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A INFLUÊNCIA DA INFORMAÇÃO
(TELEMETRIA) NA GESTÃO DE
FROTA: UM ESTUDO DE CASO EM
UMA EMPRESA DE TRANSPORTES DE
MÉDIO PORTE DO INTERIOR DO
ESTADO DE SÃO PAULO
Cristiano Salles (UNIARA )
cristianosasilva@hotmail.com
Jose Luis Garcia Hermosilla (UNIARA )
jlghermosilla@hotmail.com
Ethel Cristina Chiari da Silva (UNIARA )
e-chiari@uol.com.br
1. Introdução
A implantação de uma nova tecnologia da informação (TI) tem se tornado imprescindível para
a melhoria do desempenho de um sistema logístico integrado, podendo gerar maior
produtividade, qualidade e também confiabilidade dos dados, com reflexos no processo
decisório dos gestores operacionais em termos de assertividade e tempo. Sousa e Oliveira
Neto (2013, p.1) afirmam que a integração entre a tecnologia da informação e a cadeia de
suprimentos, leva a melhoria na qualidade do serviço, na comunicação, no acesso as
informações, além de promover “confiabilidade, credibilidade, responsividade, redução de
custos, competência, flexibilidade”.
De acordo com Marques (2011), o padrão de vida elevado nos países desenvolvidos assim
como seu comercio, são suportados por sistemas logísticos eficientes, fortemente embasados
na tecnologia da informação, como forma de contrapor os elevados custos do transporte,
principal elemento deste sistema.
No caso dos países latino americanos, além dos custos de transporte, a precariedade da
estrutura viária decorrente da falta de investimentos, também se apresenta como grande
limitação ao processo de transporte de cargas, comprometendo a eficiência operacional e
energética do sistema logístico, também agravados por outros problemas como acidentes,
roubos de carga, deficiências de regulação, distorção da matriz de transporte dentre outros.
(ERHART; PALMEIRA, 2006).
Em situações como esta, Teixeira, Oliveira e Helleno (2014, p.1) afirmam que “o controle das
funções de veículos para diagnosticar, em tempo real, falhas operacionais, pode representar
uma atividade importante, especialmente em veículos usados para transporte de cargas. Este
controle permite diagnosticar ou prevenir problemas graves de forma antecipada”. Nesse
sentido, a telemetria, que é uma tecnologia inovadora, auxilia na organização já que permite
aos usuários saberem com exatidão, o desempenho de sua frota, para melhorar a qualidade e a
produtividade da empresa.
Segundo Bueno (2007), a telemetria tem sido útil para empresas que utilizam o modal
rodoviário, devido a sua eficiência, baixo custo de compra, fácil manuseio, alta precisão, e
possibilidade de definir parâmetros para uma boa gestão de sua frota, o que pode promover a
melhora do desempenho organizacional. Carraro e Silva (2013, p.7) afirmam que “a eficiência
logística pode trazer diferencial competitivo que possibilite alavancar as participações no
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mercado, aumentar os pedidos e servir de exemplo para as melhores práticas neste segmento.”
Diante deste cenário e da escassez de trabalhos científicos aplicados, a questão que se coloca
é quais os impactos do uso da tecnologia de telemetria sobre a gestão de uma frota de
transporte rodoviário?
O trabalho tem por objetivo mensurar o impacto que o uso da telemetria provoca sobre o
desempenho de uma frota de transporte rodoviário. Para atingir o objetivo proposto, a
pesquisa de caráter qualitativo, baseou-se no caso de uma empresa de transporte rodoviário de
médio porte, que implantou o sistema de telemetria para controle da frota. Os dados coletados
foram: violações por excesso de velocidade, multas recebidas por infrações, consumo de
combustível em litros, média de consumo km/litro e número de incidentes de trânsitos que
foram extraídos da base de dados da empresa, os quais foram analisados de forma cronológica
(antes e após a implantação do sistema de telemetria).
Dentre as vantagens desse tipo de modal, estão o oferecimento de serviços porta a porta, sem
exigir carregamento ou descarregamento entre origem e destino, como ocorre nos modais
aéreo e ferroviário, e sua frequência e disponibilidade, tornando-o o mais flexível dentre os
demais, ainda que, no caso de caminhões, estes possam ser avaliados como menos
capacitados para o manuseio de determinados tipos de fretes, quando comparados ao modal
ferroviário, considerando as restrições de segurança e as limitações dimensionais e de peso
dos embarques das autoestradas (ALMEIDA; SCHULITER, 2012). Outras vantagens que o
modal apresenta são a adequação para curtas e médias distâncias, simplicidade no
atendimento das demandas, agilidade no acesso as cargas, menor manuseio da carga e menor
exigência de embalagem, desembaraço na alfândega feito pela própria transportadora,
complementar aos outros modais, possibilitando a intermodalidade e a multimodalidade.
(CAXITO, 2011). Apesar das vantagens, o mesmo autor pontua inúmeras desvantagens do
modal como elevado valor do frete para determinados casos, menor capacidade de carga
dentre os demais modais, e baixa competitividade para o transporte de longas distâncias.
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A informação sempre foi um elemento de vital importância na logística, no entanto, seu papel
atualmente tem sido muito mais evidente na melhoria da estratégia competitiva das empresas.
A transferência e o tratamento das informações hoje em dia, permitem melhor gerenciamento
das organizações, além da prestação de um serviço de maior qualidade.
Diante deste contexto e das novas tecnologias disponíveis no mercado, as empresas devem
estar atentas as alterações ou mudanças do mercado, tanto no transporte quanto na
movimentação de mercadorias (BALLOU, 1993).
Diante deste cenário, Valente, Passaglia e Novaes (2008, apud RODRIGUES; ROSA, 2012)
alertam sobre a necessidade de modernização no serviço de transporte, pois as empresas estão
procurando na tecnologia novos conceitos e novos procedimentos, além de eficiência e
melhoria contínua no serviço oferecido.
De acordo com Ferrante e Rodriguez (2004), o uso da tecnologia da informação gera maior
confiabilidade no atendimento as necessidades dos clientes, gerando maior credibilidade,
alavancando o nível de serviço e reduzindo os custos.
Rodrigues e Rosa (2012) afirmam que o sistema de rastreamento tem como principal
informação a posição geográfica, obtida na maioria das vezes por GPS, possibilitando neste
caso a emissão de relatórios de localização do veículo, o monitoramento das partes mecânicas,
a assistência enquanto na estrada, o fornecimento de informações sobre as condições do
tempo e do tráfego, o rastreamento da operação, o controle do fluxo de carga, a assistência
para programação de horários e escolha de rotas e, emissão de alertas no caso de roubos e
sequestros.
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Para Rodrigues e Rosa (2012) no modal rodoviário 60% do valor das cargas estão em veículos
rastreados, aspecto este importante para as seguradoras, pois o índice de recuperação desses
veículo em caso de roubo situa-se acima de 85%, fazendo com que o prêmio da apólice
diminua em até 30%.
Teixeira, Oliveira e Heleno (2014) informam que a telemetria referia-se, há alguns anos,
apenas a operação com telêmetros, instrumentos ópticos para medir distância de interesse de
um analisador e transmissão de dados para posterior análise. Com o avanço tecnológico, o
termo telemetria passou a ser empregado também como forma de medição à distância em
diversas áreas, desde o automobilismo e aviação, passando pela agricultura e medicina até a
biologia. Sendo que é instalada em locais de difícil acesso, possibilitando o monitoramento
constante destes sistemas em outro local, possuindo diferentes necessidades de distância e
banda de transmissão.
Esses dados podem ser coletados de maneira analógica ou digital, sendo o analógico realizado
via cabo entre os sensores instalados no veículo; já a captura das informações de telemetria é
realizada meio digital através do barramento CAN (Controller Area Network) em veículos
modernos.
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A partir de 2009, estes veículos começaram a ser comercializados com padrões de tecnologia
embarcada que permitiam a leitura do equipamento de telemetria, mais eficiente na detecção
de falhas e com possibilidade de intervenção no caso de anomalias.
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3. Estudo de caso
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Foi selecionada para análise, uma empresa de médio porte do segmento de transporte de
cargas, da região central do Estado de São Paulo, que por motivos de segurança foi
denominada de 1000 Transportes Ltda. Esta organização foi escolhida pelo fato de ter
implantado um sistema de telemetria e também por permitir o acesso dos pesquisadores às
informações necessárias para a compreensão deste processo. O sistema de gestão da frota por
telemetria foi implantado em janeiro de 2015, com o objetivo de reduzir custos como multas,
consumo de combustível, manutenção dos veículos e índice de acidentes. Os indicadores
selecionados para o acompanhamento do processo foram valor financeiro da infrações com
multas, consumo de combustível, índice de acidentes e número de infrações. O período de
tempo utilizado para análise compreendeu o ano de 2014 (ano de referência, sem a tecnologia
de monitoramento a distância/telemetria) e de 2015 (ano de implantação do sistema de
telemetria). Todos os dados analisados foram extraídos diretamente dos aparelhos instalados
no barramento CAN dos veículos.
Após instalação do equipamento no veículo, a comunicação é feita via satélite através de rede
GPS/GPRS, disponibilizando o trafego de dados entre veículo, tecnologia e empresa. Todos
as informações são guardadas na internet e disponível para empresa e gerenciadoras de riscos
contratadas, como ilustra a figura 3.
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Para esta investigação, foi acompanhado o desempenho de uma frota com 64 veículos do tipo
cavalo mecânico da marca Volvo, modelo FH 12 440 cv, engatado em uma carreta tipo tanque
com eixo espaçado, onde foram acompanhados em tempo real durante o ano de 2015 com
diferentes motoristas em viagens de um percurso de aproximadamente 960 km, com origem
na cidade de Bebedouro e com destino a cidade de Santos, eleita a rota padrão de comparação.
Apesar do estudo ter se baseado na frota como um todo, a base de dados foi montada a partir
dos relatórios de cada veículo, denominado de relatório da jornada do motorista,
exemplificada na figura 4, que mostra a jornada do veículo ATM-8793 com apuração do
período de 20 dias. Este detalhamento é importante, pois mensura o tempo total por viagem,
o tempo total do motor ligado, o tempo em que o veículo ficou desligado, o excesso de
velocidade mostrando quantas vezes o motorista do veículo atingiu a velocidade máxima,
inclusive pista molhada, freadas bruscas, acelerações bruscas, e km percorrido.
As apurações foram feitas diariamente, e enviadas através de e-mail para os gestores de cada
operação. A cada seis meses o motorista pode ser premiado caso não haja nenhuma infração e
se o mesmo houver atingido a meta estabelecida de Km rodado.
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De uma maneira geral, o sistema exibe todos os eventos gerados pelo computador de bordo,
tanto a forma de condução dos motoristas quanto informações de desempenho do veículo. A
empresa utiliza planilhas de controle e um TMS (sistema utilizado pela empresa para controle
do transporte de carga, gerenciamento de fretes, cadastros e consultas) para tratar os dados
extraídos da telemetria.
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forma, os valores apresentados devem ser entendidos como absolutos, à exceção do consumo
de combustível por km rodado que será a média dos veículos.
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com esses eventos nos períodos 2014 e 2015, e revela redução de 16,30%, o que representa
uma economia da ordem de R$ 26.902,00.
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O consumo médio de litros por Km rodado foi outro importante indicador avaliado na
pesquisa, e que permitiu fazer o monitoramento desse processo de gestão da frota, que
também envolve a participação direta dos motoristas; dependendo do resultado apresentado
por este indicador, os motoristas poderão passar por reciclagem para que possam atingir a
meta estipulada pela empresa, que no caso é ficar acima da média de 2,10 km/litro. A figura 8
revela que o uso da telemetria proporcionou uma melhora de desempenho do veículo quanto a
este quesito, uma redução de em 11,05 % no consumo, fato que comprovou a economia total
em volume apresentada na figura 7 anterior.
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4. Conclusões
A empresa considera que o uso da telemetria é imprescindível para o desempenho de um
sistema logístico integrado por fundamentar a base para a tomada de decisão no ambiente
operacional.
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serviços prestados ao cliente assim como das ações de seus executores, estimulando a análise
e o aprendizado rápidos, com base nos indicadores.
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