Você está na página 1de 2

Nome: Maria Lúcia Gonçalves

CRIPPA, Giulia. Representando bibliotecas, bibliotecários e usuários. In: ______.


Poéticas da informação: representações artísticas e literárias de livros, bibliotecas e seus
protagonistas. São Paulo: Todas as Musas, 2014. Cap. 2. p. 58-77.

O texto escrito pela Professora Dra. Giulia Crippa trata da percepção e análise,
do imaginário social acerca da instituição biblioteca e seu gestor: o bibliotecário e suas
interfaces com o discurso dos profissionais da área. Este panorama, no entanto, é
apresentado pela ótica das representações destas personagens nos livros de literatura
universal e roteiros cinematográficos e da proposição de atuação profissional dos
bibliotecários presente na literatura acadêmica da área de Ciência da Informação.

Neste ínterim, a autora considera que, ao figurar como lugar determinante nos
acontecimentos de muitas narrativas, a biblioteca se destaca como lugar indispensável,
onde o conhecimento se materializa em formato físico ou virtual. Traz em sua potência
a capacidade dialógica entre passado e futuro e esquecimento e memória.

A partir da análise de livros e filmes, a autora percebe que a biblioteca é


representada como:

-Objeto utópico de um tratado de memória, onde a coleção contempla uma


amostra da produção intelectual universal;

-Lugar de salvação, pois materialmente e imaterialmente oferece possibilidade


de acesso a informações e recursos para melhorar a relação humana com a natureza,
consigo mesmo e com os demais indivíduos;

-Lugar de orgulho, pois abarca boa parcela da elaboração do conhecimento,


parte central do crescimento humano e de sua capacidade de criação, além de permitir
perpetuar os feitos para acesso de pessoas de qualquer lugar do mundo.

Quanto ao bibliotecário, as impressões que nos descreve são reconhecidamente


controversas, pois, ao mesmo tempo em que figura como guia do usuário, orientando-o
a se movimentar no espaço da biblioteca, aparece, também, o estereótipo de profissional
pouco disponível para as necessidades do usuário.
A autora verifica, na literatura da área, entre a miscelânea de termos, conceitos e
atribuições de competências, uma tentativa de desenhar a imagem do bibliotecário como
o profissional capacitado para criar representação de objetos e desenvolver mecanismos
para torná-los recuperáveis e acessíveis de maneira rápida e eficaz. Quanto ao usuário,
nota-se o seu anonimato, sendo representado na maioria das vezes, por dados
estatísticos, com resultados previsíveis.

A autora apresenta muito bem a contradição em relação à imagem do


bibliotecário, pois, ao mesmo tempo em que sabe-se depender deste para entender a
dinâmica de funcionamento da instituição, experimente-se a dificuldade de diálogo
entre as personagens, uma vez que entre a necessidade do usuário, sua capacidade de
percepção e comunicação da mesma e o entendimento da mensagem por parte do
bibliotecário, ocorre um fluxo intenso e tenso de experiências, que podem ser
entrecortadas por muitos silenciamentos em ambos.

O estudo apresentado por Giulia Crippa contribui para a percepção das práticas
profissionais na Biblioteconomia, quanto ao entendimento do papel real do bibliotecário
na sociedade, pois que a percepção sobre a sua interação com o usuário, deve pautar a
conduta profissional.

O imaginário social acerca da biblioteca, revela que a população a entende como


instituição indispensável para a humanidade, no que tange à preservação da memória e a
oferta de conteúdo para o desenvolvimento e evolução dos sujeitos. Já o bibliotecário,
parece uma função pouco entendida na sociedade, contraditória até; e talvez esta seja
uma dificuldade para o próprio profissional, dada a tal miscelânia de entendimentos
acerca de si, da relação árida com o usuário, gerando um entendimento insipiente por
parte da sociedade para a sua função, como representada nas produções culturais
analisadas.

Você também pode gostar