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1 ANTES DE MIM

A GENÉTICA
1 Introdução

A compreensão do comportamento e dos processos mentais seria


impensável se nos faltasse o conhecimento de fenómenos biológicos
intimamente relacionados com a nossa vida psicológica. A biologia
tem um papel de relevo na determinação do modo como pensamos,
agimos e sentimos. Os aspetos biológicos diretamente relevantes
para uma mais profunda compreensão do nosso funcionamento
psicológico são: o sistema nervoso (cérebro) e os mecanismos
hereditários ou genéticos.
1 Importância da genética

A genética é o estudo do modo como se dá a passagem de traços ou


caraterísticas de uma geração para a seguinte.
Esses traços ou caraterísticas podem ser físicos (cabelo
encaracolado, olhos azuis) ou psicológicos (agressividade,
inteligência).
1 Processo de transmissão das caraterísticas genéticas

Tudo começa quando duas células se


encontram. Uma, a célula sexual
Masculina, espermatozoide; a outra,
a célula feminina, óvulo.
O encontro das duas células dá-se no momento em que
um espermatozoide penetra no óvulo.
Sendo assim fecundado, o óvulo transforma-se em ovo ou zigoto.
1 Processo de transmissão das caraterísticas genéticas

Se, quando nascemos, somos um organismo composto por milhares


de milhões de células, no início, no momento da conceção, somos
uma célula singular, um óvulo fertilizado.

O núcleo de cada célula humana contém 46 cromossomas, que são


estruturas de forma entrelaçada, distribuídas em 23 pares. Um
membro de cada par vem de cada um dos progenitores.
1 Cromossomas

Os cromossomas estão organizados em pares, tendo cada célula


humana normal 23 pares.
Destes 46 cromossomas, 23 são contributo do progenitor masculino
e 23 do progenitor feminino.
Os primeiros 22 pares de cromossomas transportam o mesmo tipo
de informação genética. Os componentes do par número 23 – os
cromossomas sexuais, porque determinam o sexo – diferem.
1 Cromossomas

Na mulher, esse par é constituído por dois cromossomas X; no


homem, é formado por um cromossoma X e por um Y (bem mais
pequeno do que o cromossoma X).
Quando o óvulo é fecundado por um espermatozoide que contém
um cromossoma do tipo X, nascerá uma rapariga; se o cromossoma
for do tipo Y, nascerá um rapaz.
1 Cromossomas
1 Genes, Cromossomas e ADN

Os cromossomas são porções ou sequências de ADN que contêm


vários genes. O ADN é uma complexa molécula que contém a
informação genética. Cada cromossoma contém milhares de
pequenos segmentos de ADN, que são precisamente os genes.
1 Genes, cromossomas e ADN

Os genes são as unidades funcionais da hereditariedade e fornecem


instruções às células para se reproduzirem mediante a divisão
celular – mitose –, fabricando também as proteínas que sustentam a
vida do organismo. Está inscrito nos nossos genes que vamos ter um
cérebro, pulmões, coração, etc.

Várias das caraterísticas físicas que apresentamos resultaram da


interação dos genes com o ambiente intracelular, com o que se
passa no interior do organismo e com o que acontece no meio em
que o organismo vive.
1 Genes, cromossomas e ADN
1 Herança genética

No momento da conceção, é estabelecida a herança genética de um


novo indivíduo. O zigoto contém todas as instruções que
determinam uma aparência física única e a predisposição para
certas caraterísticas pessoais e capacidades físicas e mentais.

Esta herança genética só poderá expressar-se – ser efetivamente


recebida e adquirida – num contexto ambiental. É a interação de
fatores genéticos e ambientais (educativos, culturais,
socioeconómicos) que vai definir a nossa aparência e o nosso
comportamento.
1 Herança genética

Hereditariedade e meio, fatores genéticos e ambientais, não são


realidades independentes e autónomas. Os conceitos de genótipo
e de fenótipo revelam que a transmissão hereditária é um
processo interativo.
1 Genótipo e fenótipo

O genótipo designa o potencial genético de um indivíduo, isto é, a


predisposição genética para exprimir determinados traços
morfológicos, psicológicos e comportamentais

O fenótipo é o conjunto de caraterísticas observáveis que um


organismo apresenta como resultado da interação entre o
património genético e as influências ambientais.
1 Genótipo e fenótipo

No genótipo, está contido o conjunto de informações genéticas que


indicam a predisposição (ou potencialidade) para vir a ter um dado
fenótipo.

Este não é um simples resultado da transmissão hereditária porque


pode ser alterado em virtude do papel do meio (das nossas
experiências e da nossa educação).
1 Genes dominantes e genes recessivos

No nosso genótipo estão contidas, sob uma forma potencial,


diversas caraterísticas ou traços. Consideremos uma caraterística: a
cor dos olhos.
Cada par dos 46 cromossomas que herdamos transporta um gene
de cada um dos progenitores para uma mesma caraterística.
Se a informação genética transmitida pelos progenitores for
conflituosa, ou seja, se receber do gene do pai «olhos castanhos» e
do gene da mãe «olhos azuis», o que acontece ?
A resposta consistirá em saber qual é o gene dominante. É este que
influenciará a cor dos olhos que realmente iremos apresentar.
1 Genes dominantes e genes recessivos

Gene dominante: é aquele que produz efeito mesmo que esteja


presente em apenas um dos cromossomas do par.

Gene recessivo: é aquele que produz efeito apenas quando está


presente nos dois cromossomas do par.
1 Genes dominantes e genes recessivos

M H
Olhos Azuis Olhos Castanhos

Olhos Castanhos

• Olhos azuis: gene recessivo


• Olhos Castanhos: gene dominante
1 Hereditariedade específica e individual

No património genético de cada um de nós, estão contidos


elementos específicos e elementos individuais. Os elementos
específicos são as potencialidades que partilhamos com os
indivíduos da espécie a que pertencemos: a capacidade de ler, de
falar, de escrever.
Os elementos individuais são as potencialidades, predisposições e
tendências que nos identificam, distinguindo-nos de todo e qualquer
outro indivíduo da nossa espécie: aspeto físico, caraterísticas da
personalidade, etc.
1 Hereditariedade específica e individual

A hereditariedade específica: designa o conjunto de agentes


genéticos responsáveis pela transmissão das caraterísticas que
integrarão certos indivíduos numa espécie, distinguindo-os dos
indivíduos de outras espécies.
A hereditariedade individual: designa o conjunto de agentes
genéticos responsáveis pela transmissão de potencialidades que nos
tornarão únicos, ou seja, diferentes de todos os outros indivíduos da
nossa espécie.
1 Ação genética

A perspetiva preformista

Para o preformismo, as caraterísticas de um ser já estão


predefinidas, e o meio pouco participa na transcrição fenotípica, ou
seja, no cumprimento do programa genético. É como se, no
momento da conceção, o organismo adulto já estivesse em
miniatura e nada mais se tratasse do que de uma ampliação de
estruturas preexistentes.
1 Ação genética

A perspetiva epigenética

Perspetiva segundo a qual a passagem do genótipo ao fenótipo se


faz mediante a interação entre o património genético e as
influências ambientais.

Aceita que à partida somos um conjunto de potencialidades


genéticas que se atualizarão dando origem a um certo fenótipo. Mas
rejeita que a atualização dessas potencialidades seja automática.
1 «Programa genético aberto»

O indivíduo humano é um programa genético aberto à influência


significativa de experiências e aprendizagens.

É evidente que temos um programa genético. Mas temos de o


conceber como um programa genético aberto e relativamente
flexível. Isso significa que é suscetível de se adaptar às influências do
meio.
1 «Programa genético aberto»

O ser humano não está sujeito ao determinismo biológico.

O inacabamento biológico do ser humano ao nascer – a neotenia –


significa que as nossas competências não se apresentam
desenvolvidas, que somos, por assim dizer, prematuros.
Contudo, esta desvantagem inicial transforma-se numa vantagem: a
consequente necessidade de continuar a desenvolver-se é sinal do
muito que pode e tem de aprender.

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