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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciência de Saúde


Curso de Licenciatura em Farmácia: 3° ano, II° modulo, II° semestre
Unidade Curricular: Quimioterapia

Tema: Câncer de Bexiga


Docente: Discentes:
Simone A. Chunguane Adams Vicente Ntanga
Telda Lemos Sozinho Arnaldo R. A. Martinho

22-10-2019
Conteúdos

Conceito de Câncer de Bexiga;


Factores de risco;
Epidemiologia;
Sinais e Sintomas;
Diagnóstico;
Metodos de prevenção;
Tratamentos;
Conclusão
Referências bibliográficas

1
Objetivos

Geral
Compreender tratamento de câncer da bexiga;

Específicos
Definir câncer da bexiga;
Identificar o tratamento de câncer da bexiga;
Mencionar as doses, posologias, Mecanismo de acção, indicações,
contra-indicações, principais reacções adversas de farmacos usados
no tratamento de câncer de bexiga.
2
Introdução
O câncer da bexiga é a segunda neoplasia maligna genito-urinária mais
frequente. Entre os homens, é o quarto tumor mais frequente, após o de
próstata, pulmão e colorretal e entre as mulheres é o oitavo.
De acordo com a OMS, 10,1% dos cânceres em homens e´2,5% em
mulheres a nível mundial.
 Cerca de 20% dos casos de câncer de bexiga estão associados à
exposição ocupacional, a aminas aromáticas e a substâncias químicas
orgânicas em uma série de actividades profissionais.
O tabagismo é o factor de risco mais predisponente seguindo com as
infecções parasitárias, radiação e exposição a substâncias químicas.
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Conceito

Câncer de bexiga
É um carcinoma que atinge as células que revestem a bexiga, sendo
uma neoplasia mais comum em homens (BURIM, et al., 2014).

 Tipos de câncer de bexiga


Carcinoma de células de transição;
Carcinoma de células escamosas;
Adenocarcinoma (INCA, 2015).
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Principal factor de risco para Câncer de bexiga.
Factores de risco para câncer de bexiga

De acordo com MSD (2019), incluem como faCtores de riscos:


Fumar;
Idade avançada;
Etnia;
 Sexo biológico;
Exposição a determinados produtos químicos;
Tratamento do câncer anterior;
Inflamação crônica da bexiga;
Histórico pessoal ou familiar de câncer.

Câncer de Bexiga- INSTITUTO COI


Epidemiologia
Câncer de bexiga (CAB) é o segundo tumor genito-urinário mais
frequente no homem, atrás apenas do câncer de próstata.
Estimativas do INCA apontam em 2016 cerca de 9.670 novos casos e
próximo de 3.642 óbitos.
O pico de incidência é próximo dos 80 anos de idade. É três vezes
mais comum em homens. Também é mais comum em brancos, e em
negros costuma ser mais agressivo.
 É mais letal em idosos. O carcinoma urotelial é o subtipo histológico
mais comum, responsável por quase 90% dos tumores malignos
(Vieira., 2016).
Sinais e Sintomas de Câncer de bexiga

Segundo Vieira (2016), os principais sinais e sintomas de câncer de


bexiga podem incluir:

Hematúria (Sangue na urina);  Urinar com frequência maior que a


habitual;
Dor ao urinar;
 Sensação de dor ou queimação ao
Dor nas costas (lombalgia); urinar;
Dor pélvica;  Urgência em urinar, mesmo quando
Fadiga; a bexiga não esteja cheia;
 Perda de peso;  Problemas para urinar ou fluxo de
urina fraco.
Diagnóstico de Câncer de bexiga

 Tomografia computadorizada abdominal;


 Biópsia da bexiga (normalmente realizada durante uma cistoscopia);
 Cistoscopia (exame da parte interior da bexiga com uma câmera);
 Tomografia pélvica
 Exame de urina;
 Citologia urinária.
Em caso de confirmação de CAB, realizar testes para confirmar o
espalhamento (Metástases) em outros órgãos, como: Próstata; Reto;
Ureteres; Útero; Vagina (INCA, 2015).
Estadiamento
T - Tumor primário
Tx Tumor primário não acessível
T0 Sem evidência de tumor primário
Ta Carcinoma papilar não invasivo
Tis Carcinoma in situ: “flat tumour”
T1 Tumor invade tecido connectivo sub-epitelial
T2 Tumor invade camada T2a Tumor invade camada muscular superficial
muscular T2b Tumor invade camada muscular profunda
T3 Tumor invade tecido peri- T3a Microscopicamente
vesical T3b Macroscopicamente (massa extra-vesical)
T4 Tumor invade qualquer um T4a Tumor invade próstata, útero ou vagina
dos órgãos: próstata, útero, T4b Tumor invade parede pélvica, parede abdominal
vagina, parede pelvica,
parede abdominal Fonte: adaptado (Salazar, et al., 2012, pp.3)
Hospitalinfantilsabara.org.br
Metodos de prevenção de câncer de bexiga
De acordo com o Hospital de Câncer de Barretos (2019), a melhor
maneira de prevenir este tipo de câncer é:
 Ter bons hábitos nutricionais (dieta rica em produtos naturais, como
frutas, legumes e verduras e pobre em gorduras);
 Não consumir tabaco;
 Usar os equipamentos de proteção individual (para quem trabalha
diariamente com produtos químicos).
 evitar a exposição direta ou indireta frequente a determinados
produtos, especialmente os da indústria têxtil e derivados do
petróleo e processos irritativos crônicos à bexiga.
Pebmeb.com.br
Tratamentos do câncer de bexiga

As modalidades para o tratamento do Câncer da Bexiga (CAB)


incluem:
 Tratamento não farmacológico;
 Cirurgia; (Ressecção transuretral (RTU) endoscópica e a Cistectomia);
 Radioterapia.

 Tratamento farmacológico.

 Quimioterapia; Imunoterapia (CHABNER, et al., 2012).


Câncer superficial não invasivo (Estágio Ta/T1)

As neoplasias iniciais podem ser removidas por completo por


resseção transuretral (RTU).
Para o carcinoma in situ e outros carcinomas de células transicionais
superficiais de alto grau, tratamentos é feito com Bacilo de Calmette
Guérin (BCG), após resseção transuretral é mais eficaz e um
quimioterapico (Mitomicina C.
Pode-se fazer a instilação em intervalos semanais a mensais ao
longo de 1 a 3 anos (MSD, 2019).
Respositorio.hff.min-saude.pt
Cistectomia/câncer invasivo (Estágio T2/T3)

De acordo com Instituto vencer o câncer (2018), afirma que:


Em casos especiais, a opção pode ser a remoção de apenas uma
parte da bexiga.
Essa cirurgia é chamada de cistectomia parcial, mas a mais indicada
nesses casos é a cistectomia radical, por meio da qual a bexiga é
removida e as vias urinárias reconstruídas, para garantir o fluxo da
urina.
Gerenciamento de cancer de Bexiga- MedicinaNET
Doença metastática (Estágio T4)

A doença não poderá mais ser curada definitivamente, mas por meio
do tratamento haverá possibilidade de controlá-la, impedir sua
progressão, aumentar a longevidade e melhorar a qualidade de vida
do paciente.
A decisão se o tratamento de escolha será quimioterapia ou
imunoterapia dependerá de factores clínicos em conjunto o com
análise do material da biópsia do tumor.
Cont...

Pacientes, cujo tumor, expressa um marcador imunológico chamado


PD-L1 a imunoterapia é preferível os mais utilizados são
pembrolizumabe e atezolizumabe, são bem tolerados que
quimioterapia. Porém, podem induzir reações auto-imunes graves
como colite, hepatite, tireoidite.
Por outro lado, em pacientes, cujo tumor, não expressa um marcador
imunológico chamado PD-L1, a quimioterapia é preferível.
Tratamento Neoadjuvante

Paclitaxel + Gencitabina + Carboplatina


Paclitaxel: 80 mg/m² IV no D1 e D8;
Gencitabina: 800 mg/m² IV no D1 e D8;
Carboplatina: AUC 5, IV no D1.
• Repetir o ciclo a cada 21 dias.
• Potencial Emetogênico: moderado, Potencial Anafi lático: alto.
• Recomendação: após 3 ciclos de reestadiamento se ausência de doença
clínica (acompanhamento ou cistectomia imediata); se doença residual,
a cistectomia está indicada.
(White RWV, et al., 2009, citado por Einstein., 2013).
Tratamento Adjuvante

Gencitabina + Cisplatina
Gencitabina: 1000 mg/m² IV no D1, D8 e D15;
Cisplatina: 70 mg/m² IV no D15.

• Repetir o ciclo a cada 28 dias.


• Potencial Emetogênico: alto com cisplatina e baixo quando
gencitabina.

(Cognetti F, et al., 2008, citado por Einstein., 2013)


Tratamento na doença Metastática

CAP
Ciclofosfamida: 400 mg/m² IV no D1;
Doxorrubicina: 40 mg/m² IV no D1;
Cisplatina: 75 mg/m² IV no D2.
• Repetir o ciclo a cada 21 dias.
• Potencial Emetogênico: alto.
(Dreicer. E, et al., 2000 citado por Einstein., 2013)
Doxorrubicina pó/ 1 frasc. –ampola para injetável de 10 ou 50mg
Mecanismo de acção -Antibiótico usado como quimioterápico no
tratamento de neoplasias com ação nas células tumorais, diminuindo sua
multiplicação e interferindo nas suas funções.
Indicação - carcinoma da mama, pulmão, bexiga, tireoide e ovário;
sarcomas ósseos e de tecidos moles; linfomas; neuroblastoma; leucemia.
Contra-Indicações- Pacientes alergicos à doxorrubicina, outras
antraciclinas, antracenedionas; pacientes com sarcoma de Kaposi; em
gestantes e amamentação não é recomendada.
RAM- Cardiotoxicidade; inflamação das mucosas; infarto do miocárdio
recente; arritmias graves; mielossupressão; insuficiência cardíaca grave e
hepática ;
Cisplatina solução injetável 10mg/ml, 50 mg/ml e 100 mg/ml
Mecanismo de acção - A inibe a síntese do DNA pela produção de
ligações cruzadas interfitas e intrafitas no DNA. As sínteses de
proteínas e RNA também são inibidas, porém em menor extensão.
Aparentemente não é específico do ciclo celular.
Indicação - mostrou-se ser eficaz contra tumores sólidos: carcinoma
da cabeça e do pescoço, da próstata e da bexiga).
Contra-Indicações da Cisplatina - Pacientes com histórico de reações
alérgicas graves; função renal diminuída, mielossupressão e distúrbios
auditivos; contra-indicada durante a gravidez e lactação.
RAM- Nefrotoxicidade; insuficiência renal; hipomagnesemia;
hipocalcemia; hipocalemia; hipofosfatemia; náusea e vômitos.
Gencitabina Pó 10 e 50 mL /200 mg ou 1 g

Mecanismo de acção - É um medicamento utilizado na tentativa de


bloquear o crescimento das células do tumor, fazendo com que o tumor
diminua ou pare de crescer.
Indicação – Pode ser utilizado para o tratamento de câncer de bexiga,
câncer do pâncreas,câncer de pulmão e o câncer de mama.
Contra-Indicações - Pacientes com hipersensibilidade conhecida à
droga; Pode suprimir a função da medula óssea, manifestada por
leucopenia, trombocitopenia e anemia, mulheres grávidas.
RAM – Causa sonolência náuseas acompanhadas de vômitos; diarréia e
estomatite; síndrome hemolíticourêmica (shu); erupção cutânea; gripe;
arritmias.
Paclitaxel Pó/1fras. -ampola de 5; 16,7; 25; 50 mL e 30; 100; 150
300mg para suspensão injetável

Mecanismo de acção – Atinge o câncer, interferindo na multiplicação das


células cancerosas. A albumina, por sua vez, auxilia o paclitaxel a alcançar as
células cancerosas por meio da corrente sanguínea.
Indicação – indicado para o tratamento de adenocarcinoma de pâncreas;
Carcinoma de Ovário; Câncer de Mama e Sarcoma de Kaposi.
Contra-Indicações - Alérgicos ao paclitaxel; não administrado em pacientes
com tumores sólidos com alterações nos exames com: contagem de
neutrófilos basal < 1.500 células/mm³ ou pacientes com sarcoma de Kaposi
com contagem < 1.000 células/mm³.
RAM – Mielodepressão; aumento e diminuição da pressão arterial;
neuropatia periférica;náuseas e vômitos, diarreia, queda de cabelo, anemia.
Carboplatina pó/1frasc. -ampola de 20 ml para solução injetável

Mecanismo de acção – se liga ao DNA através de ligações cruzadas nas


duas cadeias, alterando a configuração da hélice e inibindo sua síntese.
Indicação – indicado para o câncer de ovário, câncer de pulmão, câncer das
vias respiratórias e digestivas; carcinomas de cabeça e pescoço e nos
carcinomas de cérvice uterina.
Contra-Indicações - Pacientes alergicos à Carboplatina/platina e manitol;
Depressão de medula óssea ou sangramentos severos. gravidez e
amamentação.
RAM –Mielodepressão; anemia; leucemias mieloides, hipocalcemia,
hipomagnesia; perda visual transitória; ototoxicidade; infarto do miocárdio;
náuseas e vômitos; insuficiência renal.
Ciclofosfamida Comp. revestido de liberação retardada de 50 mg

Mecanismo de acção – forma ligações cruzadas com o DNA das células


tumorais e, como a célula continua sua síntese de RNA e proteínas, ocorre
um desequilíbrio, levando a célula à morte.
Indicação – Indicado para Linfomas malignos; Mieloma múltiplo;
Leucemias; Tumores malignos sólidos; Neuroblastoma; Adenocarcinoma
do ovário; Retinoblastoma; Carcinoma de mama; Neoplasias do pulmão.
Contra-Indicações – Pacientes com hipersensibilidade à droga e em
pacientes com severa depressão funcional da medula óssea; gravidez e
lactação; varicela e Herpes zoster.
RAM – Alopecia; dermatite; atividade oncogênica; cistite hemorrágica
estéril; linfoma maligno; leucemia; micose fungóide; efeitos teratogênica.
Conclusão
A bexiga é “forrada” por um órgão dentro (urotélio) que está em
contacto com a urina que se acumula na bexiga para ser expelida.
Portanto, as células que formam esse urotélio estão expostas a todas as
substâncias que o corpo elimina através da urina. O câncer da bexiga é
uma consequência da transformação do urotélio, que passa a se
proliferar (metástase). Principal factor de risco é uso de cigarro.
A melhor maneira de prevenir este tipo de câncer é evitar a exposição
aos factores de risco para a doença.
O tratamento depende do quanto à doença penetrou na bexiga e se há
metástase ou não. Quando a doença está apenas no órgão e não afecta
o músculo da bexiga, é feito a “raspagem” da lesão através de um
endoscópio colocado pela uretra, muitas vezes seguido da aplicação de
um imunoterapico aplicado localmente.
Obrigado pela atenção dispensada!
Referencias Bibliográficas
 BURIM, S., et al. CÂNCER DE BEXIGA: MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO. (14ª ed.) Guanabara Koogan. Rio de
Janeiro, 2018.
 INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Coordenação Nacional de Controle de tabagismo - CONTAPP. "Falando Sobre
Câncer e Seus Fatores de Risco". Rio de Janeiro: INCA, 1996. Disponível em:<http://www.inca.gov.br/cancer/o que
causa o câncer>. Acesso em: 19 abr. 2015.
 Merck Sharp & Dohme Corp. subsidiária da Merck & Co., Inc., Kenilworth, NJ, EUA, 2019.
 Vieira, S., Carlos. Oncologia Básica para profissionais de saúde. (1ª ed.) EDUFPI - Conselho Editorial. Bairro Ininga -
Teresina – Brasil, 2016.
 Salazar, L., et al., CÂNCER DE BEXIGA, 2012.
 Hospital de Câncer de Barretos. Vencer câncer é mais fácil quando se está cercado de amor, 2019.
 Copyright © - www.vencerocancer.org.br - Todos os direitos reservados, 2018.
 EINSTEIN, A. GUIA DE PROTOCOLOS E MEDICAMENTOS para Tratamento em Oncologia e Hematologia. 1º
Edição. São Paulo, 2013.
 BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman &
Gilman. 12º ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
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