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Efeito do tamanho da partícula da palha de trigo no

comportamento, saúde e produção de vacas leiteiras no


início da lactação.
Rachael Coon – Master´s
Student – University of Guelph

Trevor DeVries – Teacher and


Autores: Researcher – University of Guelph

Todd Duffield – Teacher and Researcher – University of


Guelph

Mestrado em Engenharia Zootécnica


Introdução

Fibra > Ruminação > Saúde > Produção


A ingestão de forragem é importante pois contribui
principalmente com o FDN fisicamente eficaz,
sendo este responsável pelo estímulo da ruminação
e melhoria da digestibilidade da fibra. Dietas com
desequilibrío entre fibra e hidrocarbonos não
estruturais, podem aumentar o risco de SARA
( Sub-acute ruminal acidosis ), podendo levar à
redução de consumo e prejuízo à produção.

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Total Mixed Ration ( TMR ) / Unifeed

Quando se utiliza o TMR como método de alimentação, as vacas muitas vezes classificam os
ingredientes, dando preferência a partículas mais pequenas e mais palatáveis, evitando estruturas
da forragem mais longas.
O manejo nutricional de vacas em início de lactação é um processo que requer atenção, pois
há demandas elevadas por concentrados mais densos em nutrientes e também por fibra dietética
suficiente para promover a boa função ruminal. Torna-se importante adequarmos o tamanho de
partículas para estimularmos a ruminação e reduzirmos o risco de SARA.

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Objectivo do estudo
O objectivo do estudo foi avaliar a redução do tamanho das partículas da palha de trigo em uma
dieta para vacas em início de lactação e verificar se haveriam efeitos positivos no comportamento
de consumo, saúde e produção. A hipótese dos autores é a de que um menor tamanho de partículas
da palha de trigo iria minimizar o comportamento de classificação e manter níveis de ingestão de
matéria seca ( DMI ) e ruminação equilibrados, garantindo estabilização do pH dentro do
ambiente retículo-ruminal.

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Materiais e Métodos
A-) Animais e instalações

Foram utilizadas 41 vacas multíparas secas e prenhas com peso médio de


847,7+/- 77,6 kg e com número de partos = 2,8. Estas foram observadas
em 2 etapas:

1 Vacas em período de close-up, selecionadas 17 dias


antes da data prevista para o parto, sendo 3 dias de 2 Após 5 dias do parto, as vacas foram
transferidas para instalação destinada às vacas
adaptação e 14 dias para coleta de dados. Estas em lactação, com 15 manjedouras individuais
foram alojadas em free-stall equipado com 12 automatizadas ( RIC ), 30 camas e 2
comedouros automatizados individuais ( Sistema bebedouros. Foram alimentadas 1 vez ao dia e
RIC – Roughage Intake Control ), permitindo o ordenhadas 2 vezes ao dia. A quantidade total
controle individual completo da ingestão do TMR, de alimentos foi ajustada diariamente para
12 camas e 12 bebedouros. 3 dias antes da previsão atingir 10% de sobras.
do parto, foram colocadas em maternidade
individual durante 5 dias. A alimentação era ajustada
para que houvesse 10% de sobras diariamente.
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Materiais e métodos Foram determinadas 20 repetições em dois tratamentos,
onde analizou-se as variáveis DMI, ruminação,
B-) Desenho experimental classificação e produção de leite.
Após o parto, as vacas eram aleatoriamente submetidas a
um dos seguintes tratamentos:

1-) Dieta base + palha picada com 2,54 cm de tamanho da


estrutura ( Short straw ) ;
2-) Dieta base + palha picada com 5,08 cm de tamanho da
estrutura ( Long straw ).

As dietas foram formuladas para atender as exigências


nutricionais de vacas em início de lactação e produção de
36 kg / dia.

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Foi aplicada a metodologia Penn State, utilizando-se o kit separador
de partículas desenvolvido por investigadores da Universidade da
Pensilvânia ( Heinrichs,J. et al ) em 1996.

Observando-se a tabela 2 , a quantidade de material ( TMR ) retido


em cada peneira ( 19 mm, 8 mm, 4 mm e lisa ) demonstra
resultados próximos aos indices recomendados pela tabela abaixo .

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Amostragem e análise do alimento

Ao longo do estudo foram coletadas 2 amostras do TMR, 3 vezes por semana. Uma para determinar
MS e composição química e outra para classificação de partículas . Também foram coletadas amostras
de sobras a cada 3 dias. A metodologia Penn State foi conduzida da seguinte forma:

Determinou-se a Determinou-se o As sobras coletadas


fração em % para consumo real pela O % de cada fração foram classificadas
cada peneira tendo diferença entre a MS foi aplicado sobre a nas peneiras,
como base o peso oferecida e a MS da sobra. MS consumida (Real) determinando-se o
amostral. peso e o percentual
retido em cada uma.

Se o valor de classificação de estruturas entre a ração consumida e a sobra de ração , igualar em 100%
comprova-se que não há classificação de estruturas do alimento pelas vacas, em cada fração Penn
State.
Se este valor entre os parâmetros de consumo for menor ou maior que 100%, indica-se classificação
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seletiva por parte das vacas.
Materiais e Métodos – Coleta de dados comportamentais e de saúde
- Duração de cada visita ;
- Tempo gasto com alimentação ( dia ) ;
- CMS da refeição ;
- CMS diário ;
- A atividade de ruminação foi monitorada 24
horas/dia com uso de colar com tag eletrônico em
cada vaca, Os dados armazenados em intervalos
de 2 horas, determinaram o tempo de ruminação
total.
- Foram realizadas pesagens das vacas no início,
durante e no final do experimento. Também foram
avaliadas quanto ao escore de condição corporal ;
- Bolus Ruminais para medição de pH por telemetria
sem fio, foram utilizados com leitura de dados a
cada 15 minutos durante 24 horas seguidas, 3
dias/semana no close-up e a cada 3 dias após o
parto.
- Concentrações de BHB ( ácido β-hidroxibutírico ) no
Sangue, foram determinadas semanalmente antes do parto e
a cada 4 dias após o parto, usando um dispositivo eletrônico
portátil. Concentrações de 1,2 mmol/l foram consideradas
como indicativo de cetose subclínica.
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Análise estatística

A-) Todas as análises foram realizadas através do SAS 9.4 Software ( Kent State University );

B-) O delineamento experimental aplicado foi o Inteiramente Casualizado ;

C-) Devido à falhas técnicas com o bolus ruminal para medição do pH, as análises para este parâmetro
consideraram um tamanho de amostra (n) com 19 vacas para cada tratamento ( Long / Short ).
As análises restantes foram realizadas com um tamanho de amostra com 20 vacas para o tratamento
“ Long “ e com 21 vacas para o tratamento “ Short “ ( n=41 vacas ).

D-) Para análise de todas as variáveis ( Classificação, comportamento alimentar, CMS, ruminação, pH
retículo-ruminal, produção/composição do leite ), utilizou-se o modelo mixed do SAS, buscando-se
estimação e teste de hipóteses dos efeitos fixos, predição dos efeitos aleatórios e estimação dos componentes de
variância.
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Resultados

As vacas nos primeiros 28 dias de lactação, classificaram partículas de palha contra o tratamento Long (5,08 cm ). Isto significa que
houve maior quantidade de partículas retidas na primeira peneira ( long) analizando-se as amostras de sobras em relação às
amostras de alimento efetivamente consumido. Para o P-value calculado, rejeita-se a hipótese nula e conclui-se que existe diferença
estatísticamente significativa entre os tratamentos, na primeira peneira.

Houve classificação de partículas, a favor,observadas nas peneiras médias e curtas para o tratamento Short (2,54cm)
e classificação contra na peneira fina (última) para este mesmo tratamento.

Não houve classificação de partículas na peneira Long do tratamento 2,54 cm e nas peneiras Medium, Short e Fine do
Tratamento 5,08 cm.

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Resultados

Não houveram diferenças entre os tratamentos para os parâmetros de consumo, tempo de alimentação, nº de refeições
por dia, tempo gasto em cada refeição e tempo diário total de ruminação. A única observação ( em amarelo ) é o tempo
entre intervalos das refeições . Os autores relatam que na primeira semana após o parto, vacas no tratamento Long,
tendiam a passar mais tempo sem comer em relação às vacas do tratamento Short.

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Resultados

Os autores relatam que não houve diferença detectada entre os tratamentos com relação aos
resultados com pH ( média, mínimo e máximo ).

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Resultados

Houve diferença dos níveis de produção de leite entre os tratamentos, sendo o melhor resultado apresentado pelo
tratamento Short. No entanto, a composição em %, quantidade de Gordura e Proteína e eficiência de produção do
leite não foram afetados pela diferenças entre os tratamentos.

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Resultados

Figura 1 Figura 2 Figura 3

Os dados ajustados indicaram Os dados ajustados para pH Diferenças de tratamento foram


diferença de tratamento ( prin- médio diário do retículo rú- observadas entre entre os coe-
cipalmente no quarto final do mem, indicam diferença de ficientes ( lineares, quadráticos
estudo ) entre coeficientes li- tratamento entre os coefi- e cúbicos ) para os dados ajus-
neares para consumo de ma- cientes lineares. tados ao tempo médio diário
téria seca diário. gasto em pH abaixo de 5,8.

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Resultados

Figura 4 Figura 5

Ocorreram diferenças de tratamento para Os dados ajustados indicaram diferenças de


Tempo diário de ruminação. tratamento entre os coeficientes ( lineares ,
quadráticos e cúbicos ) para produção diária
de leite.

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Discussão

O tamanho de partícula da palha de trigo incluída na dieta de vacas leiteiras em início de lactação, teve um efeito no
comportamento de seleção.

A dieta com estrutura mais curta não impediu a seleção da ração, conforme hipótese dos autores.

Vacas em dieta com estrutura mais curta ( 2,54 cm) , selecionaram a favor de partículas médias e curtas, classificando
contra partículas mais finas. Os autores salientaram que este comportamento de seleção é incomum, pois as vacas
favorecem a escolha de partículas mais curtas e evitando partículas mais longas ( Miller –Cushon e DeVries, 2017 ).

Vacas alimentadas com partículas mais longas ( 5,08 cm ), classificaram contra estas partículas, corroborando com a
hipótese de que as vacas tendem a classificar mais quando o tamanho da partícula é mais facilmente distinguido ( Oelker
et al.,2009 ; DeVries e Gill,2012).

Vacas do tratamento com partícula mais longa, experimentaram uma maior queda do pH ruminal, durante os primeiros
7/10 dias, do que vacas em tratamento com estrutura mais curta. A classificação contra as partículas no tratamento co
maior tamanho, pode ter contribuído para um ambiente retículo ruminal menos estável.
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Discussão

Com relação ao consumo de MS, vacas em dieta com estrutura mais curta, tiveram um maior aumento linear diário.
Um platô ( estabilização ) do consumo foi observado para os dois grupos, o que é incomum para vacas em início de
lactação, fase em que geralmente apresentam um rápido aumento de consumo.
Tal comportamento pode ter sido influenciado pelo teor de inclusão da palha na dieta (9%), maior que o recomendado
( 5% - Eastridge et al.,2017 ). A palha de trigo tem menor degrabilidade de FDN, o que pode aumentar o efeito de
enchimento..

Não houve diferenças de tratamento com relação ao tempo gasto com ruminação. Vacas em tratamento curto,
apresentaram menor flutuação no tempo de ruminação após 10 dias. Apesar da estrutura ser menor, não houve
classificação contra ela, havendo melhor estabilização do pH retículo-ruminal.

As vacas após um período inicial de produção de leite, apresentaram estabilização na produção, que diminuiu
ligeiramente em torno de 23 dias. Isto pode ser explicado pois houve um incidência de cetose entre os tratamentos, além
da estabilização do CMS. É interessante relatar que vacas no tratamento “Longo”, apresentaram maior declínio na
produção de leite, sendo isto justificado pela maior flutuação de pH retículo ruminal e de ruminação, isto no estudo
originado pela classificação de partículas mais longas.

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Conclusões

As vacas alimentadas com As vacas alimentadas com


partículas 5,08 cm classificaram partículas 2,54 cm classificaram
contra estas partículas e a favor de também a favor das estruturas
partículas médias e curtas. médias e curtas, sendo pouco
atraídas pelas estruturas mais finas.

Os autores concluem que estas diferenças no comportamento de classificação, explicam porque vacas
alimentadas com a dieta de 2,54 cm de estrutura, apresentam maior estabilidade em sua ruminação e
de pH retículo-ruminal ao longo do experimento. Consequentemente a isto, houve houve maior
estabilidade na produção de leite.

A importância do controlo de tamanho das partículas da forragem em dietas no in ício da lacta ção, garante:

Consistência da ingestão Melhor ambiente ruminal. Estabilidade da produção


Diminuição de distúrbios. de leite.

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