já ocorridos; possui relação com o nível de consciência, com a atenção e com o interesse afetivo.
Lei de Ribot: indivíduo que sofre lesão cerebral
tende a perder os conteúdos da memória na ordem e no sentido inverso que os adquiriu. A Memória e Suas Alterações Alterações patológicas da memória: a) Alterações quantitativas Hipermnésias: ocorrem quando as representações afluem rapidamente, ganhando em número, porém perdendo em clareza e precisão. Amnésias ou hipomnésias: perda da capacidade de fixar ou da capacidade de manter e evocar conteúdos mnêmicos. - Amnésias psicogênicas – perda de elementos mnêmicos focais com valor psicológico específico. - Amnésia orgânica – amnésia bem menos seletiva; segue, em geral, a lei de Ribot. - Amnésia anterógrada – incapacidade de fixação de elementos mnêmicos a partir da ocorrência de evento causador de dano cerebral. - Amnésia retrógrada – perda da memória para fatos ocorridos antes do trauma. A Memória e Suas Alterações b) Alterações qualitativas - Ilusões mnêmicas: acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória – esquizofrenia, paranóia, histeria grave, transtornos da personalidade. - Alucinações mnêmicas: criações imaginativas com aparência de lembranças e que não correspondem a nenhum elemento mnêmico – esquizofrenia. - Fabulações: elementos de imaginação completam artificialmente as lacunas de memória – síndrome de Korsakoff, traumas cranianos. - Criptomnésias: lembranças aparecem como fatos novos – demência. - Ecmnésia: revivescência intensa, abreviada e panorâmica da existência – epilepsia, iminência de morte, histeria grave, hipnose. - Lembrança obsessiva: surgimento espontâneo de conteúdos mnêmicos que, uma vez instalados, não podem ser repelidos voluntariamente – transtorno obsessivo-compulsivo. A Memória e Suas Alterações Transtornos do reconhecimento:
- Agnosias: déficits do reconhecimento de estímulos
sensoriais, objetos e fenômenos, que não podem ser explicados por um déficit sensorial, por transtornos da linguagem ou por perdas cognitivas globais. - Falsos reconhecimentos e falsos desconhecimentos: identificação de pessoas como sendo de sua família ou como sendo velhos conhecidos; não-reconhecimento de pessoas muito familiares – síndrome de Capgras, síndrome de Frégoli, síndrome de intermetamorfose, síndrome do duplo subjetivo, déjà-vú, jamais-vú, pseudologia fantástica. A Afetividade e Suas Alterações Vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas. Tipos de vivências afetivas: Humor ou estado de ânimo – tônus afetivo do indivíduo, estado emocional basal e difuso no qual se encontra a pessoa em determinado momento. Emoções – reações afetivas agudas desencadeadas por estímulos significativos. Sentimentos – estados e configurações afetivas estáveis, geralmente associadas a conteúdos intelectuais e valores (tristeza, alegria, agressividade, atração pelo outro, perigo, narcísico). Afetos – qualidade e tônus emocional que acompanham uma idéia ou representação mental. Paixões – estado afetivo extremamente intenso, onde a atenção e o interesse do indivíduo são captados e dirigidos para um só caminho, inibindo os outros interesses. A Afetividade e Suas Alterações Alterações patológicas da afetividade: a) Alterações do Humor - Distimia: alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição como no da exaltação – não confundir com transtorno distímico. - Humor triste e ideação suicida: ocorrências de idéias relacionadas à morte, idéias suicidas, planos suicidas, atos e tentativas de suicídio, associadas com um humor depressivo. - Disforia: distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada – presença de irritação, amargura, desgosto ou agressividade. - Euforia ou alegria patológica: humor morbidamente exagerado com predomínio de alegria intensa e desproporcional às circunstâncias. A Afetividade e Suas Alterações - Elação: além da alegria patológica, presença de uma sensação subjetiva de grandeza e de poder. - Puerilidade: aspecto infantil, simplório e regredido da alteração do humor. - Estado de êxtase: experiência de beatitude, sensação de dissolução do eu no todo. - Irritabilidade patológica: hiperreatividade desagradável, hostil e agressiva a estímulos do meio exterior. - Ansiedade: estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável – presença de manifestações somáticas e fisiológicas. - Angústia: sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão e de sufocamento – conotação mais corporal e mais relacionada ao passado. A Afetividade e Suas Alterações b) Alterações das emoções e dos sentimentos - Apatia: diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva – quadros depressivos. - Hipomodulação do afeto: incapacidade de modulação da resposta afetiva de acordo com a situação existencial – rigidez na relação com o mundo. - Inadequação do afeto ou paratimia: reação incongruente a situações existenciais. - Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo: perda progressiva e patológica das vivências afetivas – síndromes psicorgânicas, demências, esquizofrenia. - Embotamento afetivo e devastação afetiva: perda profunda de todo tipo de vivência afetiva; observável pela mímica, postura e atitude do sujeito – esquizofrenia. - Sentimento de falta de sentimento: incapacidade para sentir emoções, vivenciada de forma penosa pelo sujeito – quadros depressivos graves. - Anedonia: incapacidade de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da vida – síndromes depressivas, quadros esquizofrênicos crônicos, transtornos de personalidade e neuroses graves. A Afetividade e Suas Alterações - Labilidade afetiva e incontinência afetiva: mudanças súbitas e imotivadas do humor, sentimentos ou emoções – depressão ou mania, ansiedade grave, esquizofrenia, quadros psicorgânicos. - Ambivalência afetiva: sentimentos opostos em relação a um mesmo estímulo ou objeto, ocorrendo simultaneamente – esquizofrenia. - Neotimia: sentimentos e experiências afetivas inteiramente novas vivenciadas por psicóticos. - Medo: estado de progressiva insegurança, angústia, impotência, ante a impressão iminente de que algo ocorrerá. - Fobias: medos desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real. - Pânico: reação de medo intenso, relacionada a um perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração; crises agudas e intensas de ansiedade. - Ciúme: fenômeno emocional onde o indivíduo sente receio, medo, tristeza ou raiva diante da idéia de que a pessoa amada gosta mais de outra pessoa e poderá abandoná-lo. - Inveja: sensação de desconforto, raiva e angústia perante a constatação de que outra pessoa possui objetos, qualidades, relações que o indivíduo gostaria de ter. Caso 1
“O paciente pode dizer exatamente o caminho
que seguiu de bicicleta até certo ponto do povoado que se encontra muito distante do lugar onde sofreu o acidente, porém não pode recordar em absoluto o último trecho do caminho, assim como não guarda nenhuma lembrança do próprio acidente nem de nada mais do ocorreu até que recuperou a consciência no Hospital. Do último trecho do trajeto, assim como dos dias transcorridos até voltar a si no Hospital não conserva nenhuma lembrança”. Caso 2 “Como se fosse uma onda de sofrimento, de incompreensão, de desarmonia, de impotência; um estranho sentimento, muito íntimo, de ausência de vontade de agir ... sem desejo para nada ... Há ausência quase absoluta dessa força espiritual que impulsiona as idéias e nos faz pensar em algo ... Parece que o meu receptor mental, que normalmente tem certa quantidade de fluido gerador de força, tinha carga muito reduzida ... diríamos como a luz amarela de um carro com acumulador descarregado, que só ilumina um metro de caminho, impossibilitando a visão da perspectiva. O que se experimenta com maior intensidade é uma enorme onda de algo que é mais do que sofrimento e impotência juntos, que asfixia o espírito ... Sinto enorme peso de arrependimento e pesar por ter ocasionado sofrimento aos meus, pois eu matei minha mãe de preocupação com todas as minhas loucuras. Tudo isso me faz desejar a morte ...”.