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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

Disciplina: Metodologia do Trabalho Científico


Docente: Jacqueline de Araújo Cunha
Discentes: Emily Estefani da Silva Azevedo, Juliana Beatriz Costa,
Meire Amália Rodrigues e Luanna dos Santos Batista Cachina.

Os Desafios do Bibliotecário em Busca da Biblioteconomia Social

Resumo
Este artigo aborda os desafios enfrentados pelos bibliotecários
ao incorporarem a Biblioteconomia Social em suas práticas, destacando
questões conceituais, práticas e sociais. Analisa a transição necessária
para uma abordagem mais inclusiva, focada na comunidade, e explora
maneiras de superar os obstáculos inerentes a essa mudança.

Palavras-chave: Biblioteconomia, Bibliotecário, Biblioteconomia Social,


Sociedade, Pessoas.

Introdução
A biblioteconomia social emerge como uma abordagem
inovadora no contexto bibliotecário, transcendendo a mera
administração de acervos para focalizar no impacto social das
bibliotecas. Este artigo explora os fatores determinantes e os desafios
que os bibliotecários enfrentam ao implementar práticas de
biblioteconomia social. Desde a limitação de recursos até a resistência à
mudança, cada obstáculo é específico, destacando a necessidade crucial
de adaptar espaços, promover a diversidade cultural, lidar com a
tecnologia e construir parcerias estratégicas. Ao enfrentar esses
desafios, os bibliotecários se tornam agentes de Transformação,
impulsionando bibliotecas para se tornarem específicas de mudanças
Sociais positivas.

1 Fatores determinantes:
A biblioteconomia social surge como uma abordagem inovadora
no universo bibliotecário, enfocando não apenas a gestão eficiente de
acervos, mas também o papel social das bibliotecas na promoção da
igualdade, inclusão e empoderamento da comunidade. Embora essa
perspectiva seja fundamental para o desenvolvimento social, os
bibliotecários enfrentam uma série de desafios ao buscar implementar
práticas de biblioteconomia social em suas instituições.

Ao analisar os relatos de pesquisa nas áreas de Biblioteconomia e


Ciência da Informação, fica evidente que o bibliotecário desempenha um
papel vital na articulação entre pesquisa e aprendizagem, sendo um elemento
essencial para o sucesso das atividades, especialmente quando envolve a
participação coletiva de diferentes atores sociais na comunidade escolar.
(CRISTINA et al, 2014, p 38)

1.1 Recursos limitadores:


Um dos desafios mais evidentes é a restrição de recursos, sejam
eles financeiros, humanos ou tecnológicos. Muitas bibliotecas
enfrentam orçamentos apertados, o que pode dificultar a
implementação de programas e serviços voltados para a
biblioteconomia social. A falta de recursos pode limitar a capacidade de
oferecer acesso a tecnologias, adquirir materiais diversos e contratar
profissionais especializados.

No Relato 1, Souza (2003) desenvolve uma discussão


acerca do processo educacional e de investigação, com o objetivo de
aclarar as dificuldades manifestadas pelos estudantes em relação aos
tipos de pesquisa a ser realizados em determinada situação de
aprendizagem. (SOUZA, 2003, p 30)

1.2 Acesso Equitativo aos Recursos:


A disponibilidade de recursos é um desafio constante. Desde a
aquisição de materiais culturalmente relevantes até a garantia de
tecnologia acessível, os bibliotecários enfrentam a tarefa de criar
coleções e serviços que atendam às necessidades diversas de sua
comunidade. Isso inclui não apenas livros e periódicos, mas também
recursos digitais, programas educacionais e espaços de aprendizado
adequados.

1.3 Conscientização e Mudança de Paradigma:


A transição para a biblioteconomia social muitas vezes demanda
uma mudança cultural tanto na mentalidade dos bibliotecários quanto
na percepção da comunidade e dos gestores. Convencer os profissionais
da área e a sociedade de que a biblioteca pode e deve ser um agente
ativo na promoção da equidade e inclusão é um desafio significativo.
Isso requer educação contínua, debates abertos e a criação de uma
narrativa que destaque o papel social fundamental das bibliotecas.

1.4 Capacitação Profissional:


Um dos desafios iniciais que os bibliotecários enfrentam ao
abraçar a biblioteconomia social é a necessidade de uma boa
capacitação dos profissionais da área biblioteconômica. Isso envolve
transcender a visão tradicional da biblioteca como um depósito de
livros e adotar uma perspectiva mais ampla, percebendo a biblioteca
como um centro dinâmico de recursos e interação social. A capacitação
profissional é essencial para que os bibliotecários adquiram as
habilidades necessárias para atender às demandas dessa nova
abordagem.
Segundo (Sousa et al. 2018) é crucial destacar que a adoção
do papel social de mediador e promotor da leitura pelos
bibliotecários é um processo que deve ser estabelecido desde as
fases iniciais de sua formação em Biblioteconomia. Isso se deve ao
fato de que, entre as responsabilidades desse profissional, está a
disseminação e o estímulo ao acesso à informação.

2 Resistência à Mudança:
A transição de uma abordagem tradicional para uma orientada
pela biblioteconomia social muitas vezes encontra resistência interna.
Algumas instituições podem estar arraigadas em práticas antigas, e os
profissionais da área podem resistir a mudanças em suas rotinas ou na
própria concepção do papel da biblioteca na sociedade. Convencer
colegas e gestores da importância da biblioteconomia social pode ser
um desafio significativo.
De acordo com o pensamento de (Sousa et al. 2018) o
objetivo do curso de Biblioteconomia é capacitar um profissional
que reconheça a importância dos aspectos sociais e humanitários na
sociedade. Este profissional deve se engajar nos interesses da
comunidade, sempre guiado pelo seu papel de produzir, organizar e
disseminar informações, além de proporcionar condições para a
construção do conhecimento.

2.1 Adaptação de Espaços e Serviços:


A reconfiguração dos espaços físicos e serviços oferecidos pela
biblioteca é um desafio prático. A biblioteconomia social demanda
ambientes acolhedores, acessíveis e multifuncionais. Os bibliotecários
precisam repensar o layout dos espaços, incorporando áreas para
eventos comunitários, workshops e colaborações. A adaptação dos
serviços para atender às necessidades específicas da comunidade, indo
além do tradicional empréstimo de livros, também é crucial.

3 Diversidade Cultural e Linguística:


Comunidades frequentemente são diversas em termos culturais
e linguísticos. Os bibliotecários enfrentam o desafio de criar serviços
que atendam às necessidades de grupos culturalmente diversos, muitas
vezes requerendo materiais e recursos específicos. Garantir que a
biblioteca seja um espaço inclusivo e respeitoso da diversidade é um
desafio constante. As coleções das bibliotecas precisam refletir a
diversidade cultural, étnica e social da comunidade que servem.
Selecionar e promover materiais que representem diferentes
perspectivas e experiências é um desafio contínuo. Isso requer uma
avaliação crítica das coleções existentes, bem como esforços ativos
para adquirir materiais que abordem lacunas de representatividade.

3.1 Envolvimento Comunitário e Construção de Relacionamentos:


A biblioteconomia social coloca um forte ênfase no
envolvimento comunitário. No entanto, construir relacionamentos
significativos com uma comunidade diversificada pode ser desafiador.
Os bibliotecários precisam desenvolver habilidades de escuta ativa,
compreender as necessidades locais e estabelecer parcerias eficazes
com organizações comunitárias para garantir que os serviços da
biblioteca estejam alinhados com as demandas reais.

Segundo (Sousa et al. 2018) o bibliotecário é descrito como


um profissional que desempenha diversas funções na sociedade,
sendo necessário possuir habilidades variadas que se adequem ao
contexto em que atua. Especificamente em bibliotecas públicas e
escolares, é crucial que o bibliotecário assuma o papel de educador,
apreciador da leitura e, sobretudo, mediador social. Isso ocorre
especialmente quando ele emprega estratégias para aproximar os
leitores do universo literário.

4 Tecnologia e Acesso Digital:


Enquanto a tecnologia oferece oportunidades incríveis para
expandir o acesso à informação, muitas comunidades enfrentam a
chamada “lacuna digital”. A falta de acesso a dispositivos e à internet
pode excluir certos grupos sociais do uso pleno dos serviços da
biblioteca. Os bibliotecários precisam desenvolver estratégias para
mitigar essa lacuna e garantir que todos tenham acesso às informações
digitais
Na era da informação, a administração eficaz dos recursos
informacionais torna-se estratégica, sendo essencial reconhecer as
habilidades de criação, busca e interpretação da informação para
decisões e estratégias organizacionais (Marchiori, 2002).

4.1 Alfabetização Tecnológica:


A biblioteconomia social abraça a tecnologia como uma
ferramenta para ampliar o acesso à informação. No entanto, a falta de
familiaridade ou acesso limitado a tecnologias digitais em certas
comunidades pode criar uma divisão digital. Superar esse desafio exige
não apenas fornecer acesso a dispositivos e conectividade, mas também
oferecer programas de alfabetização tecnológica que capacitem os
usuários a aproveitar ao máximo as oportunidades digitais.

O bibliotecário e arquivista, como apontado por Cianconi


(1991) e Valentim (2008), desempenham um papel fundamental na
transformação da informação em ativos valiosos para as
organizações, contribuindo para seu crescimento sustentável e
aprimoramento humano.

4.2 Desenvolvimento de Parcerias Estratégicas:


A implementação eficaz da biblioteconomia social muitas vezes
exige a construção de parcerias sólidas com organizações comunitárias,
escolas, governos locais e outras entidades. Coordenar esforços entre
diferentes setores e garantir que as ações estejam alinhadas com as
necessidades da comunidade são desafios complexos que os
bibliotecários enfrentam ao buscar criar redes de suporte amplas.
Estabelecer e manter essas colaborações é um desafio, exigindo
habilidades de networking e negociação por parte dos bibliotecários.
Além disso, a coordenação de esforços entre diferentes entidades pode
ser complexa.
A leitura é um instrumento de transformação social e de
construção de cidadania, pois tornar-se um sujeito crítico e atuante
na Sociedade contemporânea está diretamente condicionado à
oportunidade de Leitura. (Sousa et al. 2018, p 59)

5 Avaliação de Impacto e Sustentabilidade:


Medir o impacto real da biblioteconomia social e garantir a
sustentabilidade a longo prazo dos programas é um desafio contínuo.
Os bibliotecários precisam desenvolver métricas robustas que vão além
das estatísticas tradicionais de circulação de livros e avaliar como as
atividades da biblioteca estão impactando positivamente a vida das
pessoas. Isso é crucial para justificar investimentos, garantir o apoio da
comunidade e ajustar as estratégias conforme necessário, os
bibliotecários estão no caminho para tornar suas bibliotecas
verdadeiramente relevantes e catalisadoras de mudanças sociais
positivas. A biblioteconomia social não é apenas uma mudança de
paradigma, mas um compromisso em transformar as bibliotecas em
espaços inclusivos, acessíveis e envolventes. Nesse percurso, os
bibliotecários se tornam catalisadores de transformação, capacitando as
comunidades que servem através do acesso à informação, educação e
colaboração.
La práctica del servicio de biblioteca com espíritu
multicultural deduce que el personal bibliotecario debe
satisfacer las necesidades, com especial esmero, de las
minorías étnicas, lingüísticas y culturales, es decir, grupos
que pertenecen a las clases, comunidades y naciones menos
favorecidas, por ende, se trata de um servicio dirigido a
todos los excluidos tanto del sistema social dominante
como del proceso de la globalización (MENESES, 2020, p
62)
6 Considerações finais
Portanto, conclui-se que o presente artigo teve o objetivo de
contribuir para auxiliar a sanar os desafios que os bibliotecários
enfrentam na biblioteconomia social. Gera também uma contribuição
na sociedade, tendo em vista que a biblioteconomia social promove a
igualdade e a inclusão de forma geral de uma sociedade, sem distinção
de raça, cor ou classe social, dando oportunidade as classes
minoritárias. A biblioteca deve ser vista como um local que apoie a
diversidade e que possibilite palestras e eventos sobre esta temática e
também a propagação de um olhar inclusivo. É válido salientar que,
para alcançar a diminuição dos desafios enfrentados pelos
bibliotecários é importante ter uma disponibilização de recursos. Esses
recursos serão necessários para atrair os usuários às bibliotecas, afinal a
biblioteconomia social e o bibliotecário devem ter o papel de buscar e
incentivar a trazer as comunidades para a biblioteca. Para concretizar
esse pensamento é necessário promover a capacitação profissional e
impulsionar a atualização do conceito das bibliotecas, mostrando que é
um espaço para acolher, incentivar a leitura e o crescimento intelectual
dos usuários, e não ser apenas um depósito de livros. Uma das soluções
também vistas consiste em adequar e investir em espaços confortáveis
para os usuários, disponibilizando esse acolhimento que deve haver e
também implantar novas tecnologias capazes de facilitar alguns
processos tanto para a biblioteca em si, quanto para o usuário. É
necessário também que o bibliotecário esteja disposto a dar enfoque ao
usuário em primeiro lugar, pois a biblioteca só existe se houverem
usuários, e também estejam atentos a demanda. Por fim, o papel do
bibliotecário na biblioteconomia social deve ser sempre lutar pela
melhoria da biblioteca, com auxílio do governo e de outras instituições.
Com o auxílio de novos recursos e tecnologias, os desafios enfrentados
pelos bibliotecários poderão ser amenizados.

Referências
Acessibilidade e inclusão informacional. (SOUZA, Mônica Sena de;
COSTA, Maria de Fátima Oliveira; TABOSA, Hamilton Rodrigues;
ARARIPE, Fátima Maria Alencar. Informação & Informação, n.1, v.18,
p.1-16, 2013) (artigo).
Bibliotecário e arquivista: contribuições estratégicas nas organizações.
(FINAMOR, Márcio da Silva; PAULA, Cláudio paixão Anastácio.
informação@profissoes, n.2, v.5, p.228-245, 2016) (comunicação).
Bibliotecas y justiça social. (TELLO, Felipe Meneses. Revista folha de
rosto, n.3, v.6, p.54-77, 2020) (artigo).
Gestão da informação e do conhecimento nos currículos dos cursos de
Biblioteconomia nas universidades públicas brasileiras. (DUARTE,
Emeide Nóbrega; PADILHA NETO, José Domingos; SANTOS, Raquel
do Rosário; LLARENA, Rosilene Agapito da Silva. Ciência da
informação, n.3, v.45, 2015) (gestão da informação e do
conhecimento).
Interferência da autoimagem do bibliotecário escolar na mediação da
informação. (SANTOS NETO, João Arlindo dos; FARIMA, Tatiane de
Fátima. informação@profissoes, n.1, v.5, p. 26-51, 2016)
(comunicação).
Mediação da informação e a proteção da privacidade de dados sensíveis
por bibliotecários. (VERONEZ JUNIOR, Wilson Roberto; SILVA,
Anahí Rocha; MONTEIRO, Silvana Drumond; VERONEZ JUNIOR,
Wilson Roberto.informação & informação, n.4, v.25, p.280-305, 2020)
(artigo).
Nativos digitais e novas concepções para bibliotecas escolares: o
bibliotecário como mediador da informação. (CARVALHO, Sandra
Maria Souza de; MIGUEL, Marcelo Calderari; COSTA, Rosa da Penha
Ferreira da. v.16, p.1- 18, 2020) (artigo).
Pesquisa escolar: percurso de ação rumo ao conhecimento.
(ALBUQUERQUE, Ana Cristina; BORGES, Claudinéia Aparecida
Bertim. Informação@profissoes, n.1-2, v.3, p.21-41, 2014)
(comunicação).
Profissional da informação: imagem, perfil e a necessidade da educação
continuada. (ALMEIDA, Neilia Barros Ferreira de; BAPTISTA, Sofia
Galvão. Revista Ibero-Americana de Ciência da informação, n.2, v.2,
No. 2, p.1-14, 2009) (artigo).
Responsabilidade social do bibliotecário enquanto o mediador literário:
análise nos currículos dos cursos de graduação em biblioteconomia no
nordeste do Brasil. (SOUSA, Laiana Ferreira de; FEITOZA, Rayan
Aramis de Brito. Informação@profissoes, n.1, v.7, p.58-76, 2018)
(comunicação).

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