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Desenvolvimento Humano II

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Envelhecer no Brasil

O conjunto de leis que orientam as políticas brasileiras no tocante às pessoas idosas, o Estatuto
do Idoso (Brasil, 2004), considera que pessoa idosa é aquela com idade igual ou superior a 60
anos. Ao mesmo tempo, pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE
(Brasil, 2013) demonstram que a expectativa de vida da população brasileira tende a aumentar
gradativamente: em 2013, a média de vida do brasileiro ficou em 74,9 anos e a projeção para
2060 é de chegar a 82,8 anos de idade. Uma vez que essa faixa já representa cerca de 19,6% da
população total (Brasil, 2013) e sua tendência é aumentar, é notável a necessidade de se
desenvolver políticas e boas experiências de trabalho, no âmbito da Psicologia, com essa
população.
Psicologia e Envelhecimento
Atuação do psicólogo

Como sabemos, a fase da vida


denominada velhice assim como
outra fase qualquer da vida Nessa aula, vamos destacar
Há tempos, os psicólogos tem
abrange diferentes aspectos que campos de atuação do psicólogo
sido convocados para
se compreendidos de maneira que fazem toda a diferença para
trabalharem com esta população
positiva , podem auxiliar a que se tenha uma velhice com
de diferentes formas.
pessoa idosa viver o mais qualidade de vida.
envelhecimento de maneira mais
positiva.
A atuação do psicólogo no Brasil

O Papel do Psicólogo nas Organizações de Trabalho

Segundo Zanelli (1994), a trajetória da atuação do psicólogo organizacional no Brasil é predominantemente caracterizada como
reprodutora de objetivos técnicos e sem muito poder de intervenção nos processos organizacionais decisórios, conseqüência direta de uma
formação acadêmica reprodutora de técnicas. Em vista disso, para Bastos e Martins (1990), torna-se necessária uma atuação mais
aobjetivo romper a atuação tradicional fragmentada, centrada no indivíduo e limitada à aplicação de testes para seleção, visando a uma
atuação sistêmica, preocupada com o desenvolvimento e com o sistema organizacional como um todo. Assim, a partir da visão desses
autores, deve-se buscar uma relação mais saudável com o ambiente de trabalho, através de uma prática que priorize a promoção da
qualidade de vida, caminho este que deve passar necessariamente por estratégias de desenvolvimento do indivíduo e de sua relação como
membro de um grupo. O modelo tradicional de atuação do psicólogo gera relações verticais dentro da organização, dificultando a
percepção de possibilidades de integração no nível do planejamento estratégico, fazendo-o mantenedor ao invés de agente de mudanças,
atuação esta inconciliável com o paradigma emergente que coloca como ideal a participação e a transparência nas políticas da organização
(Zanelli, 1994).
Psicologia e Envelhecimento
Qualidade de vida
Qualidade de vida

O conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos
como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o
autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a
satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive. O conceito de qualidade de vida,
portanto, varia de autor para autor e, além disso, é um conceito subjetivo dependente do nível sociocultural, da faixa etária e
das aspirações pessoais do indivíduo. É comum a aplicação de escalas para se medir a qualidade de vida nos diferentes
períodos da vida. No geral nas escalas, a pessoa atribui valores a maneira como se sente em relação a determinado aspecto.

A literatura reflete (sic) que os instrumentos utilizados para análise da qualidade de vida de um modo geral não se adaptam
aos idosos, seja porque têm uma abordagem unidimensional ou porque os idosos que se autodenominaram com boa
qualidade de vida não a teriam segundo a interpretação dos instrumentos mencionados. Parece, portanto, que existem
aspectos característicos e multidimensionais que definem a qualidade de vida na faixa etária idosa.

Tendo em vista a variabilidade do conceito de qualidade de vida e sua subjetividade, com o propósito de se orientar as
políticas para um envelhecimento bem sucedido, parece imprescindível conhecer o que, para a maioria dos idosos, está
relacionado ao bem estar, à felicidade, à realização pessoal, enfim, à qualidade de vida nessa faixa etária.
Um estudo realizado por Roberta Della Vechia et.al (2005) indicou que os
idosos consideram como qualidade de vida os seguintes aspectos:

Categoria 1 - Preservando os relacionamentos interpessoais (49% - 179


idosos): significa poder manter fortalecidos em número e qualidade os
vínculos com a família, contribuindo se possível com a educação de filhos e
Psicologia e netos, bem como estendendo a vizinhos e amigos, solidificando sua rede de
suporte social na senectude. As unidades de registro que retratam a

Envelheciment categoria foram agrupadas de maneira que, para o idoso, ter qualidade de
vida é "ter um bom convívio social com todos, particularmente com
vizinhos e amigos; um bom relacionamento familiar, incluindo uma boa

o criação e educação dos filhos e netos;capacidade para estabelecer contato


com as pessoas e fazer novas amizades; e um bom relacionamento com o
cônjuge."
Qualidade de Categoria 2 – Mantendo uma boa saúde (38,9% - 142 idosos): destes,

vida
29% (41 idosos) relativos especificamente aos hábitos saudáveis. Para eles,
qualidade de vida é poder adotar hábitos de vida considerados saudáveis,
relativos à alimentação, ao sono, à prática de exercícios físicos regulares e
ao não uso de drogas. "Ter uma alimentação balanceada; dormir
adequadamente; praticar esportes; e não usar droga são indispensáveis
para a manutenção da qualidade de vida."
Categoria 5 – Tendo lazer (22,46% - 82 idosos): significa
entretenimento, conjunto de atos que promovem divertimento,
distração e relaxamento, contribuindo para a qualidade de vida dos
idosos, tais como: "viajar, passear, andar de bicicleta, ouvir
Psicologia e música, dançar, plantar, pescar, fazer churrasco, encontrar
amigos, jogar baralho, cuidar de animais de estimação e fazer
Envelheciment algum tipo de artesanato como bordado, tricô ou crochê."

Categoria 6 – Trabalhando com prazer (6,3% - 23 idosos):


o significa que o trabalho, principalmente quando desempenhado
com prazer, é um meio para se obter qualidade de vida.
Qualidade de Categoria 7 – Vivenciando a espiritualidade (8,22% - 30

vida
idosos): significa a adesão a um conjunto de dogmas e doutrinas
que constituem a anuência pessoal aos desígnios e manifestações
relativas à religião e, portanto, para os entrevistados,"qualidade de
vida é, também, ter religião e fé."
Psicologia e Envelhecimento
Qualidade de vida

Categoria 5 – Tendo lazer (22,46% - 82 idosos): significa entretenimento, conjunto de atos que promovem
divertimento, distração e relaxamento, contribuindo para a qualidade de vida dos idosos, tais como: "viajar,
passear, andar de bicicleta, ouvir música, dançar, plantar, pescar, fazer churrasco, encontrar amigos, jogar
baralho, cuidar de animais de estimação e fazer algum tipo de artesanato como bordado, tricô ou crochê."

Categoria 6 – Trabalhando com prazer (6,3% - 23 idosos): significa que o trabalho, principalmente quando
desempenhado com prazer, é um meio para se obter qualidade de vida.

Categoria 7 – Vivenciando a espiritualidade (8,22% - 30 idosos): significa a adesão a um conjunto de dogmas e


doutrinas que constituem a anuência pessoal aos desígnios e manifestações relativas à religião e, portanto, para os
entrevistados,"qualidade de vida é, também, ter religião e fé."
Categoria 8 – Praticando a retidão e a caridade (4,93% - 18 idosos):
significa a sua satisfação em poder praticar a solidariedade e a honestidade.
As unidades de registros que representam a categoria foram agrupadas de
tal maneira que qualidade de vida para o idoso é, também, poder "praticar o

Psicologia e
bem junto ao seu semelhante e saber que é honesto, não prejudicando, mas
ajudando o semelhante, e cumprir adequadamente suas obrigações."

Envelheciment Categoria 9 – Acessando o conhecimento (4,11% - 15 idosos): qualidade


de vida significa ter acesso à educação, apropriando-se de conhecimentos
no decorrer da vida, por meio de estudos e leituras. As unidades de

o significação que compreendem a categoria acessar conhecimento como


componente da qualidade de vida são: "poder ler e estudar ou mesmo ter
estudado no passado."
Qualidade de Categoria 10 – Vivendo em ambiente favorável (2,46% - 9 idosos):

vida
qualidade de vida significa poder morar em locais tranqüilos, onde ainda se
consegue preservar a segurança e a despoluição ambiental. Para eles, ter
qualidade de vida é "poder viver em locais seguros e despoluídos, como se
preserva ainda no campo, viver em um ambiente não poluído e sem
violência"
Psicologia e Envelhecimento
Qualidade de vida

Categoria 3 – Mantendo o equilíbrio emocional (34,25% - 125 idosos): promover qualidade de vida é dispor de tranqüilidade, bom
humor e sentir-se satisfeito com a vida, atributos relativos a saúde mental que ajudam os idosos a se manterem fortalecidos no
enfrentamento das atividades diárias e dos desafios impostos pela vivência. As unidades de registro que compõem a categoria foram
agrupadas de tal maneira que, para o idoso, ter qualidade de vida é relatado como "ter motivação para as atividades diárias e para novas
atividades e/ou desafios; tranqüilidade; satisfação com a vida; bom humor e estabilidade emocional, mesmo em situações desfavoráveis."

Categoria 4 – Acumulando bens materiais (28,5% - 104 idosos): significa que, ao longo da vida, a pessoa precisa ir conquistando e
reunindo bens que possam contribuir para a sua segurança e conforto na senectude. Para tanto, acham necessário ter um bom salário,
sabendo poupá-lo, bem como dispor de casa própria. São condições que poderão lhes conferir autonomia quanto: à alimentação, vestuário,
transporte, obtenção de eletrodomésticos, assistência médica e medicamentos necessários. As unidades de registros que retratam a
categoria foram agrupadas e expressas de tal maneira que, "conquistar a vida com qualidade é ter um bom salário; saber utilizar o
dinheiro sem fazer dívidas; poder comprar alimentos, vestuário, eletrodomésticos e automóveis; ter conforto; ter casa própria; poder
consultar médicos particulares e comprar os remédios necessários."
Psicologia e Envelhecimento
Atuação do Psicólogo

Preparação para a aposentadoria

Neste momento da nossa discussão, vamos refletir alguns campos de atuação importantes do psicólogo na perspectiva do atendimento e/ou
acompanhamento do idoso.

Um dos primeiros pontos que vale a pena discutir é a preparação para a aposentaria, um processo que já há alguns anos o psicólogo vem
atuando.

A aposentadoria, como qualquer situação de mudança, pode ser um evento desencadeador de ansiedade e ameaçador do equilíbrio
psicológico da pessoa. Embora não exista unanimidade, vários autores, preocupados com esta problemática, buscaram elencar quais as
variáveis que mais estão relacionadas a este desequilíbrio. León (2000) afirma que o comprometimento da aparência pessoal, da saúde e
do desempenho em relação à execução de algumas tarefas, mesmo que não atinja todos indivíduos, pode reforçar alguns preconceitos em
relação aos aposentados, podendo assim a aposentadoria ser visualizada como um demarcador temporal do envelhecimento.
Já, segundo Bruns e Abreu (1997), o envelhecer
pode significar tornar-se descartável, como se fosse
algo que possui uma duração programada e que,
após um período de uso, vai para o lixo. Deste
Psicologia e modo, parece que a sociedade capitalista estabelece
um tempo útil de vida para as pessoas e que a
Envelheciment aposentadoria possui um papel de dispositivo legal

o que o sistema criou para estabelecer esse limite. Em


outras palavras, a aposentadoria concretiza esses
Atuação do limites do corpo que sofre as conseqüências de não
ser reconhecido como produtor de mais valia, e,
Psicólogo assim como uma mercadoria que tem seu tempo de
uso vencido, deve ser retirada de circulação.
Conforme Bosi (1994, p.79), “o velho sente-se um
indivíduo diminuído, que luta para continuar sendo
homem.
Dentro desse contexto, é fundamental pensar em
ações para o pré-aposentado no contexto
organizacional que impeçam sentimentos de
inutilidade, evitando que a falta de reflexão faça
Psicologia e com que a aposentadoria seja vivida sobre o prisma
Envelheciment do adoecimento, inutilidade e ociosidade. Como
profissional da saúde, o psicólogo organizacional,
o em equipe multiprofissional (médico do trabalho,
enfermeiro, assistente social, pedagogo etc.), pode
Atuação do propor e implementar políticas organizacionais que
Psicólogo contribuam para a promoção da qualidade de vida
do trabalhador. Um dos projetos, entre outros, que
vem ao encontro do objetivo acima citado é o
Programa de reflexão e preparação para a
aposentadoria (P.R.P.A.)
Programa de Reflexão e Preparação para a
Aposentadoria (P.R.P.A.):

Da mesma maneira que os sentimentos despertados pela aposentadoria não são compartilhados
por todos, não há muito espaço social para que tais questões possam ser discutidas e elaboradas.
Nesse sentido, um Programa de reflexão e preparação para a aposentadoria (P.R.P.A.) visa a
construir talespaço, no qual possam ser trabalhadas maneiras de enfrentar essa nova etapa com
melhores condições, com mais clareza e segurança.
Vale acrescentar que a Política Nacional do Idoso,

Programa de através da lei nº 8.842 de 4 de janeiro de 1994, propõe a


criação e a manutenção de programas de preparação para

Reflexão e aposentadoria nos setores público e privado com


antecedência mínima de dois anos antes do afastamento.

Preparação Já o Estatuto do Idoso, através da lei nº 10.741 de 1º de


outubro de 2003, estimula programas dessa natureza,

para a ressaltando que devem ser realizados preferencialmente


com antecedência mínima de um ano, com o intuito de

Aposentadoria estimular o pré-aposentado a realizar novos projetos


sociais conforme seus interesses, esclarecendo também

(P.R.P.A.): seus direitos sociais. Essas medidas demonstram que,


apesar da pouca atenção de entidades governamentais,
aos poucos a questão vem ganhando espaço.
Programa de Reflexão e Preparação para a
Aposentadoria (P.R.P.A.):

Vale acrescentar que a Política Nacional do Idoso, através da lei nº 8.842 de 4 de janeiro de 1994,
propõe a criação e a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores
público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento. Já o Estatuto do
Idoso, através da lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, estimula programas dessa natureza,
ressaltando que devem ser realizados preferencialmente com antecedência mínima de um ano,
com o intuito de estimular o pré-aposentado a realizar novos projetos sociais conforme seus
interesses, esclarecendo também seus direitos sociais. Essas medidas demonstram que, apesar da
pouca atenção de entidades governamentais, aos poucos a questão vem ganhando espaço.
Programa de Reflexão e Preparação para a
Aposentadoria (P.R.P.A.)

Segundo estudo realizado França e Carneiro (2009):

Em uma amostra total, pouco mais da metade (54,5%) estava muito preocupada com sua
situação financeira na aposentadoria. Apesar desta preocupação financeira, 43% dos
participantes declararam que a vida poderia ser melhor ou muito melhor na aposentadoria e um
quarto (25%) ainda não havia refletido sobre isto.

A maioria (92%) considerou o programa de preparação para a aposentadoria como


importante a muito importante, embora poucos trabalhadores (12%) participassem deste
tipo de programa em suas organizações.
Programa de Reflexão e Preparação para a
Aposentadoria (P.R.P.A.)
Menos da metade afirmou estar se planejando para a aposentadoria (43%) e 22% estão se planejando apenas financeiramente. Com
o propósito de chamar atenção dos trabalhadores sobre a importância do planejamento para esta transição, o último item
perguntava se eles iriam refletir mais sobre a aposentadoria. A maioria (83%) assinalou afirmativamente.

Com relação ao suporte financeiro na aposentadoria, a maior parte dos trabalhadores conta com o INSS (83%), e em menor
proporção, com o fundo de pensão da empresa (25%), fundo de pensão privado (18%), investimentos imobiliários (17%) e
aplicações financeiras diversas (12%). Em média, eles esperam perder 30% da sua renda quando se aposentarem.

Quanto à assistência médica na aposentadoria, 43% julgam que seu plano será igual ao que dispõe no momento. Entretanto, 17%
dos participantes declararam ainda não ter pensado nisto e 3% não têm plano de assistência médica.

A maioria apontou que terá algum tipo de atividade (92%) na aposentadoria, e a escolha do ócio, ou não trabalhar em nada, obteve
o menor número de adeptos (7%). As atividades variaram desde abrir um negócio (31%), arranjar um trabalho numa área diferente
(29%), procurar o mesmo tipo de trabalho (26%), realizar um projeto pessoal (22%), trabalhar como voluntário (20%) e trabalhar
como consultor (10%).

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