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Embargos de

Declaração
Correção informal X
embargos declaratórios
A correção informal serve apenas para
corrigir defeitos de expressão.
O art. 463, I do CPC assim dispõe:

Art. 463. Publicada a sentença, o juiz


só poderá alterá-la:
I - para Ihe corrigir, de ofício ou a
requerimento da parte, inexatidões
materiais, ou Ihe retificar erros de
cálculo;
“Inexatidões materiais são erros de grafia, de nome, de
valor, etc.; por exemplo, trocar o nome do réu pelo do
autor, ou dizer que julga a demanda improcedente para
condenar o réu conforme o pedido na inicial, ou acrescer
inadvertidamente um zero no valor da condenação, ou
identificar de modo equivocado o imóvel sobre o qual as
partes litigam etc. Erros de cálculo são equívocos
aritméticos que levam o juiz a concluir por valores mais
elevados ou mais baixos; não há erro de cálculo, mas de
critério, na escolha de um índice de correção monetária
em vez de outro (error in judicando).”
(DINAMARCO: 2004, pp. 686)
A Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais),
quanto ao assunto, possui o parágrafo único do art.
48, que faz menção apenas a erros materiais, mas
que todavia tem-se entendido que são os descritos
no art. 463, I do CPC.
Art. 48. Caberão embargos de declaração
quando, na sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser
corrigidos de ofício.
Ressalvadas algumas diferenças, a Lei 10.259/01
(Lei dos Juizados Especiais Federais) adota os
dispositivos da Lei 9.099/95.
Já os embargos declaratórios diferem da
correção informal pois dependem de
requerimento da parte (a correção informal
pode ser feita de ofício) e estão sujeitos a
prazo preclusivo (art. 536 do CPC e art. 49 da
Lei 9.099/95) contudo:
“(...) têm em comum com ela a função estrita
de retificar exclusivamente a expressão do
pensamento do juiz, sem alterar o
pensamento em si mesmo.”
(Liebman apud Dinamarco)
Juízo de admissibilidade dos
embargos declaratórios*
Ver posicionamento de Dinamarco
acerca da natureza dos embargos
declaratórios.
Juízo de admissibilidade (provimento)
Intrínsecos:
a)Cabimento
b)Legitimação para recorrer
c)Interesse em recorrer
d)Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do
poder de recorrer (não existe tal requisito)
Extrínsecos:
a)Tempestividade
b)Regularidade formal
c)Preparo
Juízo de admissibilidade
Intrínsecos:
Cabimento – contra qualquer decisão
judicial, não importando sua espécie, o
órgão que a tenha proferido ou o grau de
jurisdição.
Obs: ainda que a leitura do art. 535, I ou
do art. 463, II possa sugestionar o contrário.
Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá
alterá-la: (obs.: ver art. 285-A, §1º e arts. 295 e 296)
I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento
da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar
erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.

A conjugação do caput do art. 463 com o inciso


II poderia levar à falsa idéia que o cabimento dos
embargos de declaração seria somente contra a
sentença de mérito.
Art. 535. Cabem embargos de declaração
quando:
I - houver, na sentença ou no acórdão,
obscuridade ou contradição;
II - for omitido ponto sobre o qual devia
pronunciar-se o juiz ou tribunal.

Aqui, a conjugação do caput do art. 535 com o


inciso I poderia levar, igualmente, à falsa idéia de
que os embargos de declaração cabem somente
contra sentenças ou acórdãos.
Juízo de admissibilidade
Intrínsecos:
Legitimação para recorrer – qualquer uma
das partes, terceiro prejudicado ou o
Ministério Público em função de fiscal da lei.
Juízo de admissibilidade
Intrínsecos:
Interesse em recorrer – existência de
obscuridade, contradição ou omissão na
decisão judicial.
“Obscuridade é a falta de clareza em um
raciocínio, em um fundamento ou em uma
conclusão constante da sentença (p.ex.,
condenar a entregar o bem devido, sem
esclarecer qual, quando a demanda contém
pedidos alternativos).”
(DINAMARCO: 2004, pp. 687)
“Contradição é a colisão de dois
pensamentos que se repelem (p.ex., negar a
medida principal pedida e conceder a
acessória, que dela depende, etc.).”
(DINAMARCO: 2004, pp. 688)
Ainda sobre contradição, Barbosa Moreira
(2006, pp. 155) explica que ela pode ocorrer:
a. Entre proposições da parte decisória, por
incompatibilidade entre capítulos da
decisão – v.g., declara-se inexistente a
relação jurídica prejudicial (deduzida em
reconvenção ou em ação declaratória
incidental), mas condena-se o réu a
cumprir a obrigação que dela
necessariamente dependia;
b. Entre proposição enunciada nas razões
de decidir e o dispositivo – v.g., na
motivação reconhece-se como fundada
alguma defesa bastante para tolher a
pretensão do autor, e no entanto julga-se
procedente o pedido;

Ou melhor, contradição entre os


fundamentos (II do art. 458) e o
dispositivo (III do art. 458) da sentença.
c. Entre a ementa e o corpo do acórdão, ou entre o teor
deste e o verdadeiro resultado do julgamento,
apurável pela ata ou por outros elementos – v.g., em
se tratando de anulação de ato jurídico, pleteada por
três diversas causae petendi, cada um dos três
votantes, no tribunal, acolhia o pedido por um único
fundamento, mas rejeitava-o quanto aos demais: o
verdadeiro resultado é o da improcedência, pois cada
qual das três ações acumuladas fora repelida por dois
votos contra um; se, por equívoco, se proclamar
decretada a anulação, e assim constar do acórdão, o
engano será corrigível por embargo declaratório.

(Obs.: não se trata de efeitos infringentes)


“Omissão é a falta de exame de algum
fundamento da demanda ou da defesa, ou
de alguma prova, ou de algum pedido etc.
(p.ex., deicidir sobre a demanda principal
sem se pronunciar sobre a acessória, deixar
de indicar o nome de algum dos liticonsortes
ativos ou passivos, etc.).”
(DINAMARCO: 2004, pp. 688)
“(...) omitido quanto algum ponto sobre que
devia pronunciar-se – isto é, quanto a matéria
pertinente ou relevante, suscitada pelas
partes ou pelo Ministério Público, ou
apreciável de ofício.”
(BARBOSA MOREIRA: 2006, pp. 155)
OBS: o art. 48 da Lei 9.099/95 refere-se ainda a
dúvida:
Art. 48. Caberão embargos de declaração
quando, na sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.

Sobre isso, Barbosa Moreira explica que na


redação dada pela Lei 8.950/94 ao inciso I do art.
535 foi acertadamente suprimida a expressão
“dúvida”, pois esta jamais pode existir na decisão,
mas apenas ser gerada por ela, em razão da
obscuridade ou contradição.
Juízo de admissibilidade
Extrínsecos:
Tempestividade – a interposição será no
prazo de 5 dias (art. 536 do CPC e 49 da Lei
9.099/95). Aplicam-se as regras do art. 188 e
191 do CPC. O artigo 49, em sua parte final,
explica que os 5 dias serão “contados da
ciência da decisão”. Quanto a isto, vale
ressalvar que em segundo grau o prazo flui a
partir da publicação do acórdão e não da
sessão de julgamento.
Juízo de admissibilidade
Extrínsecos:
Regularidade formal – interpõe-se sempre
para o mesmo órgão que proferiu a decisão
embargada (art. 536). Deverá ser por petição
(art. 536), ou poderá ser oralmente, se a
decisão embargada for proveniente de um
juizado especial, seja ele estadual ou federal
(art. 49 da Lei 9.099/95 e art. 1º da Lei
10.259/01).
Juízo de admissibilidade
Extrínsecos:
Preparo – não estão sujeitos a preparo
(art. 536 do CPC).
Efeitos da interposição dos
embargos declaratórios
Não há o efeito devolutivo. Dinamarco entende
que, apesar do CPC qualificar os embargos
declaratórios como sendo uma espécie de recurso
(art. 496, IV), ele não tem a natureza de recurso,
uma vez que “a sentença que acolhe os embargos
declaratórios, aclarando a sentença embargada,
não a cassa nem a substitui, como acontece no
julgamento dos recursos em geral: simplesmente
integra-a com elementos ou com coerência que
faltavam, sem lhe desfigurar substancialmente as
conclusões.
Possuem efeito suspensivo, na medida em
que suspendem a eficácia da decisão
embargada (e, portanto, sua execução
provisória). Porém, é imprescindível que não
se confunda o efeito da interposição dos
embargos declaratórios sobre o processo
com os efeitos da mesma interposição sobre
a fluência do prazo para a interposição dos
demais recursos.
Efeito sobre a fluência dos
demais prazos recursais:
Interrupção
X
Suspensão
O CPC determina no art. 538 que o efeito da
interposição dos embargos declaratório será
o de interromper o prazo para a interposição
de outros recursos para qualquer uma das
partes. Assim, uma vez recebido os embargos
declaratórios, cessa a contagem do prazo
preclusivo para a interposição de qualquer
outro recurso, voltando a ser contado, para
ambas as partas, a partir da decisão que
resolveu os embargos declaratórios.
Contudo, deve-se prestar atenção que a Lei
9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), em seu
art. 50, dá aos embargos declaratórios
apenas o efeito suspensivo
(consequentemente, o mesmo ocorrerá nos
Juizados Especiais Federais, por força da Lei
10.259/01).

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