PASSÍVEIS DE LEITURA E PRODUÇÃO • A situação-problema desta aula o desafia a pensar uma solução de caráter teórico-prático para ensinar aos alunos, por meio de uma sequência didática, o que são práticas corporais.
• No primeiro passo desta aula, a estratégia é relacionar e
contrapor referências teóricas, selecionando dados e conceitos que se relacionam diretamente à situação- problema, com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca da prática corporal como linguagem, por isso passível de ser lida, criada e recriada. • Para discutir essas questões, estude o texto citado nesta seção, que apresenta, de forma sintética, ideias de autores acerca da relação entre corpo, linguagem e cultura.
Corpo Linguagem Cultura
Antes da leitura, acesse o podcast a seguir com as orientações de estudo. • O corpo, segundo Geertz (1978), é entendido como um produto de construções culturais. Neira e Nunes (2007) lembram-nos que desde os primeiros estudos sobre corpo e corporeidade, percebe-se, por parte de sociedades diversas, o desejo e a ação em moldá- lo segundo a ótica e o querer da cultura hegemônica ou dominante.
• Geertz também fala de relações de poder no que é
socialmente aceito em termos de movimento. Esses autores revelam o poder comunicativo do corpo. • Segundo as teorias que desenvolveram, pode- se supor que o desejo do poder dominante em moldar e julgar gestos corporais era (e ainda é) assumir que há comunicação por meio do corpo, ou seja, há leitura e escrita no corpo. • Para Mendes e Nóbrega (2004), não temos um corpo, somos um corpo que lê, dança, come, se movimenta. • Com isso em vista, cabe aos educadores da escola atual tratar o movimento humano como uma das formas de linguagem, posto que o corpo também comunica significados. • À Educação Física cabe, entre outros, o estabelecimento do debate entre a cultura corporal e a constituição de sujeitos, que também pode ser entendido como o estudo, a percepção e a abordagem de identidades culturais presentes nos conteúdos da cultura corporal. • Pensando numa definição de cultura corporal que considere o poder comunicativo do corpo e de suas produções culturais (práticas corporais), com base em como Geertz pensava o alcance da cultura, podemos conceituar cultura corporal como: • o conjunto de manifestações socioculturais por meio do qual indivíduos se comunicam entre si (mensagens corporais) e partilham experiências produzidas, transmitidas e recebidas como processos sócio-históricos específicos que acontecem via corpo (jogos, lutas, danças, ginásticas e brincadeiras). • Assumir, demonstrar e explicitar o poder comunicativo do corpo e de suas produções, no âmbito da cultura corporal de movimento, é um ponto de partida muito importante para ensinar como se realiza a produção corporal. Um processo linguístico passa, necessariamente, pelo ato da: • Leitura • Fala • Interpretação • Escrita • Para que uma prática corporal seja considerada como linguagem, deve ser passível de ser lida, escrita, falada e interpretada.
• Essa ótica de trabalho com o corpo é capaz de suscitar
inúmeras possibilidades no trabalho docente, desde que se formulem estratégias práticas e claras para o trabalho do professor junto aos alunos, em vez de se engessar o ensino-aprendizagem aos conteúdos tal como os alunos os percebem nas mídias. • É preciso ter em mente que o contexto modifica o conteúdo, por exemplo: um jogo de futebol é diferente na várzea, no campo do clube e na escola, apesar de terem o mesmo procedimento motor e um conjunto similar de regras. • Os três textos citados anteriormente serão a base das relações que pretendemos formular para que você, futuro professor de Educação Física, se aproprie de diferentes possibilidades para abordar com seus alunos a corporeidade (entendida como estudos sobre o corpo) e o conceito de práticas corporais. Texto 1 • O primeiro texto, intitulado A interpretação das culturas, é de autoria de Clifford Geertz (1978), antropólogo que viveu entre 1926 e 2006.
• Geertz dizia que a cultura pode ser definida como um
sistema de organização (e controle) das coletividades, pautado em um mecanismo de apreensão do poder, que ocorre por meio da posse dos signos de poder. Para esse autor, os que controlam as altas esferas sociais submetem outros membros dessa comunidade por meio do cerceamento cultural (por isso, arbitrário) de seus gestos e movimentos. Geertz • Para o autor, as imagens públicas do comportamento cultural são vistas como os mais eficazes elementos do controle social. Desse modo, a cultura tanto controlaria o comportamento em sociedade, como também criaria e recriaria este e outros comportamentos. Ideias de Geertz • Admitir essas ideias não significa trazê-las para a aula sem a devida criticidade. Pelo contrário, cada conteúdo deve ser destrinchado em sua história, revelando, inclusive, as relações de poder ali existentes e que o influenciam. • Importando as ideias de Geertz para o campo da Educação Física, o professor pode atentar para não tratar os conteúdos apenas segundo seu ponto de vista.
• O professor deve admitir outras formas de
comportamento motor (dançar, por exemplo) além das que ocupam seu próprio cotidiano cultural, e incluir em suas aulas as práticas corporais produzidas ou veiculadas entre a população socialmente excluída. Texto 2
• Já o texto que será nossa base para discução,
no Passo 2, sobre inclusão social de conteúdos é intitulado Linguagem e cultura: subsídios para uma reflexão sobre a educação do corpo, escrito por Mário Luiz Ferrari Nunes e Marcos Garcia Neira, professores universitários com formação na área da Educação Física. • Esses autores recorrem a sociólogos e a antropólogos, tanto brasileiros como estrangeiros, para reafirmar sua teoria de que é comum que o repertório de gestos e práticas corporais produzidos ou acessados pelas comunidades econômica e socialmente desfavorecidas não seja reconhecido, nem aceito pelo discurso dominante ou hegemônico, ou seja, pelos meios que atribuem juízo de valor aos conteúdos culturais e às práticas corporais. • Linguagem e cultura: subsídios para uma reflexão sobre a educação do corpo
NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Linguagem e
cultura: subsídios para uma reflexão sobre a educação do corpo. Caligrama (São Paulo. Online), [S.l.], v. 3, n. 3, dec. 2007. Disponível em: <https://goo.gl/AYzocp>. Acesso em: 27 fev. 2018. Texto 3 • O fato de as produções culturais serem vistas de acordo com seu produtor nos leva ao terceiro texto citado, escrito pelas autoras Maria Isabel Brandão de Souza Mendes e Terezinha Petrucia da Nóbrega (2004). O nome do texto é “Corpo, natureza e cultura: contribuições para a educação”.
• Trata-se de uma obra literária que desvenda possibilidades
e qualidades de nós, seres humanos, vistos pela perspectiva de nossos corpos. As autoras ressaltam que somos um corpo e, desse modo, nossos fazeres só são possíveis porque nosso corpo nos insere e nos conecta com o mundo. • Assim, instrumentalizar determinadas tarefas é o mesmo que nos instrumentalizarmos para que possamos realizar diferentes tarefas. Nesse sentido, o ato de ensinar deve ser visto com muita seriedade, já que é dirigido a seres humanos que são sujeitos desse processo. Principais pontos abordados no material
• Agora, vamos apresentar conceitos que o
ajudarão a ampliar os conhecimentos sobre o conceito de prática corporal: 1. Princípios do treinamento físico
• Na apresentação desta unidade, definimos
que a diferença entre atividade física e prática corporal são a intencionalidade e a consideração do praticante como sujeito social, fatores presentes mais fortemente na prática corporal. De modo geral, tudo o que requer movimento é atividade física. • No entanto, a atividade física se subdivide em vários elementos. Dois deles são a prática corporal e o exercício físico. Também já discutimos a definição de exercício físico como uma atividade que segue padrões e procedimentos com rigor científico e sem o qual não se alcançam os resultados planejados. • O conjunto de elementos que formam esse rigor científico é chamado de princípios do treinamento físico. treinamento físico • O treinamento físico apoia-se em conhecimentos da biologia, física e estatística. Apoiado em princípios, deve adequar e combinar tais conhecimentos aos resultados, que vão sendo alcançados pouco a pouco, pois subsidiam a elaboração e o desenvolvimento de programas de exercícios voltados à melhoria das capacidades físicas, tanto de atletas como de não atletas. • Atentemos agora ao que prega cada princípio (texto extraído do Caderno do Aluno, Educação Física, 7º ano, v. 3. SEESP). Sobrecarga Sobrecarga Continuidade Continuidade Reversibilidade Reversibilidade Especificidade Especificidade Individualidade Individualidade Princípio • Ensinar a essência de cada princípio do treinamento físico fará com que os alunos tenham mais consciência, conhecimentos e critérios para avaliar a qualidade de sua prática corporal, seja ela orientada por um profissional da área, seja realizada de forma autônoma. Sobrecarga • Está relacionada ao aumento da carga de trabalho físico, que deve ser gradual e progressivo, de modo a estimular o organismo a exercitar-se acima do nível ao qual está habituado, induzindo adaptações biológicas que aprimorem suas características morfológicas e/ou funcionais. Para tanto, deve adequar diferentes combinações de frequência, intensidade, duração e/ou volume de treinamento, conforme a capacidade física a ser desenvolvida. • A frequência refere-se a: o número de sessões semanais de determinado exercício, a intensidade, o nível de dificuldade do exercício – quantidade de peso e velocidade suportados, a duração ou volume e o período de tempo durante o qual o programa é realizado (semanas, meses), ou tempo gasto em uma única sessão de exercícios (minutos, horas). Continuidade • Preconiza que a melhoria na capacidade funcional depende da regularidade com que a prática de atividades físicas é realizada, e que as adaptações biológicas pretendidas resultam da adequada alternância entre esforço e recuperação. Reversibilidade • Também referida como “uso e desuso”, diz respeito ao declínio na capacidade funcional decorrente das perdas das adaptações biológicas resultantes do programa de exercícios, que ocorre quando a atividade física é suspensa ou reduzida. Representa um reajuste do organismo ao baixo nível de solicitação das capacidades físicas, tornando evidente o caráter transitório e reversível das melhorias oriundas da prática regular e contínua de exercícios físicos, especialmente quando essa regularidade deixa de ser mantida. Especificidade • Explica que o aprimoramento e o desenvolvimento de determinada capacidade física (força, flexibilidade, etc.) decorrem de adaptações fisiológicas e bioquímicas específicas para determinados tipos de atividades físicas, conforme diferentes combinações entre volume e intensidade de esforço. Por essa razão, a melhoria da flexibilidade requer exercícios de alongamento muscular, enquanto exercícios aeróbios desenvolvem a resistência cardiorrespiratória. Individualidade • Diz respeito ao modo como as diferentes características e condições de cada indivíduo interferem nos efeitos pretendidos por um programa de exercício. Compreende aspectos relacionados às diferenças entre os sexos, ao estágio de maturação biológica, ao nível inicial de condicionamento físico, aos aspectos genéticos do praticante e aos fatores ambientais e/ou comportamentais (alimentação, hábitos de repouso e sono, existência ou não de doenças, aspectos motivacionais etc.). • É importante que os alunos compreendam que cada indivíduo responde de forma diferente ao treinamento e que essa resposta depende da perseverança, atenção e constituição biológica e fisiológica de cada um.
• Também é importante ressaltar que exercícios físicos
devem sempre ser orientados por um profissional da área. Saber disso torna o aluno capaz de diferenciar o que pode ser feito por ele, de forma autônoma, como prática corporal (por exemplo, dança) do exercício físico (por exemplo, musculação). • Pensando ainda na realização de práticas corporais de forma consciente e fundamentada, é preciso ensinar o que são e como trabalhar a frequência cardíaca e as atividades aeróbias e anaeróbias. • Além de serem fatores abordados nos princípios do treinamento físico, são ,por si só, orientadores na tomada de consciência do estado fisiológico de cada indivíduo, antes, durante e após o exercício físico. • Já sabemos que a prática de exercícios físicos provoca alterações no funcionamento do organismo. Em condições normais, nosso coração bate, aproximadamente, de 70 a 80 vezes por minuto, em indivíduos não treinados fisicamente.
• Para indivíduos praticantes de atividades físicas, o
batimento varia entre 50 e 70 batimentos por minutos (bpm), em repouso. • Durante o exercício físico, o número de batimentos aumenta, e uma vez cessada a atividade, o coração, gradativamente, volta ao seu padrão usual de bpm. Os batimentos do coração podem ser medidos colocando-se o indicador no pescoço e contando o número de pulsações por minuto. O número de batimentos • Pela frequência de batimentos cardíacos, pode-se avaliar se o esforço realizado durante uma atividade física foi adequado ou demasiado. • Durante atividades físicas intensas há maior consumo de oxigênio e, por isso, maior produção de gás carbônico, que deve ser eliminado do nosso organismo para não causar intoxicação. Como resultado, a frequência respiratória aumenta para manter nosso organismo com crédito necessário de oxigênio.
• Neste momento do processo de ensino e
aprendizagem sobre a frequência cardíaca e respiratória, faz-se necessário ensinar o que são atividades aeróbicas e anaeróbicas. Aeróbica • É a capacidade de a pessoa sustentar um exercício que proporcione um ajuste cardiorrespiratório e hemodinâmico global ao esforço, realizado com intensidade moderada/forte e duração a longa, e em que a energia necessária para sua realização provenha principalmente do metabolismo oxidativo. Isso quer dizer que, durante o exercício, você tem tempo e condição para repor em parte o oxigênio que está gastando na atividade em questão. Anaeróbica • É a qualidade física que permite sustentar, pelo maior tempo possível, uma atividade física numa situação de débito de oxigênio. É a capacidade de realizar um trabalho de intensidade máxima ou submáxima, com quantidade insuficiente de oxigênio, durante um período de tempo inferior a três minutos. Isso quer dizer que, durante o exercício, o corpo não tem tempo nem condição para repor em parte o oxigênio gasto na atividade.
• Nessa condição, o corpo recorre mais rapidamente a
reservas energéticas do metabolismo. Resumindo... • Se, durante a atividade, temos condição de repor a energia gasta e ela é feita durante um tempo superior a 20 minutos, sempre de forma constante, essa atividade tende a ser aeróbica. • Se, durante a atividade, temos que recorrer à reserva de energia em nosso organismo, e se ela for de curta duração e de grande intensidade, ela tende a ser anaeróbica. 2. É POSSÍVEL APRENDER COM E POR MEIO DO CORPO? • O profissional da Educação Física e a própria disciplina são comumente conhecidos no senso comum pelo fato de cuidarem do corpo físico e do ensino de práticas corporais, principalmente os jogos. • No entanto, cuidamos também da educação dos sujeitos e de sua corporalidade.
• Infelizmente, também é comum encontrarmos,
mesmo entre educadores de outras disciplinas, pessoas que identifiquem a Educação Física somente como um daqueles poucos momentos escolares nos quais a criança pode suar, sair da sala, brincar, correr, jogar e, quando muito, aprender a competir. • Suar, sair da sala, brincar, correr, jogar e, quando muito, aprender a competir
De fato, a Educação Física pode ter esses
propósitos, além de outros, mas não deve se reduzir somente a servi-los. É preciso reconhecer a capacidade do corpo de aprender e de ensinar. • Vamos recorrer ao pensamento de Nóbrega (2005) para pensar o lugar do corpo na educação, compreendendo que ele não é apenas um instrumento das práticas educativas, pois as produções humanas são possíveis pelo fato de sermos corpo.
• Ainda segundo a autora, precisamos avançar para
além do aspecto da instrumentalidade corporal. Nóbrega (2005) • NOBREGA, T. P. Qual o lugar do corpo na educação? Notas sobre conhecimento, processos cognitivos e currículo. Educ. Soc., v. 26, n. 91, Campinas, maio/ago. 2005 05. Disponível em: <https://goo.gl/DFhsSr>. Acesso em: 27 fev. 2018. • Segundo Sotero (2010), a promoção da educação do indivíduo por meio de sua corporeidade pede que se considere a história do: • Corpo social; • Corpo político; • Corpo biológico; • Corpo lúdico; • Corpo religioso; • Corpo escolar. Sotero (2010) • SOTERO, M. A. Questões de gênero e desconstrução de estereótipos: um plano lúdico para ensino da dança na educação física escolar. 2010. Dissertação (Mestrado em Pedagogia do Movimento Humano) − Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: < https://goo.gl/8Ww9nD>. Acesso em: 27 fev. 2018. • Nesse sentido, podemos, como professores, recorrer à história, antropologia, biologia e sociologia para trazer à tona o caminho de construção do lugar do corpo nas sociedades e, portanto, na escola. • A mesma autora ressalta que: • o caminho trilhado pelo pensamento filosófico desenvolvido na Grécia antiga e que foi sendo construído, destruído e reconstruído até a contemporaneidade de Merleau-Ponty mostra que corpo, sujeito e alma são indivisíveis e operam juntos, pelo menos para se pensar educação hoje (SOTERO, 2010, s.p.). • Corpo, sujeito e alma são indivisíveis e operam juntos.
• Agindo pedagogicamente dessa forma, a
aprendizagem de conteúdos não pode deixar de lado o corpo, não somente porque as atividades envolvem movimento, mas, sobretudo, por se considerar o aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem. • No entanto, muitas vezes o fazer docente desconsidera o contexto em que o estudante vive e pensa com seu corpo, principalmente quando se exige dele que não se movimente em grande parte de seu tempo na escola (GONÇALVES, 1994). • GONÇALVES, M. A. S. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. Campinas: Papirus, 1994 • Sabe-se que o ser humano vive em contextos sociais diferentes. Na casa, na escola, no trabalho ou no lazer, ele interage de forma dinâmica, pois: • ao mesmo tempo em que atua na realidade, modificando-a, esta atua sobre ele, influenciando e, até podemos dizer, direcionando suas formas de pensar, sentir e agir (GONÇALVES, 1994, s.p.). • Direcionando suas formas de pensar, sentir e agir
• Com esse pensamento em vista, que tal refletirmos sobre
quão saudável (ou não saudável) é calar nossos corpos na escola, não somente em termos de não movimento, mas também em termos de desconsiderar sua história, sua bagagem de vida, suas crenças religiosas.
• Ainda, não apenas para estar em conformidade com o que
o aluno conhece e acredita, mas também para desafiá-lo a pensar, agir e sentir diferente do que está acostumado. • O intuito de desafiar o aluno é fazer com que ele amplie seus limites diversos, sempre de forma salutar, para que caibam em seu ser a aceitação de si próprio, de seus sucessos e fracassos e a afetividade e respeito ao outro, sempre diferente de si mesmo. • Se o corpo ajuda a pensar, sentir e agir, e tais operações compõe o sistema de ensino e aprendizagem, a educação que considera a corporeidade investe em metodologias que incluem o corpo para desenvolver, interpretar, significar e validar o que se aprende na escola. Corporeidade
• Este texto trata corporeidade como o conjunto
de conhecimentos adquiridos através dos estudos sobre o corpo e sua relação com o indivíduo. • Nessas concepções, a corporalidade do aluno está a serviço de seu processo educacional, já que está intrinsecamente ligada à sua forma de interagir com o meio para absorvê-lo e/ou transformá-lo. Corporalidade • É entendida pelas ações motoras do ser humano. • É justamente o caminho de construção do conceito de corpo que faz dele algo móvel, permeável, transformado e transformador, cultural e biológico.
• Logo, é necessário compreender que pontos de vistas
e funções opostas do corpo se complementam, em vez de se isolarem para fundamentar outro ponto de vista. Por isso mesmo é que a escola deveria reconhecer a dependência dos sujeitos corporais do meio, da cultura e da sociedade em que vivem. • Ao fazer isso, os processos escolares diversos, e não somente a área da Educação Física, perceberiam sua responsabilidade na reescrita da história entre corpo e escola, como também perceberiam que têm o: desafio de permitir desabrochar as subjetividades, abrindo espaços que possibilitem aflorar um ser que, ao modificar-se constantemente, provoca mudanças no ambiente, na sociedade, na cultura (MENDES; NÓBREGA, 2004, s.p.). • Ademais, não podemos nos furtar do rico momento de refletir se tal metodologia é eficiente para ensinar valores ou qualquer outro fator capaz de moldar o caráter. • Em outras palavras, é necessário refletir se o comportamento social ensinado por meio da educação da corporalidade seria capaz de elevar a autoestima do aluno, levando em consideração a sua cultura, já que a personalidade dos sujeitos, segundo Geertz, é também esculpida pela cultura em que os sujeitos estão inseridos. • Em sua pesquisa, Sotero (2010) reforça a ideia de que o corpo é o que o ser humano tem de mais externo e, ao mesmo tempo, revela o que há de mais íntimo e misterioso em si. • No corpo e nos gestos corporais escondem-se os mais profundos segredos e externam-se, mesmo sem querer, os mais profundos sentimentos. Dessa forma, o corpo aprende a viver enquanto passa pelo processo de viver. • Por isso, existe a crença de que o conhecimento emerge do corpo por meio das experiências vividas. Assim, o corpo e seus sentidos devem participar do processo de aprendizagem (MENDES; NÓBREGA, 2004). • Para Nóbrega: não se trata de incluir o corpo na educação. O corpo já está incluído na educação. Pensar o lugar do corpo na educação significa evidenciar o desafio de nos percebermos como seres corporais. (NÓBREGA, 1999, s.p.). • De que modo o estudo desta seção nos ajuda a resolver a situação-problema? • Os textos estudados têm por objetivo ampliar seus conhecimentos sobre o tema levantado, por meio da situação-problema desta unidade, e ajudá-lo a enfrentar o desafio metodológico de elaborar uma sequência didática que ensine aos alunos do 6º ano o que são práticas corporais, fazendo com que eles aprendam a diferenciá-las, mesmo que de forma superficial, de exercício físico e de atividades físicas, lançando mão, nesse processo, de sua corporalidade reflexiva. • Como uma das etapas iniciais do trabalho, sugerimos a exibição do vídeo Princípios do treinamento físico #2 – Princípio da individualidade biológica, acessível pelo YouTube, no canal Treino em Foco. • Princípios do treinamento físico #2 – Princípio da individualidade biológica Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=zuCc26zf0 kI >. Acesso em: 27 fev. 2020. • Esse material audiovisual trata dos benefícios do exercício físico de forma palatável aos alunos, por meio de ilustrações, de projeto visual colorido e ágil, e de um apresentador que se comunica por meio de gírias de adolescente.
• O teor do vídeo são os benefícios dos exercícios
físicos antes da velhice chegar, relacionando essa prática à obtenção e manutenção da saúde cerebral e fisiológica. • Anote as ideias e as informações que lhe vieram ao ler os textos e ao assistir ao vídeo, tendo em vista a montagem da sequência didática, para programar o assunto nas suas aulas. • Preste atenção às ideias dos autores e procure relacioná-las com a situação-problema, buscando formas para abordar esses assuntos, visando a resolução que você deve apresentar. Esses materiais certamente iluminarão sua mente! • Por fim, escreva um parágrafo comentando o que você entende sobre a crítica à instrumentalização do corpo e de que modo essa questão se relaciona à docência em Educação Física. Para a próxima aula • Trazer o texto: Neira e Nunes (2007)
NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Linguagem e
cultura: subsídios para uma reflexão sobre a educação do corpo. Caligrama (São Paulo. Online), [S.l.], v. 3, n. 3, dez. 2007. Disponível em: <https://goo.gl/nwKKPo>. Acesso em: 27 fev. 2020