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O Serviço de Saúde Pública: sua

estruturação, limites e a saúde


bucal no contexto
Política de Saúde- Histórico

• Dicotomia- Ministério da Saúde desenvolvia ações de


promoção da saúde e prevenção de doenças. A
assistência médica era de responsabilidade do Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social –
INAMPS.

• 1986 – a VIII Conferência Nacional de Saúde consagrou o


direito à saúde como um direto de cidadania universal,
garantido pelo Estado e expressão das lutas e conquistas
sociais.
Política de Saúde - Histórico
• 1988 - Nova Constituição Federal – garantiu a saúde como
direito de todos e dever do Estado. Princípios: universalidade,
integralidade, equidade, descentralização da assistência e
participação social.

• 1990 - Lei 8.080 – instituiu o Sistema Único de Saúde, com


comando único em cada esfera de governo. Municípios como
executores das ações e serviços de saúde, com cooperação
técnica e financeira dos Estados e da União.

• Normas Operacionais Básicas da Saúde NOB – SUS/91 e


NOB – SUS/92 – tratam do repasse condicionado à produção
de serviços e igualam o pagamento do prestador público ao
privado.
Política de Saúde - Histórico
• NOB - SUS/93 – definiu os mecanismos de transferência de
recursos fundo a fundo.
• NOB – SUS/96 – modificou as condições de gestão e ampliou a
transferência fundo a fundo; utiliza o per capita para o
financiamento da atenção básica; definiu o pagamento de
incentivos; e propôs a elaboração da Programação Pactuada
Integrada.
• Normas Operacionais de Assistência à Saúde - NOAS 01/02 –
reorganizam o SUS, por meio da regionalização da assistência, e
modificaram critérios para a habilitação dos estados e municípios,
fortalecendo o processo de descentralização da gestão.
MODELO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE
MODELO BIOMÉDICO

(para todos)
Sistema Odonto
Odonto Incremental no PSF
Sanitária (para escolares) SUS ESB

1960 1968 1988 2000


1964 1977 1995 2006
CSU Odonto PSF PNAB
Centros Sociais Simplificada ABS-SF
Urbanos
(consultórios
em escolas)
Atenção Básica ou APS

Caracteriza-se por um conjunto de ações promoção


e proteção da saúde, prevenção de agravos,
diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção
da saúde, desenvolvida no individual e nos
coletivos, por meio de práticas gerenciais e
sanitárias democráticas e participativas.
No SUS, se constitui-se como um nível hierárquico
da atenção, que deve estar organizado em todos os
municípios do país.
Atenção Básica ou APS
Deve:
Ser baseada na realidade local
Considerar os sujeitos em sua singularidade,
complexidade, integridade e inserção sócio-cultural
Orientar-se:
 Pelos princípios do SUS: universalidade, equidade,
integralidade, controle social, hierarquização
Pelos princípios próprios: acessibilidade, vínculo,
coordenação, continuidade do cuidado, territorialização
e adscrição de clientela, responsabilização,
humanização.
Elementos fundamentais dos Serviços
de Atenção Básica

• Capacidade para organizar os serviços e


a rede de atenção
• Prestação de serviços
• Desempenho clínico
• Resultados da atenção
Atenção Primária à Saúde no mundo

• Tendência dos sistemas de saúde no mundo –


Europa, Canadá, América Latina

• Consenso – sistemas de saúde orientados pelos


princípios da APS alcançam melhores indicadores
de saúde, tem menores custos e maior satisfação
dos usuários

• Dissenso – mecanismos operacionais para


implantação dos princípios
Evidências para gestão
Um sistema de saúde com forte base em Atenção Primária
é mais eficiente e mais eqüanime, mesmo em situações de
grande iniqüidade social
(Macinko,2004, Perrin, 1997; Halfon, 1996; Bindman,1995;Casanova e Starfield,
1995; Parchman e Culler, 1994; Billings, 1993; Weissman, 1992; Billings e
Teicholz,1990, Billings,1989, Starfield, 1985).

O número de médicos generalistas na atenção primária


por habitante tem efeito positivo sobre indicadores vitais
como mortalidade global, mortalidade por cardiopatia
isquêmica, mortalidade por câncer, mortalidade neonatal,
expectativa de vida ao nascer e baixo peso ao nascer.
(Shi,1994).
ABS organizada pela estratégia
SAÚDE DA FAMÍLIA
Saúde da Família

Constitui uma estratégia para o


fortalecimento e organização da APS
no Brasil
Possibilita a organização do Sistema
Municipal de Saúde para contemplar os
pontos essenciais de qualidade na APS
mantendo o foco da atenção nas famílias da
comunidade
A estratégia Saúde da Família na APS

Busca o fortalecimento da atenção por meio da


ampliação do acesso, a qualificação e
reorientação das práticas de saúde no modelo de
Promoção da Saúde
 Pró-atividade perante indivíduos, famílias e
comunidade
 Foco na Família – produção social do processo
saúde-doença
 Humanização, Acolhimento, Vínculo e Cuidado
ao longo do tempo – Ações de prevenção,
promoção, tratamento, recuperação e manutenção
da saúde
A estratégia Saúde da Família na APS

Integralidade, planejamento e coordenação do


cuidado
 Território e comunidade adstrita
 Trabalho em equipe
 Co-responsabilidade entre profissionais e
famílias assistidas
 Estímulo à participação social
 Intersetorialidade das ações
A estratégia Saúde da Família na APS

Princípios gerais

 Caráter substitutivo
 Atuação no território – cadastramento,
diagnóstico situacional, ações pactuadas
comunidade, postura pró-ativa
 Planejamento e programação
 Integração com instituições e organizações
sociais
 Construção de cidadania
A Produção do Cuidado na SF

1. Pró-Atividade na comunidade e
Acolhimento
2. Vinculação das famílias à uma equipe
3. Responsabilização de cada membro da
equipe
4. Vínculo (afetivo e solidário)
planejamento de ações (respeitando os
modos do usuário-família)
5. Plano Terapêutico (medicamentoso,
cirúrgico, de promoção e prevenção)
6. Cuidado longitudinal e Auto-cuidado
A Produção do Cuidado na SF

de para
1. Atenção centrada na 1. Atenção centrada na
doença saúde
2. Atua sobre a demanda 2. Responde à demanda de
espontânea forma continuada e
racional.
3. Ênfase na medicina 3. Ênfase na integralidade da
curativa assistência - Cuidado

4. Trata o indivíduo como 4. O indivíduo é sujeito,


objeto da ação integrado a família, ao
domicílio, à comunidade.
A Produção do Cuidado na SF

de para
5. Baixa capacidade de 5. Otimização da capacidade
resolver problemas de resolver problemas
6. Saber e poder centrado 6. Saber e poder centrados
no profissional de saúde na equipe e comunidade
7. Desvinculado da 7. Vinculado à comunidade
comunidade
8. Relação custo/benefício 8. Relação custo benefício
desvantajosa otimizada
Evolução da Implantação de Equipes de
Saúde da Família - BRASIL, 1998/2005
1998 1999 2000 2001

2002 2003 2004 2005*

0% 0 a 25% 25 a 50% 50 a 75% 75 a 100% FONTE: SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica
Distribuição per capita dos Recursos Financeiros
da Atenção Básica em reais/hab/ano - BRASIL –
1998 e 2005

1998 2005

até 20
de 20 a 40
de 40 a 60
de 60 a 80
mais de 80
FONTE: DATASUS
Situação de Implantação de Equipes de Saúde
da Família, Saúde Bucal e ACS
BRASIL - JANEIRO/2006

Nº ESF – 24.872
Nº MUNICÍPIOS - 5.005

Nº ACS – 209.446 ESF/ACS/SB


ESF/ACS
Nº MUNICÍPIOS - 5.249
ACS
ESF
Nº ESB – 12.847
Nº MUNICÍPIOS – 3.945 SEM ESF, ACS E ESB

FONTE: SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica


Política Nacional da Atenção Básica

Principais Mudanças

• Saúde da Família definida como estratégia de


organização da AB
• Caráter substitutivo da SF em relação à AB
• Parâmetro de pessoas por ESF: até 4.000
• Integração SB e ESF: responsabilidade pela
mesma população e território
• Definição de carga horária de 40 horas semanais
Política Nacional da Atenção Básica

Principais Mudanças - Financiamento

• Definição do Teto Financeiro do Bloco AB e


diminuição das rubricas de transferência
• Atualização da base populacional IBGE 2005 - PAB
• Fim do financiamento por faixa de cobertura: duas
modalidades de incentivo para ESF
• ESF mod 1:R$ 8.100,00 e ESF mod 2 R$ 5.400,00
E NA SAÚDE BUCAL?
Como se deu esse
processo...
Inclusão da SB na ESF
 2,5 milhões de pessoas
com planos de saúde
odontológicos;  “É espantoso... Estou
abismado”
 SUS- atendendo
aproximadamente 140
milhões de pessoas;
José Serra

(PNAD-IBGE 1998)
Ministro da Saúde
(Folha de São Paulo/ Setembro 2000)

 Portaria 1.444 de 28 de dezembro de 2000;


PSF e Saúde- mudanças 2003

 Portaria no. 673 de 03 de junho de 2003


(relação 1:1);

 Portaria no. 396 de 04 de abril de 2003


(reajuste de 20%);
PSF e Saúde Bucal- mudanças 2003

 Modalidade I: CD+ ACD


 R$13.000,00/ ano
 R$15.600,00/ ano
(1 ESB para 6.900 habitantes)

 Modalidade II: CD+ THD+ ACD


 R$16.000,00/ ano
 R$19.200,00/ ano
(1 ESB : 2 Equipes PSF – extinta no governo Lula)

Incentivo de R$ 5.000,00 para implantação das equipes


Brasil Sorridente
Ampliar o acesso da população às ações e serviços de saúde bucal

 Implantação de centros de especialidades odontológicas


(CEO) com laboratórios de próteses dentárias

 Implantação de sistemas de fluoretação

 Distribuição de kits de higiene bucal para os escolares

 Ampliação das equipes de saúde bucal nas unidades de


saúde da família
Brasil Sorridente

Tudo na página do MS: www.saude.gov.br.

CEOs – 5 especialidades mínimas (periodontia, diagn.


Lesões, endo, cirurgia, pac. especiais)
Tipo I – 3 cadeiras – incentivo de 40 mil mais 6,6 mil/mês
Tipo II – 4 cadeiras ou + incentivo de 50 mil mais 8,8 mil/mês
Necessária produção mínima, ACDs em todas as cadeiras,
40 h x sem / cada
Projeto – aprovação na CIB – Portaria
Brasil Sorridente

LRPD – Laboratório Reg de Prótese Dentária


Pgto x produção, credenciamento, APAC/FAEC:
R$ 30,00 x prótese total
máximo 242 peças/mês
pode ser privado.

Atenção Básica / PSF


Modalidades I e II (com THD)
R$ 6 mil inicial mais R$ 1,7 mil / mês
R$ 6 mil inicial mais R$ 2,2 mil /mês, respectivamente.
PSF e Saúde Bucal- mudanças 2005
 Com o Brasil Sorridente os incentivos para as Equipes de Saúde Bucal subiram para R$
20.400,00 na modalidade I e R$ 26.400,00 na modalidade II. Ainda serão disponibilizados
mais R$ 1.000,00 para todas as equipes já implantadas para a compra de instrumental
utilizado na confecção de próteses. O incentivo de implantação (parcela única) passa a ser
de R$ 6.000,00.

Crescimento de 106,8% de ESB


nos dois primeiros anos de
governo, com expansão contínua.
Níveis hierárquicos do SUS em
saúde bucal

Atenção básica

Média complexidade

Alta complexidade
DESAFIOS....
1. Na Gestão:
 Falta de priorização no financiamento para ABS
 Distorção do conceito de Integralidade - aplicado à formulação de
políticas de “ação programática” e “campanhista”
 Pouco compromisso dos serviços/gestores com a Resolubilidade –
priorização das ações curativas/emergenciais

 Fragmentação da Atenção à Saúde onde persiste o equívoco de


que “ABS faz apenas promoção e prevenção”
 Rede constituída que necessita de adequações estruturais
 Instrumentos gerenciais de Avaliação e Monitoramento inadequados
à nova prática
2. Nos Recursos Humanos:
 Contratação – precarização e limites legais
 Formação – pautada na biomedicina

Desafio 1 – ESTRUTURAL
 Constituir-se efetivamente como o primeiro nível de atenção no SUS;
 Romper com o modelo hospitalocêntrico e privatista;
 Caracterizar-se como a principal “porta de entrada” do SUS;
 Atenção da equipe ao cidadão, por meio do vínculo e a co-
responsabilização do processo saúde-doença da comunidade.
Desafio 2 - CONJUNTURAL
 Organizar a ABS e conseqüentemente o SUS
Mudança na prática e na concepção dos sujeitos,
por meio:
 Humanização, Acolhimento e Vínculo;
Integralidade (sistema hierarquizado e assistência integral, contínua e
organizada, à população adscrita, com garantia de acesso a recursos
complementares);
 Prevenção, promoção, tratamento, recuperação e manutenção da
saúde;
 Território e comunidade adstrita;
 Foco na Família;
Cuidado ao longo do tempo.
UM GRANDE DESAFIO
A SUPLANTAR
Como devemos caminhar ?

 Regulamentar o Financiamento Tripartite


 Investir na qualificação do Modelo de Atenção á Saúde
 Fortalecimento dos preceitos legais referentes a
descentralização, regionalização e hierarquização da
rede de serviços de saúde;
 Ampliar o acesso a ações e serviços de saúde;
 Fortalecer a Atenção Básica;
 Garantir Média e Alta Complexidade
 Reduzir as iniqüidades regionais;
 Priorizar a Promoção da Saúde como um dos eixos do
Modelo de Atenção à Saúde
TAREFA
(Geir Campos)
Morder o fruto amargo e não cuspir
Mas avisar aos outros o quanto é amargo
Cumprir o trato injusto e não falhar
Mas avisar aos outros o quanto é injusto
Sofrer o esquema falso e não ceder
Mas avisar aos outros o quanto é falso
Dizer também que são coisas mutáveis
E quando em muitos a noção pulsar
Do amargo, injusto e falso por mudar
Então, confiar à gente exausta o plano
De um mundo novo e muito mais humano!

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