Você está na página 1de 40

Universidade Zambeze

Faculdade de Ciências de saúde – Tete


Curso de Medicina Geral
Discentes:
Adao Mavuza
Alfredo Ponguane

ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA: Argentina Tivane


Edilson De Carvalho
Eleuterio Massango
TENDINITES Filipe Bene
Frederico Rego
Ilca Cainde
Isac Julai
Josefo Andrade
Leonel Dama
Docente: Maria Jumbe
Dr. Dário Fernandes Nelio Mula
Nercio Feliciano
Nemias Atanasio
Victoria Forquilha
Introdução
 Os tendões são cordões fibrosos que constituem as extremidades dos
músculos esqueléticos, fixando-os fortemente aos ossos. Cada
músculo é composto por um ventre e pelo menos dois tendões, um de
origem e um de inserção.

 As tendinites ou tenossinovites são causas bastante comuns de dor


aguda e crônica, geralmente referidas nas articulações, fazendo
diagnóstico diferencial com as artrites e artralgias.
Objctivos
Objectivo geral
 Descrever as principais tendinitis

Objectivos específicos
 Conceituar tendinitis
 Etiologia
 Tendões frequentemente acometidos
 Quadro clinico
 Diagnostico – Exames complementares
 Conduta – Critérios de transferência
 Complicações
Conceito

 Inflamação de um tendão do corpo que


surge, normalmente, em virtude do
excesso de repetições de um movimento.

 Quando o tendão inflama-se em


conjunto com a sua bainha sinovial
chamamos de tenossinovite
Etiologia

 Os processos inflamatórios dos tendões podem


desenvolver-se a nível do próprio tendão ou em
suas inserções.

 TENDINITES INSERCIONAIS
 Trauma
 Uso excessivo da região afectada
 Aparição espontânea

 TENDINITES NÃO INSERCIONAIES


 Microtraumatismos repetidos
 Enfermidades reumáticas
Principais tendinites ou tenossinovites
• Lesão do manguito rotador.
• Tendinite bicipital.
Ombro • Tendinite calcárea.

• Tendinite do tendão de Aquiles.


• Tendinite tibial posterior Tornozel
Cotovelo
o
• Epicondilites do cotovelo
Tendinite
s

• Tendinite patelar. Punho e


• Tendinite poplítea Joelho • Tenossinovite de De
mão
Quervain.
• Dedo em gatilho
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite do Manguito Rotador (“Síndrome do Impacto”)

 Fatores predisponentes: idade > 30


anos, acrômio curvo ou ganchoso,
atividades ou desportos com os braços
acima do ombro (ex.: voleibol,
natação).
 Causa mais comum de dor crônica no
ombro em adultos.

Trata-se, na verdade, de uma tendinite do supraespinhoso (por vezes acompanhada da


tendinite do infraespinhoso) – atrito e compressão repetitiva do tendão
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite do Manguito Rotador (“Síndrome do Impacto”)

Etiopatogenia
 Trauma agudo;
 Degeneração biológica do tendão com a idade;
 Hipovascularização da zona de inserção do tendão supraespinhoso (“área
crítica de Codeman”);
 Fatores mecânicos, como a morfologia do acrômio
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite do Manguito Rotador (“Síndrome do Impacto”)

 Sinais e sintomas: dor na face lateral (deltoide) do ombro exacerbada por


movimentos acima da cabeça ou de alcançar, levantar, puxar ou empurrar objetos.

 Ao exame físico, não há edema articular.

 Manobras para o diagnóstico:


 Teste do Impacto de Neer
 Teste do Impacto de Hawkins
 Digitopressão Subacromial
 Teste de Jobe, Teste de Patte
 Injeção Subacromial de Lidocaína
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite do Manguito Rotador (“Síndrome do Impacto”)
Teste do Impacto de Neer Teste do Impacto de Hawkins

Teste de Jobe (Supraespinhoso) Digitopressão Subacromial


TENDINITES DO OMBRO
Tendinite do Manguito Rotador (“Síndrome do Impacto”)

 Tratamento: crioterapia + AINE + repouso relativo da articulação


afetada + alongamento pendular + exercícios isométricos e
isotônicos (a partir de 2-3 semanas).
 Sintomas persistentes: investigar rotura; caso ausente: indicar a
infiltração subacromial de corticoide (até duas infiltrações).
Sintomas persistentes: cirurgia artroscópica (descompressão
subacromial).
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite do Manguito Rotador (“Síndrome do Impacto”)

 Complicações:
 (1) rotura tendinosa (parcial ou completa); e
 (2) artropatia da rotura do manguito
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite Calcárea (Calcífica) do Ombro

 Definida pela presença de depósitos localizados de cálcio (fosfato


de cálcio ou hidroxiapatita) no manguito rotador, especialmente o
tendão do supraespinhoso e na bursa subacromial.

 Patogênese desconhecida,
 Acomete tipicamente pessoas de meia-idade (30-50 anos),
 Predomina em mulheres (3:1)
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite Calcárea (Calcífica) do Ombro

 Ocorre em três fases:


1. Fase Pré-Calcífica: degeneração tendínea, de aspecto granulomatoso, ainda
sem cálcio recobrindo o tendão. É assintomática e sem alteração radiológica.
2. Fase Calcífica: radiografia simples mostra o depósito cálcico. Sintomas
álgicos leves.
3. Fase Pós-Calcífica: depósitos de cálcio desaparecem por completo e os
sintomas se auto-resolvem.
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite Calcárea (Calcífica) do Ombro

 Diagnóstico: radiografia simples –


observam-se os depósitos de cálcio na
topografia do manguito

 AP em posição neutra do braço


(supraespinhoso),
 AP em rotação interna (infraespinhoso,
redondo menor)
 AP em rotação externa (subescapular)
 Perfil axilar (acrômio).
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite Calcárea (Calcífica) do Ombro

 Tratamento: crioterapia e AINE; infiltração de corticoide;


exercícios isométricos e cinesioterapia. Alguns autores preconizam
a litotripsia extracorpórea com ondas de choque, visando dissolver
o depósito de cálcio.
 A cirurgia é reservada para os raros casos refratários ao tratamento
conservador
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite bicipital

 Fatores predisponentes: idade > 30 anos, atividades e esportes


com os braços acima do ombro (está muito associada à “síndrome
do impacto”), desportos do tipo remo, levantamento de peso,
natação, voleibol etc.

 Sinais e sintomas: dor na face anterior do ombro (correspondente


ao sulco bicipital) exacerbada pelo ato de levantar objetos e
flexionar o cotovelo contra resistência.
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite bicipital

Teste de Yergason
 Diagnóstico: teste de Yergason, teste
de Speed, digitopressão positiva no
sulco bicipital e teste da lidocaína.

 Tratamento:
TENDINITES DO OMBRO
Tendinite bicipital

Complicações

 Rotura do Tendão Bicipital


 mais comum em pacientes com
mais de 45 anos
EPICONDILITES DO COTOVELO
Epicondilite Lateral (“Cotovelo do Tenista”)

 Fatores predisponentes: tenistas


(movimento do backhand), profissões e
atividades que usam muito movimentos com
o punho do tipo virar, torcer, apertar
(carpinteiro, jardineiro, dentista etc.), uso de
fluoroquinolona.
EPICONDILITES DO COTOVELO
Epicondilite Lateral (“Cotovelo do Tenista”)

 Sinais e sintomas: dor na região do epicôndilo lateral, podendo


irradiar para a face dorsolateral do antebraço. A dor piora com a
extensão e desvio radial do punho e com o ato de segurar firme
objetos.

 Diagnóstico: teste de Cozen, teste de Mill, digitopressão dolorosa


no epicôndilo lateral, teste da lidocaína
EPICONDILITES DO COTOVELO
Epicondilite Lateral (“Cotovelo do Tenista”)

 Tratamento: crioterapia + AINE + repouso relativo do punho +


alongamento + exercícios isométricos e isotônicos (a partir de 2-3
semanas).
 Sintomas persistentes: imobilização do punho com tala do
antebraço de velcro.
EPICONDILITES DO COTOVELO
Epicondilite Medial (“Cotovelo do Golfista”)

 Lesão por esforço repetitivo é o principal mecanismo. As mesmas


profissões do “cotovelo do tenista” também podem causar a
epicondilite medial (trabalhos com as mãos e punhos). O golfe é
uma predisposição clássica.

 Quadro Clínico: dor referida no epicôndilo medial, com ou sem


irradiação para o antebraço
EPICONDILITES DO COTOVELO
Epicondilite Medial (“Cotovelo do Golfista”)

 Diagnóstico:
(1) dor à digitopressão do epicôndilo medial;
(2) dor agravada pela flexão ou desvio radial do punho contra resistência;
(3) dor agravada pelo ato de segurar firme um objeto;
(4) mobilidade do cotovelo preservada (afastando artrite do cotovelo).

 Tratamento: Semelhante ao tratamento da epicondilite lateral;


tratamento conservador (sucesso em 95% dos casos).
TENDINITES DO PUNHO E DA MÃO
Tenossinovite de De Quervain

 Fatores predisponentes:
esforço repetitivo utilizando a
mão em desvio ulnar (digitar
teclado de computador, passar
roupa etc.).
TENDINITES DO PUNHO E DA MÃO
Tenossinovite de De Quervain

 Sinais e sintomas: dor na região radial do punho, agravada pelo


movimento do polegar e pelo desvio ulnar do punho.

 Diagnóstico: teste de Finkelstein, dor à extensão e abdução do


polegar contra resistência, digitopressão dolorosa do processo
estiloide do rádio e da tabaqueira anatômica.
TENDINITES DO PUNHO E DA MÃO
Tenossinovite de De Quervain

 Tratamento: crioterapia + AINE + imobilização do punho e


polegar com órtese + alongamento + exercícios isométricos e
isotônicos (a partir de 2-3 semanas).

 Sintomas persistentes: infiltração de


corticoide. Casos refratários – cirurgia
descompressiva do primeiro compartimento
extensor do punho.
TENDINITES DO PUNHO E DA MÃO
Dedo em Gatilho

Quadro clinico: dor na base do dedo afetado, que pode irradiar para a porção distal e para a palma da mão, e
costuma ser desencadeada pela flexão do dedo. O paciente pode sentir e ouvir um estalo, quando então o dedo fica
“preso” em posição de flexão da falange média
TENDINITES DO PUNHO E DA MÃO
Dedo em Gatilho

 O diagnóstico é feito pelo exame clínico. A face ventral dos dedos deve ser
palpada e, em seguida, é solicitado que o paciente flexione e estenda os dedos da
mão.

(1) dor e/ou abaulamento na base do dedo afetado;


(2) dor à extensão passiva ou à flexão isométrica contra resistência;
(3) posição do “gatilho” (esta pode ou não ocorrer durante o exame).

 Tratamento conservador: imobilização do dedo com órteses; crioterapia e/ou


AINE para dor. Infiltração de corticoide (20 mg de metilprednisolona); até duas
infiltrações. Exercícios de alongamento, em extensão do dedo
TENDINITES DO JOELHO
Tendinite Patelar (“Joelho do Saltador”)

 É uma síndrome de uso excessivo (overuse) do quadríceps,


estirando em demasia e repetidamente o tendão patelar durante
atividades de saltar e, menos comumente, correr e andar de
bicicleta.
 Atletas de voleibol e basquetebol
TENDINITES DO JOELHO
Tendinite Patelar (“Joelho do Saltador”)
TENDINITES DO JOELHO
Tendinite Patelar (“Joelho do Saltador”)

 Quadro Clínico: forte dor localizada na região infrapatelar, entre a


patela e a tuberosidade da tíbia, agravada pela deambulação, pelo
ato de descer escada ou rampa, correr, saltar, se agachar e levantar.

 Diagnóstico: exame clínico, que mostrará:


(1) dor à digitopressão na área do tendão patelar, que pode encontrar-se
edemaciado; e
(2) dor ao se agachar e levantar ou estender a perna contra resistência.
TENDINITES DO JOELHO
Tendinite Patelar (“Joelho do Saltador”)

 Tratamento conservador: crioterapia, AINE,


bandagem infrapatelar.
 Exercícios de alongamento (inicialmente) e de
extensão da perna (após o controle total da dor).
 Raramente: Cirurgia de debridamento do tendão
patelar
TENDINITES DO JOELHO
Tendinite poplítea

 O tendão mais acometido da região poplítea é o tendão do músculo


poplíteo (tendinite poplítea), seguido pelo tendão do bíceps
femoral (tendinite do bíceps femoral). Ambas tendinites ocorrem
pelo desgaste tendinoso em atividades de corrida.

 A tendinite poplítea ocorre em atividades de desaceleração do tipo


correr descendo uma rampa ou ladeira
TENDINITES DO JOELHO
Tendinite poplítea

 Quadro Clínico: dor na região posterolateral da fossa poplítea ao


deambular (principalmente ao correr).
• O exame físico pode sugerir o diagnóstico pela
digitopressão dolorosa da região posterolateral da fossa
poplítea e pela realização da manobra de Garrick.

• Tratamento conservador: crioterapia, AINE e


repouso. Exercícios de reforço do quadríceps femoral.
Infiltração de corticoide
TENDINITES DO TORNOZELO
Tendinite do Tendão de Aquiles

 Se manifesta em pessoas que usam de


forma excessiva (overuse) a flexão plantar
em atividades de corridas de longa
distância, especialmente quando
previamente descondicionados.
 Uso de salto alto
 Hiperpronação do pé (pé plano)
 Inflexibilidade tendinosa
 Uso prévio de fluoroquinolonas
TENDINITES DO TORNOZELO
Tendinite do Tendão de Aquiles

 Qadro clinico: dor na região posterior do calcanhar, desencadeada


pela flexão plantar para elevar o peso do corpo.
 O diagnóstico é feito pelo exame clínico (dor à digitopressão e
desencadeada pela posição na ponta do pé).
 Teste de Thompson
TENDINITES DO TORNOZELO
Tendinite do Tendão de Aquiles

 Tratamento: crioterapia + AINE + repouso + alongamento da


panturrilha + exercícios isométricos e isotônicos (a partir de 2-3
semanas).
 Sintomas persistentes: a infiltração de corticoide deve ser
desencorajada (risco de rotura tendinosa). Nos casos graves
refratários, recomenda-se a cirurgia de desbridamento do tendão.
TENDINITES
Critérios de Transferência
 Tendinites refractárias ao tratamento conservador e com deformidades

 Tendinites com ruptura do tendão em pacientes jovens

 Tenossinovite estenosante (dedo em gatilho)


Obrigado!

Você também pode gostar