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Retiro - Terceira Parte - Calvario
Retiro - Terceira Parte - Calvario
COROAÇÃO DE
ESPINHOS
Flagelação
"Que mal fez este homem? Nenhum motivo de morte encontrei nele!
Por isso vou soltá-lo depois de o castigar" (Lc 23,22).
João indica: "Pilatos, então, tomou Jesus e o mandou flagelar" (19,1).
Mateus escreve: "Quanto a Jesus, (Pilatos) depois de flagelá-lo,
entregou-o para que fosse crucificado" (27,26). Por sua vez, Marcos
assinala: "Depois de fazer flagelar Jesus, entregou-o para que fosse
crucificado" (Mc 15,15).
Flagelação
Quando Jesus sofreu a flagelação, ele já tinha passado de Anás
(]o 18,12) a Caifás, e deles a Pilatos, que o remeteu a Herodes Antipas
(Lc 23,6-12), que o devolveu a Pilatos ... Havia, portanto, sofrido um
arremedo de processo diante dos notáveis do seu povo (Mt 26,57-66
pa.}. Fora esbofeteado, escarrado, até mesmo espancado (Mt 26,67-
68; Mc 14,65; cf. Lc 22,63-65). O processo, jogo de cartas marcadas,
não foi diferente de tantos em que os juízes se ancoram em
formalidades do direito para encobrir com uma ficção de justiça os
interesses que os levam a condenar um inocente.
A coroação de
espinhos
Se os chefes agem assim, como
não procederão os chefetes? Alguém
refletiu que, nas ditaduras, mais
terríveis do que o ditador de plantão
A coroação de e seus ministros, são os policiais e
carcereiros. Mateus (27,29), Marcos
espinhos (15,17) e João (19,2) relatam como
os soldados encarregados da
flagelação acrescentaram-lhe o
cerimonial macabro da coroação de
espinhos.
Ora, a imagem do Sudário de Turim é a de uma
vítima de crucifixão que foi previamente flagelada e
também coroada de espinhos. O Dr. Pierre Barbet
descreve:
"Olhemos para o Sudário. O alto do crânio não
aparece ... Na imagem posterior se pode
espinhos
tribunal, sua mulher lhe mandou
dizer: 'Não te envolvas com este
justo, porque muito sofri hoje em
sonho por causa dele"'. (Mt 27,19)
Este episódio não deve ser descartado
como inverossímil. Pelo contrário, ele é
muito próprio da cultura romana,
bastante supersticiosa e atenta a
augúrios, sinais prodigiosos e sonhos.
espinhos
objetivo, digamos "científico", pois
incontáveis vezes temos
testemunhado os seres humanos
atormentarem e supliciarem seus
semelhantes em todos os tempos e
lugares ao longo da história.
Ora, quando se reduz toda a moral a
meros costumes e diz-se que o
normal é o que se pratica e se admite
numa dada sociedade; quando se
deixa a "opinião pública" e a
A coroação de contabilidade fria das estatísticas
guiarem as decisões, de fato estamos
espinhos admitindo que flagelar, coroar de
espinhos, crucificar são atos
"humanos". Jesus, o Inocente, tendo
assumido nossa condição, sofre esta
distorção perversa do sentido do
humano.
No folclore e na canção, tantas vezes o pecado é
sinônimo de alegria, de libertação, de
humanidade. Diz o verso: "morena da cor do
pecado". Contudo a figura de Cristo esfacelado e
alquebrado, com sua capa vermelha, sua coroa,
seus olhos cegados de sangue desmente este
O pecado
mito sedutor. No seu injusto processo, os
prazeres da alta sociedade romana, sua vontade
de poder, os vícios imperiais, a cadeia de
Os primeiros passos de Jesus neste itinerário foram de uma crueldade difícil de conceber pelo
sóbrio relato dos Evangelhos. Com efeito, os seus torturadores o tinham despido para a flagelação.
Para a coroação de espinhos, tinham colocado sobre seus ombros um farrapo de manto militar de
púrpura. Quando ele foi levado para ser crucificado (cf. Mt 27,31; Mc 15,20) arrancaram
literalmente de suas lanhadas costas aquele pedaço de pano.
Jesus na subida
para o Calvário
As dores para tirar uma gaze colada numa ferida contusa
são cruciantes. Exigem muita perícia e cuidados, uma boa
enfermagem, anestesia geral. Para Jesus não houve
atenções médicas. O pano foi puxado, estando colado às
suas feridas, os fios emaranhados aos nervos expostos.
Número incontável de dores percorreu todo o corpo do
Salvador numa explosão terrível, inimaginável.
Certamente as conseqüências foram tão visíveis que Mateus, Marcos e Lucas logo
mencionam que os soldados requisitaram as forças de Simão de Cirene (cf Mt 27,33; Mc
15,21; Lc 23,26).
Jesus na subida
para o Calvário
Estas dores logo se iriam repetir, quando, já no lugar da
crucifixão, o despiram de suas mesmas vestes antes de
pregá-la pelos pulsos no travessão horizontal para
suspendê-la. Diante deste tormento, não sabemos explicar
como Jesus não sofreu um colapso mortal.
Seus pés não pisaram asfalto. Hoje a Via Dolorosa é calçada. Certamente seu empedramento, se
houvesse, não era tão bem-feito quanto esta obra dos zelosos funcionários do Estado de Israel. O mais
certo é que possuía um chão irregular, arenoso e pedregoso. Por ele seguiram Cristo e seus
companheiros de suplício com os pés descalços. Dos três, a situação dele era a mais terrível: a coroa de
espinhos provocava hemorragias que lhe vedavam bastante os olhos. Não é pura imaginação vê-la
tropeçando, ferindo-se nos pés, caindo e machucando os joelhos ... Jesus chegou a carregar por um
trecho o travessão horizontal da cruz.
João nos diz:
"Então eles (os soldados) tomaram a Jesus. E ele saiu, carregando a sua cruz ... " (19,16-17)
Jesus na subida
para o Calvário
Mateus parece indicar que este trecho com a cruz foi
pequeno diante do estado lastimável a que o Senhor fora
reduzido:
A Hora vai
determinada pela justiça de
Roma, pelo poder do
Sinédrio e pelo grito da
multidão. Mas esta era a
chegando
Hora que ele, o vencido, o
exausto, o condenado, ia
conquistar como que por
dentro, ia converter na
Hora do seu Amor indizível
e soberano, na "sua Hora“
(]o 7,30; 8,20).