aricoldi@uol.com.br Cidadania e Direitos Humanos “Mundo Antigo” clássico: condição de privilégio
Atualidade: processo iniciado no século XVIII, por meio
das suas diversas revoluções
Condição de titularidade de direitos, garantidos aos
cidadãos pelo Estado
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
estabeleceram um padrão mínimo de garantia de direitos. Origens do conceito moderno Revolução Francesa: primeira “Declaração de Direitos do Homem”
Olympe de Gouge, revolucionária e escritora, escreve a
“Declaração de Direitos da Cidadã”, em 1791, onde reivindicava o "direito feminino a todas as dignidades, lugares e empregos públicos segundo suas capacidades“, já que "se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela deve poder subir também à tribuna".
Em razão disso foi julgada, condenada à morte e
guilhotinada em 3 de março de 1793, por "ter querido ser um homem de estado e ter esquecido as virtudes próprias do seu sexo” Cidadania no Masculino Cidadãos Cidadãs Público Privado Robustos/Fortes Frágeis/Delicadas Força de espírito/Raciocínio Idéias Débeis/Desconexas Gestão Pública Cuidados Domésticos Defesa da propriedade, segurança, Garantia da ordem da casa, da limpeza, igualdade, liberdade do bem-estar e da paz Fonte: textos do periódico Révolution de Paris citados por Groppi (1994), páginas 15 e 16. André Amar, deputado, 1793
”as funções privadas a que as mulheres
são destinadas pela própria natureza são inerentes à ordem geral da sociedade; essa ordem social é resultado da diferença que existe entre homem e mulher “ Cidadania – Conceito Marshall (1949) classifica os direitos humanos em: Civis (séc.XVIII): direito a vida, à liberdade, à livre expressão de opinião e de culto religioso, direito de ir e vir, etc. Políticos (séc. XIX):o direito a votar e ser votado, a participar da vida política Sociais (séc. XX): direito à saúde, moradia, educação, lazer etc No Brasil Diferente trajetória: como no restante da América Latina, a tradição autoritária privilegia os direitos sociais em detrimento dos direitos civis e políticos
Um exemplo disso é que, sob ditadura de
Getúlio Vargas há a conquista de importantes direitos sociais trabalhistas: a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, (1946) Direitos Políticos das Mulheres Voto feminino é concedido em 1932.
No entanto, até hoje as mulheres têm
dificuldade em se candidatar e ser votadas. Dados da UIP (União Inter Parlamentar) mostra que a participação feminina no parlamento brasileiro é de 9%, em 107º lugar
Lei de Cotas é estabelecida em 1995, porém,
seus efeitos foram poucos, apesar de algum avanço Direitos Sociais Desde a CLT, as mulheres têm garantidos direitos na esfera do trabalho, como a licença-maternidade e licença- amamentação.
São maioria no trabalho informal e de jornada parcial.
Muitos empregadores ainda discriminam mulheres por as considerarem as empregadas como menos comprometidas com o trabalho, mais sujeitas a ausências por motivos familiares e licenças-maternidades.
As mulheres são mais escolarizadas, porém, estão em
profissões de menor prestígio e por isso, pior remuneradas Direitos Civis Até a Constituição de 1988, o homem era considerado o chefe da família e a cabeça do casal. O Novo Código Civil, incorporando tais modificações, só é promulgado em 2002
Apesar de estabelecer a igualdade entre os sexos,
muitas mulheres continuam submetidas à violência marital, por motivos sociais, econômicos, culturais... As autoridades ainda hesitam em interferir em “briga de marido e mulher”.
Na prática, mulheres têm o direito de ir e vir, mas, de
fato, podem exercê-lo ? Direitos Civis II A “legítima defesa da honra” já não é mais aceita, mas frequentemente é utilizada de forma disfarçada, sob a atenuante “violenta emoção”
A expressão “mulher honesta” só em 2005 foi retirada
do Código Penal: tal expressão fazia referência à conduta sexual feminina e poderia amenizar crimes cometidos por homens contra mulheres.
O estupro era considerado um “crime contra os
costumes”: só podia ser investigado com autorização da vítima. Podia ser “perdoado” e sua punição fica extinta se a vítima se casasse com o estuprador. Algumas Reflexões A partir da era moderna, gradualmente,a mulher tem sido associada à esfera privada, ou doméstica
Ainda permanece uma idéia, na cultura
brasileira e de muitos outro países, de que as mulheres pertencem aos homens, de maneira semelhante a outros bens materiais. Essa afirmação, embora possa parecer exagerada para alguns, fica evidenciada na maneira como, em determinadas situações, as mulheres são passíveis de serem controladas, disciplinadas e punidas
A existência (e a persistência) de uma violência
chamada “contra as mulheres”, isto é, que acontece contra as mulheres e em razão de seres mulheres, apenas reforça essa idéia. Ex: Caso Geyse Constituição de 1988 • Traz muitos avanços para as mulheres. Uma conquista importante é o Art. 226, sobre a proteção do Estado à família. No parágrafo 8º:
• “O Estado assegurará a assistência à família na
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações” Esse pequeno parágrafo, conquistado, em grande parte, a partir da luta feminista, é o dispositivo que garantiu a elaboração da Lei Maria da Penha