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ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE UM
PONTO DE APOIO PARA MELHORAR A
LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO EM UMA
EMPRESA DO SEGMENTO DE BEBIDAS
Anderson Paulo Deda (---- )
andersonpdeda@yahoo.com.br
Guilherme Ernani Vieira (UFSC )
guilherme@pq.cnpq.br
1. Introdução
Hoje a Logística está sendo utilizada para o planejamento de processos de negócios que integram
não só as áreas funcionais da empresa como também a coordenação e o alinhamento dos esforços
de diversas organizações na busca por reduzir custos e agregar máximo valor ao cliente final. O
objetivo é atender as expectativas em relação à qualidade dos produtos e sua entrega, de acordo
com a solicitação dos clientes sem atrasos ou avarias. Para tanto, a área de distribuição necessita
de grandes investimentos que visam eliminar atrasos nas entregas, aumento dos indicadores de
produtividade dos veículos e também do nível de serviço.
Com mais de dez anos de tradição no mercado, a empresa onde este projeto foi realizado é líder
no segmento de bebidas no interior de São Paulo, estando sempre voltada à inovação. Esta
empresa trabalha em parceria estreita com seus clientes e consumidores, visando o
aperfeiçoamento e o desenvolvimento de novos produtos. Atualmente, a organização utiliza uma
ferramenta para roteirização de seus veículos, visando o aumento da produtividade das rotas,
respeitando a capacidade dos caminhões e a jornada de trabalho diária da equipe de entrega. Essa
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ferramenta, Roadshow®, após receber as informações relevantes sobre o local da entrega (região
central, bairro rural, velocidade das vias, tipo de cliente, tempo de espera e descarregamento),
programa a roteirização dos veículos visando o aumento da produtividade das rotas (quanto mais
precisas forem as informações entradas, menor será a diferença entre o tempo previsto de entrega
e o tempo real. A redução de custo com o transporte, utilizando este software de roteirização
pode ser de 20% a 30% pois, se bem ajustada, desenvolve-se uma sequência de entregas onde o
veiculo rodará menos, evitando os chamados repasses no cliente.
Nesse contexto, o artigo analisa a viabilidade para a implantação de um ponto de apoio (PA) a ser
localizado uma cidade estrategicamente escolhida para poder atender melhor seus clientes e
diminuir tempos de entrega. Para isto, serão feitas simulações no Roadshow® com base nas
localizações atendidas, vias de acesso e volume de vendas de cada cidade. Os indicadores de
desempenho a serem considerados para que possa concluir qual será a melhor opção para esse PA
são:
Este artigo está organizado da seguinte forma, além desta introdução: a seção seguinte faz uma
breve revisão de alguns conceitos importantes relacionados aos objetivos deste projeto. Seção
três detalha o cenário e objetivos do projeto. Seção 4 traz as análises, resultados e discussões.
Na última seção, comentários finais.
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Neste sentido, Ching (2001) também afirma que a logística de distribuição trata das relações
empresa-cliente-consumidor, sendo responsável pela distribuição física do produto acabado até os
pontos de venda ao consumidor e deve assegurar que os pedidos sejam pontualmente entregues,
precisos e completos.
Os sistemas diretos são sistemas de distribuição onde os produtos são expedidos de um ou mais
armazéns centrais diretamente para os clientes (GARNIER,2002). Os sistemas mistos são
sistemas de distribuição onde a empresa utiliza tanto o sistema escalonado como direto. Exemplo
clássico são as empresas de bebida que, nos grandes centros onde possuem fábrica, entregam
diretamente aos clientes finais (bares, restaurantes) e, para atender os locais distantes, fazem uso
do centro de distribuição avançado.
Os CDAs também influenciam na economia dos transportes, já que funcionam como centros
consolidadores de carga. Ao invés de atender um grupo de clientes diretamente dos armazéns
centrais, o que poderia implicar na movimentação de cargas fracionadas por grandes distâncias,
estes centros de distribuição avançados permitem o recebimento de grandes carregamentos
consolidados, com custos de transportes mais baixos.
Outro fato importante com relação aos CDAs é que nos últimos anos, com a consolidação dos
operadores logísticos no cenário nacional, eles saíram do papel secundário que tinham até então e
passaram a fazer parte da estratégia logística das empresas nacionais (Almeida, 2004).
2.2 Cross-docking
De acordo com Zinn (1998), o cross-docking (ou docas-cruzadas) combina a administração de
estoques com o processamento de informações para criar um sistema capaz de reabastecer com
freqüência um grande número de pontos de entrega. A combinação entre movimentação e
informação é permanente, isto porque, se houver o envio não coordenado de encomendas, o
estoque em trânsito pode aumentar, necessitando assim de maior espaço para armazenagem.
Lacerda (2000) classifica o cross-docking como sendo puro ou futuro. No cross-docking puro, os
produtos chegam pelas docas de recebimento e atravessam a plataforma diretamente para serem
embarcados. O cross-docking futuro não movimenta os produtos imediatamente para os veículos
de entrega, mas sim os mantém em uma área de espera para o posterior carregamento.
O cross-docking pode ser definido como sendo um sistema de distribuição no qual a mercadoria
recebida, em um armazém ou Centro de Distribuição (CD), não é estocada, sendo imediatamente
preparada para o carregamento da entrega. Ou ainda, pode-se dizer que o cross-docking é a
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Um problema real de roteirização é definido por três fatores fundamentais: decisões, objetivos e
restrições (Partyka e Hall, 2000):
Segundo Assad (1988), a roteirização de veículos é uma das histórias de grande sucesso da
pesquisa operacional, nas ultimas décadas. De acordo com Cunha (2000), Esse interesse é devido
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a dois fatores: a ênfase cada vez maior aos problemas de roteirização e sua complexidade
matemática, pois geralmente é impossível determinar soluções ótimas para problemas de
roteirização, desafiando a busca de cálculos mais eficientes.
Há algum tempo atrás os softwares de roteirização eram focados na distribuição dentro do prazo
de 24 horas, em um dia era planejada a entrega e no outro era realizada. Atualmente, os clientes
não ficam satisfeitos apenas em saber a data de entrega do produto, e sim, em acompanhar todo o
percurso da carga. Por isso o software de roteirização atualmente é utilizado não só para realizar a
programação, mas também para monitorar a carga.
Hoje a maior parte dos roteirizadores disponíveis apresenta tecnologia baseada no Sistema de
Apoio à Decisão Espacial (SADE), isso significa que são dotados de vários recursos
computacionais, matemáticos e gráficos que proporcionam plataformas cada vez melhores, de
forma que seus algoritmos resolvem problemas com números de pontos de atendimento (clientes)
cada vez maiores, considerando que as restrições tornam-se cada vez mais complexas.
ArcLogistics Route: capaz de atribuir paradas a veículos, além de construir seqüências de paradas
considerando fatores como tempo, custo, capacidade e produtividade de veículos.
Trucks: é um sistema complexo que requer montagem, edição e atualização de uma rede viária
realizada a partir de uma mesa digitalizadora.
Truckstops: possui um método de geração de roteiros iniciais através de uma heurística do tipo
vizinho mais próximo, roteiros estes que podem ser melhorados através de uma heurística de
intercâmbios de clientes dentro de um mesmo roteiro e entre veículos.
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O ponto A está localizado dentro da fábrica, para diminuir os custo com infra-estrutura. A
decisão de estabelecer o ponto de distribuição dentro da fábrica, há 20 anos, não levou em
consideração a expansão rápida da região devido a empresas locais que recebem grandes
incentivos fiscais, e ao aquecimento do mercado local, o que ocasionalmente aumentou o fluxo
de veículos, número de consumidores e, consequentemente, as dificuldades para chegar até os
mesmos. O único indicador que não alterou foi à distância percorrida do ponto A até o ponto B,
que, a uma velocidade média de 70 km/h, normalmente requer um tempo médio (do peso
carregado) de 01h e 25min.
Para entender melhor o caminho percorrido entre armazém e clientes, veja a Figura 1:
Visando melhorar o atendimento de vendas a sala comercial está localizada no ponto B que é o
mercado com maior volume, em um galpão com amplo espaço para guardar os veículos
utilizados nas vendas e também material de marketing, onde o mesmo abriga financeiro, e
administrativo comercial. Essa localização ajudou muito a equipe do comercial a superar as
metas de atendimento de vendas e de pós-venda, pois como mostra a figura anterior estão
localizados estrategicamente melhor do que a equipe de distribuição.
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A equipe responsável pelo planejamento cogitou a idéia de utilizar veículos com capacidade de
até 1000 kg, porém chegou-se a conclusão que economicamente seria inviável, pois a
produtividade das rotas iria cair pela metade devido a necessidade de se adquirir mais 15 veículos
de pequeno porte, o que diminuiria a capacidade de transporte.
Como a equipe de vendas está alocada em um galpão com amplo espaço e já conta com guaritas
de seguranças, o ponto B é o ponto ideal para deixar os veículos já que os mesmos estão
carregados e é de extrema necessidade um lugar seguro para pouso.
Atualmente, equipe de distribuição da empresa em estudo conta com 14 veículos próprios e todos
contém:
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Após todos vendedores descarregarem seus pedidos no computador, estes são agrupados em um
arquivo e enviados para o roteirizador. Após receber o arquivo com os pedidos inicia-se o
processo de montar as rotas com auxílio do software de roteirização. Finalizado esse processo o
arquivo com as rotas é enviado ao armazém para separação e consolidação das cargas conforme a
ordem de sequência.
Para realizar a simulação do PA, foram duplicados os pedidos diários durante uma semana, um
cenário normal saindo do ponto A e em seguida as rotas iniciando a partir do PA, os valores
foram preenchidos manualmente nas planilhas e os cenários salvos. Os resultados obtidos se
encontram abaixo no Quadro 1.
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Com uso do Ponto de Apoio, realiza-se uma média de 4 entregas a mais por veículo, o que no
final de uma semana de simulações, chegou a um ganho de 10 carros a menos no total da rota
daquela semana. Supondo que desses carros, dois fossem frota própria, somente no custo fixo
haveria uma economia de R$ 18.000,00 + variável por Km e entrega, e os outros 7 veículos
terceirizados, que em média na região custam R$500,00 cada, seria economizado na semana R$
3.500,001.
Para que esta proposta funcione, a sistemática será realizada da seguinte forma: Depois de
realizada as entregas à equipe retornará ao PA e fará o fechamento físico, em seguida a equipe de
transferência deslocará seis veículos até o ponto A, onde aguarda o carregamento e retorna com o
veículo pronto para as entregas do dia seguinte, realizarão o mesmo processo com os demais
veículos. Considerando que a viagem ida e volta demora em média 02h50min e o carregamento é
realizado no máximo em uma hora, o tempo total de cada viagem é 03h50min para realizar o
carregamento de duas frotas seria de 07h40min isso desconsiderando atrasos ou imprevistos,
considerando que a jornada de trabalho é 08h20min tem-se um tempo de sobra caso ocorra algum
imprevisto, dessa forma os seis manobristas terão tempo suficiente para realizar a operação, o
horário que a equipe trabalhará inicia-se as 20h00min, devido ao horário que a equipe do
armazém inicia a separação dos pedidos as 19h00min, com isso assim que o veiculo chegar ao
armazém estará pronta sua carga. Quadro 3 faz um comparativo entre os custos finais, com e sem
o ponto de apoio.
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Valores referentes ao ano que o estudo foi realizado.
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5. Considerações Finais
Com base nos dados observou-se que depois de realizada a simulação foi perceptível que, com a
criação do Ponto de Apoio, o nível de serviço obteve um grande impacto; sabe-se que hoje 4,5%
das reclamações do SAC são referentes ao horário que o veículo está passando e que os horários
restritivos sejam do cliente ou do município representam 1.5% do total de devoluções, o que
consegue manter esses indicadores dentro da meta. Outro ponto verificado é a melhora na
qualidade de vida da equipe de entrega que se deslocará menos evitando as incansáveis horas
extras e com isso a empresa se beneficiará, já que diminui os gastos pagos aos motoristas e
ajudantes, além de ter colaboradores menos cansados, trabalhando melhor e mais satisfeitos com
a organização, desempenhando suas funções com mais motivação. Esse bem estar físico e
psicológico de cada um refletirá sempre em melhorias em suas vidas diárias, fazendo com que a
cada dia haja uma melhora no nível de qualidade de vida, saúde e bem-estar. Desta forma pode-se
entender que diminuirão os casos de afastamentos e de faltas ao trabalho, levando em
consideração essas vantagens oferecidas fica claro de a organização e o colaborador sempre
saíram ganhando.
Outro fator importante e que deve ser considerado é que com a diminuição da pressão diária para
que os funcionários atinjam sua metas, há um melhor relacionamento entre os lideres e seus
subordinados, que segundo Stephen Williams – 1998; “Pressão é uma força neutra. Pode produzir
resultados bons ou maus, depende da nossa capacidade de adaptação do individuo e de sua
habilidade em lidar com situações difíceis.
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Também deve ser levado em conta que com o tempo economizado as entregas são realizadas
dentro dos prazos e horários estipulados, diminuindo o nível de reclamação dos clientes e o
índice de devolução, já que com um horário mais flexível é possível administrar melhor a rota de
entrega a ser realizada priorizando os locais onde há alguma forma de restrição, seja ela imposta
pelo cliente ou pelas leis municipais.
Referências
ASSAD, A.A. (1988) Modeling and implementation issues in vehicle routing. In: Vehicle Routing: Methods and
Studies, B.L.Golden, A.A.Assad (eds), North Holland, Amsterdam, p. 7-46.
CHING, H. Y. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada – Supply chain. 2. ed. Atlas: São Paulo, 2001.
Cunha, C.B. (1997). Uma Contribuição para Problemas de Roteirização de Veículos com Restrições Operacionais.
Tese de D.Sc., EPUSP, São Paulo, SP, Brasil.
LAPORTE, G.; GENDREAU, M.; POTVIN, J.Y.; SEMET, F. Classical and modern heuristics for the vehicle
routing problem. International Transactions in Operational esearch, v. 7, n. 4/5, p. 285-300, 2000.
OLIVEIRA, Patricia Fernandes de, e PIZZOLATO, Nélio Domingues. A eficiência da distribuição através da prática
do cross-docking. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção - Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002.
Disponível em http://www.gestori.com.br/website2/diversos/artigos/cross_docking.pdf Acesso em 06/05/2016.
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