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Conhecimento e prova do direito estrangeiro

Aplicação do direito
estrangeiro material-Cont.

10/10/2021 MA Desejado Gabriel Mepina 1


Aplicação do direito
estrangeiro material-Cont.
• Para decidir juridicamente um caso
precisa o tribunal de conhecer duas
coisas os factos e o direito. Em regra, os
factos são alegados e provados pelas
partes (princípio dispositivo), ao passo
que o direito devera ser conhecido pelo
tribunal, ou ser investigado e
determinado por sua própria iniciativa
(princípio da oficiosidade): iura novit
curia.
• Mas poderá exigir-se do tribunal o
conhecimento e a aplicação oficiosa do
direito estrangeiro?

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• Nos países anglo-saxónicos, o direito
estrangeiro é tratado como um facto que tem
de ser alegado e provado pelas partes. Todavia
esta prova, que deve ser feita principalmente
através de peritos, não é atualmente apreciada
Aplicação do pelo júri (como a prova dos factos), mas pelo
juiz.
direito • Na França, os tribunais não aplicam por via de
regra o direito estrangeiro oficiosamente, mas
estrangeiro apenas quando as partes nele se baseiam. A
prova é geralmente posta a cargo das partes
material-Cont. (certificats de coutumes). Na doutrina
francesa, porém, continua em aberto a
discussão sobre o problema de aplicação ex
officio do direito estrangeiro, bem como a
questão de saber se e suscetível de cassação a
sentença que tenha violado esse direito

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• Na Alemanha, admite-se (como base
no 293 ZPO) que o tribunal deve aplicar
ex officio o direito estrangeiro e, na
Aplicação do medida do possível, investigar por sua
iniciativa o respetivo conteúdo a parte
direito que fundamenta a sua pretensão em
tal direito. O mesmo se passa no
estrangeiro ordenamento austríaco. Solução
material-Cont. idêntica vigora na Suécia, mas baseada
em texto legal mais explícito( 2.º
código de processo civil de 18-6-1942).

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• É esta também a orientação atualmente
dominante em diversos outros países: o
juiz deve conhecer e aplicar oficiosamente
Aplicação do o direito estrangeiro, mas poderá exigir
das partes a sua prova, sempre que tal se
direito revele necessário. De igual modo, a
doutrina largamente dominante vota
estrangeiro decididamente no sentido da aplicação ex
officio do direito estrangeiro e da
material-Cont. admissibilidade de uma recurso de
cassação ou revista para o Supremo
Tribunal com fundamento em violação
falsa interpretação ou incorreta aplicação
de tal direito.

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• Vejamos agora qual é a posição do direito
moçambicano, quanto a este ponto. Segundo o art.
348.º , 1, do Cód. Civ.,embora a parte que invoca o
direito estrangeiro deva produzir a prova da existência
e do conteúdo desse direito, deve porem o juiz,

Aplicação do
oficiosamente, servir-se dos meios ao seu alcance para
obter o respetivo conhecimento (²). Do nº 2 do
• mesmo artigo resulta ainda que o juiz, sempre que lhe
direito cumpra decidir com base em direito estrangeiro, deve
conhecer e aplicar este ex officio, isto e,

estrangeiro independentemente da sua invocação pelas partes( cfr.


Ainda o nº. 3 do mesmo artigo). Por outro lado, do art.
721.º, 2 e 3, do CPC, resulta que a violação do direito
material-Cont. estrangeiro consistia em erro de interpretação ou
aplicação quer em erro de determinação da norma
aplicável, constitui fundamento do recurso de revista.
Temos assim que o direito estrangeiro é tratado pela
nossa lei, mesmo sob o aspecto processual, como
direito – e não como outro facto.

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Aplicação do
direito
estrangeiro
material-Cont. • Muito Obrigado

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