim, que se torna lugar de criação das possibilidades da
palavra enquanto lugar “seguro”, em tempos de rápidas mudanças, por ser diferente da cultura
descartável, enquanto lugar delegado à tutela da memória, oferece segurança (Assman, 2011).É
um sentir sob forma de hospitalidade como as antigas praças e jardins eram, lugares de velar uns
os outros, para encontrar o outro alem de seu ser. Para isso, é necessário um espaço que permita
a gratuidade do encontro e, nesse sentido, as bibliotecas se oferecem como potencialmente
privilegiadas para satisfazer o direito a um lugar que leva à construção de narrativas de
memória. Nesse sentido, os livros nada mais são do que o instrumento do encontro que permite
cultivar as capacidades de cuidarmos uns dos outros, nesses tempos em que emerge a
necessidade de lugares públicos para reconfigurar a vida de maneira menos individualista. A
biblioteca, como lugar de liberdade, lida com necessidades diferentes, se torna um lugar político,
que acompanha na fragilidade para que se torne possível continuar nos exercícios de
responsabilidade.

A biblioteca pública pode se tornar, assim, um antídoto contra a incerteza do futuro dos mais
jovens, das mudanças para os usuários de meia idade e de entrega do passado dos idosos. É um
desafio fascinante, ousar uma nova capacidade de reflexão que difere do consumo cultural
consolador artificialmente construído pelo mercado, através das narrativas de mulheres e
homens que foram capazes de comunicar, abrindo assim oficinas de construção do futuro: não é
possível entender o sertão brasileiro, hoje, sem confrontar-se com Euclides da Cunha e com
Guimarães Rosas em uma biblioteca: os usuários devem poder adquirir seus instrumentos para
escrever seus próprios sertões.

É a tecelagem contínua de uma proximidade, de uma positividade, pois nossas vidas na


comunidade se dão na capacidade desse entrelaçamento contínuo de verdadeira vida comum,
tramas e urdidos dos cuidados mútuos com grandes responsabilidades, que compreendem a
capacidade de indignação (Appadurai, 2013): a biblioteca é instituição de cidadania que torna
significativos seus serviços. Um tecido dessa natureza é diferente dos bordados já existentes.
Enquanto no Google tudo é confuso, pois toda informação está no mesmo plano, em uma
biblioteca a segurança reside na manutenção da uma ordem capaz de organizar a realidade. O
senso de estabilidade é percebido pelo usuário comum. Transformar as práticas positivas de
bibliotecas que melhoram a qualidade de vida de seus usuários em capital social é um dos
elementos essenciais.

Não há limite às palavras.


Não há limites às palavras, pois as bibliotecas permitem essa tecelagem de habilidades dos
diletantes da vida que tentam instituir seus discursos sem deixá-los a outros protagonistas: são os
lugares das palavras em que existe o desejo, palavras que se tornam aderentes. Que
competências, então, podem ser cultivadas nos profissionais da biblioteca pública?

1) Competências para negociar com a vulnerabilidade como condição


de projeto, através da recepção de palavras que podem ser narrativas
de vulnerabilidade que encontram outras palavras já existentes.
2) Manter uma tensão entre sonhos e liberdade: deve haver um
equilíbrio entre liberdades imaginárias (produtos de evasão) e o limite
das expectativas (produtos de auto-ajuda). É necessário manter a
oferta de materiais que relatem sobre vidas concretas, isso é:
3) Oferecimento de vidas construtoras de mundos, testemunhas de suas
mudanças, com a proposta de encontros que se tornem “espelhos”
para sabermos o que estamos nos tornando, através dos percursos
alheios, que permitem que nos pensemos de maneiras diferente em
lugares diferentes. Essa competência adquire uma dimensão simbólica
dos gestos, pois indicar é um dos ofícios do bibliotecário, que aponta
contos já contados e os oferece como contos novos.

Nesse quadro, na crescente oferta editorial, pensamos de maneira otimista a possibilidade de


biblioteca pública capaz, entre outras coisas, de se tornar promotora de leitura de maneira a não
oferecer unicamente um consumo cultural consolador, através de produtos editoriais ligados à
indústria de best-sellers, mas também de narrativas que, por suas temáticas e pela forma, se
tornem oficinas de construção do futuro, através da reflexão do leitor. A reflexão é preciosa, diz
Paulo Ricoeur (2010), enquanto treina à diferença, reflexão que nasce da palavra que se propõe
como cuidado da vida da mente, que requer o “fôlego”, isso é, os corpos das personagens,
homens e mulheres, mesmo que dentro de uma ficção.Nas bibliotecas se depositam palavras,
prontas para novos significados, enquanto lugar de criação de novas palavras.

Se torna, assim, necessário propor ativamente materiais que, através de percursos sugeridos,
estimulem a leitura dentro das bibliotecas para públicos não somente infanto-juvenis, fato que
aparenta ser o investimento central nas reflexões sobre bibliotecas, mas também de usuários
capazes de aprender textos diversificados que, literariamente, oferecem chaves de possíveis
interpretações da contemporaneidade, como bem mostra Ferrieri (2011 e 2013), diretor dos
serviços culturais e bibliotecários da província de Milão.

A biblioteca, lugar de igualdade.


A biblioteca, lugar de igualdade, deve permitir que uma faixa de população que tem hábitos de
leitura adquiridos encontre uma continuidade no atendimento nas bibliotecas. Eis um ponto
sobre o qual as bibliotecas publicas de muitos países tem se concentrado para mudar: pensar-se
como “biblioteca de acesso facilitado”, em que o usuário pode desfrutar de acesso gratuito à
internet, com apoio do pessoal para adquirir as ferramentas de uso (Diaz, 2006). Os espaços de
leitura e de estudo podem ser reformulados como espaços de “coworking”, algo que uma
biblioteca pode oferecer como novo serviço principalmente, mas não unicamente, a um público
jovem (Agnoli, 2014).

O suporte tecnológico e informacional que uma biblioteca pode oferecer torna essa possibilidade
atraente: tecnologia acessível e acesso à informação mais estruturada, através de profissionais
qualificados. Como poderia falhar, uma biblioteca que, entre suas missões qualificasse o
trabalho inovador de potenciais “start ups” enraizadas e cultivadas em ambientes colaborativos
dessa natureza? A mudança social que as próprias bibliotecas devem contribuir a realizar talvez
inclui os que se encontram nas bordas do tecido social: a biblioteca resiste à marginalização.
Baste pensar na experiência do Beaubourg, em cuja biblioteca muitos clochard encontram
refúgio no inverno. Essa situação, aliás, está mudando radicalmente o público das bibliotecas
públicas na Itália também. Em um evento recente sobre bibliotecas públicas (La biblioteca va in
città, Monticelli Terme, 11 de abril de 2014), um elemento de destaque que aflorou das
discussões das várias oficinas foi o problema enfrentado por praticamente todas as realidades
italianas de verdadeiras “ocupações” das salas por parte de indigentes e de estrangeiros sans
papiers. O interessante foi a percepção que a maioria dos bibliotecários expressou: trata-se de
públicos indesejáveis, cuja presença deve ser limitada.

A biblioteca de Trento, por exemplo, retirou os espelhos dos banheiros para impedir que esses
usuários façam a barba. Um indício de como as dificuldades com os públicos são globalizadas.
A New York Public Library, por outro lado, adota políticas de acolhimento bem diferentes. Com
efeito, durante um inverno particularmente frio, um alto numero de sem-teto nova-iorquinos
procurou refúgio nas salas de leitura da biblioteca. Na hora do fechamento, porém, os
bibliotecários sentiram a responsabilidade de deixar nas ruas esses usuários, e resolveram
organizar uma sessão noturna com os filmes de seu acervo. Bibliotecas públicas, portanto, que
abrem seus serviços para os novos e velhos pobres, oferecendo serviços qualificados a todos
(Dubbini, 1999).

Inovar as bibliotecas.
Inovar as bibliotecas é um projeto que precisa de momentos de reflexão, para recuperar o
sentido das dimensões do serviço que elas oferecem. A biblioteca é um laboratório, algo em
devir, um organismo que cresce, através de sua dimensão de experimentação e de projetação.
A missão dos bibliotecários, enquanto mediadores de conhecimentos, consiste em melhorar a
sociedade facilitando a criação de novos conhecimentos nas comunidades de referencia. Elas
exercem um papel de facilitadoras não somente para a fruição das informações que guardam em
forma de conhecimento tácito, mas também na produção de novos conhecimentos (Salarelli,
2008).

A biblioteca funciona quanto mais ela é enraizada no território, que não deve ser analisado
somente em termos estatísticos, através do estudo de usuários, como ainda proposto nos
princípios e diretrizes para a biblioteca pública (Fundação Biblioteca Nacional, 2010), mas
também interpretado através do conhecimento das parcerias, dos organismos prepostos ao seu
funcionamento e das comunidades de referencia, que devem ser escutadas. Nesse caso, também,
não se trata de um estudo estatístico de comunidade: escutar significa se expor ao risco de ouvir
pedidos que implicam a mudança dos serviços oferecidos, de se confrontar com exigências e
atividades novas (Diaz, 2006). Se a biblioteca também contribui em alguma medida ao processo
de alfabetização, o faz na base de uma sinergia com todos os outros sujeitos públicos e privados
do território. Por exemplo, uma das funções que pertencem sem dúvida às bibliotecas, é a de
Information Literacy, ou Letramento Digital. Outra é incentivar a leitura tanto das crianças como
do público adulto, através de ações e estratégias diferenciadas.Para a International Federation of
Library Associations and Institutions, IFLA (Manifesto, 1994) a biblioteca é a sala que cria
oportunidades, algumas das quais podemos individuar:

1) A biblioteca conjuga educação formal com informal, pois não


produz, necessariamente, os certificados para a formação que oferece,
pois a realiza em um espaço em que os leitores, usuários e cidadãos
não são testados, mas encontram respostas para as experiências
primarias da vida. Pode ser exemplo disso as várias experiências de
“guichê” de ajuda, onde os usu[arios que precisam de assistência para
construir seus curricula, solucionar dúvidas sobre como funciona um
colóquio de trabalho, realizar as tarefas escolares. Coordenados pelo
pessoal da biblioteca, os voluntários atendem as exigências desses
usuários que apresentam demandas de “formação não formalizada”.
2) Percursos de leitura como proposta de formação permanente,
incluindo as experimentações no campo das TICs e o conceito de story-
telling.
3) Promoção de ateliês e grupos de escritura, que podem entrar em
rede com outros e promover inovações editoriais, desde que a
biblioteca, como apontamos lá em cima, seja disposta a oferecer seus
espaços para o co-working.
4) Serviços de assistência na compilação dos dados para o E-
Government. Esse serviço permitiria monitorar constantemente o
divisor digital, entendido como o descolamento entre as normas, que
pedem que todos os cidadãos estejam conectados e a realidade, feita de
serviços e instrumentos.

Sempre Segundo a IFLA, as bibliotecas desempenham, desde sempre, o core-business desses


serviços, que consiste na promoção da leitura, na aproximação aos documentos, na formação
informal e na Information Literacy. A leitura é informação de comunidade e interpretação do
patrimônio cultural de um território. Há uma esquizofrenia, até hoje, que toma conta das
bibliotecas: a tutela, de um lado, e do outro a mediação como uso do patrimônio histórico. A
biblioteca se torna, assim, um empreendimento social e cultural da comunidade de referencia, o
lugar onde encontrar a realidade, inclusive de nossas perdas, entendendo que é impossível ter
tudo e que seu ponto forte de agregação não é unicamente uma coleção de livros em catálogos
online, mas é existência como espaço físico, verdadeira incubadora de comunidade. A biblioteca
propõe, na sua realidade de lugar público, um percurso de experiência, isso é: os usuários não
devem somente fruir, mas participar ativamente a uma experiência de comunidade, encontrando
um ponto de equilíbrio entre o core-business das biblioteca e sua função social, sem estabelecer
fronteiras. As possibilidades são ilimitadas, desde que se pense uma biblioteca que trabalha para
uma comunidade de referência: nas mãos de bons bibliotecários, há o poder de revelar os lados
melhores das comunidades e da sociedade (Lankes, 2014).

Falamos, então, de espaço como descritor e construtor da comunidade, como escolha


metodológica e de sentido. Isso porque o espaço fala da comunidade, a representa pelo menos
em algumas de suas partes, assim como a comunidade pode ser produzida no espaço e pelo
espaço. A biblioteca se opõe aos não lugares e aos lugares de exclusão como metáfora da
globalização (Augé, 2010). Depois de uma atenta e cuidadosa leitura de Appadurai (2013), de
Canclini (2003 e 2009), de Sennett (2009) entre outros, acreditamos que, para tanto, são
necessários:

1) um passo atrás: descentrar-se, sair da desorientação com


capacidade de risco;
2) imaginação, para enxergar espaços de possibilidade;
3) projetar, desde o começo, com a comunidade;
4) empreender apoiando-se em mundos diferentes;
5) descobrir que, no jogo do dar-receber se geram recursos ulteriores;
6) aprender a por a organização a disposição da emergência de novos
problemas;
7) centralizar as relações entre sujeitos coletivos, entre grupos;
8) sair, definitivamente, das lógicas da competição;
9) construir, cuidadosamente, formas diferentes de participação;

Segundo Schumpeter (2002), empreendedorismo e função inovadora coincidem e, hoje, o nosso


cenário mostra a busca de saídas de cercas consolidadas para falar concretamente com sujeitos
diversos. Para a realização de projetos, são necessárias escolhas firme do conjunto de
cooperação, que se traduz na construção paciente de parcerias, redes alianças e
compartilhamentos vários, na convicção de que, para encontrar algo de novo é necessário
abandonar algo velho. A biblioteca pública possui os requisitos necessários para unir seus
princípios de espaço coletivo de igualdade, tornando-se organizações que se renovam
estruturalmente, capazes de construção de percursos em que se geram recursos econômicos,
mantendo a certeza de que a exposição da fragilidade pode conjurar a solidariedade e que, em
volta da vulnerabilidade podem se ativar recursos de cidadania e de participação responsável.
Todas dinâmicas que, na lógica clássica da necessidade de serviços olham de maneira nova para
a realidade, para vê-la criativamente.

Uma empresa social e cultural de comunidade é capaz de atrair recursos de natureza diferente,
de combinar abordagens de vária natureza, de disseminar sistemas de organização capazes de
satisfazer estruturas motivacionais complexas. Há sempre, em suas ações, a referência explícita
à comunidade como stakeholder da organização, dotando-se de uma capacidade flexível e
rizomática de desenvolver relações no nível informal. O desenvolvimento é, em geral, ligado a
escolhas e situações favoráveis, em que se conjugam a atenção das administrações e a
colaboração dos bibliotecários, que buscam a abertura de novos serviços, pois uma biblioteca
dessa natureza realiza conexões estruturadas com os principais atores do sistema social em que
vive, oferecendo a abertura ao sistema de governance e aos processos produtivos. A capacidade
empreendedora, de um ponto de vista da política e da administração de uma biblioteca pública, é
saber adaptar-se às novas exigências da sociedade, criando lugares de agregação e de
sociabilidade para alem do livro e da leitura.

Através da escuta das necessidades dos territórios, ela promove uma coalizões de atores e neles
individualiza os possíveis stakeholders. Através da valorização também do conhecimento tácito,
favorecer a circulação da informação, pois cria e gerencia conexões entre as redes formais e
informais. O cidadão deve encontrar um lugar onde se sentir bem, relacionar-se e não somente
em relação às exigências culturais. Responder às exigências: é difícil ter ideia do papel de
interlocução entre todos os atores se tudo se apoia na boa vontade dos administradores e
operadores e não na participação social. A biblioteca, portanto, documenta as atividades e as
escolhas e, além da documentação, se torna parte de uma rede com outras realidades parecidas e
diferentes, para entender as perguntas e as exigências existentes e procurar as respostas (não
somente bibliotecários). É o caminho para uma biblioteca participativa: não interessam as
fotografias do existente, com frequente intenção congratulatória, mas sim buscar os lugares e as
circunstâncias de percursos positivos.

As bibliotecas devem ser pensadas e propostas como atores importantes na realidade


sociocultural, como formadoras de uma cidadania participativa. Daí se desenvolve a busca de
perfis, identidades das bibliotecas, traduzidos em serviços diferenciados dos tradicionais. A
biblioteca é, assim, um espaço comum que envolve os cidadãos, pois sem eles, a casa cai. Um
aspecto do papel entre biblioteca e cidadão é a conscientização do segundo através de seu uso da
primeira, e um modelo de biblioteca social é aquela aberta a todos. A biblioteca é a referência
essencial para que todos se sintam legitimados: enquanto usuários, são cidadãos. Isso significa
que se aproximam da biblioteca com exigências diversas, objetivando-a como centro de
informação que oferece soluções pensadas coletivamente para os problemas comuns.

Ao mesmo tempo, porém, é consumidor, na medida em que utiliza os serviços. Não é o consumo
passivo do mercado, pois requer participação ativa, levando à criação de pensamento produtor
de cultura, feito de sociabilidade. O objetivo da biblioteca é participar da criação de um cidadão
que queira empreender. A biblioteca permite o encontro e fornece os instrumentos da
transformação do existente. A biblioteca é uma incubadora de pensamentos e palavras, tanto que
adquire a função de tutelar e promover o patrimônio cultural do território, composto tanto de
livros, como de pessoas.

Relatando suas experiências, Ulisses não lê um livro, mas reúne as histórias e as narra,
envolvendo os presentes, em um compartilhamento que produz um patrimônio comum de
conhecimentos. É da mesma maneira que a biblioteca reúne a experiência de quem nela circula.
A biblioteca é um lugar em que é possível o encontro. É um acesso “leve”, que permite entrar na
idéia de que um serviço cultural pode ser de baixo impacto na interceptação das condições de
fragilidade, de vulnerabilidade, em que os cidadão expressam novas exigências e pedidos. A
biblioteca não pretende substituir outros serviços mas, sim, orientar e colaborar em rede com os
outros.

Considerações finais: nas primeiras páginas de Les fleurs blue.


Nas primeiras páginas de Les fleurs blue de Raymond Queneau, o duque d’Auges passeia pelos
muros de seu castelo e, observando, vê, lá em baixo, uns Godos acampados, uns Hunos que não
sabem para onde ir e mais ainda. Desgostoso por essa “desordem” histórica se retira no castelo,
onde conversa com seu capelão sobre os sentidos da história geral, da história universal, da
história local e, por fim, da micro-história que, na visão do capelão, nada mais é que o
casamento de uma de suas filhas. Quando o duque dorme, sonha com uma figura estranha,
Cendrolin, que vive em um barco na Sena, sempre perseguido por turistas alemãos em
shortinhos de couro, que lhe perguntam pelo campings mais próximos. Também desgostoso,
Cendrolin se tranca em seu barco e bebe Calvados para se consolar. Quando dorme, sonha com a
longínqua Idade Média. No final, eles se encontram nos respectivos sonhos.

Percebe-se, na leitura, que os dois protagonistas enxergam, cada um de seu ponto de vista,
somente aquilo que há para se ver “ao vivo”, na vida real (Godos, Hunos, turistas alemãos...).
Eles são perturbados em suas atividade do presente por eventos que os envolvem. No caso do
duque o casamento das filhas, a conversa com o capelão; no caso de Cendrolin, a insistência e a
diversidade dos turistas alemães (shortinhos, mochilas...). Em seus sonhos (a Imaginação), pelo
contrario, coloca o duque em um lugar futuro e Cendrolin no passado. Finalmente, o encontro
entre passado e futuro, enfim, acontece no presente. Seria possível, portanto, afirmar que o
sentido da história se obtém de quatro elementos entrelaçados e que o problema, então, se torna
o de oferecer um conteúdo específico a cada um desses elementos, para depois procurar colher
um sentido do conjunto que formam, que depende do ponto de vista do observador: quanto mais
alto o lugar de observação, tanto mais longe as coisas o perturbam. Quanto mais baixo o ponto,
tanto mais será afetado pelas coisas em volta, que o cercam no cotidiano. Próximo e distante,
porém, não são mais categorias que apontam o “aqui” e o “alhures”, mas sim diferenças que se
aproximam no mesmo espaço, que podemos individualizar na biblioteca.

A grande questão é o que há, hoje, que podemos enxergar nas proximidades, diferente do que
havia antes? Homens e mulheres diferentes, que estavam “alhures”, nas periferias, nas favelas,
em países distantes, hoje compartilham ou querem compartilhar os mesmos espaços das cidades,
com suas vestimentas, estilos, culturas; o longínquo preço do petróleo na bolsa de Wall Street
não difere mais daquele da bomba próxima de casa, quando reabastecemos; Comer uma feijoada
na Itália, um cous-cous marroquino na Alemanha, ou um frango tandoori no Brasil hoje em dia
não é mais algo exótico, pois os mais diversos hábitos gastronômicos estão todos presentes em
nosso cotidiano; as imagens dos amigos que viajam chegam ao nosso celular, nas redes sociais
em tempo real pela internet, e não mais pelo correio.

O que aconteceu e o que significa tudo isso? Parece que três antigas dicotomias perderam seu
significado costumeiro: O Próximo/Distante marcou nosso mundo ao longo de milênios, mas
caducou progressivamente, nas últimas quatro décadas, pois em qualquer lugar é possível a
proximidade virtual com coisas, pessoas e lugares, em comunicações que são o destilado do
nosso universo e do nosso mundo. O Igual/Diferente tem sido uma constante no comportamento
de todas as sociedades humanas onde, historicamente, o diferente ameaçava a homogeneidade
social, fundamento da identidade do conjunto. Os outros “diferentes” de nós eram, assim,
expulsos o mantidos à margem, sob vigilância (os Bárbaros, os metecos, os ciganos, os
judeus...). Hoje, a diversidade já se tornou normalidade em muitas sociedades.O Estável/Instável
representou o paradigma fundamental de toda administração cultural e política. Preservar a
estabilidade das regras, de todas as relações sociais, da cultura, do quadro ideológico do
conjunto, constituiu o pilar dos governos e, por converso, sempre esteve presente a luta de todos
os sistemas em afastar os elementos de instabilidade ou admiti-los no sistema de maneira
compatível com sua configuração. A presença do diferente e o compartilhamento do mesmo
espaço entre diferenças constitui um fato novo que esvazia, em parte, as configurações
existentes: culturas, economias, sistemas alimentares, religiões, imagens do mundo, artes são, ao
mesmo tempo, entidades visíveis diversas no lugar que remetem diretamente ao resto do mundo
pelo fato de existir no nosso próprio espaço que, por isso, tornou-se também diferente do
passado.

O ato de ver, portanto, oferece aos nossos olhos o nosso mundo e o dos outros em um conjunto
indistinto, que ainda não é uma combinação nova.
Esse conjunto ainda informe pode ser lido de maneira simplória através da rejeição à mistura, da
ignorância e do desaconchego mental. A mistura, porque de repente sem preparo prévio, se
encontram nos percursos cotidianos pessoas de diversa origem, cultura, hábitos e maneiras de
pensar. A ignorância, porque pouco sabemos dos outros, pouco nos ensinaram e pouco
continuam a ensinar. Isso permite pensar nos outros com preconceito de mais arcaica e variada
formulação. A ignorância, enfim, nos torna frágeis e dependentes dos preconceitos. O
desaconchego mental, porque mistura e ignorância, provocando desconfiança no presente e
angustia para o futuro, insinuam na mente a insegurança e o desconforto em saber avaliar as
inovações possíveis.

Esse quadro in fieri postula que não se pode sair de medos e inseguranças a não ser “juntando”
o nosso passado e o dos outros, os nossos presentes com os deles, buscando pontes,
combinações, relações ativas, enfim, conhecimentos que, tanto de um ponto de vista das culturas
como do ponto de vista mental permitam de criar algo novo. Os problemas e suas possíveis
soluções podem se tornar coletivos, dentro de uma biblioteca pública enquanto construção de
cidadania. Caso contrario, as diferenças que, antigamente, diziam respeito a espaços separados e
distantes, continua se apresentando, diversamente do passado, em espaços separados porém, ao
mesmo tempo, colocados no mesmo lugar. Isso pode levar a formas de discriminação sociais,
raciais, culturais e a desentendimentos que, no final, são o melhor veículo para inseguranças de
todo tipo. A Imaginação é a qualidade humana que sabe conjugar as diferenças, tornando-as
projeto positivo e é, portanto, o que se deve por em jogo na continuidade com a sabedoria de
cada cultura envolvida em uma biblioteca pública, lugar que nos parece possuir todos os
pressupostos para jogar o encontro entre passado e futuro na atualidade.

Parece, então, que o sentido da biblioteca resida nisso: buscar combinar em nossa cultura as três
dicotomias, que não são mais como a tradição as definia: o próximo/distante de toda espécie, o
idêntico/diferente e o estável/instável são misturas a serem convertidas em combinações através
de serviços bibliotecários voltados para a formação informal, para a information literacy, os
incentivos à leitura, ao lado de encontros, simpósios, exposições, musica, imagens diferentes. É
uma tarefa árdua, porém envolvente. Por outro lado, não se pode nunca fugir do fato que, hoje, a
biblioteca deve alimentar-se de muitos objetos e sujeitos diversos e que tudo isso significa, com
certeza, assumir a dimensão que lhe compete de espaço público a todo campo. A biblioteca pode
se tornar, enfim, omphalos onde todos se encontram, se combinam e reformulam. Essa é a nova
realidade, essas são soluções possíveis para o encontro de novas formas participativas de
cidadania.

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Sobre o autor / About the Author:

Giulia Crippa

giuliac@ffclrp.usp.br

Livre Docente.Professora Assistente no Curso de Biblioteconomia, Ciências da Informação e da


Documentação da Faculdade de Ciências, Letras e Filosofia da USP – Campus de Ribeirão Preto.

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