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COISAS VAGAS

“Achado não é roubado e


deve ser devolvido ao seu
verdadeiro dono.”

Luciana, Elika, Elenir, Anderson, Diego, Mariana e Vitor Risso.


CONCEITO

• É a coisa perdida pelo dono e achada por outrem. Embora a


coisa esteja perdida, não deixa de pertencer a seu dono, não
se extinguindo a propriedade pelo fato da perda.
PREVISÃO LEGAL

• Tanto o Código Civil como o Código de Processo Civil trazem disposições


acerca da coisa vaga;

• O Código Civil, em seu Artigo 1.233, basicamente traz a ideia de que ‘’se
achou coisa alheia perdida, deve devolver!’’.

• Enquanto que o Código de Processo Civil, em seu Artigo 746, nos responde
de forma breve os seguintes questionamentos: ‘’E se eu não sei quem é o
dono? Como devo proceder quando achar uma coisa perdida? Como
saber se de fato aquela coisa pertencer a aquela pessoa?
• Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.

• Art. 746. Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz


mandará lavrar o respectivo auto, do qual constará a descrição
do bem e as declarações do descobridor.

• §1º Recebida a coisa por autoridade policial, esta a remeterá em


seguida ao juízo competente.
• §2º Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital na rede mundial
de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na
plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça ou, não havendo
sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que o dono ou o
legítimo possuidor a reclame, salvo se se tratar de coisa de pequeno
valor e não for possível a publicação no sítio do tribunal, caso em que o
edital será apenas afixado no átrio do edifício do fórum.

• §3º Observar-se-á, quanto ao mais, o disposto em lei.


PROCEDIMENTO

• Uma vez encontrado o bem, o descobridor deve buscar encontrar o


seu dono, não sendo possível ou não conseguindo encontra-lo,
deverá entregar a coisa à autoridade policial ou judicial, podendo
ser qualquer bem móvel e ainda se localizado o dono a própria
autoridade policial poderá devolve-lo, mediante termo de
arrecadação, seguindo os procedimentos cabíveis.
RECOMPENSA

• A recompensa para quem descobrir a coisa e devolver ao dono, é não inferior


a 5% do valor da coisa, a ser arbitrado pelo magistrado. Além disso, possui
direito a indenização com relação às despesas realizadas com o transporte e
conservação da coisa.

• Segundo o art. 1.234, parágrafo único, na determinação do montante da


recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para
encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este
de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
APROPRIAR-SE DA COISA ACHADA É
CRIME

• O Código Civil, juntamente com o Código de Processo Civil trazem o


procedimento correto para aqueles que acham o objeto/bem e
possuem a intenção de devolver. Por outro lado, o Código Penal com
a intenção da proteção da inviolabilidade do patrimônio, mais
particularmente do direito de propriedade, busca penalizar e tipifica
a apropriação de coisa alheia como uma espécie de apropriação
indébita, mas com pena mais branda.
COISA PERDIDA X COISA ABANDONADA

• Importante esclarecer que todo o procedimento especificado neste


artigo diz respeito às coisas perdidas, pois o Código Civil dá
tratamento diferente à coisa abandonada. A coisa abandonada (res
derelictae) pode ser legalmente apropriada por quem a encontre.
O art. 1.263 do Código Civil estabelece essa possibilidade de
aquisição originária de bem móvel.
MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL. HIPÓTESE DE CABIMENTO. DEPÓSITO JUDICIAL.
FAVORECIDO CITADO POR EDITAL. AUTOS ARQUIVADOS. LEVANTAMENTO DE QUANTIA PENDENTE. RESOLUÇÃO
16/2016. DECLARAÇÃO DE COISA VAGA. APLICABILIDADE. PUBLICAÇÃO DE EDITAL NECESSIDADE. ARTIGO 746,
§ 2º, CPC. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. 1. Trata-se de mandado de segurança impetrado pela
Curadoria Especial em que se postula a anulação de ato judicial que, a pretexto de concretizar o comando no artigo 23,
inciso IV e parágrafo único, da Resolução nº 16/2016, declarou como coisa vaga o depósito judicial efetivado em favor
de empresa citada por edital em ação de consignação em pagamento transitada em julgado e determinou a perda do
crédito em favor da União. 2. A despeito de ser vedada a impetração de mandado de segurança para impugnação de
decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009 e Súmula nº 268 do STJ) e como sucedâneo
de recurso (inciso II do citado dispositivo legal e Súmula nº 267 do STJ) ou de ação rescisória, admite-se seu cabimento
para defesa de direito líquido e certo diante da alegação de que o ato judicial confrontado é irrecorrível ou se reveste de
ilegalidade, abuso de poder ou teratologia. 3. A concessão da ordem postulada em mandado de segurança pressupõe, em
linhas gerais, a comprovação, por meio de prova pré-constituída, da existência de um direito líquido e certo violado ou em
risco de ser violado, em decorrência de ilegalidade ou abuso de poder por parte de uma autoridade. 4. Considerada a
impossibilidade de manter-se os autos arquivados no qual consta depósito pendente de levantamento, em função do
disposto no artigo 23, inciso IV, da Resolução nº 16/2016, a declaração de coisa vaga mostra-se plenamente cabível nesta
situação, à luz do disposto no art. 140 do CPC e art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, haja vista a
semelhança prática existente com a identificação de bens perdidos, revelando-se a declaração de coisa vaga como uma
solução jurídica eficaz aos casos em que determinado bem, por qualquer motivo, não alcança seu proprietário. 5. Impõe-se,
no entanto, observar a regra do artigo 746, § 2º, do Código de Processo Civil que estabelece a necessidade de
publicação de edital para que o dono ou o legítimo possuidor a reclame. 6. Uma vez constatado que a decisão de
declaração do depósito judicial como coisa vaga não foi devidamente publicada e não foi antecedida da publicação
de edital, conclui-se pela ofensa ao princípio da publicidade e do devido processo legal, impondo-se a sua cassação.
7. Segurança parcialmente concedida.
(TJ-DF 07023054620208070000 DF 0702305-46.2020.8.07.0000, Relator: CESAR LOYOLA, Data de Julgamento: 18/05/2020, 2ª Câmara Cível, Data de
Publicação: Publicado no PJe : 06/06/2020 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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