Você está na página 1de 14

XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”


Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

Redução de custos de transporte de matérias-


primas em uma indústria automobilística

Giseli Gonçalves (Centro Universitário Salesiano de São Paulo)


giseli.goncalves@yahoo.com.br

Camila Stephanie Gonçalves Ferreira (Centro Universitário Salesiano de


São Paulo)
camilastephaniegofe@hotmail.com

Antônio Lopes Nogueira da Silva (Centro Universitário Salesiano de


São Paulo)
antonio.nsilva@unisal.br

Erik Telles Pascoal (Universidade Federal de Alfenas)


erik.pascoal@outlook.com

Rafaela Soares Dorotea (Centro Universitário Salesiano de


São Paulo)
rafaela.dorote2014@gmail.com

O Conselho de Profissionais de Gerenciamento da Cadeia de


Suprimentos dos EUA (CSCMP) (2016) é a maior associação de
profissionais para logística e Supply Chain Management com mais de
9.000 membros em todo o mundo. CSCMP define logística como a parte
do Supply Chain Management que planeja, implementa e controla a
eficiência, fluxo e armazenamento efetivo, direto e reverso, de bens,
serviços e informações correlatas entre o ponto de origem e o ponto de
consumo, a fim de atender aos requisitos dos clientes. Uma maneira
para que se reduzam custos sem alterar a qualidade do produto é a
aplicação de programas de melhoria contínua tendo como base
conceitos do Lean Manufacturing, que possui como conceito um exemplo
de oito tipos de desperdícios, e um destes desperdícios elencados é o de
transporte. O objetivo principal deste trabalho é apontar as
oportunidades de redução de custos no processo de transporte de
matéria-prima, nesse caso, aplicados a movimentação de bobinas de
aço. Justifica-se a relevância deste trabalho devido a crescente
necessidade quanto à redução de custos envolvendo está tão importante
vertente do nosso cotidiano, o transporte, sendo cada vez mais
necessário reduzir seus custos e otimizar recursos. Para a indústria este
último fator faz-se cada vez mais necessário, visto que a tendência dos
gastos é de elevar-se em função da quantidade demandada sendo que
para empresas que não pertencem ao ramo de transportes o transporte
em si é uma operação que não agrega valor ao produto e seus custos
devem ser otimizados ao máximo.

Palavras-chave: Engenharia de Produção, Lean Manufacturing,


Operações, Sustentáveis.
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

1. Introdução
O Conselho de Profissionais de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos dos EUA
(CSCMP) (2016) é a maior associação de profissionais para logística e Supply Chain
Management com mais de 9.000 membros em todo o mundo. CSCMP define logística como a
parte do Supply Chain Management que planeja, implementa e controla a eficiência, fluxo e
armazenamento efetivo, direto e reverso, de bens, serviços e informações correlatas entre o
ponto de origem e o ponto de consumo, a fim de atender aos requisitos dos clientes.
Como a flexibilidade logística oferece tempo, eficiência e melhora a consistência da
entrega, ajustando o armazenamento, inventário e atividades de entrega em resposta aos
requisitos do cliente, de acordo com Swafford et al. (2006), o que sustenta a flexibilidade
logística é uma capacidade de processamento de informações de mercado relacionadas à
logística dos distribuidores ou clientes finais da empresa. Assim, para permitir que uma empresa
ofereça qualidade do serviço de logística e manter as relações comprador-vendedor, em um
ambiente incerto requer flexibilidade logística, com uma forte capacidade de processar
informações de mercado.
Segundo Chopra e Meindl (2003. p. 50), as escolhas sobre o transporte exercem um
forte impacto na responsividade e na eficiência da cadeia de suprimentos.
Uma maneira para que se reduzam custos sem alterar a qualidade do produto é a
aplicação de programas de melhoria contínua tendo como base conceitos do Lean
Manufacturing, que possui como conceito um exemplo de oito tipos de desperdícios, e um
destes desperdícios elencados é o de transporte.
Devido a grande gama de modais de transportes à disposição muitas empresas se perdem
na hora de analisar qual o melhor modal de transporte para a carga desejada, muitas das vezes
em caso de transportes de cargas pesadas estes transportes envolvem altos custos com frete. A
Engenharia de Produção possui como desafio a seguinte questão. Como otimizar recursos e
minimizar custos, dentre eles os de transportes que conceituados a partir do Lean é tido um dos
oito desperdícios?
O objetivo principal deste trabalho é apontar as oportunidades de redução de custos no
processo de transporte de matéria-prima, nesse caso, aplicados a movimentação de bobinas de
aço.
Justifica-se a relevância deste trabalho devido a crescente necessidade quanto à redução
de custos envolvendo está tão importante vertente do nosso cotidiano, o transporte, sendo cada
vez mais necessário reduzir seus custos e otimizar recursos. Para a indústria este último fator
1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

faz-se cada vez mais necessário, visto que a tendência dos gastos é de elevar-se em função da
quantidade demandada sendo que para empresas que não pertencem ao ramo de transportes o
transporte em si é uma operação que não agrega valor ao produto e seus custos devem ser
otimizados ao máximo.
2. Revisão Bibliográfica
A seguir veremos uma revisão de literatura com os principais assuntos pertinentes a este
trabalho.
2.1 Supply Chain Management
A Supply Chain Management (SCM) é um termo inglês, que significa na língua
portuguesa Gestão da Cadeia de Suprimentos, sendo essa introduzida em 1982 por Keith Oliver,
vice-presidente do escritório de consultoria internacional de Londres, Booz Allen Hamilton
(FERRAGI, 2016).
Segundo Schimi-Levi e Kaminsky (2010), uma cadeia de suprimentos pode ser definida
como a integração entre fornecedores, fabricantes, depósitos e pontos comerciais. Para Stevens
e Jhonson (2016) o desenvolvimento da temática Supply Chain Management ocorreu devido à
necessidade de melhoria e alinhamento dos processos internos e externos das empresas.
Segundo Ballou (2006. p. 28), a cadeia de suprimentos engloba uma sequência de
atividades que envolvem fornecedores, fábrica, varejo e clientes. Os componentes típicos em
cada um desses elos são, de modo geral, escolha de locais para fábrica e armazenagem, previsão
de demanda, controle de estoque, manuseio de materiais e transportes. Na Figura 1 pode-se
observar os pontos mais importantes dessa cadeia.
Figura 1 – Estratégias de Estocagem, Transportes e Localização.

Fonte: Ballou (2006. p. 45)

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

2.2 Logística no Brasil


Atualmente utilizamos o termo logística para nos referirmos ao transporte de cargas e
pessoas, para Speranza (2016), a logística e o conceito mais amplo de gerenciamento da cadeia
de suprimentos são destinados principalmente a uma função de negócios que tem o escopo de
disponibilizar mercadorias onde e quando necessário e nas quantidades necessárias.
Speranza (2016) afirma que a pressão econômica leva as empresas a se tornarem mais
eficientes e efetivas, aproveitando também os avanços tecnológicos. A partir disto pode-se
afirmar que a qualidade e o bom funcionamento do mesmo está ligado diretamente ao
desenvolvimento econômico de uma região, onde para tudo faz-se necessário a utilização dos
mais diversos meios de transportes. De acordo com o Ministério dos Transportes no Brasil nós
resumimos estes meios em quatro modais sendo eles: Aeroviário, Ferroviário, Aquaviário e
Rodoviário. Sendo este último o mais utilizado no Brasil.
O Brasil pode ser considerado um país continental, onde seu território ocupa uma área
de 8511.965 Km², o equivale cerca de 47,7% de todo o continente Sul-Americano, e suas
fronteiras terrestres totalizam 15179 Km.
O Ministério dos Transportes informa que até 2016 existem 47,8 mil km de vias
ferroviárias no país. Segundo o Ministério dos Transportes em 2016, a Rede Ferroviária conta
com um volume total de cargas transportadas de 503,8 milhões de toneladas, 2,5% maior que
em 2015. Onde os principais tipos de cargas são: Minério de ferro, soja, açúcar, carvão mineral,
milho, farelo de soja, óleo diesel, celulose, produtos siderúrgicos e ferro gusa. A seguir na
Figura 2 veremos uma representação esquemática das ferrovias Nacionais com a sua extensão,
suas concessionárias e a localização de cada uma delas.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

Figura 2 – Ferrovias do Brasil

Fonte: Ministério dos Transportes (2018)


Segundo o Ministério dos Transportes o Brasil conta com 1.435,8 mil quilômetros de
malha rodoviária no país. Sabe-se também que para transporte de cargas em 2016, foram
registrados por cooperativas 21.837, por empresas 1.170.378 e, por autônomos, 783.656.
De acordo com a Confederação Nacional de Transporte (CNT) a participação de cada
modal de transporte na matriz nacional de transportes de cargas pode ser resumida na seguinte
Tabela 1:
Tabela 1 – Matriz do Transporte de Cargas do Brasil – 2018

Fonte: CNT (2018)

2.3 Melhoria Contínua


O termo atual que utilizamos dentro de ambientes fabris, Melhoria Contínua deriva da
palavra Japonesa Kaizen, que segundo Matusova (2016) trata-se de uma abordagem em longo
prazo para o trabalho que sistematicamente procura alcançar pequenas mudanças incrementais
nos processos, a fim de melhorar a eficiência e a qualidade.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

A proposta de melhoria contínua também envolve a redução de atividades, funções,


procedimentos e operações que não agregam valor ao produto, tendo base técnicas e
ferramentas do Lean Manufacturing, para Gladysz e Buczacki (2018) a filosofia Lean foca na
identificação e eliminação de todos os tipos de resíduos que ocorrem nos processos de
produção.
De acordo com Kennedy e Widener (2008) as organizações eficazes percebem que
alcançar zero defeitos por técnicas enxutas, incluindo os princípios de um zero cultura de
defeitos, a fim de reduzir os custos de produção, melhorar qualidade, velocidade de montagem
e aumento da produtividade, é vital para ficar competitivo.
Segundo Wee e Wu (2009) o termo Lean expressa uma série de atividades voltadas para
solucionar os desperdícios, reduzir as operações que não agregam valor e melhorar o valor
acrescentado. Liu et al. (2013), Govindan et al. (2015) e Karim e Zaman (2013) salientam que
o desperdício é definido como qualquer coisa que interfira no fluxo da produção, tais como:
produção excessiva, defeitos, inventário desnecessário, processo inadequado, transporte
excessivo, espera, movimentos desnecessários e não utilização da criatividade do colaborador.
2.4 Ciclo PDCA
De acordo com Nasution (2005) a explicação das etapas do ciclo PDCA é a seguinte: 1º
Desenvolver um plano (Plano/Plan), que inclui especificação de planejamento, conjunto de
especificações ou padrões de boa qualidade, dar compreensão para subordinar a importância da
qualidade do produto, o controle de qualidade é feito continuamente e sustentável, 2º
Implementar o plano (Fazer/Do), planos foram elaborados implementados gradualmente, a
partir de pequena escala e uniformemente distribuição de tarefas de acordo com a capacidade e
capacidade de cada pessoa. Na execução do plano deve ser realizado controle, que é o de lutar
para que todo o plano seja implementado com uma meta viável, que possa ser alcançada, 3º
Verificação ou resultados de pesquisa (Verificação/Check), verificar a implementação que está
em curso, de acordo com o plano e monitorar as melhorias planejadas progresso. Comparando
a qualidade de produção com o conjunto de padrões, com base nos dados da pesquisa,
analisando as causas de falhas, 4º Executar se necessário medidas de ajuste (Ação/Action),
especificação de planejamento, conjunto de especificações ou padrões de boa qualidade,
evidenciar a importância da qualidade do produto.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

3. Materiais e Métodos
Primeiramente será necessária a realização de uma pesquisa prévia acerca dos modais
para transporte por meio de revisão bibliográfica em livros, artigos em bancos de dados como
Scopus, Web of Science, Scielo e Google Acadêmico de modo a avaliar suas vantagens e
peculiaridades de cada modal. Posteriormente será realizada uma pesquisa em campo, junto ao
estudo de caso, sendo esta realizada por meio de consulta por meio de entrevistas presenciais e
telefônicas aos transportadores autorizados e com contrato em vigência com a empresa estudada
dentro do mercado que se destina ao transporte de cargas pesadas, de modo que o transporte
possa ser realizado com a máxima eficiência e segurança.
Posteriormente será feita uma comparação entre os valores de frete de bobinas e aço.
Estes valores serão comparados a partir de cotações realizadas em mercado com transportadores
especializados.
Também será necessário realizar o levantamento de investimentos que possam vir a ser
necessários, como por exemplo, possíveis mudanças de lay-out, compra, troca ou adequação de
maquinário por meio de um estudo das propostas a serem feitas.
Faz-se necessário a utilização de meios que a auxiliam na redução de custos e na gestão
de projetos para que assim seja criado um projeto voltado para a redução de custos.
Analisar a melhor condição, comparando todas as situações propostas e por fim realizar
análise quantitativa com métodos de análise financeira acerca do retorno obtido com a
otimização do transporte de matéria-prima.
3.1 Problema
Uma empresa do ramo de peças automotivas vem apresentando uma série de problemas
quanto a Logística de Matéria-Prima. Onde foram constatados elevados gastos relacionados ao
transporte e movimentação de matéria-prima, neste caso específico são bobinas de aço.
Estas bobinas de aço chegam até a empresa por modal rodoviário, sendo que requerem
um veículo especial para serem transportadas via rodoviário (caminhão com eixos e chassis
específicos para suportar cargas pesadas sendo que sua capacidade máxima é de 1 bobina de no
máximo 30 Ton. ou 2 de 15 Ton. por veículo transportador).
Após o recebimento da carga estas bobinas são içadas por um dispositivo específico
acoplado na ponte rolante e dispostas em um estoque de matéria-prima, para posteriormente
serem processadas.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

3.2 Estudo de Caso


Como dito anteriormente uma empresa do ramo de peças automotivas vem apresentando
uma série de problemas logísticos devido ao aumento de seu volume de produção; para tanto
decidiu utilizar-se das estratégias de Supply Chain Manangement e Ferramentas relacionadas a
Filosofia Lean para solucionar seus problemas.
A empresa em questão está localizada em um local estratégico, onde a mesma encontra-
se em uma cidade do estado de São Paulo que faz o entroncamento entre os estados de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, próxima aos seus principais clientes e fornecedores, ao
lado da empresa existe uma linha ferroviária em funcionamento.
O primeiro passo para a solução dos problemas foi a utilização da Matriz Gut para
identificar qual seria o problema de maior urgência e consequentemente o que deverá ser
solucionado primeiro como mostrado na Figura 3.
Figura 3 – Problemas Logísticos relacionados à Matéria-Prima

Fonte: Empresa
De acordo com a Figura 3 pôde ser verificado que o problema de maior urgência a ser
solucionado são os elevados gastos com transporte logístico.
Para isso foi feito uma pesquisa que apresentou outra maneira de se transportar as
bobinas de aço, o modal Ferroviário foi tido como principal opção, o que gera uma certa
preferência devido a empresa localizar-se ao lado de uma via férrea.
A empresa em questão possui dois fornecedores de bobinas de aço, o frete é feito por
transportadoras com contratos em vigência com a empresa e cobram um valor tabelado e
acordado via contrato para o transporte das bobinas de aço. Para este transporte existe uma
limitante de capacidade máxima, 1 bobina de no máximo 30 Ton. por veículo transportador, ou
2 de 15 Ton.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

A seguir na Tabela 2 serão apresentados os valores do frete por modal rodoviário.


Tabela 2 – Valores de frete rodoviário
Frete Rodoviário
Fornecedor Valor do frete por tonelada
A R$ 151,97
B R$ 151,97
Fonte: Empresa
Para o frete via ferroviário as negociações fora iniciadas e verificou-se uma limitante
mínima de 350 Ton. por carregamento.
Devido às distâncias das usinas até a empresa serem diferentes e as movimentações
necessárias a serem feitas, a empresa de transporte ferroviário apresentou seus valores de frete
de bobinas de aço contemplando desde a saída das bobinas das usinas fornecedoras até a
empresa estão representados na Tabela 3.
Tabela 3 – Valores de frete ferroviário.
Frete Ferroviário
Fornecedor Valor do frete por tonelada
A R$ 26,42
B R$ 62,46
Fonte: Empresa

Devido aos valores atrativos com relação aos valores pagos anteriormente a empresa
decidiu por executar um PDCA visando a redução de custos.
Na fase P foram evidenciados elevados gastos com transporte de matéria-prima.
Foram observadas as limitantes de maior impacto de cada modal de transporte, limitação
máxima por transporte rodoviário - 30 Ton. por veículo e limitação mínima por carregamento
no transporte ferroviário - 350 Ton.
Ainda na fase P o time definiu sua predição que é a de reduzir os custos de transporte
de matéria-prima por meio de atividades que não agregam valor ao produto e
consequentemente aumentar a competitividade da empresa.
Foi verificado também que a mudança não causaria grandes interferências nos níveis
de estoque devido ao fato de empresa consumir uma média de 24 bobinas por dia no cenário
atual.
Na fase D foi elaborado o seguinte plano de ação conforme apresentado na Figura 4
para o bom andamento do projeto.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

Figura 4 – Plano de Ação.


O que? Quem? Por quê? Como? Quando? Status

Para ter uma noção


Identificar e
dos custos Cotação com
quantificar Colaboradores
relacionados à empresas 30/11/2015 100%
possíveis X, Y, Z
mudança de modal de especializadas
investimentos
transporte

Através da previsão
de volume de
Apresentar e
Para ter uma noção da bobinas via
analisar possíveis Colaboradores
economia de custos ferroviária e custos 31/12/2015 100%
ganhos com o X, Y, Z
envolvida envolvidos no
time
método atual e
futuro.

Apresentar ao
A fim de verificar Analisar a proposta
PCP proposta do Colaboradores
possíveis restrições de fluxo em conjunto 31/01/2016 100%
fluxo de manobra X, Y, Z
durante operação com planejamento
das pranchas

Acompanhar A fim de verificar os Acompanhando a


primeira Colaboradores pontos necessários de manobra das
28/02/2016 100%
operação do X, Y, Z adequação / melhorias pranchas, bem como
modal ferroviário na operação o desabastecimento.
Iniciando contrato
Para que a melhoria
Implementar a Colaboradores com empresa
seja mantida e 20/03/2016 100%
melhoria X, Y, Z transportadora
perpetuada.
ferroviária
Fonte: Empresa
Na fase C foi verificado que a mudança iria causar impacto, gerando redução com custo
logístico de bobinas, uma vez que a diferença de valores de cada frete é de aproximadamente
R$100,00/Ton. (média redução do valor do frete dos Fornecedores A e B).
Para isso a empresa realizou testes em pequena escala e constatou a existência de
condições favoráveis de prosseguir com esta melhoria. A Tabela 4 representa o ganho
econômico previsto pela empresa.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

Tabela 4 – Economia Prevista


Ganho previsto Anual R$ 843.235,80
Média Mensal de Economia R$ 70.269,65

Fonte: Empresa

4. Apresentação dos Resultados


De acordo com os dados apresentados anteriormente foi constatado que os
investimentos se tornariam totalmente pagos em um período de aproximadamente 21 meses.
Posteriormente a economia foi acompanhada mensalmente, como apresentado na
Tabela 6, onde até o mês de Abril de 2018 podemos verificar o valor de R$ 6.790.215,80
economizados em um período de 25 meses.
Além do mais foi verificado que a alteração do modal rodoviário para o ferroviário
apresentou ganhos melhores do que o esperado, sendo que no período de um ano o valor
estimado para economia era de R$843.235,80 e o valor real economizado foi de
R$1.841.537,50, fazendo com que o investimento fosse totalmente pago em um período de 11
meses ao invés de 21 meses como o esperado. Isto se deve também ao fator do aumento do
volume de produção que consequentemente consumiu maior quantidade de matéria-prima, o
que nas condições antigas elevaria ainda mais os gatos com o frete já que o mesmo é calculado
por tonelagem de matéria-prima.
Tabela 6 – Economia Mensal
Consumo MP Valor do Frete Valor do Frete
Mês Economia em R$
(Ton.) Rodoviário Ferroviário
Abril 2016 2197,837 R$ 334.005,29 R$ 121.666,62 R$ 212.338,67
Maio 2016 1825,173 R$ 277.371,54 R$ 110.772,24 R$ 166.599,30
Junho 2016 2058,147 R$ 312.776,60 R$ 120.643,53 R$ 192.133,07
Julho 2016 1271,689 R$ 193.258,58 R$ 79.429,69 R$ 113.828,88
Agosto 2016 693,97 R$ 105.462,62 R$ 43.345,37 R$ 62.117,25
Setembro 2016 1658,733 R$ 252.077,65 R$ 91.542,99 R$ 160.534,66
Outubro 2016 1737,766 R$ 264.088,30 R$ 108.103,03 R$ 155.985,27
Novembro 2016 1111,345 R$ 168.891,10 R$ 68.547,25 R$ 100.343,85
Dezembro 2016 976,713 R$ 148.431,07 R$ 39.013,83 R$ 109.417,24
Janeiro 2017 1730,016 R$ 262.910,53 R$ 107.169,09 R$ 155.741,44
Fevereiro 2017 1688,746 R$ 256.638,73 R$ 93.545,43 R$ 163.093,30
Março 2017 2207,542 R$ 335.480,16 R$ 86.075,59 R$ 249.404,57
Abril 2017 2517,943 R$ 382.651,80 R$ 92.933,10 R$ 289.718,70

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

Maio 2017 1500,997 R$ 228.106,51 R$ 39.506,24 R$ 188.600,27


Junho 2017 2547,023 R$ 387.071,09 R$ 75.362,49 R$ 311.708,59
Julho 2017 2740,271 R$ 416.438,98 R$ 72.123,93 R$ 344.315,05
Agosto 2017 2628,21 R$ 399.409,07 R$ 93.866,42 R$ 305.542,65
Setembro 2017 4625,634 R$ 702.957,60 R$ 243.460,93 R$ 459.496,67
Outubro 2017 4178,402 R$ 634.991,75 R$ 224.019,79 R$ 410.971,96
Novembro 2017 3676,904 R$ 558.779,10 R$ 146.236,23 R$ 412.542,87
Dezembro 2017 3705,305 R$ 563.095,20 R$ 205.796,18 R$ 357.299,02
Janeiro 2018 4827,03 R$ 733.563,75 R$ 213.556,11 R$ 520.007,64
Fevereiro 2018 2911,93 R$ 442.526,00 R$ 157.785,69 R$ 284.740,31
Março 2018 5630,9 R$ 855.727,87 R$ 271.801,92 R$ 583.925,95
Abril 2018 4593,59 R$ 698.087,87 R$ 218.279,27 R$ 479.808,61
Total 65241,816 R$ 9.914.798,78 R$ 3.124.582,98 R$ 6.790.215,80
Média Total
Mensal R$ 2.609,67 R$ 396.591,95 R$ 124.983,32 R$ 271.608,63
Fonte: Autores
5. Considerações Finais
Constata-se que a utilização de ferramentas do sistema de melhoria contínua juntamente
com a gestão da cadeia de suprimentos torna-se útil para a elaboração de projetos com foco na
redução de custos, sendo estes indesejáveis, porém necessários que de forma indireta acarretam
no aumento do preço do produto final.
Evidencia-se nesta pesquisa a importância da utilização de metodologia científica para
o entendimento do comportamento financeiro acerca dos modais de transportes ferroviários e
rodoviários.
Desta forma este trabalho apresentou grandes benefícios financeiros e não financeiros
na troca de modal rodoviário para o ferroviário no transporte de matéria-prima, gerando uma
significativa redução de custos beneficiando a empresa e consequentemente propiciando uma
melhora em seu cenário econômico. Portanto, a empresa em questão pode se posicionar de uma
melhor maneira no mercado, podendo apresentar maior poder competitivo em detrimento de
outras empresas do mesmo ramo, isto se deve a boa gestão de seus recursos financeiros,
principalmente aqueles destinados à logística de matéria-prima.

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

6. Referências
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
Bartlomiej Gladysz, Aleksander Buczacki. Wireless Technologies For Lean
Manufaccturing - A Literature Review. Management and Production Engineering Review.
2018.
CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégia,
Planejamento, e Operação. In: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégia,
Planejamento, e Operação. 2003.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTES. Custo logístico consome 12% do
PIB do Brasil. Disponível em: http://www.cnt.org.br/Imprensa/noticia/custo-logistico-
consome-12-do-pib-do-brasil Acesso em: 27/05/18.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTES. Disponível em:
http://www.cnt.org.br/Boletim/boletim-estatistico-cnt. Acessado em: 25/05/2018
CSCMP (2016), “Council of Supply Chain Management Professionals”, Disponível em:
https://cscmp.org/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms/CSCMP/Educ
ate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms.aspx?hkey=60879588-f65f-4ab5-8c4b-
6878815ef921 Acessado em: 10/03/2019
FERRAGI, E. M. Integrating Supply Chain and Production Chain: a Genesis in the
Ethanol Industry. Journal of Operations and Supply Chain Management, v. 9, n. 1, p. 129-
146, 2016
GONVIDAN, K. AZEVEDO, A. G. CARVALHO, H. CRUZ MACHADO, V. Lean, green
and resilient practices influence on supply chain: interpretive structural modeling
approach. International Journal Enviroment Science Technolocic, v. 12, p. 15-34, 2015.
KARIM, A.; ARIF-UZ-ZAMAN, K. A methodology for effective implementation of lean
strategies and its performance evaluation in manufacturing organizations. Business
Process Management Journal, v. 19, n. 1, p. 169-196, 2013.
KENNEDY, F. A., WIDENER, S. K. A control framework: Insights from evidence on
lean accounting. Management Accounting Research, v 19, p 301–323. 2008.
LIU, S.; LEAT, M.; MOIZER, J.; MEGICKS, P.; KASTURIRATNE, D. A decision-focused
knowledge management framework to support collaborative decision making for lean

1
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.

supply chain management. International Journal of Production Research, v. 51, n. 7, p.


2123-2137, 2013.
MATUSOVA, Dominika. The Improvement of Logistics Processes Through Kaizen and
Six Sigma. The International Journal of Transport & Logistics, v. 16, p. 1, 2016.
Ministérios dos transportes, Portos e Aviação Civil. Disponível em:
http://www.transportes.gov.br/grandes-numeros.html. Acesso em: 30/04/2018
NASUTION, M. N. Manajemen Mutu Terpadu: Total Quality Management. Editora Ketiga.
V3 2005.
SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P. Cadeia de suprimentos projeto e gestão: conceitos,
estratégias e estudos de caso. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
SPERANZA, M. Grazia. Trends in transportation and logistics. European Journal of
Operational Research, v. 264, n. 3, p. 830-836, 2018.
STEVENS, G. C.; JOHNSON. Integrating the supply chain: 25 years on. International
Journal of Physical Distribution e Logistic Management, v.46, n.1, p.19-42, 2016.
SWAFFORD, P. M., GHOSH, S., MURTHY, N. N. A framework for assessing value chain
agility. International Journal of Operations & Production Management, 26(1/2), 118–140.
2006.
WEE, H. M.; WU, S. Lean supply chain and its effect on product cost and quality: a case
study on Ford Motor Company. Supply Chain Management: An International Journal, v. 14,
n. 5, p. 335-341, 2009.

Você também pode gostar