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revisitando os documentos

elaborados pelos profissionais


da psicologia
Saúde suplementar e documentos psicológicos

Profa. Vanessa de Jesus Proença


● Introdução

● Organização administrativa do
trabalho

● Rol de procedimentos e eventos em


saúde

● Orientações técnicas e éticas

● Indicativos às(aos)
beneficiárias(os) de planos de
saúde

● Considerações finais
Constituição Federal de
PRINCÍPIOS DO SUS
1988
“[...] o acesso gratuito e UNIVERSALIZAÇÃO: acesso a saúde pública, gratuita e
universal à saúde é um direito de qualidade a toda população brasileira, sem
social garantido pelo Estado, qualquer tipo de distinção.
por meio de políticas sociais e
econômicas.” EQUIDADE: diminuir as desigualdades e diferenças por
meio de investimento em áreas mais vulneráveis, de
Sistema único de saúde maior carência.
(SUS)
“O SUS é uma organização INTEGRALIDADE: articulações possíveis envolvendo a
administrativa do Estado promoção, prevenção, tratamento, recuperação,
Brasileiro voltada à atenção reabilitação, entre outros. E, além disso, a
integral à saúde, mediante a integração das políticas públicas em saúde com as
oferta de serviços de promoção, demais.
proteção e também de sua
recuperação.”

Lei orgânica de saúde - 8.080/1990


Regulamenta as ações em serviços de saúde e prevê participação da iniciativa privada,
de maneira adicional. “A atuação da iniciativa privada nesta área pode ser suplementar
ou complementar.”

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


tipos de atuação da iniciativa privada na área da saúde

COMPLEMENTAR: “[..] ações e serviços de saúde que, embora sejam prestadas por
pessoas jurídicas de direito privado, são consideradas ações e serviços
públicos de saúde em razão da existência de uma relação jurídica específica,
concretizada por contratos ou convênios firmados entre essas pessoas jurídicas
e a União, os Estados ou os Municípios.”

● “Por firmarem contratos ou convênios com o Sistema Único de Saúde, às


pessoas jurídicas de direito privado integram esse sistema e submetem-se
a todas as suas diretrizes, princípios e objetivos, notadamente a
gratuidade, integralidade e universalidade.”

● Ex: hospitais, laboratórios, clínicas médicas, etc.


Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.
tipos de atuação da iniciativa privada na área da saúde

SUPLEMENTAR: “[...] é o setor que abriga os serviços privados de saúde


prestados exclusivamente na esfera privada. Representa uma relação jurídica
entre prestador de serviço privado de saúde e consumidor, organizada por meio
de planos de saúde [...].”

● Na saúde suplementar, as ações e serviços desenvolvidos não possuem


vínculo com o SUS, exceto, obviamente, os vínculos advindos das normas
jurídicas emanadas dos órgãos de regulação do Sistema (Ministério da
Saúde, Secretarias de Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
Agência Nacional de Saúde Suplementar, entre outros).

● EX: Planos de Saúde


Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.
Quem regula a iniciativa privada em saúde?

● Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) - Lei n.º 9.961 de 28 de


janeiro de 2000 - planos e seguros privados

● Objetivo: “regular, normatizar, controlar e fiscalizar atividades


que garantam a assistência suplementar à saúde.”

● “[...] a ANS é responsável pela manutenção da qualidade dos serviços


de assistência à saúde, se tornando assim uma instituição de caráter
social, tendo as mesmas diretrizes do que seja público no tocante
aos direcionamentos constitucionais relativos à saúde.”

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


organização administrativa do trabalho
● Profissionalização do serviço - “saber as regras do jogo”
● Investigar se o Plano de Saúde está registrado e regularizado pela
ANS
● Qual a forma de vínculo que a operadora admite?
○ Pessoa Física e Pessoa Jurídica

● Obrigatoriedade de contratos escritos entre Operadoras de Planos de


Saúde e suas(seus) prestadoras(es) de serviços.
○ Rol de procedimentos e serviços e suas problemáticas

○ Buscar suporte dos sindicatos (quando houver na região) ou da Federação


Nacional dos Psicólogos (FENAPSI).

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


procedimentos administrativos
Encaminhamentos e solicitações
● Resolução normativa (RN) ANS nº 428/2017 - “os procedimentos
previstos na legislação ‘serão de cobertura obrigatória quando
solicitados pelo médico assistente’”.

● “[...] o condicionamento da prestação de serviço psicológico à


solicitação médica fere a autonomia da profissão e o princípio da
integralidade, segundo o que estabelece a Lei n.º 4.119/62, à medida
que o modelo biomédico se coloca acima dos saberes e fazeres em
Psicologia.”

● Quantidade de sessões - 12 a 18 sessões

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


orientações técnicas e éticas
● Ao se vincular a um plano de saúde, deve-se ter atenção aos direitos e
deveres da(o) beneficiária(o) da saúde, estabelecido pela Portaria n.º
1.820/2009, do Ministério da saúde.

● Tempo de sessão - não há resolução do CFP dizendo quanto tempo deve


durar uma sessão. No entanto, em hipótese nenhuma ela deve ter tempo
inferior por ser via plano de saúde.

○ Se a instituição exige produtividade e para isso que os atendimentos


tenham durabilidade menor, deve-se argumentar com os princípios que regem
nossa profissão.

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


orientações técnicas e éticas
● Cobrança de faltas - pelo plano de saúde não é permitido

● Elaboração de documentos - com base na resolução CFP 06/2019

● Prontuários - com base na resolução CFP 01/2009

● Honorários - verificar porcentagem com cada operadora

● Contrato terapêutico - além do previsto por cada abordagem, inserir aquelas


referentes ao plano de saúde, por exemplo, quantidade de sessão

● Atendimento on-line - com base na resolução CFP 11/2018 e acordos com cada
plano de saúde

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


considerações importantes
● Qualidade do atendimento ofertado

● Portaria do MS 1820/2009 - participação nos conselhos e conferências de


saúde.

“[...] ‘toda pessoa tem direito a participar dos conselhos e conferências de


saúde e de exigir que os gestores cumpram os princípios anteriores’. Além
disso, o controle social em saúde suplementar pode ocorrer por meio da
participação de psicólogas(os) e beneficiárias(os) no processo de regulação e
definição do modelo assistencial da ANS, via conselhos e conferências de
saúde.”

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


considerações importantes
“[...] é importante assegurar um modelo de assistência que ofereça um
cuidado integral à saúde das pessoas, notadamente voltado à promoção da
saúde mental e à redução de fatores de risco à saúde incentivando ações
de autocuidado. Para tanto, faz-se necessária a construção coletiva de
possibilidades de atuação da Psicologia a partir de parâmetros éticos e
técnicos que garantam a autonomia profissional, a qualidade do trabalho
oferecido, bem como os direitos das(os) beneficiárias(os) dos Planos de
Saúde.”

Guia de orientação : psicologia e saúde suplementar. CFP, 2019.


documentos
elaborados
por
profissionais
da psicologia
Sobre a resolução CFP 06/2019
● Considera as diversas demandas que o profissional psi tem nos mais
diversos âmbitos de trabalho no que tange a elaboração de documentos.

● Pondera “[...] as implicações sociais decorrentes da finalidade do


uso dos documentos escritos produzidos pelas(os) psicólogas(os);”

● Seu objetivo é “orientar a(o) psicóloga(o) na elaboração de documentos


escritos produzidos no exercício da sua profissão e fornecer os
subsídios éticos e técnicos necessários para a produção qualificada da
comunicação escrita.”

Resolução CFP 06/2019


como a resolução é organizada?

I. Princípios fundamentais na elaboração de documentos psicológicos


II.Modalidades de documentos
III.Conceito, finalidade e estrutura
IV.Guarda de documentos e condições de guarda
V. Destino e envio de documento
VI.Prazo de validade do conteúdo dos documentos
VII.Entrevista devolutiva

Resolução CFP 06/2019


Art. 4.º O documento psicológico constitui
instrumento de comunicação escrita resultante da
prestação de serviço psicológico à pessoa, grupo
ou instituição.

§ 1.º A confecção do documento psicológico deve


ser realizada mediante solicitação da(o)
usuária(o) do serviço de Psicologia, de seus
responsáveis legais, de uma(um) profissional
específico, das equipes multidisciplinares ou das
autoridades, ou ser resultado de um processo de
avaliação psicológica.

§ 2.º O documento psicológico sistematiza uma


conduta profissional na relação direta de um
serviço prestado à pessoa, grupo ou instituição.

Resolução CFP nº 006/2019


Quais são os tipos de documentos psicológicos emitidos?

Declaração psicológica

A declaração psicológica é um documento que registra, de forma objetiva


e sucinta, informações pontuais sobre a prestação de serviços, tais
como: comparecimento e acompanhamento (tempo, dias e horários). Este
documento não deve ser utilizado para registrar sintomas, situações ou
estados psicológicos. Para saber mais informações sobre este documento e
sua estrutura consulte o artigo 9º da Resolução CFP Nº 006/2019.

Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região


Fonte: Centro de Estudos Avançados de Psicologia

Título

Nome completo ou nome social completo


da pessoa atendida

Finalidade do documento

Informações sobre local, dias, horários


e duração do acompanhamento psicológico.

Indicação do local e data de emissão,

Carimbo, em que conste nome completo ou


nome social completo da(o) psicóloga(o),
acrescido de sua inscrição profissional e assinatura.
Quais são os tipos de documentos psicológicos emitidos?

Atestado psicológico

O atestado psicológico certifica, com fundamento no diagnóstico psicológico,


uma determinada situação, estado ou funcionamento psicológico. Suas
principais finalidades são justificar faltas, impedimentos, afastamentos ou
dispensas, ou ainda justificar aptidão para atividades específicas após um
processo de avaliação psicológica. A informação emitida no atestado deve
possuir justificativa verificada tecnicamente e, em se tratando de afirmação
sobre aptidão para atividades específicas, deve se respaldar em processo de
avaliação psicológica no rigor da Resolução CFP Nº 009/2018.

Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região


Quais são os tipos de documentos psicológicos emitidos?

Atestado psicológico

Este documento deve ser requerido formalmente (informação a ser


registrada no prontuário psicológico) e deve se restringir às
informações solicitadas, incluindo o uso de classificações diagnósticas,
caso entenda pertinente.

Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região


Título

Nome completo
Identificação de quem
solicitou o documento e
descrição da razão ou
motivo do pedido
Quando
justificadamente
necessário, fica
Descrição das condições facultado à(ao)
psicológicas do psicóloga(o) o uso da
beneficiário do serviço Classificação
psicológico advindas do Internacional de
raciocínio psicológico ou Doenças (CID) ou
processo de avaliação outras Classificações
psicológica realizado, de diagnóstico,
respondendo a finalidade científica e socialmente
deste. reconhecidas, como
Carimbo, em que conste fonte para
nome completo ou enquadramento de
nome social completo da(o) diagnóstico
psicóloga(o),
acrescido de sua inscrição Local e data
profissional e assinatura.
Quais são os tipos de documentos psicológicos emitidos?

Relatório psicológico

O relatório psicológico comunica descritivamente a atuação profissional em


determinado caso, podendo gerar orientações, recomendações, encaminhamentos e
intervenções. Partindo da análise do registro documental do trabalho realizado, é
necessário avaliar quais dados serão pertinentes à finalidade e aos destinatários do
documento para, então, descrevê-los de forma contextualizada e fundamentada. A
narrativa deve ser detalhada, didática, precisa, harmônica e de linguagem acessível
ao destinatário. A descrição literal das sessões, atendimentos ou acolhimentos deve
ser utilizada apenas se justificada tecnicamente e acompanhada do raciocínio
técnico. Destaca-se que, embora este documento possa mencionar o diagnóstico
psicológico, essa não é sua finalidade.

Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região


Quais são os tipos de documentos psicológicos emitidos?

Laudo psicológico

O laudo psicológico resulta de um processo de avaliação psicológica e objetiva


subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Após a
devida análise dos dados obtidos e do registro documental da avaliação
psicológica realizada, é necessário avaliar quais dados são pertinentes à
finalidade e aos destinatários do documento para, então, descrever os resultados
do processo de forma contextualizada e fundamentada. O laudo psicológico deve
fornecer apenas as informações necessárias e relacionadas à demanda, relatando o
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese
diagnóstica, a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico.

Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região


Quais são os tipos de documentos psicológicos emitidos?

Parecer psicológico

O parecer psicológico oferece uma resposta sobre uma questão-problema


pertinente ao campo da Psicologia ou sobre algum documento psicológico,
visando subsidiar tecnicamente uma decisão. O parecer pode ser requerido por
meio de quesitos, sendo que cabe à/ao psicóloga/o avaliar se há condições
para respondê-los respeitando os limites de sua atribuição. Além disso, para
cumprir a finalidade deste documento é necessário conhecimento técnico
específico a respeito do assunto questionado, por isso, é fundamental que a/o
profissional faça uma autoanálise sobre sua aptidão para atender este tipo de
demanda.
Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região
Sobre o armazenamento dos documentos psicológicos

Os registros documentais do serviço psicológico devem ser arquivados por


ao menos 5 (cinco) anos. Esse prazo poderá ser ampliado nos casos
previstos em lei, por determinação judicial, ou ainda em casos
específicos em que a análise contextual pressupõe a manutenção da guarda
por maior tempo. Esse material deve ser arquivado de modo a preservar a
intimidade das pessoas, grupos e instituições atendidas, pois somente
essas e a fiscalização do Conselho Regional de Psicologia poderão
acessá-lo. A responsabilidade por esta guarda é da/o profissional e da
instituição que desenvolveu o trabalho.

Cartilha de Elaboração de Documentos - CRP 12ª Região


Para a semana que vem

Atividades do AVA no Encontro 3


Atividade de revisão sobre documentos psicológicos
Leitura do material Encontro 4

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