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VIII CINFORM

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A PESQUISA

LEILA BÁRBARA M. SOUZA*


(leilabmsouza@yahoo.com.br)

KÁTIA DE CARVALHO**
(katiac@ufba.br)

RESUMO: Na sociedade atual, a leitura vem sendo foco de atenção de estudiosos e pesquisadores. O objetivo é
destacar a importância da leitura para a pesquisa, uma vez que a leitura é fundamental para a assimilação de
novos conhecimentos. O bibliotecário, neste contexto, tem o papel de mediação das fontes de informação. A
metodologia é descritiva e utiliza levantamento bibliográfico, seleção e análise de documentos para uma melhor
fundamentação do trabalho. Os resultados mostram que a leitura realmente possibilita o acesso ao conhecimento,
promove uma melhoria da aprendizagem e, sem dúvida, é uma via de inclusão social. Conclui-se que, a leitura
permite uma visão mais crítica para a elaboração do texto que problematiza leitura e pesquisa de significativa
importância para a produção do conhecimento.

Palavras-chave: Leitura; Pesquisa; Bibliotecário – Papel.

*
Mestre em Ciência da Informação (UFBA), Universidade Federal da Bahia.
**
Doutora em Comunicação/Ciência da Informação (URFJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro.
INTRODUÇÃO

No mundo atual, já não sobressaem os países de grandes proporções ou com vastidão


territorial, possuidores de recursos naturais ou de imensas fontes de matérias-primas. Nem
sempre são os países mais bem sucedidos, porém destacam-se os dotados de conhecimento e
tecnologia.

Diante dessa realidade, parte-se do princípio de que um país em crescimento precisa de


pessoas que tenham acesso ao conhecimento, à informação e às tecnologias porque estão
presentes em todos os espaços e apresentam relevância para a otimização de fluxos de
informação e de processos.

A percepção de que a leitura e as tecnologias promovem alterações cognitivas data de


épocas passadas, como ratifica Levy (1993):

As novas tecnologias da informação, da mesma forma que a invenção da escrita por volta
de 3000 a C.e da imprensa por Gutemberg, no século XV, são tecnologias de inteligência,
no sentido de constituírem em novas ferramentas cognitivas, que trazem possibilidades de
raciocínio e de apreensão do conhecimento.

Corroborando com Levy, Kriegl enfatiza que:

Quando alguém lê algo, aplica determinado esquema alterando-o ou confirmando-o, mas


principalmente entendendo mensagens diferentes de seus esquemas cognitivos, ou seja, as
capacidades já internalizadas e o conhecimento de mundo de cada um são diferentes.
(KRIEGL, 2002)

O conhecimento de mundo, as multirreferências e a busca de informações de cada um são


realmente diferentes. As pessoas têm necessidades informacionais diversificadas, sendo que a
internalização dos conteúdos difere de uma pessoa para outra e, assim, o acesso de cada um ao
conhecimento é diferente.

O acesso ao conhecimento, em um mercado tão competitivo, não é igual para todos, haja
vista a clara divisão entre as organizações que sabem, que detêm o conhecimento e as que não
sabem; pessoas que têm acesso ao conhecimento e outras que não têm.

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Questiona-se continuamente soluções que possam modificar a realidade existente, de
modo que todos possam ter acesso ao conhecimento, através da leitura nos diversos suportes -
impressos ou eletrônicos.

Em nossa sociedade, a leitura vem sendo foco de atenção de estudiosos e pesquisadores


uma vez que a pesquisa constitui-se uma via de acesso a novos conhecimentos e,
conseqüentemente, uma via de inclusão social.

Neste contexto, Almada e Blattmann destacam a atuação do profissional de informação


[...] Bibliotecário, que precisa inter (agir) para favorecer práticas de leitura de diferentes fontes de
informação, propiciar espaços de leitura e minimizar a exclusão social.

A leitura é um dos meios mais importantes para a consecução de novas aprendizagens;


possibilita a construção e o fortalecimento de idéias e ações. Interessante que estas novas
aprendizagens contemplam um situação que merece destaque, como afirma Kriegl (2002) é que
ninguém se torna leitor por um ato de obediência, ninguém nasce gostando de leitura. A
influência dos adultos como referência é bastante importante na medida em que são vistos lendo
ou escrevendo.

A assimilação de conhecimentos através de leituras possibilita uma melhor compreensão


dos novos paradigmas que se apresentam, pois consegue ver com novos olhares as situações
problemas que a cada dia vão se apresentando. A leitura promove o desenvolvimento do
raciocínio.

Importante ressaltar também que a leitura tem dois objetivos fundamentais: serve como
meio eficaz para aprofundamento dos estudos e aquisição de cultura geral. (KRIEGL, 2002)

O aprofundamento dos estudos nos remete para uma leitura reflexiva e investigativa.
Deve-se chamar a atenção para a proposição: ler se torna um exercício de alienação quando não
acompanha uma compreensão contextualizada (SANTOS JÚNIOR, 2008).

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A alienação toma uma dimensão maior quando além da não compreensão da
contextualização, percebe-se a falta do hábito de ler, um problema cultural conhecido, como
afirmam Santoro e Confuorto (2006):

A falta de hábito da leitura na escola tem como consequência outro indicador lamentável
que extrapola o universo escolar e assenta-se na sociedade: mais de 70% da população no
Brasil não lê jornais nem revistas e o restante, 30% varia muito no grau de compreensão
de texto, de acordo com notícias na mídia, em geral

A leitura constitui-se em um dos fatores decisivos do estudo e imprescindível em qualquer


tipo de investigação científica. Favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o
trabalho de pesquisa de campo ou experimental. (MARCONI e LAKATOS, 2006)

A relação da leitura com a pesquisa está na abertura de um caminho para o mundo do


conhecimento.

Logo, observa-se que a leitura como instrumento proporciona melhoria da condição social
e humana, permite uma visão mais crítica para a elaboração do texto que problematiza leitura e
pesquisa de significativa importância para a produção do conhecimento. A leitura possibilita o
acesso à informação e ao conhecimento.

Os resultados evidenciam a importância da leitura para o acesso ao conhecimento. A


leitura propicia modificações substanciais na forma de pensar e de agir das pessoas, a fim de que
estas possam, de forma consciente, intervir no processo de construção e de reconstrução do
conhecimento nos diversos aspectos político, econômico, social e cultural.

Logo, tem-se a percepção e a constatação de que a leitura para a pesquisa:

ƒ possibilita o acesso ao conhecimento;


ƒ promove uma melhoria da aprendizagem;
ƒ o bibliotecário, neste contexto, tem o papel de mediação das fontes de informação;
ƒ é uma via de inclusão social;
ƒ promove a ampliação da produção cultural da humanidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ausência do hábito de ler influencia o hábito de investigar, de pesquisar e de reinventar.

Freire (1986) afirma que o processo de compreensão do ato de ler ao dizer que a leitura
do mundo antecede a leitura da palavra e a leitura da palavra dá mais condições para que o
sujeito dê continuidade de forma competente à leitura do mundo e, portanto, a leitura do mundo
precede a leitura da palavra, sendo um dos meios mais importantes para a consecução de novas
aprendizagens, possibilitando a construção e o fortalecimento de idéias e ações. Contudo, as
práticas só apresentam melhorias quando a importância do ato de ler não está na compreensão
errônea de que ler é devorar de bibliografias, sem realmente serem lidas ou estudadas.
(FREIRE, 1988)

Desta maneira, a leitura implica em aprender a ler porque sem a internalização do


conteúdo, não ocorre a absorção da informação.

Conclui-se que, a leitura permite uma visão mais crítica para a elaboração do texto que
problematiza leitura e pesquisa de significativa importância influenciando a produção do
conhecimento.

REFERÊNCIAS

BARROS, Aidil de Jesus Paes de. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. Petropólis:
Vozes, 1990.

BLATTMANN, Ursula; Viapana, Noeli. Leitura: instrumento de cidadania. In: Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação., 21 , Anais. 2005 Disponível em
www.ced.ufsc.br/~ursula/papers/cbbdnoeli.ppt Acesso em 27/02/08.

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2001.
FERNANDES, Adriana Hoffman; PORTUGUAL, Cristina. O texto e a leitura no mundo
contemporâneo - reflexões a partir de Pierre Levy. 2002 (Ensaio)

FREIRE, Paulo. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São
Paulo: Cortez, 1988.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências


Sociais. Rio de Janeiro: Record, 1998.
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KRIEGL, Maria de Lourdes de Souza. Leitura: um desafio sempre atual. Revista PEC, Curitiba,
v. 2,n.1, p. 1-12, jul. 2001-jul. 2002.

MAGDA, Almada; BLATTMAN, Ursula. Biblioteca no ambiente educacional e a Sociedade da


Informação.

MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico:


procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos
científicos. São Paulo: Atlas, 2006.

PIMENTA, Regina Alonso G. e ACOSTA, Liliana Margarita Onoro. Habilidades e competências


relativas à inteligência emocional na prática docente universitária. In: Educação,
Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social: fazendo recortes na multidisciplinaridade.
Salvador: Fast Design, 2007.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas,
1996.

SANTORO, Maria Isabel; CONFUORTO, Inês. Avaliação do impacto da biblioteca híbrida


na qualidade de ensino de graduação em disciplina na UNICSUL: um projeto-piloto.
Disponível em: http//www.snbu2006.ufba.br. Acesso em: 01/10/2006.

SANTOS JÚNIOR, Raimundo da Silva. A Importância da leitura na formação do


pesquisador. Disponível em http://pt.shvoong.com/social-sciences/1799110-
import%C3%A2ncia-da-leitura-na-forma%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em 16/05/08

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2000.

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