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Seção 1.01
1. Introdução
A configuração de uma cadeia de suprimentos envolve todas as etapas desde a produção do
insumo (extração/cultivo), passando por indústrias de base, indústrias de transformação,
montadoras, distribuidores, varejistas, transportadores, dentre outros. Ou seja, a organização
de uma cadeia de suprimentos envolve todas as etapas de formação de um produto ou serviço
até chegar que este chegue às mãos do cliente final pronto para consumo.
Em uma cadeia de suprimentos são realizadas diversas operações para que produtos e serviços
circulem ao longo desta cadeia. Dentre estas operações existem algumas que agregam valor
para o cliente e outras que não agregam nenhum valor. As operações sem agregação de valor
definem os desperdícios de uma cadeia de suprimentos. Sendo assim, percebe-se que existe
uma grande vantagem estratégica na visão de cadeia de suprimentos enxuta, devido à
amplitude de possibilidades de eliminação de desperdícios quando observamos não somente a
empresa internamente, mas analisando o valor agregado ao cliente de forma integrada por
todos os elos da cadeia de suprimentos.
Neste artigo será realizada uma revisão conceitual sobre Cadeias de Suprimentos (Supply
Chain), assim como uma apresentação sobre o surgimento do Sistema Toyota de Produção
(TPS – Toyota Production System), origem do pensamento Lean (Lean Thinking). Em seguida
será apresentado um modelo conceitual para se estruturar um processo de integração da cadeia
de suprimentos, por meio da aplicação de conceitos e ferramentas Lean. Para tanto, foram
descritas as fases de um projeto para integração da cadeia, adotando o modelo de integração
entre clientes e fornecedores de diversos níveis, tendo o enfoque principal reduzir/eliminar os
desperdícios entre os elos da cadeia de suprimentos.
2. Revisão Conceitual
2.1 Cadeia de Suprimentos
Para Fleury et al (2000) uma Cadeia de suprimentos é um sistema que envolve desde os
fornecedores de matéria prima, até os processadores, os serviços de distribuição e
comercialização, bem como os clientes - todos ligados através da aquisição de produtos e
fluxo de recursos e informações.
Pela definição do CSCMP (Council of Supply Chain Management Professionals) a gestão da
Cadeia de Suprimentos engloba o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades no
suprimento e aquisição, conversão, e todas as atividades de Gerenciamento Logístico.
Importante, ela também inclui a coordenação e a colaboração com canais de parceiros, os
quais podem ser fornecedores, intermediários, terceiros, provedores de serviços e clientes.
Essencialmente, a Gestão da Cadeia de Suprimentos integra a gestão da oferta e demanda
dentro e entre companhias.
De acordo com Taboada (2007) para que as Redes de Negócios entre empresas atinjam um
formato de Gestão de Cadeias de Suprimentos estas redes devem possuir algumas
características essenciais, entre as quais destacam-se:
− Competências de Gestão (conhecimento, habilidade, atitude);
− Cadeia de Suprimentos integradas (operações e sistemas);
− Sistemas de Informação adequados;
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VALOR = BENEFÍCIO
ESFORÇO
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Capacidade de aprendizado
evolutivo
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Aprendizado intencional e
oportunístico de lidar com
mudanças e construir as
capacidades rotinizadas de
manufatura e aprendizado.
Fonte: Pichi (2003)
Tabela 1 – Comparação entre três enfoques de generalização do TPS
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Para aplicar os conceitos de manufatura enxuta (Lean) na cadeia de suprimentos temos que ter
uma visão um pouco diferente da tradicional de Lean. As análises e medidas de desempenho
devem ser feitas sempre sobre a ótica da cadeia, não sendo limitas às paredes da empresa. A
comunicação entre as empresas da cadeia deve ser muito estimulada, e para que o projeto dê
certo as equipes que trabalharão nele devem ser mistas, tendo profissionais de diversos
representantes da cadeia.
3.2 Manufatura Enxuta na Cadeia
O foco da manufatura enxuta é agregar valor para o consumidor através da redução de
desperdícios na organização. Portanto, o foco da cadeia suprimentos enxuta é agregar valor
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KAIZEN
Tempo
Em resumo o Kaikaku é aplicado para uma grande melhoria, quando os resultados estão bem
abaixo do resultado potencial, devendo ser executado em curto espaço de tempo (espera-se
que tenha resultados imediatos). Já o Kaizen é uma ferramenta para a melhoria contínua, onde
ações constantes geram resultados melhores ao longo do tempo, mas partindo de uma situação
inicial onde os resultados estejam satisfatórios, mas ainda com potencial de crescimento
(busca pela melhoria contínua).
3.4.5 Resumindo o escopo do projeto com fornecedores
O quadro que é apresentado a seguir é um resumo das etapas e objetivos do projeto de
implantação de manufatura enxuta na Cadeia de Suprimentos, de acordo com o que foi
apresentado neste trabalho e que foi proposto por Mallow et al, 2003.
Escolhendo a Avaliando o estado Projetando o Executando as
cadeia atual estado futuro mudanças
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O escopo de um projeto Lean com fornecedores podem ser definido e descrito a partir do
conhecimento de alguns dos objetivos deste projeto, como por exemplo:
− Estabelecer um sistema de “puxar” materiais;
− Reduzir os desperdícios na cadeia;
− Ampliar/Estabelecer a integração;
− Melhorar a qualidade de informação.
4. Conclusões
A formação de uma Cadeia de Suprimentos depende da integração de diversas áreas de
negócio, possibilitando que outras áreas de conhecimento contribuam na criação de uma
cadeia cada vez mais competitiva. Assim, o que se pode concluir deste trabalho é que existem
grandes oportunidades de aplicação de ações objetivas e práticas na Cadeia de Suprimentos,
seguindo alguns passos dentro da metodologia Lean, cuja maior atuação até hoje tem sido
principalmente em ambientes produtivos, sobretudo no chão de fábrica (Gemba).
Empregar a metodologia Lean na Cadeia de Suprimentos significa buscar a implantação de
um gerenciamento enxuto desta cadeia, estabelecendo ligações simples e diretas entre clientes
e fornecedores, assim como, reduzir desperdícios, minimizar movimentação, otimizar os
transportes, etc. Enfim, o gerenciamento enxuto chega para contribuir para uma gestão mais
eficiente da cadeia, auxiliando no direcionamento dos esforços dos fornecedores, e mantendo
todos participantes alinhados à estratégia da Cadeia de Suprimentos na qual estão inseridos.
Alguns ganhos que podem ser alcançados com a implantação do gerenciamento enxuto da
cadeia de suprimentos: redução dos custos, eliminação dos desperdícios, maior valor
agregado, redução dos estoques, gestão visual, integração das cadeias, estabelecimento de um
sistema puxado pelo consumo, etc. Existem inúmeras vantagens na aplicação de uma gestão
enxuta da Cadeia de Suprimentos, porém, muitas são as dificuldades para atingir um nível de
excelência que determinem o sucesso de um projeto deste porte. Na maioria das vezes, o
sucesso de uma mudança está diretamente associado ao comprometimento da empresa
patrocinadora do processo, dos agentes de mudança, das pessoas envolvidas no processo,
assim como das empresas parceiras deste projeto de gestão da Cadeia de Suprimentos.
Entretanto vale ressaltar que é importante o interesse em aprender com o Sistema Toyota de
Produção, porém a imitação superficial de técnicas isoladas (know-how) não resultará em
melhorias verdadeiras – a verdadeira inovação não surgirá sem saber por quê (know-why).
(SHINGO, 1996)
5. Recomendações
Para realização de trabalhos futuros recomenda-se aprofundar o estudo de cadeia de
suprimentos através da aplicação de alguns conceitos Lean tais como gestão visual, redução
de desperdícios, padronização, além de outros, porém apoiados sob a ótica da teoria das
restrições (TOC), observando os ganhos, o retorno sobre o investimento, além de mantendo o
enfoque na restrição da cadeia de suprimentos.
Ainda na linha de aplicação da teoria das restrições na cadeia de suprimentos, recomenda-se o
estudo e o desenvolvimento de processos flexíveis que suportem um sistema de puxada de
materiais baseado em pedidos (cadeia de suprimentos com produção puxada), e aplicado
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dentro da metodologia de Logística TPC, ou seja, o Tambor, Pulmão e Corda da teoria das
restrições.
Em síntese, recomendamos os seguintes problemas para estudo:
− Unir TOC e Lean na Cadeia de Suprimentos;
− Aplicar Logística TPC para estabelecer os sistemas de puxada por pedidos;
− Aplicar os conceitos Lean aproveitando a força atual do movimento no Brasil.
Referências
COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS (CSCMP). Supply Chain
Management and Logistics Management Definitions. Website acessado em 09/05/2008.
http://cscmp.org/aboutcscmp/definitions/definitions.asp
FLEURY, P. F.; FIGUEIREDO, K. F. & WANKE, P. Logística Empresarial - A Perspectiva Brasileira.
Coleção COPPEAD de Administração. Editora Atlas, São Paulo, 2000.
MALLOW, C.; EASH, J.; FLEISCHER, M. & SMITH, M. Developing Lean Supply Chains – A Guidebook.
Altarum Institute, The Boeing Company, and Messier-Dowty Inc., 2003.
NOVA PRODUCTS AND SOLUTIONS. A Primer on Supply Chain Management. Website acessado em
09/05/2008. http://www.novaprodsol.com/scm.htm
OHNO, T. O sistema Toyota de produção – além da produção em larga escala. Bookman: Porto Alegre, 1997.
PICHI, F. A. Oportunidades da aplicação do Lean Thinking na construção. Revista Ambiente Construído,
Porto Alegre, 2003.
SHINGO, S. O Sistema Toyota de produção. Porto Alegre: Bookman, 1996.
TABOADA, C. R. Notas de aula da disciplina Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (EPS6411). Programa
de Pós Graduação em Engenharia de Produção, PPGEP/UFSC, Florianópolis, 2007.
WOMACK, J. P. & JONES, D. T. Lean Thinking – Banish waste and create wealth in your corporation.
Simon & Schuster, New York, 1996
WOMACK, J. P., JONES, D. T. & ROSS, D. A máquina que mudou o mundo. 10a ed., Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
______, A mentalidade enxuta nas empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998
WINCEL, J. P. Lean Supply Chain Management: A Handbook for Strategic Procurement. Productivity Press,
2004.
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