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POLÍTICAS DE

ATENÇÃO À SAÚDE
DA MULHER
Prof. Ms. Perpetua Mendes
Herpes genital
■ Os Herpes simplex virus (HSV), tipos 1 e 2, pertencem à família Herpesviridae, da qual
fazem parte o citomegalovírus (CMV), o varicela zoster vírus (VZV), o Epstein ‑Barr
vírus (EBV), o herpes-vírus humano 6 (HHV‑6) e o herpes-vírus humano 8 (HHV 8).
■ Embora os HSV 1 e 2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há
predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais
■ A transmissão é feita por contato íntimo com indivíduo transmissor do vírus, a partir de
superfície mucosa ou lesão infectante. O HSV é rapidamente inativado em temperatura
ambiente e após secagem, o que faz com que a disseminação por aerossóis ou fômites
seja rara.
■ O vírus ganha acesso através de escoriações na pele ou contato direto com a cérvice
uterina, uretra, orofaringe ou conjuntiva
■ Atualmente, tem sido reconhecida a importância do HSV na etiologia de úlceras
genitais, respondendo por grande percentual dos casos de transmissão do HIV, o que
coloca o controle do herpes como uma prioridade
■ As manifestações clínicas da infecção pelo vírus herpes simples dependem,
principalmente, das características do vírus, da imunidade do hospedeiro e da
predisposição genética do paciente (PENELLO et al., 2010).
■ A proporção de infecções herpéticas sintomáticas é estimada entre 13% e 37% dos
casos
■ O quadro clínico da infecção pelo HSV pode ser dividido em primoinfecção herpética e
surtos recidivantes.
■ A primoinfecção herpética tem um período de incubação médio de seis dias. Em geral, é
uma manifestação mais grave caracterizada pelo surgimento de lesões
eritemato‑papulosas de um a três milímetros de diâmetro, que evoluem rapidamente
para vesículas sobre base eritematosa, são muito dolorosas e de localização variável na
região genital.
■ O quadro clássico da primoinfecção herpética frequentemente é precedido por febre,
cefaleia, mialgias .
■ Pode ocorrer disúria, com ou sem retenção urinária.
■ Aparecem precocemente durante o curso da doença e, geralmente, desaparecem antes
da cura das lesões.
■ Posteriormente, há formação das vesículas eritematosas, ulceração e re ‑epitelização,
durando todo o quadro cerca de duas ou três semanas.
■ A formação de cicatriz é incomum
■ Nas mulheres, em especial, pode ocorrer um quadro similar a uma infeção urinária
baixa
■ A linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral está presente em 50% dos casos. Quando
há acometimento do colo do útero, é comum o corrimento vaginal, que pode ser
abundante.
■ Nos homens, o acometimento da uretra pode provocar corrimento uretral e, raramente, é
acompanhado de lesões extragenitais.
■ O quadro clínico pode durar de duas a três semanas
■ Após a infecção primária, o vírus pode ficar em estado de latência em gânglios de
nervos cranianos ou da medula.
■ Quando reativado por diferentes motivos, o HSV migra através dos nervos periféricos,
retornando à pele ou mucosa e produzindo a erupção do herpes simples recidivante.
■ Após a infecção genital primária por HSV 2 ou HSV 1, respectivamente, 90 e 60% dos
pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação dos
vírus
■ A recorrência das lesões pode estar associada à presença de quadro febril, exposição à
radiação ultravioleta, traumatismos, menstruação, estresse físico ou emocional,
antibioticoterapia prolongada e imunodeficiência
■ . Geralmente, essa recorrência tende a ser na mesma localização da lesão inicia
■ O quadro clínico das recorrências é menos intenso quando comparado ao observado na
primoinfecção.
■ É precedido pelos sinais prodômicos característicos: aumento de sensibilidade, prurido,
“queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital (no herpes
genital)
■ O diagnóstico da infecção é iminentemente clínico. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2016e)
recomenda que o tratamento seja realizado com antivirais (aciclovir, via oral), conforme
estágio da doença e sob a orientação médica
■ . Esse tratamento, quando feito precocemente, é eficaz para reduzir a intensidade e duração
do episódio.
■ É importante mencionar que o tratamento das lesões locais pode ser realizado com a
aplicação de compressas de solução fisiológica ou degermante em solução aquosa, para
higienização das lesões.
■ O uso de pomadas com antibiótico é indicado somente nos casos de infecção secundária, e os
analgésicos orais podem ser prescritos, caso haja necessidade. Ressalta ‑se que não há
associação entre herpes simples genital e câncer
Doença inflamatória pélvica
■ A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma inflamação da região pélvica em função da
propagação de microrganismos a partir do trato genital inferior (vagina e colo do útero)
para o trato genital superior (endométrio, tubas uterinas e estruturas adjacentes).
■ A ascensão de microrganismos pode ser espontânea ou proveniente de sua
manipulação, como a inserção do dispositivo intrauterino (DIU), a biópsia de
endométrio, a curetagem, entre outros (DEKKER et al., 2014; BRASIL, 2016e)
■ . A virulência dos germes e a resposta imune definem a progressão da doença, o que
inclui endometrite, salpingite, pelviperitonite, ooforite, peri‑hepatite (síndrome de
Fitz‑Hugh‑Curtis) e abscesso tubo‑ovariano ou de fundo de saco de Douglas
■ Em 60% dos casos, a DIP acontece em função de um microrganismo sexualmente
transmitido.
■ A DIP é considerada um sério problema de saúde pública e constitui uma das mais
importantes complicações das IST (BRASIL, 2016e). A prevalência da inflamação
pélvica é subestimada, pois a maioria dos casos é subclínica – mais de 60% dos casos. A
maior prevalência é em mulheres sexualmente ativas entre 15 e 24 anos de idade
(HALBE; CUNHA, 2010).
■ Está associada a importantes sequelas em longo prazo, causando morbidades
reprodutivas que incluem a infertilidade por fator tubário, a gravidez ectópica e a dor
pélvica crônica (em 18% dos casos).
■ A mortalidade, após o uso adequado de antibióticos, reduziu‑se praticamente a zero nos
países desenvolvidos
■ Os fatores de risco para DIP incluem as IST prévias ou atuais
(pessoas com infecção por clamídia, micoplasmas e/ou
gonococos na cérvice uterina apresentam um risco aumentado
de DIP); múltiplas parcerias sexuais e parceria sexual atual
com uretrite; e o uso de método anticoncepcional (o DIU pode
representar um risco três a cinco vezes maior para o
desenvolvimento de DIP, se a paciente for portadora de
cervicite
■ Os sintomas da DIP variam,
dependendo da forma da infecção
(aguda, subaguda ou crônica), mas a
presença de dor é comum a todos os
tipos de infecção (LOWDERMILK,
2012).
■ Para Halbe e Cunha (2010), o quadro
clínico descrito a seguir é sugestivo
de DIP: dor no baixo ventre ou na
região lombossacral e sintomas
genitourinários (por exemplo,
corrimento, sangramento vaginal,
dispareunia e disúria); febre, dor no
hipocôndrio direito e náuseas ou
vômitos sugerem peri-hepatite (15%
dos casos).
■ Para a investigação da DIP, ao realizar o exame físico, o profissional de saúde deve
avaliar os seguintes parâmetros (HALBE; CUNHA, 2010):
■ • temperatura axilar maior que 38 °C;
■ • dor à palpação e descompressão brusca dolorosa no baixo ventre;
■ • dor à palpação do colo uterino e dos anexos;
■ • palpação de tumor anexial doloroso (abscesso tubo‑ovariano);
■ • abaulamento doloroso do fundo de saco vaginal (abscesso pélvico);
■ • canal cervical com corrimento branco, amarelado ou sangramento induzido
■ O tratamento da DIP deve ser iniciado imediatamente nas mulheres jovens, sexualmente
ativas, com queixa de desconforto ou dor pélvica e que preencham os critérios clínicos
para a doença.
■ O esquema terapêutico a ser utilizado dependerá do agente etiológico e deve apresentar
ampla cobertura antimicrobiana para a doença (BRASIL, 2016e). Halbe e Cunha (2010)
acrescentam que a escolha dos antibióticos dependerá da disponibilidade, da tolerância e
do juízo clínico
■ A decisão de tratar a mulher ou de
referi‑la para uma unidade de maior
complexidade deve estar
fundamentada na gravidade do
quadro clínico e nas condições locais
de trabalho para a assistência e
cuidados, considerando que o atraso
no tratamento pode acarretar danos
irreversíveis ao sistema reprodutor
feminino
■ De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016e), o tratamento
ambulatorial deve ser oferecido às mulheres que apresentam quadro clínico leve e exame
abdominal e ginecológico sem sinais de pelviperitonite.
■ Os critérios para indicação do tratamento hospitalar de DIP são os seguintes:
■ • abscesso tubo‑ovariano;
■ • gravidez;
■ • ausência de resposta clínica após 72 horas do início do tratamento com antibioticoterapia
oral;
■ • intolerância a antibióticos orais ou dificuldade para seguimento ambulatorial;
■ • estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre;
■ • dificuldade em exclusão de emergência cirúrgica (exemplos: apendicite, gravidez ectópica).
■ A educação em saúde é fundamental para o tratamento efetivo da DIP. Nesse sentido,
Lowdermilk
(2012) recomenda que o enfermeiro deve:
■ • orientar as mulheres sobre a natureza da doença;
■ • incentivar a adesão a todas as recomendações da terapia, enfatizando a necessidade de ingerir
■ todos os medicamentos, mesmo quando os sintomas desapareceram;
■ • aconselhar a abstinência das relações sexuais até o final do tratamento;
■ • oferecer aconselhamento contraceptivo;
■ • aconselhar a utilização de preservativo durante a relação sexual;
■ desaconselhar a utilização do DIU como método contraceptivo para as mulheres com história de
DIP

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