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LIMA

BARRETO
1881-1922
Contexto social e político da Primeira
República
■ Brasil pós-abolição
■ Empreguismo, filhotismo, nepotismo.
■ Tensões políticas (Guerra de Canudos/ Revolta da Vacina)
■ Essa mazorca teve grandes vantagens: 1-) demonstrar que o Rio de Janeiro pode ter
opinião e defende-la com armas na mão; 2-) diminuir um pouco o fetichismo da
farda; 3-) desmoralizar a Escola Militar. Pela primeira vez, eu vi entre nós não se ter
medo de homem fardado. O povo, como os astecas ao tempo de Cortez, se convenceu
de que eles também eram mortais (BARRETO, Lima. Diário Íntimo)
Capitalismo Selvagem

■ A dissolução da ordem tradicional trazia a luz uma burguesia fraca, sem uma ordem
moral rígida que controlasse o individualismo, o arrivismo social e a ganância.
■ A “o mal estar da população cresce sempre, a especulação de alto a baixo prolifera, os
agiotas e bancos de agiotagem distribuem pasmosos dividendos em relação ao valor
das ações.”
■ Formação de uma plutocracia industrial com incentivo do Estado
■ O progresso econômico suplantava a democracia republicana
■ Ordem (Tradição) e Progresso (modernidade )
Marcos simbólicos da Primeira República
■ Queima dos arquivos da
escravidão
■ Encilhamento –bolha de crédito
que incentivou a industrialização
e que levou a crise dos antigos
senhores
■ Bota baixo dos cortiços e
construção da Avenida Central
Um escritor “marginal”

■ Dois temas: A esfera do poder que desune a humanidade, e a experiência de


humilhação e ofensa dos pobres, que converge para a busca de uma confraternização
humana e universal.
■ “Escreverei o Germinal Negro’
■ Literatura Negra
■ Representa a fala dos silenciados
Um escritor “do contra”

■ Crítico à República e à corrupção, tornou-se anarquista após a Revolução Russa, era


defensor dos animais, crítico do academicismo e do feminismo vigente na época, pois
considerava que o movimento não acolhia as mulheres negras. Barreto também odiava
os bairros nobres do rio, detestava futebol e era absolutamente contrário à moda e copiar
tudo o que vinha da Europa e dos Estados Unidos – e inclusive se recusou a participar
da revista modernista Klaxon, em 1922, porque considerava-a uma cópia dos
movimentos europeus.
A escrita

■ Escrita de si
■ Escrita militante
■ Desabafo e testemunho
■ Escrita como vocação e missão
■ Revela o outro lado da belle époque
A arte, tendo o poder de transmitir sentimentos e ideias, sob a forma de sentimentos, trabalha
pela união da espécie; assim trabalhando, concorre, portanto, para o seu acréscimo de
inteligência e de felicidade. Ela sempre fez baixar das altas regiões, das abstrações da Filosofia e
das inacessíveis revelações da Fé, para torná-las
sensíveis a todos, as verdades que interessavam e interessam à perfeição da nossa sociedade; ela
explicou e explica a dor dos humildes aos poderosos e as angustiosas dúvidas destes, àqueles;
ela faz compreender, umas às outras, as almas dos homens dos mais desencontrados
nascimentos, das mais diversas épocas, das mais divergentes raças; ela se apieda tanto do
criminoso, do vagabundo, quanto de Napoleão prisioneiro ou de Maria Antonieta subindo à
guilhotina; ela, não cansada de ligar as nossas almas, umas às outras, ainda nos liga à árvore, à
flor, ao cão, ao rio, ao mar e à estrela inacessível; ela nos faz compreender o Universo, a Terra,
Deus e o Mistério que nos cerca e para o qual abre perspectivas infinitas de sonhos e de altos
desejos. Fazendo-nos assim tudo compreender; entrando no segredo das vidas e das coisas, a
Literatura reforça o nosso natural sentimento de solidariedade com os nossos semelhantes,
explicando-lhes os defeitos, realçando-lhes as qualidades e zombando dos fúteis motivos que
nos separam uns dos outros. Ela tende a obrigar a todos nós a nos tolerarmos e a nos
compreendermos (BARRETO, Lima. Revista Cruz Souza, out. 1921)
 
O bovarismo

■ Imaginação de ser outro, ser o europeu ou o norteamericano


■ Haveria um índice bovárico, que se mede “o afastamento entre o indivíduo real e o
imaginário, entre o que é e o que imagina ser.”
■ Sem uma base sólida e princípio de realidade, é nefasto.
■ A jovem república era fruto do bovarismo, sua própria fundação e sua cultura era
bovarística, tomava-se uma ideia e um esquema e aplicava-se como se do dia para a
noite mudasse o país. A fé na formula
A estrutura social em Lima Barreto

■ Classes dominantes
Bovaristas Classes populares
Individualistas São autênticas
Competitivas Comunitaristas
Moral duvidosa Solidárias
Dignas
A questão racial

■ Porque... o que é verdade na raça branca não é extensivo ao resto; eu, mulato ou negro, como
queiram, estou condenado a ser sempre tomado por contínuo. Entretanto, não me agasto, minha
vida será sempre cheia desse desgosto e ele far-me-á grande. Era de perguntar se o Argolo,
vestido assim como eu ando, não seria tomado por contínuo; seria, mas quem o tomasse teria
razão (Barreto, 2001: 1225).
■ Fui a bordo ver a esquadra partir. Multidão. Contato pleno com meninas aristocráticas. Na
prancha, ao embarcar, a ninguém pediam convite; mas a mim pediram. Aborreci-me. […] É
triste não ser branco” (Barreto, 2001, p.1278).
■   A capacidade mental dos negros é discutida a priori e a dos brancos, a posteriori. “A ciência é
um preconceito grego; é ideologia; não passa de uma forma acumulada de instinto de uma
raça, de um povo e mesmo de um homem”. (Barreto, 1956: 62)
Clara dos Anjos

■ No romance/ conto a família negra de Clara aparece como uma família digna e
estruturada.
■ O personagem branco é o vilão, Julio Costa/ Cassi Jones, representado como um
psicopata
■ Crítica ao romantismo (modinha)
■ A questão racial anula a possibilidade do amor
Lima x Nina Rodrigues

■ Crítico à ciência racial de seu tempo


■ Ideia de que a mestiçagem faria desaparecer o gene negro na população
■ Racismo como forma de dominação e controle
■ A ideia de raça retira a autonomia do cidadão
■ Nina Rodrigues- negro e mulato seriam degenerados
“Embora as mulheres mestiças apresentassem, como as brancas, as formas "mais variadas" de hímem, "as recém-
nascidas, negras ou mestiças" apresentavam com freqüência uma forma de hímem rompido” CORREA, Mariza. A
invenção da mulata
Não pode ser admissível em absoluto a igualdade de direitos sem que haja ao mesmo tempo, pelo menos, igualdade
na evolução... No homem alguma cousa existe além do indivíduo... Fazer-se do indivíduo o principio e o fim da,
sociedade, como sendo o espirito da democracia, é um exagero da democracia, é um exagero da demagogia...
(RODRIGUES, Nina)

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