Você está na página 1de 14

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO

Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil


João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

GESTÃO DA OPERAÇÃO PORTUÁRIA


DE CONTÊINERES: ESTUDO DE CASO
NO PORTO DE NATAL/RN.
Vitória Régia da Silva Borges (UNP )
vitoriaborgess@gmail.com
Renato Samuel Barbosa de Araujo (IFRN )
rsbaraujo@gmail.com
Joao Maria Filgueira (IFRN )
jmfilgueira@gmail.com

A capilaridade do transporte marítimo e a ampliação da


movimentação de contêineres no mundo, trouxeram para o setor
portuário, os desafios logísticos do planejamento operacional. O Porto
de Natal com sua localização geográfica estratégica éé uma
alternativa logística para atender as necessidades de navegação,
manuseio e armazenagem de contêineres no litoral do Nordeste do
Brasil, tendo como principal atividade a exportação de fruta da região.
Para superar os desafios de suas funções, se faz necessário abordar o
conceito logístico do planejamento à atividade de operação portuária.
Nesse sentido, o trabalho descreve as características inerentes do
serviço realizado da operação intermodal de movimentação e
armazenagem de contêineres no Porto de Natal. Discute-se a partir do
histórico de exportações e importações, aspectos da gestão
operacional, abordando as condições para obtenção de um sistema
logístico mais eficiente visando um serviço de melhor qualidade,
redução de tempo e custos das operações portuárias. Adicionalmente
identificam-se alguns dos gargalos operacionais e apresenta-se uma
breve análise a respeito da força de trabalho que presta serviços. A
metodologia adotada foi à descritiva exploratória, com base em
pesquisa bibliográfica e documental, visitas técnicas e entrevistas com
envolvidos na operação do Porto de Natal. No trabalho identificaram-
se fragilidades no planejamento logístico operacional, entraves na
infraestrutura, bem como fragilidade nas políticas públicas. Apesar
das limitações, verificou-se a efetivação de melhorias para atracação
de navios maiores e a existência de projetos em elaboração, de
ampliação de espaço na área portuária. Concluí-se que são necessária
ações gerenciais da Codern e políticas publicas governamentais, com
vistas a melhoria operacional de contêineres visando maior efetividade
logística do Porto de Natal.

Palavras-chave: Operação Portuária, Contêineres, Competitividade


XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

1. Introdução

A internacionalização dos mercados impacta diversos aspectos socioeconômicos dos países e


intensifica a competição entre as empresas. Este processo influencia no planejamento e na
integração de uma série de funções ao longo da cadeia de negócios, alcançando o nível
operacional logístico, no esforço por eficácia na movimentação de cargas ao redor do planeta.
Nesse cenário, a logística sobressai como um dos fatores relevantes para a economia de um
país, região ou estado. A coordenação do fluxo de bens e serviços perpassa praticamente todas
as operações dos negócios influenciando na competitividade das organizações.

Neste contexto os portos internacionais, em certa medida, facilitam o processo de exportação


da produção e importação, e são portas de entrada e saída de produtos e mercadorias das
nações, que mantêm as relações de troca ou relações de intercâmbio, sejam estes de maior ou
menor valor agregado, sendo fundamentais para o desenvolvimento econômico, tornando o
comércio mais dinâmico e competitivo, com alternativas e facilidades para as transações
comerciais. A eficiência operacional passa a ser então essencial em se tratando do comércio
internacional, pois todas as atividades que envolvem o processo logístico são de caráter
decisivo para o atendimento contratado pelos clientes, que se encontram geograficamente
distantes da organização fornecedora. O modal de transporte marítimo proporciona benefícios
para os importadores/exportadores, quando se trata de transporte de cargas com grande
volume e preço de mercado relativamente baixo BALLOU (2013), CARVALHO (2002) e
BANDEIRA (2005).

Estrategicamente o Rio Grande do Norte foi uma das alternativas escolhidas pelos
exportadores para escoar sua produção, principalmente o setor da fruticultura, produzida no
interior do Estado, por ter uma localização geograficamente estratégica, reduzindo os custos
da logística e facilitando o transporte ao mercado europeu, principal destino de cargas. O
Porto de Natal tem um planejamento operacional especifico, em função da linha regular das
rotas dos navios vindo e voltando da Europa, basicamente em forma de círculo, onde se inicia
as exportações e finaliza o ciclo com as operações descarregamento das importações e em
seguida iniciando novamente o ciclo, podendo ser considerado um porto terminal.

O presente trabalho aborda a dinâmica operacional de transporte, manuseio e armazenagem de


contêineres no Porto de Natal, Rio Grande do Norte. Identificam-se os agentes e as operações

2
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

envolvidas no planejamento logístico, bem como apresenta como é percebida pelos


entrevistados à integração dos setores que operacionalizam as atividades portuárias com vistas
a maior competitividade do ativo logístico pela redução do tempo e dos custos operacionais; o
trabalho também indica alternativas operacionais, que podem reduzir impactos advindos dos
entraves estruturais e administrativos identificados, com vistas à melhoria da oferta dos
serviços portuários, em face de sua relevância para o desenvolvimento do Estado.

2. Fundamentos da logística e operações portuárias

As operações logísticas são essenciais ao funcionamento de um porto. O tema passa


necessariamente pelas funções essências da administração, quais sejam: planejamento,
organização, direção e controle para ser eficiente e eficaz em suas atividades. Pode-se definir
logística como sendo a articulação efetiva de duas dimensões gerenciais básicas:
administração de materiais e distribuição, BALLOU (2013), BOWERSOX & CLOSS (2007)
e NOVAES (2001). Para que estas duas atividades funcionem é imperativo que o
planejamento logístico, esteja integrado às funções primárias (transporte, processamento de
pedidos e estoques) e de apoio (movimentação, armazenagem, embalagem, etc.), em
BALLOU (2013) e CARVALHO (2002), SANTOS et all (2015).

Na visão Keedi (2004, p. 23) “A atividade de comércio exterior é aquela na qual se faz
a compra, venda e troca de bens e serviços, bem como de circulação de capitais e de mão-de-
obra entre os países”. Esta é a realidade estabelecida no comércio de frutas tropicais do Rio
Grande do Norte, exportadas pelo Porto de Natal.

No tocante ao objeto deste estudo, que concerne às operações em um terminal ressalta-


se a importância da atividade primária de transporte e as atividades de apoio do manuseio
movimentação de materiais, Ballou (2013) e Ching (2010):
a) O transporte diz respeito aos modais de transporte que deslocam os produtos entre
fornecedores e clientes: rodoviário, ferroviário, aeroviário, marítimos, dutoviário e
aquaviário. São de grande importância, em virtude do peso do custo em relação ao
total do custo logístico;
b) O manuseio e movimentação de matériais – envolve a movimentação dos produtos no
local de armazenagem/estoque; está ligada a armazenagem e manutençao do estoque,
escolha dos equipamentos para movimentação dos produtos, no processo para
informação de pedidos e balamcamento de carga. Neste contexto inclui-se também a

3
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

embalagem de proteção - Uma das finalidades da logística é proteger os produtos


movimentados e empacotar os objetos para aumentar sua densidade, facilitar o
manuseio, reduzir os custos totais providenciando uma armazenagem eficiente.

Estas funções e outros aspectos relacionados à gerência das operações portuárias e da


infraestrutura em BANDEIRA (2005), BUSTAMANTE (2001), MAGALHÃES (2011) são
os fundamentos para a estruturação da metodologia da pesquisa de campo que foi realizada.

3. Metodologia

Optou-se por um estudo de caso. A pesquisa foi restrita a Companhia Portuária da cidade de
Natal, no Estado do Rio Grande do Norte e aos Órgãos que atuam em conjunto com a
Companhia dentro do Porto Ampliado. Segundo Fachin (2003) o método do estudo de caso é
o processo de investigação intensiva que leva em consideração, principalmente a
compreensão, como um todo, do assunto investigado.

O principal objeto de pesquisa foi o ambiente operacional da CODERN na visão dos gestores
com esse envolvidos. Os dados foram coletados por questionários em visitas técnicas. Foram
feitas entrevistas semiestruturadas, ou seja, que tem um roteiro pré-definido, Utilizou-se da
aplicação de questionário, de acordo com Lakatos (2010, p. 86) "[...] instrumento de coleta de
dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito sem a presença do entrevistador". A estrutura básica encontra-se na Figura 1.

Figura 1: Roteiro das entrevistas no Porto de Natal

4
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)


Foram feitas oito entrevistas no período entre 20 de junho 30 de setembro de 2015. No intuito
de aprofundar o estudo fez-se necessário uma entrevista com um gestor de uma empresa de
assessoria à exportação e importação para identificar os principais gargalos vistos de fora do
Porto, pois se verificou necessária, uma opinião externa a respeito das dificuldades percebidas
pelos tomadores do serviço ofertado pelo Porto de Natal.

4. Gestão das Operações Portuárias – o caso do porto de Natal.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC,


2015), a participação exportadora do estado do Rio Grande do Norte em 2014 encontrava-se
na 23ª posição, uma abaixo da alcançada no ano anterior, respondendo por 0,1% da pauta
nacional. Além da tímida participação nas exportações nacionais, o Estado fechou o ano de
2014 com o saldo da balança comercial negativo, ainda mais expressivo do que em 2013
(US$ 18 milhões), com um déficit de US$ 62,340 milhões.

Na pauta exportadora do RN, entre os dez principais produtos comercializados pelo estado
para o mercado internacional, os melões e as castanhas de caju permanecem liderando a lista,
ano após ano, conforme Figura 2.

5
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

Figura 2 - Principais Produtos exportados pelo RN -2013 a 2014

Fonte: AliceWeb/MDIC (2015)

No âmbito da pauta importadora potiguar, os principais produtos que o estado demandou do


mercado internacional foram os trigos e misturas de trigo com centeio - mais uma vez
liderando as importações (Figura 3).

Figura 3 - Principais Produtos importados pelo RN – 2013-2014

6
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

Fonte: GEPLAN/DAF/CODERN (2015)

O Porto de Natal recebe em média quatro navios porta-contêineres por mês, sendo eles
atracados nos finais de semana, entre as sextas e os domingos. Os principais produtos
(commodity) que são exportados através do Porto no estado do Rio Grande do Norte são
frutas, constituindo a maioria de melão (fresh melons) e manga (mangoes), transportados em
contêineres refrigerados para manter a qualidade da fruta, no período de transporte terrestre e
marítimo.

O planejamento operacional da logística desses contêineres, considerando o exemplo de


frutas, começa a partir do momento em que estas são transportadas das fazendas localizadas
no interior do estado, próximas ao município de Mossoró, de onde são deslocadas sobre
carretas, em contêineres lacrados até o Porto de Natal. Durante toda a semana, as carretas de
responsabilidade do produtor, descarregam os cheios e levam os contêineres vazios. No
momento em que esses contêineres - CNTRs chegam ao Porto de Natal, a Companhia Docas
assume a responsabilidade, junto com os operadores logísticos (empresas privadas), que
atuam no processo operacional, sendo a Progeco do Brasil Operadora Intermodal Ltda a

7
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

empresa que possui escritório dentro do Porto, que é responsável por escalar os encarregados
de capatazia e operadores de máquinas, que fazem parte do OGMO - Órgão Gestor de Mão-
de-Obra do Trabalho Portuário Avulso, do Porto Organizado de Natal e a convocação da
transportadora contratada Transparceiro Logística de Container que faz, em conjunto com os
guindastes do navio e as empilhadeiras, a função de descarga, embarque e remoção de CNTRs
na operação do navio.

No terminal Portuário de Natal não há guindaste em sua infraestrutura, logo os navios que
atracam e transportam Cntrs, necessariamente em suas estruturas tem que apresentar lanças
que farão o deslocamento dos Cntrs de dentro para fora e de fora para dentro da embarcação.
De acordo com a quantidades de Cntrs que chegam nos navios ou a quantidade que há para
embarcar, é selecionada a equipe de capatazia e a quantidade de equipamentos a serem
utilizados, normalmente funcionam 06 (seis) carretas e 02 (duas) empilhadeiras que fazem a
movimentação em terra. Para cada lança/Guindaste são necessárias 03 (três) carretas que
fazem o manuseio de Cntrs para otimizar o tempo, em grande parte das operações realizadas
no terminal portuário são utilizados dois guindastes e o termo usado para designar tal
agrupamento é; terno.

Verificaram-se com os entrevistados envolvidos diretamente com as operações logísticas, que


as instalações do Porto carecem, em sua grande maioria, de modernização, em especial a
infraestrutura física, e a título de exemplo, os escritórios, apresentam paredes grossas demais
(antigas), que dificultam a conexão da internet até mesmo via telefone, bem como sistema
elétrico envelhecido, problemas de infraestrutura básica de saneamento, reduzido espaço de
armazenagem, necessidade de mais um berço de atracação, mas a principal dificuldade
registrada (coordenador de operações da empresa operadora) foi o baixo volume e a
intermitência de cargas, que consequentemente influencia em toda a configuração da
operação, seja pela baixa oferta de empregos, alta competição com os outros portos vizinhos,
redução de linhas de navios e ainda a inexistência de navegação de cabotagem.

No Porto há uma linha regular semanal internacional de contêineres, que conta com apenas
um navio, do qual depende toda a exportação da produção e importação do estado. Há
também a condicionante sazonalidade. Um navio graneleiro de trigo atraca periodicamente no
Porto de Natal, mas trata-se de uma atividade dedicada.

8
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

No período da pesquisa de campo constatou-se que eram usadas duas empilhadeiras, por
conta do pequeno volume movimentado. Na opinião dos entrevistados estas suprem as
necessidades, mas informaram que, no caso de aumento expressivo de volumes, pela entrada
eventual de outros navios, com escala no Porto, seria de grande valia um maior investimento
da CODERN para aquisição de mais equipamentos de movimentação de carga. Um destes
equipamentos pode ser visto na Figura 4.

Figura 4- Empilhadeira Reach Stacker retirando contêiner da prancha da carreta

Fonte : Autores do trabalho ( Porto de Natal,2015)

Verificou-se na entrevista e em visita in loco, com a representante da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA), autoridade portuária com responsabilidade em nível Federal,
uma agência reguladora que atua de forma integrada com outras autoridades Portuárias (AP),
que a infraestrutura do terminal, dificulta uma melhor vigilância no armazém do Porto de
Natal, em função das condições materiais atuais, com destaque para o espaço para armazenar
cargas que podem afetar à saúde, tais como: agrotóxicos, cosméticos, insumos farmacêuticos,
alimentos perecíveis dentre outros, objetos de fiscalização da Vigilância Sanitária. Há também
espaço para melhoria de ambientes para facilitar o combate à proliferação de vetores
transmissores de doenças e a gestão ambiental. Corroborando com a percepção do Gestor

9
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

verificou-se que não existe uma higienização adequada do espaço de armazenamento, nem
área refrigerada para receber e acomodar cargas que exigem baixas temperaturas. A
profissional informou que, as fiscalizações são feitas em uma área externa ao armazém, mas
interna ao Porto, expondo, às vezes, o exportador a situação desconfortável, visto que este
procedimento exige disponibilidade de um local que atenda as normas para o recebimento dos
produtos importados e para exportação (ver Figura 4).

Figura 4 - Armazéns do Porto de Natal

Fonte: Autores do trabalho (Porto de Natal, 2015)

De acordo com um Inspetor da Receita Federal, avaliando a infraestrutura (armazenagem,


equipamentos de movimentação e movimentação de contêineres, equipamentos etc.) do Porto
de Natal, “É necessário destacar que se trata de uma infraestrutura em condições de utilização
no limite operacional, não suficiente para fazer frente a um aumento de demanda expressivo,
a exemplo do aumento do número de rotas marítimas e entrada em operação do Terminal
Marítimo de Passageiros”.

As entrevistas e a análise do modelo de planejamento operacional de transporte,


movimentação e armazenagem de contêineres cheios e vazios no terminal intermodal do Porto
de Natal permitem constatar que o este apresenta infraestrutura que requer atualização; um
sistema mecanizado com relativa variedade de equipamentos de movimentação e manuseio de
cargas, em especial contêineres. Também se pode constatar que há equipe gerencial e

10
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

operacional para atividades de movimentação, manuseio e armazenagem, que atua de forma


integrada para reduzir ao mínimo o menor tempo de atracação do navio no Porto de Natal.

Constatou-se nas entrevistas que na percepção há um desafio complexo e difícil de ser


superado que diz respeito ao transporte rodoviário para o Porto de Natal. As cargas precisam
cruzar o centro da cidade, os horários para movimentação são limitados em 08 horas diárias e
na chegada ao entorno do porto as movimentação e manobras dos veículos carregados são
dificultadas, pois além das vias serem estreitas, há um transtorno no Portão Sul de acesso ao
porto, onde automóveis possuem autorização para permanecerem estacionados, chegando ao
ponto de causar acidentes e atrasos na recepção e expedição de cargas. Outro desafio na
opinião dos gestores operacionais é a falta de espaço para movimentação de cargas, situação
esta, que poderia ser resolvida com a demolição do armazém frigorifico que está desativado,
possibilitando a utilização do local, que fica próximo a faixa do cais facilidade nas manobras
e consequente redução de custos de movimentação dentro do porto, abrindo também espaço
para um novo depósito.

Verificou-se nas entrevistas que todas as percepções dos agentes, que atuam direta ou
indiretamente na gestão operacional do Porto de Natal convergem na direção da necessidade
de melhorias sistêmicas na infraestrutura e também para o aumento da capacidade de
movimentação e armazenagem de cargas, com vistas a um desempenho superior da logística
portuária, corroborando com o preconizado por KEEDI (2004), SANTOS (2015) e VIEIRA
(2015).

5. Considerações finais

Constatou-se na pesquisa que as operações portuárias no Porto de Natal funcionam, mas que
há desafios simples a serem superados, como por exemplo, a limpeza e manutenção dos
armazéns, que causam transtorno para os exportadores e importadores, pela falta de
higienização e autorização da Vigilância Sanitária para os armazenamentos das cargas. Há
também os mais complexos como as obras de modernização dos espaços para armazenagem e
aquisição de equipamentos mais avançados para a movimentação de contêiner (guindaste em
terra) para maior agilidade e alternativa operacional na movimentação de mercadorias no
Porto de Natal.

11
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

É possível concluir que melhorias sistêmicas como a de infraestrutura física (saneamento,


novo berço, novo pátio, mudanças nas vias do entorno do Porto Organizado) envolvem
projetos complexos e financiamentos que dependem de articulação política, tempo e
superação burocrática entre poderes públicos. Constatou-se também que a CODERN possui
projetos para implantar soluções para parte considerável dos entraves do Porto, mas por falta
de investimento e de políticas públicas o avanço é lento. Conclui-se que sem a implantação de
melhorias na infraestrutura a tendência é de queda na eficiência operacional do Porto de Natal
implicando na perda de competitividade da logística portuária, concordando com VIEIRA
(2015) e Magalhães (2011).

Em função das entrevistas conclui-se que o Porto de Natal possui capacidade gerencial e
operacional, bem como condições competitivas básicas para continuar contribuindo para o
desenvolvimento socioeconômico do Estado, mas seu potencial encontra-se limitado em
ofertar melhores serviços a exportadores e importadores por questões burocráticas e de falta
de investimentos. Neste sentido conclui-se, também com base na opinião dos entrevistados,
que o Porto de Natal possui condições para ampliação do seu escopo operacional, o que
poderia ser dinamizado pela entrada de uma linha de navegação de cabotagem, pois o Porto
apresenta a vantagem de operar abaixo do limite da capacidade, em grade parte do ano, e ser
considerada uma instalação pequena (quando comparado aos Portos de Suape/PE e
Pecen/CE), na qual praticamente não há filas de espera, que geram grandes
congestionamentos e atrasos nos embarque e desembarque de mercadorias.

A pesquisa limitou-se a verificar a percepção gerencial da gestão das operações no Porto de


Natal. Questões como o dimensionamento das necessidades de equipamentos e melhorias das
condições viárias e de acomodação de transito de cargas no entorno do porto, bem como
aspectos econômicos e financeiros relacionados a projetos estruturantes das operações são
oportunidades relevantes para pesquisas futuras.

REFERÊNCIAS

ALICE. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior. Disponível em <


http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em 26 ago 15.

BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: Transportes, administração de materiais e distribuição física.


1. Ed. – 28.reimpr. - São Paulo: Atlas, 2013. 388 p.

12
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

BANDEIRA, Denise Lindstrom. Alocação e movimentação de contêineres vazios e cheios: um modelo


integrado e sua aplicação. 2005. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,
julho de 2005.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial – o processo de integração da cadeia de
suprimento. 1. Ed. – 5. reimpr. - São Paulo: Atlas, 2007. 594 p.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. COOPER, M. Bixby; BOWERSOX, John C. Gestão logística da
cadeia de suprimentos. 4. Ed. – [ebook. ] – Porto Alegre: Amgh, 2014.

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em . Último acesso 20


Ago. 2015.

BUSTAMANTE, José de C. Terminais Multimodais de Carga. Apostila. Instituto Militar de Engenharia 2001.

CARVALHO, José Meixa Crespo de - Logística. 3ª ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002.

CODERN. Cia docas do Rio Grande do Norte: Autoridade portuária. Disponível em:
http://codern.com.br/porto-de-natal/. Último acesso: 06 Set 2015

CHING, Hong Yuh; Gestão de estoque na cadeia de logística integrada: Supply chain. 4. Ed. – São Paulo :
Atlas, 2010. 237 p.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2003.

FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comércio Exterior: Visão e Experiência brasileira. São Paulo:
Atlas, 2007;

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br > Acesso em: 11 set.
2015

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitividade. 2. ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2004. 174 p.

LAKATOS, E.M; MARCONI, M.A..Técnicas de Pesquisa: 7.ede.São Paulo: Atlas, 2010. 277p.

LEI nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Disponível em: <


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em: 05 ago. 2015.

LEI nº 12.815, de 5 de junho de 2013. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-


2014/2013/Lei/L12815.htm>. Acesso em: 05 ago. 2015

MAGALHÃES, Petrônio Sá Benevides. Transporte marítimo: Cargas, navio, Portos e terminais. São Paulo:
Aduaneiras, 2011. 1- 20 p.

MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Curso de Direito Marítimo. v.2. Barueri: Manole, 2008.

SANTOS, E.L.N.; ARAÚJO, R.S.B.; NASCIMENTO, P.V. DO; FILGUEIRA, J.M. A logística na exportação
da indústria do pescado no Rio Grande do Norte. EmpíricaBR - Revista Brasileira de Gestão, Negócio e
Tecnologia da Informação. V.1, P.55-63, 2015.

NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição: Estratégia, Operação e


Avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

RIBEIRO, Cabral, et. al. Uso de Tecnologia da Informação em Operações Logísticas de Armazenagem.
Revista de Administração da Unimep, vol. 3, núm. 3, septiembre-diciembre, 2005, pp. 132-152 Universidade
Metodista de Piracicaba São Paulo, Brasil

13
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

VIEIRA, Guilherme Bergman Borges. Transporte internacional de cargas. 2. ed. 5. reimp. São Paulo:
Aduaneiras, 2011. Disponível em: http://esalqlog.esalq.usp.b r/files/biblioteca/745.pdf 18/02/2014 .Último em:
23 jun. 2015.

14

Você também pode gostar