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Lesões Pulmonares em

Pacientes com SIDA


MarinaGaburro da Silveira – MR3
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Principais causas de morbimortalidade em
pacientes infectados com o vírus da
imunodeficiência humana:

 Infecções oportunísticas.
 Processos neoplásicos.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Grande parte dessas afecções apresenta-
se como desordens pulmonares.
• Diagnóstico correto e tratamento
adequado melhoram tanto a sobrevida
como a qualidade de vida desse grupo de
pacientes.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• As manifestações são decorrentes de um
déficit imunológico.
• Destruição quase total dos linfócitos "T"
CD4+.
• Resulta em depressão profunda da
imunidade mediada por células
suscetibilidade a infecções, germes
oportunistas e processos neoplásicos.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Grande parte dessas afecções apresenta-
se como desordens pulmonares.
• Em 65% dos casos serão a primeira
manifestação da doença e, em mais de
80% dos casos, ocorrerão no curso da
enfermidade.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida

• As manifestações clínicas não são específicas


para os diferentes agentes etiológicos.

- Tosse e a febre - 89% dos casos

- Dispnéia - 64% dos casos


Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
- As alterações radiológicas não são específicas
para os diversos agentes etiológicos.
- 5 a 14% dos pacientes sintomáticos
respiratórios com radiografia de tórax normal,
desenvolveu-se doença respiratória na evolução
da infecção pelo HIV.
- 5 a 10% dos pacientes com pneumopatia, a
radiografia de tórax pode não mostrar
alterações.
- Quando há alterações radiológicas, o
predomínio é de lesões infiltrativas intersticiais,
que respondem por 73% dos casos.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida

• Numerosos agentes virais podem causar


pneumopatias em pacientes com AIDS.
• O citomegalovírus pode ser responsável por
pneumonite progressiva em pacientes
infectados com o HIV em menos de 1% dos
casos.
• Permanece controverso o seu papel como
causador de doença pulmonar clinicamente
relevante.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Outros agentes podem causar
pneumopatias:
 vírus do Herpes simplex
 vírus da varicela-zoster
 vírus de Epstein-Barr.
 Acredita-se também que o próprio HIV
possa causar uma entidade denominada
pneumonite intersticial linfóide.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• A pneumonia por P. carinii é responsável
por aproximadamente 75% dos casos de
pneumopatias, sendo também comuns os
episódios recorrentes.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• A criptococose é a quarta causa de
infecção oportunística em pacientes com
AIDS nos Estados Unidos.
• O pulmão é o segundo órgão mais
acometido, freqüentemente coexistindo
com infecções do sistema nervoso central.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• O Histoplasma capsulatum também é
responsável por infecções em pacientes
infectados com o HIV, sendo o pulmão o
sítio mais comum da infecção inicial por
este agente.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Outros fungos podem ser responsáveis
por doença pulmonar:
- Coccidioides immitis
- Paracoccidioides brasiliensis
- Candida sp. - causa rara de pneumonite,
ocorrendo com mais freqüência como um
germe colonizador das vias aéreas.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• A incidência de tuberculose nos indivíduos
infectados pelo HIV em uma dada
comunidade reflete a prevalência básica
da tuberculose no local em que estes
indivíduos vivem ou viveram.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• A cavitação no lobo superior não é freqüente.
• A radiografia de tórax é usualmente atípica em
relação aos pacientes imunocompetentes.
• Micobactérias atípicas que merecem destaque:
• Complexo Mycobacterium avium-intracellulare
(MAI).
• Mycobacterium kansasii.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• As infecções bacterianas parecem ocorrer com
freqüência aumentada em pacientes com AIDS.
• As pneumonias comunitárias ocorrem com taxa
de incidência cinco vezes maior que a da
população normal.
• A toxoplasmose apresenta incidência de doença
pulmonar muito baixa, sendo o sítio mais
comum de acometimento o sistema nervoso
central.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Importante lembrar da associação de
patógenos pulmonares, que ocorre em
número significativo de pacientes.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• Doenças pulmonares não-infecciosas
- Pneumonite intersticial linfóide
- Pneumonite intersticial não-específica
- Neoplasias - representadas com maior
freqüência pelo sarcoma de Kaposi e
linfoma.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• O sarcoma de Kaposi é a malignidade
mais comum associada ao HIV.
• Normalmente, o envolvimento pulmonar
ocorre em associação com outras
manifestações clínicas e pode haver
acometimento do parênquima pulmonar,
pleura, vias aéreas e linfonodos torácicos.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• O exame de broncofibroscopia pode
revelar lesões violáceas típicas do
sarcoma de Kaposi quando este acomete
as paredes brônquicas.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• A pneumonite intersticial linfóide é um processo
benigno e acredita-se que seja uma resposta
inflamatória ao próprio HIV ou ao vírus Epstein-
Barr.
• Esta enfermidade ocorre precocemente no
curso da doença.
• A pneumonite intersticial não-específica é
caracterizada por um infiltrado mononuclear
que, em regra, se resolve espontaneamente.
Lesões Pulmonares em Pacientes
com Sida
• O diagnóstico etiológico das
pneumopatias em pacientes com AIDS
reside:
 No isolamento do microorganismo
causador da doença em amostras
pulmonares, sejam elas citológicas ou
histológicas.
Pneumocystis carinii
• Pneumonia representa uma infecção oportunista
de importância pediátrica crescente.
• É uma doença que acomete quase que
exclusivamente adultos e crianças
imunodeprimidos.
• Pode ocorrer primariamente em consequência
do tratamento quimioterápico oferecido, ou
como resultado da infecção pelo HIV.
Pneumocystis carinii
• Transmissão
• Inalatória
• Surtos familiares e entre pacientes
hospitalizados por câncer sugere o contágio
direto importante para propagação.
• Frequente encontro em secreções respiratórias
de pacientes sintomáticos.
• Persistência por vários meses de cistos viáveis
em amostras pulmonares.
Pneumocystis carinii
• É orientado que pacientes sintomáticos
sejam mantidos isolamento respiratório
para proteção de indivíduos com alta
suscetibilidade.
• É desconhecido o papel de portadores
assintomáticos na transmissão.
Pneumocystis carinii
• Uma vez adquiridos, os microorganismos
aderem à superfície epitelial dos alvéolos
causando nos imunocompetentes apenas
uma infecção oligossintomática, com
persitência indefinida do agente. Na
presença de imunodepressão, o Pc
latente passaria a se replicar e o quadro
pulmonar se instala.
Pneumocystis carinii
• A pneumonia se caracteriza histologicamente
como uma pneumonite alveolar difusa.
• É descrita em vários tipos de imunodeficiências.
• Comprometimento celular como determinante
do quadro:
• Desnutrição
• Corticoterapia
• Quimioterapia
• HIV
Pneumocystis carinii
• Quadro clínico
- Febre, tosse, taquidispnéia, frequentemente
acompanhada de cianose e dor torácica, de
instalação aguda e de magnitude variável.
• Evolução
- Piora da oxigenação arterial resultando em
hipoxemia.
- Aumento do PH arterial.
- Aumento do gradiente alvéolo-arterial com
consequente alcalose respiratória
descompensada.
Pneumocystis carinii
• O quadro de pneumonia tende a ser um
pouco mais arrastado nas crianças
infectadas pelo HIV, quando comparadas
àquelas com câncer.
Pneumocystis carinii
• Diagnóstico
• Raio X simples tórax – doença alveolar
difusa bilateral, sem adenomegalia hilar.
Pode ser observado derrame pleural
pequeno.
Pneumocystis carinii
• A gasometria arterial é útil para verificação da
extensão da doença
• Pode haver grande elevação nos níveis de DHL.

• Diagnóstico diferencial
- CMV
- Micobactérias
- Fungos ( Aspergillus sp.)
- PIL
Pneumocystis carinii
• Diagnóstico definitivo
• Demonstração direta do agente causal no
parênquima pulmonar ou secreções do trato
respiratório baixo, em pacientes com
manifestações clínicas compatíveis.
• Anticorpos séricos
• Pesquisa de P carinii em secreções respiratórias
através da análise do escarro, ou por análise de
material de LBA realizado por broncoscopia.
• Biópsia pulmonar.
Pneumocystis carinii
• Tratamento
• É quase que uniformemente fatal se não
tratada.
- Sulfametoxazol-trimetoprim 100mg/Kg/dia
14 a 21 dias
Efeitos adversos: alterações hepáticas e renais,
hiperglicemia, hipocalcemia, erupções cutâneas,
anemia, trombocitopenia e alterações cardíacas.

- Pentamidina
Pneumocystis carinii
• Novas drogas:
• Atovaquone, fansidar, dapsona, trimetoprima-
dapsona e trimetroxato-leucovorin

• Medidas de suporte

- Oxigenioterapia
- Esteróides
• Padrão ventilatório
• HIV positivos – risco de mortalidade.
Pneumocystis carinii
• Prognóstico
• Mortalidade de 15 a 40% dos casos.
Pneumocystis carinii
• Profilaxia
• SMZ-TMP
• Em crianças com câncer uso 3 vezes por
semana, duas vezes ao dia, durante todo
o regime quimioterápico.
• Em crianças com SIDA, depende dos
níveis de CD4.
Pneumocystis carinii
Idade Valores de CD4

< 1 ano Todos

12 a 24 meses < 750 ou < 25%

2 a 5 anos <500 ou < 20%

> 6 anos < 200 ou < 20%


Pneumocystis carinii
• Dose: 40 mg/Kg/dia, V.O., duas vezes ao
dia diariamente.
• Esquemas profiláticos alternativos:
• Pentamidina EV a cada 21 dias.
• Pentamidina aerossol a cada 30 dias.
• Dapsona, V.O. dose única, diariamente.
Citomegalovírus
• O CMV é encontrado em praticamente
todos os líquidos e secreções do
organismo e em diferentes órgãos,
propiciando diferentes formas de
transmissão.
• A pneumonia é um dos achados mais
importantes da infecção pelo CMV.
Citomegalovírus
• É considerado o agente infeccioso mais
importante em pacientes submetidos a
transplante de órgãos.
• Não é considerado patógeno importante
nos pulmões de pacientes com SIDA,
como nos receptores de transplantes.
Citomegalovírus
• Diagnóstico
• Alguns pacientes desenvolvem excreção
viral ou soroconversão sem apresentar
sinais ou sintomas, dificultando o
diagnóstico.
• É recomendado a demonstração do vírus
em fragmentos de tecido pulmonar.
Citomegalovírus
• Exame histológico de fragmento de pulmão para
demonstração de corpúsculo de inclusão.
• Demonstração de antígenos virais no fragmento
da biópsia através de anticorpos monoclonais
CMV-específicos.
• Hibridização in situ.
• Técnica imuno-histoquímica.
• Demonstração da presença do CMV em fluido
de LBA.
• Isolamento viral em culturas celulares.
Citomegalovírus
• Tratamento
• É obrigatório em pacientes
imunodeprimidos.
• Ganciclovir, EV, duas vezes ao dia, 5
mg/Kg, durante 14 dias.
• Nos pacientes com SIDA, deve-se manter
tratamento de manutenção devido
aumento de sobrevida.
Pneumonia Intersticial Linfocítica
• Diagnóstico baseado no achado
histológico de infiltração do interstício
pulmonar por pequenos linfócitos
benignos que poupam as vias aéreas e
não estão associados à vasculite, necrose
ou linfadenopatia pulmonar.
Pneumonia Intersticial Linfocítica
• Em crianças está frequentemente
relacionada à infecção pelo HIV,
aparecendo em 30 a 50 % das crianças
com infecção perinatal.
Pneumonia Intersticial Linfocítica
• Radiologia
- Raio X tórax
 Infiltrado intersticial reticular fino ( Tipo 1)
ou
 Infiltrados reticulonodulares sem infiltrados
alveolares focais (Tipo 2) ou
 Infiltrados reticulonodulares com infiltrados
alveolares focais. ( Tipo 3).
Pneumonia Intersticial Linfocítica
• Diagnóstico
- Biópsia
- LBA – elevada porcentagem de linfócitos.
Pneumonia Intersticial Linfocítica
• Tratamento
- Corticosteróides
- Gamaglobulina
- Tratamento de suporte inicial:
 Suplementação de O2
 Broncodilatadores
Pneumonia Intersticial Linfocítica
• Em pacientes HIV, a presença de
pneumonia intersticial linfocitária está
associada a um melhor prognóstico do
que as outras patologias.
• Referências Bibliográficas
- Silva RM. A Síndrome da imunodeficiência adquirida e o
pulmão.
- OMS. Boletim da ONUAIDS. Genebra: OMS, 1997.  
- Secretaria de Estado da Saúde. Manual clínico sobre
AIDS. Rio de Janeiro, 1996.
- Carvalho CR, Fonseca MTM, Assis I. Pneumonias
Intersticiais na criança. Doenças Pulmonares em
Pediatria, Tatiana Rozov 1ª edição, 426-434.       
• Obrigada!

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