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“A AIA”,

DE EÇA DE
QUEIRÓS
Análise das categorias da narrativa
AS PERSONAGENS
1. RELEVO
 PRINCIPAL:
a aia
 SECUNDÁRIAS:
o rei, a rainha, o tio bastardo, o príncipe e o escravo
 FIGURANTES:
o mensageiro/cavaleiro do rei, os rebeldes, o capitão das guardas,
a legião de archeiros, os homens de armas, a multidão, um velho
de casta nobre, senhores, aias, um servo
2. COMPOSIÇÃO
 REDONDA OU MODELADA:
A aia, uma vez que é dotada de complexidade psicológica,
apesar de agir sempre de acordo com as suas convicções
religiosas.
 PLANAS:
As restantes personagens, visto que se comportam sempre do
mesmo modo, não revelando densidade psicológica e não
surpreendendo, portanto, o leitor.
3. CARACTERIZAÇÃO

3.1. O REI
TIPOS DE MODOS DE CARACTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DIRETA INDIRETA
FÍSICA “moço”, “formoso”
PSICOLÓGICA “valente”, “alegre” ambicioso, sonhador
(“sonho de conquista e de
fama”), corajoso,
aventureiro
SOCIAL “senhor de um reino Muito rico e poderoso,
abundante em cidades e jovem
searas”
CARACTERIZAÇÃO

3.2. A RAINHA
TIPOS DE MODOS DE CARACTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DIRETA INDIRETA
Física “desgrenhada”, “quase
nua”
PSICOLÓGICA “solitária e triste”, “ Sofredora, desesperada,
desventurosa”, desolada, angustiada,
“deslumbrada”, “mãe carinhosa, desamparada,
ditosa” reconhecida, grata
SOCIAL “fraqueza de viúva” Rainha, rica
CARACTERIZAÇÃO
3.3. O TIO
TIPOS DE MODOS DE CARACTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DIRETA INDIRETA
FÍSICA “de face mais escura que a noite”,
“homem enorme”, “face flamejante
com um manto negro sobre a cota
de malha”
PSICOLÓGICA “homem depravado e bravio”, mau, terrível, ambicioso,
“consumido de cobiças grosseiras”, selvagem, feroz, cruel,
“cruel”, “face mais escura que a violento, assassino,
noite”, “faminto do trono”, oportunista, cobarde
“homem de rapina”
SOCIAL “irmão bastardo do rei”, “vivia num
castelo sobre os montes”
CARACTERIZAÇÃO

3.4. O PRINCIPEZINHO
TIPOS DE MODOS DE CARACTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DIRETA INDIRETA
FÍSICA “cabelo louro e fino”,
“olhos (...) reluziam”,
“cabelos de ouro”
PSICOLÓGICA “fragilidade” frágil, desamparado
SOCIAL “berço (...) magnífico e príncipe ainda bebé mas
de marfim entre já “senhor” de um reino
brocados” rico
CARACTERIZAÇÃO

3.5. O ESCRAVOZINHO
TIPOS DE MODOS DE CARACTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DIRETA INDIRETA
FÍSICA “cabelo negro e crespo”,
“olhos (...) reluziam”,
“corpinho gordo”
PSICOLÓGICA “alma livre e simples de
escravo”, “humildade ditosa”
SOCIAL “berço (...) pobre e de verga”, bebé
“indigência”, escravo
CARACTERIZAÇÃO
3.6. A AIA
TIPOS DE MODOS DE CARACTERIZAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DIRETA INDIRETA
FÍSICA “bela e robusta”, “pálida”, “face de bonita
mármore”, “olhos, brilhantes e secos”
PSICOLÓGICA “leal”, “alegre”, “segura”, “beijos forte, fiel, dedicada, bondosa,
desesperados”, “calada”, “lenta”, “serva sensível, terna, preocupada,
sublimemente leal”, “mãe dolorosa”, sofredora
“serva admirável” perspicaz, inteligente,
corajosa, decidida,
desprendida dos bens terrenos,
abnegada, altruísta
SOCIAL “escrava”, “nascida naquela casa real”, escrava, crente, mãe
“tinha (...) a religião dos seus senhores”,
“pertencia (...) a uma raça que acreditava
que a vida da Terra se continua no Céu”
A AÇÃO
1. ESTRUTURA DA NARRATIVA
 SITUAÇÃO INICIAL
Do 1.º ao 7.º parágrafo – apresentação das personagens e contextualização do
leitor quanto ao tempo e ao espaço.
 DESENVOLVIMENTO (encerra o acontecimento perturbador, as peripécias e
o ponto culminante/clímax)
Do 8.º ao 16.º parágrafo – rapto, morte do escravozinho e do tio bastardo,
salvação do príncipe, recompensa da aia.
 DESENLACE (o desfecho da narrativa)
Do 17.º ao 20.º parágrafo – todos se dirigem à câmara dos tesouros e, aí, a aia
suicida-se.
2. PROCESSO DE
ORGANIZAÇÃO DAS
SEQUÊNCIAS NARRATIVAS
 Neste conto, as sequências narrativas sucedem-se de tal
modo que o final de uma é o ponto de partida de outra.
Este tipo de articulação denomina-se encadeamento.
3. DELIMITAÇÃO DA
NARRATIVA
 A AÇÃO DO CONTO É ABERTA OU FECHADA?

 A ação do conto é fechada, visto que se conhece o destino


final das personagens e este é irreversível.
O TEMPO
1. TEMPO CRONOLÓGICO / DA

HISTÓRIA
A expressão inicial “Era uma vez” remete para um tempo passado indeterminado,
ainda que surjam algumas referências temporais associadas aos acontecimentos e à
passagem do tempo:
“A lua cheia (...) começava a minguar” “Ora uma noite”
“havia anos” “E nesse instante”
“agora” “nesse céu fresco de madrugada”
“noite de verão” “e já o Sol se erguia, e era tarde”
“um dia” “onde subiam os primeiros raios de Sol”

Podemos concluir que é à noite que sucedem os principais acontecimentos


desta história, dando-se o desfecho trágico ao amanhecer. O núcleo da ação
central resume-se a uma só noite.
2. TEMPO HISTÓRICO
 Não há referência a datas ou locais que nos permitam localizar a

ação no tempo, o que dificulta a localização no tempo histórico.

Se a referência aos cavaleiros, aos pajens e aos vassalos do rei

remete para os ideais da cavalaria da Idade Média, já a referência


às riquezas, “maiores tesouros da Índia”, remete-nos para o
tempo das descobertas.
O ESPAÇO
1. O ESPAÇO FÍSICO
 A ação localiza-se num reino abundante em cidades e searas e decorre essencialmente num palácio. Há
referências aos aposentos e jardins do palácio e à sala do tesouro:

“reino abundante em cidades e “ao fundo da galeria” “a câmara”


searas” “porta da câmara” “entre o palácio e a cidadela”
“casa real” “os pátios”, “câmara dos tesouros”
“o palácio”,
“entrada dos vergéis reais”

 Outras referências:
 “à beira de um grande rio”, “castelo sobre os montes”, “o cimo das serras”, “na planície, às portas da cidade”
 O espaço é descrito do geral para o particular, do exterior para o interior: “Um reino abundante em cidades e

searas”, onde se situa um palácio, habitado por um príncipe frágil que é protegido no seu berço pela sua ama.
 AFUNILAMENTO DO ESPAÇO – o espaço vai-se, pois, concentrando cada vez mais, acabando a Aia por se

suicidar na câmara dos tesouros.


2. O ESPAÇO SOCIAL
 Descrição de um ambiente de corte: palácio, rei, rainha,

aias, guardas...
3. O ESPAÇO PSICOLÓGICO

Espaço interior da Aia – pensamentos e reflexões da Aia

quando embala as crianças e quando pressente o perigo.


O NARRADOR
1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À
PRESENÇA
Narrador não participante / heterodiegético: narra os acontecimentos na 3.ª pessoa (marcas
textuais: “a lua cheia que o vira marchar”; “o mais temeroso era seu tio”).

2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À POSIÇÃO


Narrador subjetivo, visto que deixa transparecer a sua perspetiva em relação às personagens e
aos acontecimentos.
Exemplos:
 “Ai! A presa agora era aquela criancinha (...)”
 “leal escrava”

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