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Direito Administrativo II

Serviços Públicos
• Classificação dos serviços públicos;
• Serviços gerais e serviços individuais;
• Serviços gerais: são aqueles que não possuem destinatários
individualizados, sendo dirigidos a toda coletividade de forma
genérica e indivisível, sem a possibilidade de determinação de seus
efetivos usuários. São demarcados pela indivisibilidade na sua
execução e pela inviabilidade da aferição do grau de utilização por
cada usuário; exemplos: segurança, iluminação pública;
• Serviços individuais: são aqueles prestados de forma fracionada a
cada indivíduo que os recebe, possibilitando a mensuração de sua
utilização por cada usuário, sendo, portanto, divisíveis. A
Administração Pública sabe a quem presta o serviço; exemplos:
fornecimento de água, serviços postais;
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• Serviços essenciais e não essenciais;
• Serviços essenciais são aqueles assim definidos
pela Lei ou tidos pela própria natureza como de
necessidade pública; são indispensáveis à
coletividade e objetivam atender necessidades
inadiáveis (artigo 10, Lei nº 7.783/1989);
• Serviços não essenciais são aqueles que não
detém o traço distintivo da essencialidade ou
excluídos da descrição legislativa;
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• Serviços compulsórios e facultativos;
• Serviços compulsórios: embora todo serviço público
seja compulsório para a Administração, a
determinação sobre a imposição da utilização da
prestação pelo usuário, especifica a natureza deste
quanto à obrigatoriedade. São serviços que
independem da opção do usuário, obrigado a recebê-
los. São impostos ao administrado, não podem ser
interrompidos, a exemplo da segurança pública e da
coleta de lixo;
• Serviços facultativos: são aqueles que podem ser
utilizados ou não pelos interessados, de acordo com
sua conveniência.
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• Serviços de execução direta e indireta;
• Serviços diretos são todos aqueles executados de
forma direta ou centralizadas pelos Entes
federativos. São oferecidos pela Administração
Pública através de seus órgãos ou agentes;
• Serviços indiretos são aqueles cuja titularidade ou
execução foram transferidas a outros entes
estatais, mediante outorga ou delegação;
• Diógenes Gasparini: qualquer serviço, salvo, em
tese, os essenciais, podem ser objeto de execução
indireta;
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• Remuneração;

• Os serviços públicos podem ser remunerados


mediante o pagamento de taxas ou tarifas;

• Artigo 145, II, CF/88: A União, os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos: taxas, em razão do exercício do
poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a
sua disposição;
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• Carvalho Filho: a cobrança da taxa só é legítima se
o serviço público prestado ou disponibilizado ao
usuário for específico e divisível, quando o usuário
receber parcelas individualizadas do serviço. Por
tal motivo, não pode ser imposta taxa para
remunerar serviços de destinação genérica;
• A jurisprudência tem entendido que os serviços de
água e esgoto são remunerados por tarifas e não
por taxas, sendo admitido o regime jurídico da
tarifa, mesmo quando entendidos como de
consumo compulsório, para os quais se admite até
a exigência de tarifa mínima (Diógenes Gasparini,
apresentando precedentes do STJ);
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• Princípio da compensação: a taxa ou a tarifa devem


compensar adequadamente a prestação dos
serviços, possibilitando o custeio do capital, a
melhoria e a expansão dos serviços;
• STF
• Súmula 245: preços de serviços públicos e taxas não
se confundem, porque estas, diferentemente
daquelas, são compulsórias e têm sua cobrança
condicionada à prévia autorização orçamentária,
em relação à lei que as instituiu;
• Súmula 670: o serviço de iluminação pública não
pode ser remunerado mediante taxa;
Princípios Serviços Públicos
• adequação
• obrigatoriedade
• universalidade
• modicidade das tarifas
• compensação
• transparência
• continuidade
• eficiência
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• Direitos dos Usuários;


• Diógenes Gasparini: o direito ao serviço público é
reconhecido em favor dos usuários, consoante a
doutrina. É direito público subjetivo de exercício
pessoal, se específico for o serviço, e o usuário,
estando na área da respectiva prestação, tiver
atendido às condições previstas para a sua
obtenção.;
• Adoção de medidas judiciais para sua obtenção;
• Necessidade que a prestação do serviço seja
individual e específica e que o usuário esteja na
área de abrangência e atenda às exigências
técnicas, administrativas e pecuniárias previstas na
legislação;
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• Direito à regularidade do serviço: o usuário tem


direito a um serviço adequado, sendo dever do Poder
Público a manutenção da regularidade da execução e
responder pelos prejuízos que a suspensão sem
critérios ou o mau funcionamento causar;
• EC 19/98: artigo 37, par. 3º, I:
• § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
usuário na administração pública direta e indireta,
regulando especialmente:
• I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
públicos em geral, asseguradas a manutenção de
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação
periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços; (Desdobramento do princípio da eficiência)
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• Lei nº 8.987/95: art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei n o 8.078, de 11 de
setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:
• I - receber serviço adequado;
• II - receber do poder concedente e da concessionária informações para a
defesa de interesses individuais ou coletivos;
• III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários
prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder
concedente.
• IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as
irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço
prestado;
• V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela
concessionária na prestação do serviço;
• VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos
através dos quais lhes são prestados os serviços.
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• Incidência da Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do
Consumidor);
• O usuário é qualificado também como consumidor, nos
termos das disposições expressas da Lei nº 8.078/1990
• Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos.
• Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as
pessoas jurídicas compelidas a cumprí-las e a reparar os
danos causados, na forma prevista neste código.
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• Aplicação do rol de direitos básicos do consumidor


previsto no artigo 6º (proteção da vida, saúde e
segurança; educação e divulgação sobre o consumo
adequado de produtos e serviços; informação e
adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços; proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva; modificação ou revisão de cláusulas
contratuais abusivas; prevenção e reparação de
danos patrimoniais, morais, individuais, difusos e
coletivos; acesso aos órgãos judiciários e
administrativos; facilitação da defesa de direitos;
adequada e eficaz prestação dos serviços públicos
em geral;
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• Deveres dos usuários:

• Alguns serviços públicos exigem dos usuários o cumprimento de


obrigações, que podem ser de natureza administrativa, técnica e
pecuniária;

• Administrativas: correspondem ao pedido e aos dados que devem ser


apresentados pelo interessado junto à Administração;

• Técnicas: o usuário deve oferecer as condições técnicas necessárias para


que o prestador execute o serviço;

• Pecuniárias: o interessado deve remunerar o serviço, se assim for


exigido, que pode ocorrer antes, durante ou depois da prestação,
conforme a natureza da atividade;

• Diógenes Gasparini: os usuários poderão, periodicamente, ter de


atender a outras exigências;
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•Serviços públicos delegados a particulares;


Artigo 175, CF/88: Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como
as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;
•Lei Nº 8.987/1995; Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
edital de licitação, ato justificando a conveniência da outorga de concessão
ou permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo.
•Lei nº 9.074/1995: Art. 2o É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios executarem obras e serviços públicos por meio de
concessão e permissão de serviço público, sem lei que lhes autorize e fixe os
termos, dispensada a lei autorizativa nos casos de saneamento básico e
limpeza urbana e nos já referidos na Constituição Federal, nas Constituições
Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios, observado,
em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de 1995;
•Lei nº 11.079/2004;
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•Ausência de designação específica acerca da modalidade de delegação cabível;


•Concessão (art. 2º, II, Lei nº 8.987/95)
•Contrato administrativo para delegação de serviço público a particulares, mediante
licitação, na modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por tempo
determinado;
•A concessão somente pode ser realizada para pessoas jurídicas ou consórcios de
empresas;
•Tem prazo determinado obrigatoriamente, passível de prorrogação; o prazo da
prorrogação poderá ser menor, igual ou maior ao originalmente pactuado;
disciplinamento feito no contrato;
•É intuitu personae
•Alex Muniz: a concessão, enquanto espécie de delegação de serviços públicos,
transfere ao particular não a titularidade desses serviços, que permanece com o poder
concedente, mas tão somente a sua execução;
•Quanto ao Estado:
•Responsabilidade subsidiária pelas consequências da prestação do serviço;
•Dever de fiscalização e aplicação de sanções quando de inadequação jurídica,
econômica e operacional na prestação do serviço;
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Lei nº 8.987/1995:
Art. 2º Para os fins do disposto nesta lei, considera-se:
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
Município, em cuja competência se encontre o serviço público,
precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão
ou permissão;
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e
por prazo determinado;
Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização pelo
poder concedente responsável pela delegação, com a cooperação dos
usuários.
Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou não da execução
de obra pública, será formalizada mediante contrato, que deverá
observar os termos desta lei, das normas pertinentes e do edital de
licitação.
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•SUBCONCESSÃO:
•Lei nº 8.987/95:
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos
previstos no contrato de concessão, desde que
expressamente autorizada pelo poder concedente.
§ 1o A outorga de subconcessão será sempre
precedida de concorrência.
§ 2o O subconcessionário se sub-rogará todos os
direitos e obrigações da subconcedente dentro dos
limites da subconcessão
•Depende de autorização expressa do poder
concedente e licitação na modalidade concorrência
(não aplicável a contratações entre os
concessionários e seus terceirizados);
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•Contratação de serviços acessórios e responsabilidade;
•Lei nº 8.987/1995:
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço
concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos
causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros,
sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente
exclua ou atenue sua responsabilidade.
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este
artigo, a concessionária poderá contratar com terceiros o
desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou
complementares ao serviço concedido, bem como a
implementação de projetos associados.
§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e os
terceiros a que se refere o parágrafo anterior reger-se-ão
pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer
relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente.
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• Responsabilidade dos concessionários;
• Alex Muniz: por danos causados a particulares, as
empresas concessionárias, bem como as permissionárias,
respondem objetivamente, ou seja, independentemente
da prova de dolo ou culpa da conduta do prestador (teoria
do risco administrativo). Isto é assim por força da regra
extensiva prevista no artigo 37, par. 6º, CF/88);
• Diógenes Gasparini: A responsabilidade do poder
concedente é subsidiária sempre que, esgotadas as forças
do concessionário, restar por satisfazer certo montante
decorrente de obrigações originadas diretamente da
prestação dos serviços. A responsabilidade do
concessionário pelos danos causados a terceiros, em razão
dos serviços públicos que executa e explora é tal qual a da
Administração Pública, objetiva, nos termos do parágrafo
6º do artigo 37 da Lei Maior;
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•Exclusividade na prestação dos serviços:


•A delegação não implica exclusividade do
concessionário para prestação do serviço, ressalvados
os casos de inviabilidade técnica ou econômica
devidamente comprovada;
•Lei nº 8.987/95:
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá
caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade
técnica ou econômica justificada no ato a que se refere
o art. 5o desta Lei.
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•Remuneração da prestação dos serviços;


•Contraprestação indireta: a remuneração não é feita
pelo poder concedente, mas sim pelo usuário do serviço;
•Lei nº 8.987/95:
Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada
pelo preço da proposta vencedora da licitação e
preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no
edital e no contrato.
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função
das características técnicas e dos custos específicos
provenientes do atendimento aos distintos segmentos de
usuários.
Art. 23.: cláusulas essenciais dos contratos de concessão;
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•Outros tipos de serviços não sujeitos ao regime de


delegação;
•Lei nº 9.074/95 (artigo 2º):
§ 2º Independe de concessão, permissão ou autorização
o transporte de cargas pelos meios rodoviário e
aquaviário. (Redação dada pela Lei no 9.432, de 1997)
§ 3o Independe de concessão ou permissão o transporte:
        I - aquaviário, de passageiros, que não seja realizado
entre portos organizados;
        II - rodoviário e aquaviário de pessoas, realizado por
operadoras de turismo no exercício dessa atividade;
        III - de pessoas, em caráter privativo de organizações
públicas ou privadas, ainda que em forma regular.
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•Procedimento licitatório;
•Regramento: Lei nº 8.987/95;
•Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou não
da execução de obra pública, será objeto de prévia licitação,
nos termos da legislação própria e com observância dos
princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade,
do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao
instrumento convocatório.
•Possibilidade de inversão das ordens da fase de habilitação e
julgamento;
•Marcelo Alexandrino: impossibilidade do oferecimento de
lances, faculdade à Administração Pública de exigir que o
licitante vencedor, se consórcio, constitua-se em empresa;
participação na licitação dos autores ou responsáveis pelo
projeto básico ou projeto executivo da concessão ou
permissão;
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Lei n 8.987/1995;
Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes critérios:
 I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da
concessão;
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII;
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
V - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa
do serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;
VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela
outorga da concessão com o de melhor técnica; ou
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas
técnicas.
§ 1o A aplicação do critério previsto no inciso III só será admitida quando previamente
estabelecida no edital de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas para
avaliação econômico-financeira.
§ 2o Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitação
conterá parâmetros e exigências para formulação de propostas técnicas.
§ 3o O poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou
financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação.
§ 4o Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apresentada por
empresa brasileira.
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Intervenção
•Há a possibilidade de intervir na concessão
para normalizar o serviço público delegado, no
caso de serviço prestado irregularmente, ou
para reativá-lo, ou em caso de Estado de Sítio.
(art. 32 da Lei 8.987/95 e 139,VI da CF/88);
•Deverá sempre ser motivada e temporária,
devendo o decreto respectivo indicar o prazo
de duração, o interventor, os limites e o objeto
da intervenção.;
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Lei nº 8.987/1995;

Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da
medida.
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias,
instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da
medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.
§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e
regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente
devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.
§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá ser
concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a
intervenção.
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do
serviço será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo
interventor, que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.
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Extinção do contrato de concessão;
•Reversão: é a extinção decorrente do término
contratual (do prazo de vigência). Os bens afetos a
execução dos serviços vinculados a mesma serão
revertidos a entidade delegadora, que retornam ao
patrimônio ou passam a integrá-lo, mediante
indenização equivalente ao seu valor e aos
investimentos feitos pelos concessionário;
•Encampação: forma de extinção com a retomada do
serviço por motivo de interesse público, ainda durante
o prazo da concessão, mediante lei autorizativa e após
prévio pagamento da indenização;
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•Caducidade: extinção por motivo de inexecução, total ou parcial
dos termos contratuais, sendo imposta pelo Poder Público. Deve
haver o pagamento da indenização pelos bens reversíveis, mas
tal indenização não será prévia, e podem ser descontados dela
multas porventura aplicadas. Deve ser instrumentalizada por
processo administrativo que assegure o contraditório e a ampla
defesa;
•Poderá ser decretada em virtude de prestação inadequada do
serviço; descumprimento de preceitos legais, regulamentares ou
contratuais; paralisação do serviço, salvo em razão de caso
fortuito ou força maior; perda das condições econômicas,
técnicas ou operacionais, para manter o adequado
funcionamento do serviço; não cumprimento das penalidades
impostas por infrações praticadas; desatendimento de
notificação do poder concedente, no sentido de regularizar a
prestação do serviço concedido; condenação por sentença
transitada em julgado por sonegação de tributos; subconcessão e
transferência do controle societário, sem prévia anuência do
poder concedente;
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•Rescisão: pode ser consensual ou unilateral. Quando de


comum acordo, será feita mediante distrato. A rescisão por
ato unilateral do poder concedente deve fundar-se no
interesse público ou na ocorrência de irregularidades,
independentemente de qualquer anuência do Poder
Judiciário; a via judicial somente é aplicável quando buscada
pelo Concessionário, em virtude de inadimplemento da
Administração, hipótese que ainda obrigará o concessionário
à manutenção do serviço até o trânsito em julgado;
•Anulação: pode ser decretada pela própria Administração
Pública ou pelo Poder Judiciário, alicerçada na existência de
vícios no contrato ou no procedimento licitatório;
•Falência ou extinção da empresa;
•Morte ou incapacidade do titular da concessionária: se
resultar no término das atividades do concessionário;
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Permissão;

•Constituição Federal:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos;
•Lei nº 8.987/1995:
Art. 2º, IV: permissão de serviço público: a delegação, a título precário,
mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco.
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante
contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais
normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à
precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.
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Permissão;
•Diógenes Gasparini: A Constituição Federal, ao tratar da
prestação dos serviços públicos mediante concessão ou
permissão impõe à lei dispor sobre o caráter especial de seu
contrato. É certo afirmar que a permissão de serviço público
não é mais precária que a concessão de serviço público, pois
ambas são formalizadas por contrato, instrumento que dá
estabilidade jurídica a negócio contratado.
•Marcelo Alexandrino: Julgamos imperioso frisar que as
concessões e permissões de serviços públicos, acima de tudo,
são contratos administrativos. Podem ser visualizadas as
seguintes características do instituto: natureza contratual com
prazo determinado, passível de prorrogação; celebração com
pessoa física ou jurídica; delegação a título precário;
revogabilidade unilateral pelo Poder Público;
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Permissão;
•Alex Muniz: A permissão não é ato unilateral, mas contrato
administrativo de natureza precária. Essa precariedade reside no
fato de que, em regra, o contrato de permissão não possui prazo
determinado de vigência, podendo ser rescindido a qualquer
momento pelo poder permitente, sem qualquer indenização ao
permissionário.
•É forma de delegação que se opera por contrato de adesão,
cujas cláusulas são fixadas unilateralmente pelo poder
permitente e aceitas pelo permissionário, que pode ser pessoa
física ou jurídica. É utilizada quando a transferência da execução
de serviços públicos demanda menores investimentos e prazos
contratuais;
•Intuitu personae; responsabilidade do permissionário e
fiscalização do Poder Público;
•É admitida a fixação de prazo certo para a permissão, a qual
passa a ser denominada permissão qualificada ou condicionada;
ensejando indenização ao permissionário, caso venha a ser
rescindida pelo Poder Público, antes do prazo fixado;
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Autorização;
•Marcelo Alexandrino: A autorização, enquadrada como forma de
prestação indireta do serviço público, obrigatoriamente deve ter por
objeto uma atividade de titularidade exclusiva do poder público, previstas
nos inciso XI e XII do artigo 21 da Constituição Federal;
•Transferência mediante ato administrativo negocial, sem prévia licitação;
•Discricionariedade e precariedade;
•Instrumentalizado através de uma portaria ou decreto; intuitu personae;
•Compatível para todos os serviços de menor relevância para a
coletividade, onde não existir exigência de execução direta pela
Administração ou maiores formalidades (artigo 21, XII, CF/88; artigo
176,par. 1º, CF/88); situações de emergência, transitórias ou especiais;
•Não é possível estabelecer uma regra rígida em que o uso da autorização
seja legítimo. O seu emprego pode ser considerado adequado para
delegação de serviços sem alto grau de especialização técnica ou
investimentos de grande porte;
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Parceria Público-Privada;
•Lei nº 11.079/2004;
•Alex Muniz: contrato administrativo firmado entre o Poder
Público e uma pessoa jurídica de direito privado,
objetivando a execução de obras e serviços públicos,
mediante cláusulas específicas quanto ao adimplemento
das obrigações pactuadas e à repartição dos riscos
inerentes ao objeto contratual;
•Marcelo Alexandrino: são modalidades específicas de
contratos de concessão, instituídas e reguladas pela Lei nº
11.079/2004; as parcerias público-privadas tem como
objetivo atrair o setor privado, nacional e estrangeiro,
basicamente para investimentos em projetos de
infraestrutura de grande vulto, necessários ao
desenvolvimento do país, cujos recursos envolvidos
excedem a capacidade financeira do setor público;
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•Espécies:
•Concessão patrocinada: refere-se a obras ou serviços
públicos e impõe, além da tarifa cobrada dos usuários, uma
contraprestação pecuniária paga pelo ente público ao
parceiro privado; o valor da remuneração do parceiro
resulta, essencialmente, da soma da tarifa paga pelo
usuário com a contraprestação paga pelo Poder Público;
•Concessão administrativa: ajuste que visa o fornecimento
de serviços privados, cujos usuários serão os próprios entes
da Administração Pública, ainda que o contrato resulte na
execução de alguma obra ou fornecimento e instalação de
certos bens; a remuneração do parceiro privado consiste na
contraprestação a ele paga pela Administração Pública, que
poderá ser usuária direta ou indireta, não sendo cabível a
cobrança de tarifa dos usuários;
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•Repartição dos riscos entre a Administração e o parceiro;


•Pressupostos: prévia licitação, na modalidade concorrência;
constituição da sociedade de propósito específico, ente que
ficará incumbido da implantação e administração do objeto da
parceria; o contrato deve prever critérios específicos de valores
de tarifação;
•As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por
cento) da remuneração do parceiro privado for paga pela
Administração Pública dependerão de autorização legislativa
específica.
•Vedações:
•Contratos inferiores a vinte milhões de reais;
•Período de prestação do serviço inferior a cinco anos (máximo
de trinta e cinco anos);
•Contratações que tenham como objeto único o fornecimento de
mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
execução de obra pública;
Direito Administrativo II
Responsabilidade Civil do Estado
• Marcelo Alexandrino: a responsabilidade civil da
Administração Pública evidencia-se na obrigação que tem
o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais
que seus agentes, atuando em seu nome ou seja, na
qualidade de agentes públicos, causem à esfera
juridicamente tutelada dos particulares;
• Alex Muniz: a responsabilidade civil é o conjunto das
normas que disciplinam a situação de todo aquele a
quem, por qualquer razão, incumbem as consequências
jurídicas de um fato danoso;
• Diógenes Gasparini: a responsabilidade civil do Estado é a
obrigação que se lhe atribui de recompor os danos
causados a terceiros em razão de comportamento
unilateral comissivo ou omissivo, legítimo ou ilegítimo,
material ou jurídico, que lhe seja imputável;
Direito Administrativo II
Responsabilidade Civil do Estado
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.
Direito Administrativo II
Responsabilidade Civil do Estado
• Teorias;
• Irresponsabilidade do Estado: afeta aos regimes
absolutistas; “o rei não erra”; presunção de
defesa dos interesses da coletividade;
• Teoria civilista da responsabilidade subjetiva
(culpa civil): inserção do Direito Civil na
reparação dos danos provocados pelo Estado; no
primeiro estágio: separação entre atos de
império e atos de gestão; no segundo estágio:
consolidação da roupagem civilista: a obrigação
de indenizar estaria ligada à atuação culposa ou
dolosa do agente público, estando o ônus da
prova nas mãos do particular prejudicado;
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• Teorias publicistas;
• Teoria da culpa administrativa ou falta do serviço: o Estado se
tornaria responsável quando os serviços de sua competência
não fossem prestados, materializando a falta do Poder Público
na execução de suas atribuições; a comprovação da culpa do
agente não é necessária, sendo suficiente a prova da ausência,
de defeitos ou de retardamento na prestação do serviço;
• Teoria do risco integral: a reparação do dano tem caráter
irrestrito, ainda que a vítima tenha sido a real causadora do
dano.
• Marcelo Alexandrino: a teoria do risco integral representa uma
exacerbação da responsabilidade civil da Administração. Basta
a existência do evento danoso e do nexo causal para que surja
a obrigação de indenizar para a Administração, mesmo que o
dano decorra de culpa exclusiva do particular;
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• Teoria do risco administrativo: o dever de indenizar por parte do
Estado emerge da simples comprovação da existência do dano.
• Alex Muniz: como o Poder Público desempenha funções com o
objetivo de beneficiar toda a coletividade, os ônus oriundos
dessas atribuições devem ser custeados, de forma solidária e
equitativa, por todos que a compõem;
• STF (RE n. 217.389/SP): fatores considerados para materialização
da responsabilidade:
• Nexo Causal; Existência do dano;
• Marcelo Alexandrino: existindo o fato do serviço e o nexo direto
de causalidade entre o fato e o dano ocorrido, presume-se a culpa
da Administração. Compete a esta, para eximir-se da obrigação de
indenizar, comprovar a existência de culpa exclusiva do particular
ou culpa concorrente, para atenuar sua obrigação;
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• Desdobramentos do artigo 37, par. 6º, CF/88;
• Atribuição de responsabilização objetiva do Estado frente ao
particular e responsabilização subjetiva do agente público frente
ao Estado;
• Gera o dever de indenização a atuação direta ou indireta do Poder
Público, incluindo-se nesse rol os delegatários, quando da
prestação de serviço público;
• A responsabilidade civil do Estado comporta tanto sua atuação
ilícita como lícita, quando na execução das atividades que lhe são
inerentes causa danos a particulares, mesmo que vise à satisfação
do interesse público e atenda às normas de regulação vigentes;
• Convergências doutrinárias e jurisprudenciais atuais: admissão da
TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA quando a atuação danosa do
Poder Público decorrer de uma omissão na conduta dos agentes
públicos.
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• Alex Muniz: A doutrina e a jurisprudência nacionais, capitaneadas pela
posição de Celso Antônio Bandeira de Mello, têm entendido que nos
casos de condutas omissivas do Estado, a sua responsabilização civil se
rege pela teoria da culpa administrativa, cabendo à vítima a
comprovação da falta do serviço público ou de sua prestação defeituosa
ou tardia, como fato ensejador do dano que lhe fora provocado. Deve o
usuário demonstrar a omissão administrativa para obter o devido
ressarcimento, provando que a atuação eficiente estatal impediria a
ocorrência do prejuízo;
• Agentes públicos: A acepção do termo na CF/88 tem sentido amplo,
englobando todos os sujeitos que exercem atribuições públicas,
independentemente da percepção de remuneração, contanto que atuem
em nome do Estado ou de pessoa de direito privado prestadora de
serviço público, mediante delegação;
• Ressalte-se que, tratando-se de delegação, a responsabilidade do Estado
é subsidiária; STJ: tratando-se de obra pública, a responsabilidade do
Estado será solidária;
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• Aplicabilidade do artigo 37, par. 6º, CF/88;
• As disposições do preceito constitucional são aplicáveis a todas as
pessoas jurídicas de direito público: Administração Direta,
Autarquias, Fundações Públicas; estende-se também às pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos,
incluindo-se as empresas públicas e sociedades de economia mista
prestadoras de serviços públicos (que não explorem atividades
econômicas) e pessoas privadas delegatárias de serviços públicos;
• STF: A responsabilização objetiva, nos casos das empresas
prestadoras de serviços públicos, subsiste inclusive em relação aos
danos que sua atuação cause a terceiros não usuários dos serviços
públicos;
• Marcelo Alexandrino: é imprescindível para configurar a
responsabilidade da Administração que o agente seja agente público,
ainda que esteja atuando ilicitamente; o que importa é a qualidade
de agente público ostentada na atuação;
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• STF: Não haverá responsabilidade da Administração nos
casos em que o causador do dano detenha a condição de
agente público, mas a sua atuação não esteja relacionada a
esta condição. O Estado não pode ser responsabilizado
senão quando o agente estatal estiver a exercer seu ofício ou
função, ou a proceder como se estivesse a exercê-la.
• Marcelo Alexandrino: nas hipóteses de pessoas ou coisas
sob a custódia do Estado, haverá responsabilidade civil
objetiva deste, mesmo que o dano não decorra de uma
atuação comissiva direta de um de seus agentes. Quando o
Estado tem o dever legal de assegurar a integridade de
pessoas ou coisas sob sua custódia, guarda ou proteção
direta, responderá com base no artigo 37, par. 6º, da CF/88;
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•CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO;

•CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR

•Ausência de distinções específicas no âmbito do ordenamento jurídico


brasileiro;
•Ambos tem incidência direta num dos pressupostos básicos da
responsabilidade civil, que é o nexo causal;
•Para Maria Helena Diniz, na FORÇA MAIOR conhece-se o motivo ou a causa
que dá origem ao acontecimento, pois se trata de um fato da natureza, como
um raio que provoca um incêndio, inundação que danifica produtos ou
intercepta as vias de comunicação, impedindo a entrega da mercadoria
prometida, etc.
•Por sua vez, no CASO FORTUITO, o acidente que acarreta o dano advém de
causa desconhecida, como o cabo elétrico aéreo que se rompe e cai sobre fios
telefônicos, causando incêndio e provocando morte;
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•Venosa, assim como outros autores, prefere não


adentrar na discussão da essência dos institutos,
por julgar não existir interesse prático na distinção
dos conceitos, omitida inclusive pelo próprio Código
Civil;
•Marcelo Alexandrino: o ordenamento jurídico
brasileiro atual não distingue força maior de caso
fortuito, nem conceitualmente, nem quanto aos
efeitos decorrentes das circunstâncias que sejam
assim consideradas. Também a jurisprudência
pátria não tende a fazer distinção entre caso
fortuito e força maior, tratando ambas como
excludente de responsabilidade da administração
pública, desde que o dano decorra exclusivamente
da ocorrência da referida situação;
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•Alex Muniz: No direito civil, a distinção entre caso fortuito e força
maior é inócua. Todavia, para o Direito Administrativo, a distinção é
de grande relevância, pois somente o fato da natureza, como causa
de ordem externa, constitui hipótese de exclusão da
responsabilidade estatal. Consequentemente, os eventos humanos
aleatórios ou acidentes ocorridos na execução de serviços públicos,
que possuam motivos desconhecidos, não elidem o dever de
reparar os prejuízos daí decorrentes;
•Di Pietro/Bandeira de Mello: No caso fortuito, o dano decorre
diretamente de uma atuação da administração. Ainda que o
ocorrido seja imprevisível e se deva a fatores inevitáveis, que
tornam a falha escusável, não há como se duvidar que o dano
decorre de uma atuação da Administração, que causa o prejuízo
sem qualquer culpa do particular, subsistindo, por isso, o dever de
indenizar por parte do Poder Público;
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•Para esses autores, verificados o dano e o nexo


causal com a conduta administrativa, sem
qualquer intervenção do particular para
ocorrência do fato, configura-se um evento
interno da Administração, ligado a sua atuação, o
que não pode excluir a responsabilidade;
•Por sua vez, a força maior, caracterizada por um
evento externo, elimina o dever de reparação por
parte do Estado, já que trata-se de fato
absolutamente estranho a qualquer atuação da
Administração, sendo imprevisível, irresistível ou
inevitável. Quem gera o dano é a circunstância
externa e não a atuação do Ente Público;
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•Caso fortuito e força maior: teoria da culpa


administrativa;
•Alex Muniz/Jurisprudência correlata: mesmo em se
tratando de eventos da natureza, é possível a
responsabilização do Estado com base na teoria da
culpa administrativa, se comprovada a omissão do
Poder Público em tomar providências que evitariam
os prejuízos experimentados pelos particulares;
•Marcelo Alexandrino: a força maior ou o caso
fortuito são excludentes da responsabilidade, desde
que o dano decorra exclusivamente desses eventos,
não tendo concorrido a Administração
culposamente para o surgimento do dano;
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•Culpa exclusiva da vítima;


•Absoluto rompimento do nexo causal;
•Inadmissibilidade no ordenamento jurídico de
enriquecimento por parte da vítima que se impõe
condutas autolesivas;
•Independentemente do caráter da atuação do Poder
Público, a vítima age na busca do resultado danoso
para si ou cria, no contexto do seu comportamento,
todos os vetores para que o dano se configure;
•Atos de Terceiros ou fato de outrem;
•Alex Muniz: O Estado não responderá civilmente por
atos exclusivamente provocados por terceiros,
alheios às atividades exercidas pelos entes
governamentais;
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•Responsabilidade civil por atos legislativos;
•Em regra, os atos legislativos não suscitam
responsabilização patrimonial do Estado;
•Normas inconstitucionais;
•Segundo o STF, uma vez declarado inconstitucional um
ato legislativo, fica caracterizada a responsabilidade dos
entes públicos por sua elaboração e pelos danos que vier
a causar;
•Marcelo Alexandrino: O Poder Legislativo tem o dever de
respeitar as regras constitucionais; furtando-se a tal
dever, pode surgir a responsabilidade do Estado;
•Alex Muniz: Essa declaração compete ao STF e aos
Tribunais de Justiça Estaduais e ocorrerá quando
existirem vícios durante o processo de elaboração das leis
ou quando o próprio conteúdo da norma afrontar a
Constituição Federal;
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•Leis de efeitos concretos;


•A norma viola o requisito da generalidade,
referindo-se a indivíduos determinados ou
situações específicas;
•São leis apenas em sentido formal, já que não
obedecem a preceitos essenciais na elaboração
do ato normativo, como a impessoalidade e a
abstração, além da generalidade;
•Impõem a um determinado grupo de sujeitos
ônus maiores do que aqueles atribuídos ao
restante da coletividade, violando qualquer
princípio ou pressupostos de igualdade vigente
no ordenamento jurídico;
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•Medidas provisórias;
•Artigo 62, CF/88:
•§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12
perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no
prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por
igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
•§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de
medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua
publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do
Congresso Nacional.
•Órgãos Legislativos: geram o dever de indenizar para o Estado se estes
não converterem as medidas provisórias em lei tempestivamente,
ocasionando a sua perda de eficácia;
•Chefe do Executivo: pode trazer ao Estado o dever de indenizar se não
forem respeitadas as regras constitucionais para expedição de medidas
provisórias;
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•Omissão legislativa;
•Mandado de injunção;
•Alex Muniz: na hipótese de omissão legislativa
causar lesão a direito de particulares, a
indenização será o único instrumento cabível
para a reparação efetiva do dano, quando
houver transcorrido prazo razoável para que o
legislador editasse a norma regulamentadora e,
mesmo assim não o tenha feito;
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•Responsabilidade Civil por atos jurisdicionais;
•Consenso doutrinário e jurisprudencial: não é possível falar-se
em responsabilidade civil na esfera da prática de atos inerentes
às funções da magistratura;
•Exceção: artigo 5º, CF/88:
•LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
•STF: A responsabilização do Estado, nesse contexto, é objetiva;
•Precedente do STF (RE. 385.943): cabimento de indenização por
dano moral decorrente de prisão preventiva que não observou
os pressupostos legais para adoção da medida;
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• Incidência direta do artigo 37, par. 6º da CF/88 nas hipóteses de


atuação administrativa por parte do magistrado;
• Marcelo Alexandrino: com o advento do Código Civil de 2002,
passou a ser de três anos o prazo prescricional para a pessoa que
tenha sofrido um dano decorrente de atuação do Estado ajuizar
ação de indenização; ausência de consenso doutrinário;
• Direito de regresso: materializado na figura da ação regressiva,
apta à utilização após a condenação da Administração, com o
trânsito em julgado da sentença que impôs o ônus da indenização;
• O direito de regresso somente é cabível na hipótese de culpa ou
dolo do agente público;
• Marcelo Alexandrino: o direito de regresso é transmissível aos
herdeiros do agente público
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• A ação de regresso pode ser ajuizada ainda que não exista mais vínculo
entre a Administração Pública e a pessoa do servidor;
• É imprescritível a ação de regresso contra o agente causador do dano, seja
servidor ou não da Administração Pública, quando sua conduta, sendo
ilícita, tenha causado prejuízo aos cofres públicos. A imprescritibilidade
refere-se ao direito de regresso, não sendo aplicável à conduta delituosa
daquele que causa o dano;
• Inaplicabilidade da denunciação a lide;
• Possibilidade de cumulação da responsabilidade administrativa, criminal
e cível do agente público;
• Exceções: se um mesmo fato é tipificado na lei penal, é também infração
disciplinar punível administrativamente e causa dano patrimonial ou
moral a um particular, a condenação criminal transitada em julgado
implica no reconhecimento da responsabilidade do agente público no
âmbito administrativo e cível;
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• Se o agente público é absolvido em virtude do reconhecimento da
inexistência do fato ou negativa de autoria, estão
consequentemente eliminadas as repercussões das punições
aplicadas cível e administrativamente;
• A absolvição por insuficiência de provas, ausência de tipicidade ou
culpabilidade ou outro motivo não traz efeitos para a órbita
administrativa e cível;
• Marcelo Alexandrino/STF (súmula 18): a doutrina e a
jurisprudência chamam de falta residual o fato que não chega a
acarretar condenação na órbita penal, mas configura ilícito
administrativo ou cível, ensejando a responsabilização do agente
nessas esferas. A absolvição penal só interfere nas esferas
administrativas e cível, relativamente ao fato imputado ao agente
público, quando a sentença penal absolutória afirma que tal fato
não existiu ou que não foi do agente público a autoria;

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