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Democracia e liberdade

de expressão
(A filosofia na cidade)
Faz sentido impor limites à liberdade de expressão?

Muitas das vezes as afirmações que


fazemos sobre os mais variados
problemas e assuntos são censuradas.

Será que faz sentido censurar a


opinião de alguém?

Mohammad Saba’aneh, Liberdade de Expressão, 2011


Faz sentido impor limites à liberdade de expressão?

 O filósofo Stuart Mill dá uma resposta a este problema.

 Para Mill qualquer opinião por muito controversa que


possa parecer pode conter em si algum elemento de verdade
e por essa razão não deve ser censurada.

 Mesmo uma opinião considerada falsa pode conter algum


elemento de verdade que não deve ser negligenciado.
Segue-se daí que a censura é em todos os casos inaceitável?

Argumento do Dano

A resposta de Mill decorre do seu argumento do dano, que consiste em considerar que
uma opinião só deve ser censurada se constituir um incitamento a danos para terceiros.
Para Mill esse dano consiste no incitamento à violência.

Na sua forma explícita:

(1) Se uma opinião constituir um incitamento de dano para terceiros deve ser censurada.
(2) Mas uma opinião não constitui esse incitamento.
(3) Logo, não deve ser censurada.
Dois argumentos principais para a defesa da
liberdade de expressão, segundo Mill:

Argumento da Argumento do
Infalibilidade Dogma Morto
Argumento da Infalibilidade

Este argumento baseia-se no pressuposto de que os seres humanos não são infalíveis, pelo
que nenhuma opinião deve ser silenciada sob pena de se pressupor a própria infalibilidade
do censor.

(1) É aceitável silenciar uma opinião só se formos infalíveis.

(2) Mas os seres humanos não são infalíveis.

(3) Logo, é inaceitável silenciar uma opinião.


“(…) Não há uma maior pressuposição de infalibilidade em proibir a propagação do erro
do que qualquer outra coisa que seja feita pela autoridade pública com base no seu
próprio juízo e responsabilidade. O juízo é dado às pessoas para que o usem. Dado que
pode ser usado erroneamente, iremos então dizer às pessoas que não devem, de modo
algum, usá-lo? Ao proibir o que acham prejudicial, as pessoas não reivindicam estar
isentas de erro; estão apenas a cumprir o seu dever, muito embora sendo falíveis, de agir
com base na sua convicção conscienciosa. Se nunca agíssemos com base nas nossas
opiniões, simplesmente porque essas opiniões podem estar erradas, então
negligenciaríamos os nossos interesses, e deixaríamos os nossos deveres por realizar. “
John Stuart Mill, Sobre a Liberdade
Argumento do dogma morto

Mill defende que a verdade de uma opinião só é afirmada perante a falsidade de opiniões
contrárias, pelo que deixamos de ter razões para censurar opiniões falsas. A falsidade das
opiniões contrárias, reforça a vitalidade da opinião verdadeira.

Na sua forma explícita, o argumento funciona assim:

(1) Se uma opinião for verdadeira, o confronto de opiniões falsas reforça a sua verdade.

(2) Se uma opinião verdadeira não for confrontada com opiniões falsas, então é um dogma morto.

(3) Logo não devemos censurar opiniões falsas.


 No capítulo do teu manual sobre o problema moral da eutanásia, estudaste o
filósofo Jeff McMahan que defende que em determinadas circunstâncias o suicídio
assistido não é moralmente errado.

 Será que alguém que discorde de uma opinião como esta deve censurá-la sob o
argumento da vida ser sagrada? Justifica?

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