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Cuidados no diagnóstico em

psicopatologia

Profa. Vanessa de Jesus Proença


01
Conceitos e noções básicas
Semiologia | Signo | Sintoma
SEMIOLOGIA 
Ciência dos signos.
“[...] campo de grande importância para o estudo da linguagem (semiótica linguística), da música (semiologia musical), das artes
em geral e de todos os campos de conhecimento e de atividades humanas que incluam a interação e a comunicação entre dois
interlocutores por meio de um sistema de signos.”
  

SEMIOLOGIA MÉDICA 
"[...] o estudo dos sintomas e dos sinais das doenças, estudo este que permite ao profissional de saúde identificar alterações físicas
e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas."  

SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA 
"[...] o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais.”

DALGALARRONDO, 2008, p. 23
Signo e sinal
"O signo é o elemento nuclear da semiologia; ele está para a semiologia assim como a célula
está para a biologia e o átomo para a física. O signo é um tipo de sinal. Define-se sinal como
qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo. Assim, por exemplo, a fumaça é um sinal
do fogo [...] O signo é um sinal especial, um sinal sempre provido de significação. Dessa
forma, [...] a fala extremamente rápida e fluente pode ser um sinal/signo de uma
síndrome maníaca. A semiologia médica e a psicopatológica tratam particularmente dos
signos que indicam a existência de sofrimento mental, transtornos e patologias."

DALGALARRONDO, 2008, p. 24
SIGNO E SINAIS PARA A PSICOPATOLOGIA

SIGNOS | interessa aqueles que são sinais são objetivos; possível verificar pela observação direta do
paciente.

SINTOMAS | "[...] vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas e narrativas, aquilo
que o sujeito experimenta e, de alguma forma, comunica a alguém."

Então algumas “divisões” para signos, e que influencia na concepção de sintomas para psicopatologia
a partir de Dalgalarrondo.

DALGALARRONDO, 2008, p. 24
Roman Jakobson [1962] (1975) | O signo é constituído por dois elementos:

a) significante: suporte material; veículo do signo.

b) significado: aquilo que é designado e que está ausente no significante, o


conteúdo do veículo

DALGALARRONDO, 2008, p. 24
Charles S. Peirce [1904] (1974) | aposta na ideia de que significante e
significado se relacionam de três modos, tornando-se os seguintes
signos:

1. Ícone: signo onde o significante (suporte material) evoca imediatamente o


significado (conteúdo). Significante como foto do significado. Exemplo: desenhar
uma casa num pedaço de papel.

2. Índice: há uma relação de contiguidade, onde o significante aponta para o objeto


significado. Exemplo: Sinal de fumaça (significante) aponta para fogo (objeto
significado).

3. Símbolo: há distinção entre significante e significado. Exemplo: C-A-S-A, não é


sinônino do objeto casa.

DALGALARRONDO, 2008, p. 24
Dupla dimensão do sintoma
Um sintoma em psicopatologia é, ao mesmo tempo:

a) Um índice, pois aponta para uma disfunção. Exemplo: uma febre aponta um
processo infeccioso.

b) Um símbolo, pois um sintoma só pode ser compreendido a partir da


referência cultural e simbólica no qual está inserido.

"A semiologia psicopatológica, portanto, cuida especificamente do estudo dos


sinais e sintomas produzidos pelos transtornos mentais, signos que sempre
contêm essa dupla dimensão."

DALGALARRONDO, 2008, p. 25
Outras noções importantes

SEMIOTÉCNICA | Técnicas e procedimentos que irão auxiliar na observação, coleta e


posteriormente, descrição, dos sinais e sintomas.  
● Entrevistas (pacientes, familiares, instituições, etc); leitura de prontuários;  
● Habilidade de formulação nas perguntas e formas de aproximação - campo da comunicação |
"como" e "quando" fazê-las. 
● Observação de vestimenta, cheiros, como está a pessoa entrevistada – linguagem não verbal  
 
SEMIOGÊNESE | "é o campo de investigação da origem, dos mecanismos, do significado e do valor
diagnóstico e clínico dos sinais e sintomas".

DALGALARRONDO, 2008, p. 25-26


Outras noções importantes

SINDROMES  
● "agrupamentos relativamente constantes e estáveis de determinados sinais e sintomas" (p. 26).  
● "A síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas"
(p.26).  
● As síndromes - depressiva, paranóide - por si só pode ser considerada uma definição e  identificação "de causas
específicas e de uma natureza essencial do processo patológico"? 
 
ENTIDADES NOSOLÓGICAS  
● Podem ser nomeadas também como doença ou transtornos específicos.  
● "fenômenos mórbidos nos quais podem se identificar (ou pelo menos presumir com certa consistência) certos fatores
causais (etiologia), um curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicológicos e
psicopatológicos característicos, antecedentes genético familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou
menos previsíveis."
 
DALGALARRONDO, 2008, p. 26
"Em psicopatologia e psiquiatria, frequentemente somos obrigados a
trabalhar no âmbito das síndromes, pois, muitas vezes, o diagnóstico preciso
de entidades nosológicas, doenças ou transtornos específicos é difícil ou
incerto. Embora muito esforço tenha sido (há mais de 200
anos!) empreendido no sentido de se identificar transtornos mentais
específicos bem delimitados, na prática, isso ainda não se consegue em todos
os casos clínicos" 

DALGALARRONDO, 2019, epub.


02
NORMAL OU PATOLÓGICO?

QUAL A IMPORTÂNCIA DE PENSAR ISSO EM PSICOPATOLOGIA?


Alguns critérios de normalidade

1. Normalidade como ausência de doença


2. Normalidade ideal
3. Normalidade Estatística
4. Normalidade como bem-estar
5. Normalidade funcional
6. Normalidade como processo
7. Normalidade subjetiva
8. Normalidade como liberdade
03
PRINCIPAIS CAMPOS E TIPOS DE PSICOPATOLOGIA

DIVERSIDADE E POSSIBILIDADES
● Psicopatologia descritiva (forma) x Psicopatologia dinâmica (conteúdo)
● Psicopatologia comportamental-cognitivista x Psicopatologia psicanalítica
● Psicopatologia biológica x psicopatologia cultural
● Psicopatologia operacional pragmática x Psicopatologia fundamental
04
PRINCÍPIOS GERAIS DOS DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS  
Entre os aspectos fundamentais e os princípios gerais
Aspectos

1. Aspectos e fenômenos encontrados em todos os seres humanos


2. Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas, mas não em todas.
3. Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser humano em particular.
PRINCÍPIOS

● O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre baseado


preponderantemente nos dados clínicos.
● O diagnóstico psicopatológico não é, de modo geral, baseado em possíveis
mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador
● Não existe sinais e sintomas totalmente específicos
● Diagnóstico geralmente é possível pela observação do curso da doença
● Várias dimensões para o estabelecimento do diagnóstico
● Confiabilidade e validade do diagnóstico em psiquiatria
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. – 2. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. – 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.

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