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Vieira AAU, AprileReview / Revisão

MR, Paulino CA

Exercício Físico, Envelhecimento e Quedas em Idosos: Revisão Narrativa

Physical Exercise, Aging and Fall in the Elderly: Narrative Review

Alexandre Arante Ubilla Vieiraa; Maria Rita Aprileb; Célia Aparecida Paulinob*

a
Instituto de Ensino e Pesquisa Alfredo Torres, MT, Brasil
b
Universidade Anhanguera de São Paulo, Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, SP, Brasil
*E-mail: celiapaulino@yahoo.com.br

Resumo
O envelhecimento é um processo que provoca modificações em vários sistemas biológicos, causando alterações funcionais e estruturais de
forma progressiva. Por isso, a ocorrência de certas doenças é mais frequente em idosos, entre elas as vestibulopatias que, muitas vezes, resultam
em sintomas como as tonturas, os desequilíbrios e os zumbidos. A tontura e o desequilíbrio, por exemplo, podem levar a quedas que resultam
em fraturas, cujos impactos podem ser muito graves para a população idosa. Essas e outras doenças comprometem a saúde, como também
a qualidade de vida e a sociabilidade dos indivíduos, acarretando dificuldades para o desenvolvimento de atividades da vida diária. Vários
estudos apontam os inúmeros benefícios da prática regular de exercícios físicos, também para os idosos, incluindo as melhoras física, mental e
psicossocial. Do ponto de vista do equilíbrio corporal, os melhores exercícios envolvem atividades de força muscular de membros superiores
e inferiores, atividades aeróbias e exercícios de flexibilidade, funcionais e aqueles especificamente direcionados ao equilíbrio postural. Por
sua vez, as fraturas decorrentes de quedas são responsáveis por altas taxas de hospitalizações e mortes acidentais em idosos. Além disso, a
ocorrência de quedas pode gerar medo e redução da atividade geral, comprometendo a interação social e a qualidade de vida. Portanto, além de
diminuir a ocorrência de osteoporose e outras comorbidades características do envelhecimento, a prática regular de exercícios físicos contribui
para a manutenção do equilíbrio corporal, reduzindo a ocorrência de quedas e suas consequências e melhorando a mobilidade e a independência
funcional dos idosos.
Palavras-chave: Envelhecimento. Equilíbrio Postural. Exercício. Saúde do Idoso.
Abstract
Aging is a process that changes multiple biological systems, causing functional and structural alterations progressively. Therefore, the
occurrence of certain diseases is more frequent in elderly, such as vestibular disorders, leading to symptoms such as dizziness, imbalances,
and tinnitus. The imbalance and dizziness, for example, can cause fractures from falls, whose impacts can be very relevant to the elderly.
These and other diseases can affect health and the quality of life of the individuals, causing difficulties for the development of daily activities.
Several studies have pointed out the many benefits of regular physical exercise for the elderly, including physical, mental and psychosocial
improvement. From the point of view of the body balance, the best exercises involve the muscle strength activities of upper and lower limbs,
aerobic activities, and flexibility exercises, and those related to the postural balance. In turn, fractures from falls are responsible for high
rates of hospitalization and accidental deaths in the elderly. Furthermore, the incidence of falls may cause fear and compromise the overall
activity, social interaction, and quality of life. Therefore, regular physical exercises help to maintain body balance, decreasing the occurrence
of falls and their consequences and improving the mobility and functional independence of the elderly, in addition to reducing the occurrence
of osteoporosis and other comorbidities.
Keywords: Aging. Postural Balance. Exercise. Health of the Elderly.

1 Introdução Por isso, em consequência da crescente demanda de tal


população nas instituições hospitalares, ocasionada pelos
1.1 Aspectos do envelhecimento e do equilíbrio corporal
agravos dos danos e das complicações de doenças típicas
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística dessa faixa etária, os idosos constituem grande parte dos
(IBGE), a tendência de envelhecimento da população pacientes internados e sua média de permanência é elevada,
brasileira se manteve na última pesquisa e o número de idosos aumentando consideravelmente os custos hospitalares3.
(indivíduos com mais de 60 anos) irá quadruplicar até 2060, De fato, o processo de envelhecimento gera modificações
representando quase 27% de toda a população brasileira1. funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a
Com a maior longevidade, cresce também a preocupação vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças,
para que a população idosa viva tal período da melhor maneira sendo mais prevalentes as alterações sensoriais, as doenças
possível. Nessa fase da vida, o organismo do ser humano ósseas, cardiovasculares e o diabetes4. Com isso, aumenta
passa por modificações funcionais e estruturais que reduzem a incidência de doenças relacionadas a esse período de
a vitalidade e favorecem o aparecimento de doenças crônicas vida, gerando modificações do organismo, com redução
não transmissíveis2. da vitalidade e aparecimento de doenças, destacando-se as

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crônico-degenerativas5. inadequadas, geram situações de instabilidades, aumentando


Para Zanardini et al.6, o equilíbrio corporal é dependente a predisposição a quedas. Afinal, o envelhecimento não é
da integridade funcional do sistema vestibular (labirinto, nervo somente uma passagem pelo tempo, mas mais do que isto:
vestibulococlear, núcleos, vias e inter-relações no sistema é o acúmulo de eventos biológicos que ocorrem ao longo do
nervoso central), do sistema somatossensorial (receptores tempo13.
sensoriais localizados em tendões, músculos e articulações) O controle postural é a capacidade do organismo em
e da visão. O labirinto, ou ouvido interno, é responsável pelo manter o equilíbrio e controlar a posição do corpo no
equilíbrio e pela posição do corpo no espaço. O processo espaço. Os termos equilíbrio, balanço e controle postural
de envelhecimento vai comprometendo a funcionalidade do apresentam o mesmo significado, ou seja, são usados para
sistema nervoso central e prejudicando o processamento dos conceituar o mecanismo pelo qual o organismo se protege
sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos, responsáveis pela contra as quedas5. O controle postural pode sofrer influências
manutenção do equilíbrio corporal. Deste modo, as tonturas e/ decorrentes das alterações fisiológicas do envelhecimento,
ou os desequilíbrios aparecem quando ocorrem interferências de doenças crônicas, de interações farmacológicas ou de
no funcionamento normal do sistema de equilíbrio corporal, disfunções específicas14. O sistema de controle postural tem
podendo ser de origem periférica e/ou central. a função de recuperar a estabilidade do corpo, por meio de
De fato, o equilíbrio corporal é afetado com a perda movimentos de ajustes de acordo com o tipo e a amplitude das
de neurônios e das células sensoriais vestibulares, as perturbações internas ou externas impostas ao organismo15.
limitações das articulações, a restrição da acuidade visual e o Para Maciel e Guerra16, o controle do equilíbrio corporal
comprometimento da cognição, próprias do envelhecimento. envolve a manutenção do centro de gravidade sobre a base
Em função da elevada frequência dos distúrbios de equilíbrio de sustentação do corpo durante as diferentes situações
corporal nessa faixa etária, há autores que os consideram estáticas e dinâmicas, levando o organismo a responder a
como parte de uma síndrome geriátrica7. essas variações de maneira voluntária ou involuntária. Este
O equilíbrio corporal envolve a manutenção do centro de processo é altamente eficiente, sobretudo graças à ação dos
massa do corpo na base de sustentação, deslocando o peso sistemas vestibular, somatossensorial e visual. Levando isso
corporal do indivíduo, rápida e precisamente, em diferentes em consideração, Oliveira e Melo13 relataram que o equilíbrio
direções a partir do seu centro, além da sua locomoção com corporal depende não apenas da integridade desses sistemas,
segurança e velocidade, e de maneira coordenada, ajustando mas também: da integração sensorial dentro do sistema
o corpo a eventuais perturbações externas8. De acordo nervoso central, que envolve a percepção visual e espacial; do
com Teixeira et al.9 (2008), o equilíbrio corporal é um dos tônus muscular efetivo, que se adapte rapidamente a possíveis
sentidos que permite o ajustamento dos indivíduos ao meio, alterações; da força muscular e, por fim, da flexibilidade
proporcionando estabilidade e orientação; segundo Daniel et articular.
al.10, seu controle requer a manutenção do centro de gravidade No envelhecimento, contudo, há diminuição do número
sobre a base de sustentação durante situações estáticas e de fibras musculares, com consequente redução da força
dinâmicas. muscular e da mobilidade corporal. As sensações ocasionadas
De acordo com Figueiredo et al.11, o equilíbrio corporal é a pelos estímulos externos e conduzidas pelos proprioceptores,
manutenção da posição do corpo com um mínimo de oscilação assim como a acuidade visual e o equilíbrio corporal,
(equilíbrio estático), ou quando há movimentação de maneira também estão reduzidos nesta etapa da vida. As alterações
controlada em caso de alguma perturbação na orientação clínicas do equilíbrio corporal podem ser caracterizadas
do corpo (equilíbrio dinâmico). Esse posicionamento e por tontura, vertigem, desequilíbrios e quedas, causas
alinhamento são dependentes de ações coordenadas de vários frequentes das incapacidades funcionais, que resultam numa
grupos musculares. ausência de condicionamento físico, depressão e sensação de
É descrito que o equilíbrio corporal depende dos sistemas menos valia nos idosos.17 Realmente, nesta fase da vida há
vestibular, proprioceptivo e visual12. O sistema vestibular comprometimento da agilidade em função da degeneração e
é o mais importante para a manutenção da postura ereta; perda progressiva de células nervosas no sistema vestibular
o sistema proprioceptivo permite a percepção do corpo e periférico e central, o que gera vertigem (sensação de rotação
membros no espaço, e o sistema visual serve de referência corporal ou do ambiente), tontura (desequilíbrio sem sensação
para a verticalidade, por possuir duas fontes complementares rotatória) e desequilíbrio na população geriátrica18. O
de informações: a visão (situa o indivíduo no seu ambiente) diagnóstico correto e a identificação da causa do desequilíbrio
e a motricidade ocular (situa o olho na órbita através da requerem uma avaliação clínica direcionada à queixa de cada
coordenação cefálica). Com o avanço da idade, as habilidades paciente, às doenças associadas em cada caso, além de uma
de controle postural são alteradas, propiciando déficits avaliação integral dos sistemas envolvidos no equilíbrio
nestes ajustes; essas alterações resultam de um decréscimo corporal e suas eventuais limitações9.
na velocidade de condução das informações, bem como Muito embora os idosos apresentem uma redução na sua
no processamento de respostas, que por serem lentas e capacidade de controle postural, os motivos desta redução não

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estão totalmente esclarecidos. Essa redução tem sido associada Bento30, apesar da instabilidade corporal e das quedas estarem
a mudanças estruturais do aparelho locomotor, tal como a entre as grandes síndromes geriátricas, elas não podem ser
diminuição da força muscular, considerada uma modificação consideradas como fatos normais do envelhecimento do ser
específica do envelhecimento19. O déficit funcional do sistema humano.
de controle postural provocado pelo envelhecimento resulta A alta prevalência de queixas de alterações relacionadas ao
em alterações no equilíbrio corporal e o consequente aumento equilíbrio corporal na população idosa está associada a várias
da possibilidade de quedas20. etiologias, tais como: degeneração do sistema vestibular;
Com a degeneração do sistema musculoesquelético e a diminuição da acuidade visual, da capacidade de acomodar a
redução da capacidade cardíaca e do nível de atividade física visão e da perseguição uniforme; alterações proprioceptivas;
em idosos, podem ocorrer alterações do padrão de marcha e hipotensão postural; atrofia cerebelar e, por fim, redução do
de postura, o que também influencia no equilíbrio corporal e mecanismo de atenção e tempo de reação, que diminuem a
pode resultar em maior predisposição a quedas na população capacidade dos idosos executarem suas atividades de vida
idosa21. A frequência de queixas relacionadas ao equilíbrio diárias11.
corporal nos indivíduos com mais de 65 anos é bastante As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corporal
alta e estão associadas a várias etiologias; essas queixas têm grande impacto para os idosos, pois levam à redução
são manifestadas como: desequilíbrios, desvios de marcha, da sua autonomia social, com a restrição de atividades de
instabilidades, náuseas, quedas, entre outras causas5,22. vida diárias. Esses distúrbios vestibulares tornam os idosos
As alterações que comprometem o equilíbrio corporal mais predispostos às quedas e fraturas e, com isso, ocorre
envolvem problemas crônicos bastante comuns na população imobilidade corporal, sofrimento e medo de cair novamente.
idosa, uma vez que o processo de envelhecimento afeta as Para os autores, como a ocorrência de tontura (rotatórias ou
funções dos sistemas visual, vestibular e do sistema nervoso não), desequilíbrio e quedas são queixas frequentes entre
periférico; isso altera diretamente o controle do equilíbrio idosos, há necessidade da realização de avaliações da função
corporal e aumenta muito o risco de quedas em idosos. vestibular, para fins diagnósticos, prognósticos e até mesmo
Ressalte-se que a ocorrência de queda nessa população é alta, profiláticos e terapêuticos4.
podendo chegar a 50% para os idosos com mais de 80 anos23- Em adição, os pacientes com tontura comumente relatam
26
. dificuldade de concentração mental, redução ou perda de
As alterações do equilíbrio corporal são clinicamente memória e fadiga. Junte-se a isso que a insegurança física
caracterizadas como tontura, vertigem, desequilíbrio e queda, desencadeada pela tontura e pelo desequilíbrio pode causar
estando entre as queixas mais comuns da população idosa. insegurança psíquica, irritabilidade, perda de autoconfiança,
Estas constituem um problema médico de grande relevância, e ansiedade, depressão ou pânico. Por essas razões, pacientes
estima-se que a sua prevalência entre idosos chegue a 85%. Na com tontura, deliberadamente restringem as atividades físicas,
população idosa, todas essas alterações do controle postural como viagens e reuniões sociais, com o intuito de reduzir
estão associadas a maior risco de queda e suas consequentes o risco de aparecimento destes sintomas desagradáveis e
sequelas, levando os idosos, por isso, a apresentarem uma assustadores, e para evitar o embaraço social e o estigma que
elevada morbidade27. estes sintomas podem causar, além do risco de quedas31.
Além do mais, é necessário destacar que os idosos tendem Ressalte-se que a capacidade funcional diz respeito
a apresentar múltiplas comorbidades que potencializam à condição do indivíduo para realização de tarefas que
as chamadas síndromes geriátricas, tais como: demência, envolvem o cuidado pessoal (tomar banho, vestir-se, utilizar
iatrogenia, queda e imobilismo, que comprometem a o banheiro, pentear-se), as tarefas instrumentais da vida diária
independência e a autonomia destes pacientes, gerando (cuidar da casa, usar o telefone, preparar as refeições, dirigir
incapacidades, fragilidade, institucionalização e, muitas e andar de ônibus e realizar atividades sociais), a atividade
vezes, até morte.8 Neste sentido, é descrito na literatura que ocupacional, a mobilidade suficiente para realizar a marcha
a síndrome geriátrica é uma condição de saúde multifatorial de forma mais eficiente, independente e sem utilizar nenhum
decorrente do efeito acumulativo dos déficits nos múltiplos tipo de suporte17.
sistemas, imputando aos idosos maior vulnerabilidade aos
desafios circunstanciais14. 2 Desenvolvimento
De acordo com Pedalini et al.28, as queixas de alterações
2.1 Sobre as quedas em idosos
vestibulares são frequentes até mesmo em idosos considerados
saudáveis, e a maioria dos pacientes acaba adotando um A queda é caracterizada como uma falta de capacidade
estilo de vida pouco ativo ou sedentário, evitando assim para corrigir o deslocamento do corpo durante seu movimento
movimentos corporais que desencadeiam os sintomas ou no espaço; em idosos, as quedas constituem um dos principais
mesmo que resultem em quedas. Além disso, a instabilidade problemas clínicos e de saúde pública devido a sua alta
postural decorrente de alterações do sistema sensorial e motor incidência e às consequentes complicações para a saúde, além
resulta em maior tendência a quedas29; contudo, de acordo com dos custos assistenciais29.

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Segundo Perracini e Ramos32, queda é um evento frequente que um indivíduo de vinte dentre aqueles que sofreram queda
e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade, de sofre fratura ou necessita de internação hospitalar.
morte, de institucionalização e de declínio na saúde de idosos. De fato, as quedas têm importância crescente nos
A queda é considerada um tipo de incapacidade funcional e grupos geriátricos, e cerca de 40% dos idosos que sofrem
pode ser causada por distúrbios cardiovasculares, musculares, quedas apresentam, como diagnóstico, comprometimento da
ópticos, vestibulares e proprioceptivos17. Para Soares et al.33, a circulação carotídea, relatando que a queda foi consequência
chance de queda é maior para os idosos com queixa de tontura, de desequilíbrio ou tontura. São inúmeras as causas de quedas
os que moram sozinhos, os mais velhos, os que apresentam nos idosos, dentre elas o próprio medo de cair, que leva à
cinco ou mais sintomas depressivos e os que apresentam restrição de movimentos corporais e torna os idosos menos
diagnóstico de artrite ou reumatismo; além disso, a chance de ativos, limitam suas atividades de vida diária e prejudicam seu
cair de forma recorrente é maior para as mulheres. relacionamento familiar, social e profissional28.
As causas de queda podem ser por fatores extrínsecos, isto Na questão da prevenção, a atividade motora possui ótimas
é, aqueles ligados ao ambiente onde vivem os idosos, ou por funções terapêuticas. Em função de um deslocamento não
fatores intrínsecos, ou seja, aqueles próprios do envelhecimento, intencional, o desequilíbrio corporal pode resultar em quedas.
como as alterações do sistema musculoesquelético e sistema A queda pode ser considerada um evento de alerta na vida dos
sensorial. As quedas representam um grave problema de saúde idosos e carrega um significado importante do declínio vital,
pública, em função da sua alta incidência, das complicações pois, com a idade, este acontecimento tende a aumentar37.
resultantes para a saúde e dos altos custos assistenciais De fato, um dos principais fatores que limitam a vida do
para os sistemas públicos e privados de saúde. Quando idoso é o desequilíbrio corporal. Conforme relato de Ruwer
ocorrem de forma sucessiva, as quedas podem resultar em et al.4, o desequilíbrio não pode ser atribuído a uma causa
institucionalização dos idosos, gerando outros tipos de específica, mas ao comprometimento do sistema de equilíbrio
problemas, incluindo os custos para as famílias34. corporal como um todo. Em mais da metade dos casos
Nesta mesma direção, as quedas frequentemente ocorre entre os 65 e 75 anos de vida, aproximadamente. As
ocorrem como um somatório de fatores de risco intrínsecos quedas são as consequências mais perigosas do desequilíbrio
e extrínsecos, sendo difícil restringir um evento de queda a e da dificuldade de locomoção, seguidas pelas fraturas, que
um único fator de risco ou a um agente causal. Os fatores acabam mantendo os idosos acamados durante dias ou meses
intrínsecos relacionados a quedas em idosos são imobilidade e são responsáveis pela alta mortalidade em indivíduos com
e incapacidade funcional para realizar as atividades de vida mais de 75 anos.
diária, diminuição de força muscular de membros inferiores, Isso posto, conforme relato de Suarez e Arocena38, a
déficit de equilíbrio, queixa de tontura, uso de medicações instabilidade e, consequentemente, as quedas em idosos
psicotrópicas, déficits cognitivo, visual e/ou auditivo, representam um problema de grande interesse médico devido
hipotensão postural, distúrbios da marcha e doenças crônicas31. a sua alta prevalência e importante impacto na qualidade
Messias e Neves35 também citaram que um episódio de de vida dos pacientes, uma vez que pode causar lesões que
queda é resultado de uma interação de fatores intrínsecos e levarão a limitações ou até à morte.
extrínsecos, sendo os primeiros relacionados às alterações A perda da massa muscular é outro aspecto importante
fisiológicas e funcionais decorrentes do processo de a se considerar ao se falar de idosos. A perda da força e da
envelhecimento e os extrínsecos referentes aos riscos potência musculares leva à diminuição na capacidade de
ambientais associados a fatores comportamentais. Os promover torque articular rápido e necessário às atividades
fatores ambientais podem ser importantes em até metade que requerem força moderada, como: elevar-se da cadeira,
de todas as quedas, a saber: iluminação inadequada; subir escadas e manter o equilíbrio ao evitar obstáculos. Isso,
superfícies escorregadias; tapetes soltos ou com dobras; além de causar maior dependência do indivíduo, pode facilitar
degraus altos ou estreitos; obstáculos no caminho (móveis as quedas; cerca de 30% dos indivíduos com mais de 65 anos
baixos, pequenos objetos, fios); ausência de corrimãos em e metade daqueles com mais de 80 anos sofrem uma queda a
corredores e banheiros; prateleiras excessivamente baixas ou cada ano39.
elevadas; calçados inadequados e/ou doenças dos pés; maus- No Brasil, aproximadamente 29% de idosos caem uma
tratos; roupas excessivamente compridas e via pública mal vez ao ano e 13% caem de forma recorrente e, daqueles que
conservada, com buracos ou irregularidades20. caem a cada ano, entre 5% e 10% sofrem lesões severas,
Para Zimerman36, embora possam ocorrer em qualquer como: fraturas, traumatismo craniano e lacerações sérias, que
fase da vida, as quedas são mais frequentes nas idades mais reduzem sua mobilidade e independência, aumentando as
extremas, a saber, até os 5 anos e depois dos 65 anos de vida. chances de morte prematura32,40 ou, então, elevando o número
Nos indivíduos idosos, a queda é um evento bastante comum de hospitalizações por fratura de quadril35.
e, com frequência, resultam em complicações importantes Ainda, segundo Bezerra e Frota41, os danos acarretados
para a vida deles. As estimativas indicam que ocorre uma pelas quedas são múltiplos e normalmente incluem, além
queda em um de cada três indivíduos com mais de 65 anos e das lesões graves (inclusive fraturas), efeitos psicológicos

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negativos, tais como: medo de cair de novo e falta de confiança É descrito por alguns autores que o envelhecimento
(relações de baixa autoestima), que repercutem diretamente tende a tornar as pessoas menos ativas fisicamente43,44 e,
sobre a autonomia e independência funcional. assim, a diminuição da prática de exercícios físicos facilita o
As fraturas provocadas pelas quedas são responsáveis por aparecimento de doenças relacionadas ao envelhecimento45-48.
cerca de 70% das mortes acidentais em indivíduos com mais Também na velhice podem ocorrer alterações metabólicas e
de 75 anos. Em comparação com as crianças, que também diminuição da força muscular e da massa óssea em razão do
apresentam elevada taxa de queda, os idosos apresentam 10 déficit de exercício físico ou mesmo da sua ausência, o que
vezes mais hospitalizações e 8 vezes mais mortes resultantes pode levar à atrofia muscular por desuso46.
das quedas; essas ocorrências aumentam com o passar dos Em complementação, segundo Pedrinelli et al.39, a massa
anos de vida27. óssea mantém-se em formação até os 35 anos de idade,
Quedas e fraturas entre os idosos brasileiros têm assumido aproximadamente; a partir daí, tem início um processo de
proporções epidêmicas e as hospitalizações por fratura de perda óssea, que pode chegar a 1,5% ao ano, o que pode
quadril, que têm um custo extremamente alto, aumentam favorecer a ocorrência de fraturas. Com o envelhecimento,
aproximadamente 9% a cada ano. Estudos longitudinais as alterações no aparelho locomotor causam alterações no
apontam que cerca da metade das pessoas que caem e fraturam equilíbrio, fragilidade óssea, dores articulares e déficit de
os quadris nunca mais serão caminhantes funcionais. Por funções, as quais podem ter seus efeitos reduzidos pela
outro lado, sabe-se que autonomia e independência são bons prática regular de exercícios físicos – há tendência crescente
indicadores de saúde para o idoso e que estas variáveis são de se associar exercícios aeróbios com exercícios resistidos
diretamente afetadas pelas quedas, que, além de prejudicarem (fortalecimento muscular). Na prescrição de exercícios físicos
a qualidade de vida, ainda causam sérios prejuízos aos idosos para os idosos, um dos objetivos é melhorar as suas limitações
em razão da imobilidade resultante e da dependência em funcionais, como dor, redução da amplitude de movimento e
relação aos familiares e ao Estado31. fraqueza muscular; só depois dessa melhora deve ser aplicado
Evitar o evento de queda é considerado uma conduta um programa de condicionamento geral visando à saúde e à
de boa prática geriátrica, tanto em hospitais quanto em capacidade funcional desses indivíduos.
instituições de longa permanência, sendo considerado um Em adição a isso, com o avanço da idade, além dos
dos indicadores de qualidade de serviços para idosos. Além desequilíbrios causados por alterações vestibulares, existem
disso, a prevenção de quedas em idosos é um dos objetivos também aqueles causados por incapacidade do sistema
importantes das políticas públicas envolvendo a saúde dos muscular, os quais levam à diminuição da força, principalmente
idosos, não só porque as quedas afetam gravemente a vida nos membros inferiores, e por alterações na porção sensitiva,
desses indivíduos e de suas famílias, como também pela que ocasionam uma percepção deficiente das sensações pelos
demanda de grande quantidade de recursos econômicos para o pés, a qual, na maioria das vezes, é responsável pelas quedas17.
tratamento de suas consequências, como as fraturas em geral, Todavia, a idade cronológica, por si só, não deve ser
sobretudo as de quadril32. considerada uma contraindicação para os idosos realizarem
Em adição a isso, estudo com idosos mostrou um exercícios físicos, incluindo até aqueles exercícios mais
agravamento da situação, ou seja, idosos institucionalizados intensos; com isso, a prática regular de exercícios físicos deve
têm nove vezes mais risco de cair do que idosos da estar presente na vida diária dos indivíduos de qualquer idade,
comunidade, indicando assim um menor equilíbrio postural, incluindo os mais velhos49,50.
já que os mesmos dispõem de poucas atividades físicas. Tal Por sua vez, a independência dos idosos para as
situação aponta para aspectos negativos do envelhecimento atividades da vida diária requer a execução satisfatória
desses idosos institucionalizados, ou seja, menor capacidade de movimentos, tais como: levantar-se de uma cadeira,
funcional, incluindo-se aí sedentarismo, atrofia e quedas. flexionar-se e deambular. Para realização dessas atividades,
Assim, a ocorrência de quedas em idosos apresenta dimensões o idoso necessita ter o domínio do controle postural, a fim de
relevantes não só para esses indivíduos e seus familiares, manter-se em várias posições, responder automaticamente a
como também para o sistema de saúde do país, sobretudo pelo movimentos voluntários do corpo e das suas extremidades e
alto custo do tratamento das fraturas, comumente envolvendo reagir adequadamente a perturbações externas11.
procedimentos cirúrgicos e hospitalizações42. Em contrapartida, a falta de atividade física, muitas
vezes associada ao repouso prolongado e/ou à falta ou ao
2.2 Exercícios físicos, envelhecimento e quedas
déficit de equilíbrio corporal podem levar os idosos à maior
O aumento significante da porcentagem de idosos na dependência e redução da qualidade de vida; essa situação
população mundial mudou de maneira relevante as estratégias pode caracterizar a chamada síndrome da imobilidade, que
de abordagem das doenças da velhice. Nos dias atuais, o afasta o idoso do convívio social, tão importante para a sua
indivíduo chega aos 80, 90 anos em boas condições de saúde, saúde física e mental. Além do mais, a ocorrência de quedas
não podendo evitar, contudo, que seu organismo sofra as pode causar imobilizações que contribuem para a crescente
consequências da senescência7. inatividade corporal51.

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Assim sendo, evidências científicas apontam que a prática Independente da idade, a prática de atividade física
de atividade física é importante para a saúde e a qualidade de regular promove muitos benefícios, como: controle de peso;
vida dos idosos. Um estudo mostrou que, quando os idosos redução do risco de ocorrência ou recorrência de doenças,
participam de protocolos de treinamento de atividade física principalmente as cardiovasculares; redução do estresse e/ou
geral, ocorrem melhoras significativas nos componentes: depressão; melhora da autoestima e, por fim, a socialização
resistência de força, agilidade e equilíbrio dinâmico52. – esta última especial para os idosos, além da melhora geral
O envelhecimento reduz a força muscular e, associado da saúde e os ganhos na função cerebral. Além disso, os
à diminuição do nível de atividade física, contribui para os exercícios físicos ajudam a melhorar a saúde ao reduzir o peso
déficts funcionais e de equilíbrio em idosos. Todavia, o treino e o risco de doença cardiovascular e aumentando a capacidade
resistido pode aumentar a força, o fortalecimento muscular e da função motora, além de trazer benefícios nutricionais e
alguns aspectos da marcha, trazendo repercussões positivas melhoria do padrão de sono57.
sobre o equilíbrio postural em idosos, apesar de certas É, pois, necessário o estímulo à atividade física regular
controvérsias relatadas na literatura53. durante o processo de envelhecimento, no sentido de se
A prática regular de exercícios físicos pode minimizar as buscar os impactos positivos na saúde e na longevidade. A
alterações no aparelho locomotor ocorridas em decorrência do relação entre a mobilidade e o nível de atividade física mostra
envelhecimento, além de reduzir a fragilidade óssea, as dores que os indivíduos com alterações da mobilidade apresentam
articulares e os decréscimos de funções, melhorando assim maior risco de morte e dependência, quando comparados com
o equilíbrio corporal dos idosos.39 Além disso, até a redução aqueles que conseguem manter a mobilidade58.
do peso em idosos, decorrente dos exercícios físicos, tem Além disso, um programa de exercícios físicos voltados
sido eficiente quando há combinação de exercícios aeróbios para a população idosa deve produzir benefícios motores que
com exercícios de força. Especificamente os exercícios de permitam aos idosos a realização das suas atividades de vida
força aumentam o gasto energético diário, contribuem para diárias; com isso, esperam-se melhorias na sua capacidade
a manutenção da massa muscular e óssea e melhoram a de trabalho e lazer e, também, redução nas taxas de declínios
capacidade funcional dos idosos. Com isso, podem minimizar funcionais. Nesta direção, de acordo com a literatura, a prática
a fragilidade, as quedas e as fraturas nesses indivíduos50. de exercícios físicos em idosos ajuda na promoção da saúde e,
De fato, a prática de exercício físico tem papel relevante por consequência, na melhoria da sua capacidade funcional59.
no controle do equilíbrio corporal dos idosos54. Por outro lado, Em complementação, foi relatada a importância da prática
as quedas podem causar lesões graves e efeitos psicológicos de exercícios ginásticos executados pelos idosos, levando a
negativos, tal como o medo de cair novamente; com isso, o menos instabilidade corporal durante as atividades de vida
idoso tende a reduzir a prática de atividades físicas e diminuir diária, que, ao contrário, poderia acarretar prejuízos advindos
sua atividade social, o que reduz sua independência funcional de quedas e, por consequência, fraturas e imobilizações,
e sua autonomia55. reduzindo a autonomia e a qualidade de vida desses
Vários outros benefícios dos exercícios físicos foram indivíduos9.
descritos, incluindo a melhoria geral de aspectos físicos, O exercício pode melhorar a força muscular, amenizando
além de melhora do sono, redução da necessidade de uso os déficits de equilíbrio corporal existentes, já que a fraqueza
de medicamentos e aumento da autoestima, o que contribui nos músculos abdutor do quadril, extensor do joelho, flexor do
para reduzir a queda e trazer mais independência funcional e joelho e os do tornozelo está diretamente relacionada ao risco
qualidade de vida para os idosos56. de quedas. A implementação de programas de treinamento
É por essas razões, entre outras, que a prática de atividade físico, com exercícios aeróbios, melhoram o fluxo sanguíneo
física vem sendo, cada vez mais, uma rotina comum entre os para o cérebro e órgãos sensoriais na cabeça, o que contribui
idosos, pois resulta em muitos benefícios para a sua saúde, tais para a manutenção da função perceptiva. A prática de
como: melhoria do desempenho das capacidades funcionais, exercícios físicos reduz a deterioração do sistema de controle
aumento da força muscular e flexibilidade, melhoria da postural, retardando ou minimizando os déficits advindos do
coordenação motora, prevenção e controle da obesidade, envelhecimento; essa prática contínua garante a menor perda
hipertensão e diabetes mellitus, além dos efeitos positivos do tônus muscular e, com isso, um menor risco de quedas e a
do ponto de vista da socialização e da saúde mental desses melhora no equilíbrio corporal60.
indivíduos21. Por este motivo, para contrastar os efeitos do
Vale ressaltar que qualquer movimento corporal produzido envelhecimento que se referem também ao equilíbrio corporal,
em consequência da contração muscular que resulte em gasto é realmente necessário que a população idosa pratique
calórico é definido como atividade física, enquanto o exercício atividades esportivas em academias ou centros específicos,
físico é definido como uma subcategoria da atividade física que ou seja, é importante manter uma vida ativa no dia-a-dia37. O
é planejada, estruturada e repetitiva, resultando na melhora ou grande impacto das manifestações dos distúrbios do equilíbrio
na manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física, corporal em idosos envolve a redução de sua autonomia
ou seja, uma característica que o indivíduo possui ou atinge22. social, pela diminuição de suas atividades de vida diária e

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Vieira AAU, Aprile MR, Paulino CA

predisposição a quedas e fraturas, que trazem sofrimento, nesses indivíduos. De fato, envelhecer não significa cair, mas
imobilidade corporal, medo de cair novamente e altos custos deve-se ter atenção especial a alguns fatores que podem ser
no tratamento. Desequilíbrio e dificuldade de locomoção considerados de risco para os idosos. Assim, um programa
são fatores de risco importantes para as quedas em idosos, regular de exercícios pode trazer benefícios à saúde, em todas
seguidas por fraturas, responsáveis por manter os idosos as suas dimensões, pelo maior controle das comorbidades e
acamados por dias ou meses e serem responsáveis por 70% das quedas mais frequentes na população idosa.
das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos4,61.
Referências
De fato, estudos longitudinais comprovam que a
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com frequência adequada é recomendável para preservação 3. Schossler T, Crossetti MG. Cuidador domiciliar do idoso e o
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de atividade física62.
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A incapacidade funcional, normalmente consequência das Martins-Bassetto J. Reabilitação vestibular em idosos com
perdas associadas ao envelhecimento, pode ser relacionada à tontura. Pró-Fono Rev Atual Cient 2007;19(2):177-84.
falta ou diminuição da atividade física associada ao aumento 7. Bittar RSM, Simoceli L, Pedalini MEB, Bottino
da idade cronológica; assim a atividade física contribui para MA.Repercussão das medidas de correção das comorbidades
no resultado da reabilitação vestibular de idosos. Rev Bras
uma melhor mobilidade, capacidade funcional e qualidade
Otorrinolaringol 2007;73(3):295-8.
de vida durante o envelhecimento, pois ajuda a prevenir e
8. Gazzola JM, Perracini MR, Gananca MM, Gananca FF.
controlar as doenças crônicas não transmissíveis, sobretudo Fatores associados ao equilíbrio funcional em idosos com
as doenças cardiovasculares e o câncer, causas importantes de disfunção vestibular crônica. Rev Bras Otorrinolaringol
mortalidade58. 2006;72(5):683-90.
Além de tudo, de acordo com Silva e Ferrari63, a prática 9. Teixeira CS, Lemos LFC, Lopes LFD, Rossi AG, Mota CB.
regular de exercícios físicos, aliada à restrição calórica com Equilíbrio corporal e exercícios físicos: uma investigação
com mulheres idosas praticantes de diferentes modalidades.
dieta adequada e saudável, estimula a hormese, um fenômeno Acta Fisiatr 2008;15(3):156-9.
biológico que consiste na adaptação celular a estímulos 10. Daniel F, Vale R, Giani T, Bacellar S, Dantas E. Effects of a
subpatogênicos, tais como: exposição a baixos níveis da physical activity program on static balance and functional
radiação, calor, medicamentos e outras substâncias estranhas autonomy in elderly women. Maced J Med Sci 2010;3(1):21-6.
aos organismos ou xenobióticos. 11. Figueiredo KMOB, Lima KC, Guerra RO. Instrumentos
Assim sendo, apesar do envelhecimento provocar de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Rev Bras
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alterações que, geralmente, reduzem o desempenho e a
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fatores pode ser considerado como um processo de evolução control of balance in young and older women.  Arch Phys
ou enriquecimento humano. A atividade física pode trazer aos Med Rehabil 2009;90(7):1170-5.
idosos muitos benefícios do ponto de vista psicossocial; uma 13. Cruz A, Oliveira EM, Melo SIL. Análise biomecânica do
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indivíduo se integre mais na sociedade, tendo maior convívio 14. Tinetti ME, Williams CS, Gill T. M. Dizziness among older
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podem aumentar o risco de quedas, causando redução da de equilíbrio em idosos. Rev Bras Cien Mov 2005;13(1):37-44.
funcionalidade, hospitalizações e até uma maior mortalidade 17. Soares EV. Reabilitação vestibular em idosos com
em idosos, a adoção de medidas terapêuticas preventivas, como desequilíbrios para marcha. Perspectivas 2006;6(9):88-100.
a prática regular de exercícios físicos, ganha maior relevância 18. Peres M, Silveira E. Efeito da reabilitação vestibular em

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Exercício Físico, Envelhecimento e Quedas em Idosos: Revisão Narrativa

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