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1. Introdução
Estrategicamente o Rio Grande do Norte foi uma das alternativas escolhidas pelos
exportadores para escoar sua produção, principalmente o setor da fruticultura, produzida no
interior do Estado, por ter uma localização geograficamente estratégica, reduzindo os custos
da logística e facilitando o transporte ao mercado europeu, principal destino de cargas. O
Porto de Natal tem um planejamento operacional especifico, em função da linha regular das
rotas dos navios vindo e voltando da Europa, basicamente em forma de círculo, onde se inicia
as exportações e finaliza o ciclo com as operações descarregamento das importações e em
seguida iniciando novamente o ciclo, podendo ser considerado um porto terminal.
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Na visão Keedi (2004, p. 23) “A atividade de comércio exterior é aquela na qual se faz
a compra, venda e troca de bens e serviços, bem como de circulação de capitais e de mão-de-
obra entre os países”. Esta é a realidade estabelecida no comércio de frutas tropicais do Rio
Grande do Norte, exportadas pelo Porto de Natal.
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3. Metodologia
Optou-se por um estudo de caso. A pesquisa foi restrita a Companhia Portuária da cidade de
Natal, no Estado do Rio Grande do Norte e aos Órgãos que atuam em conjunto com a
Companhia dentro do Porto Ampliado. Segundo Fachin (2003) o método do estudo de caso é
o processo de investigação intensiva que leva em consideração, principalmente a
compreensão, como um todo, do assunto investigado.
O principal objeto de pesquisa foi o ambiente operacional da CODERN na visão dos gestores
com esse envolvidos. Os dados foram coletados por questionários em visitas técnicas. Foram
feitas entrevistas semiestruturadas, ou seja, que tem um roteiro pré-definido, Utilizou-se da
aplicação de questionário, de acordo com Lakatos (2010, p. 86) "[...] instrumento de coleta de
dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito sem a presença do entrevistador". A estrutura básica encontra-se na Figura 1.
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Na pauta exportadora do RN, entre os dez principais produtos comercializados pelo estado
para o mercado internacional, os melões e as castanhas de caju permanecem liderando a lista,
ano após ano, conforme Figura 2.
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O Porto de Natal recebe em média quatro navios porta-contêineres por mês, sendo eles
atracados nos finais de semana, entre as sextas e os domingos. Os principais produtos
(commodity) que são exportados através do Porto no estado do Rio Grande do Norte são
frutas, constituindo a maioria de melão (fresh melons) e manga (mangoes), transportados em
contêineres refrigerados para manter a qualidade da fruta, no período de transporte terrestre e
marítimo.
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empresa que possui escritório dentro do Porto, que é responsável por escalar os encarregados
de capatazia e operadores de máquinas, que fazem parte do OGMO - Órgão Gestor de Mão-
de-Obra do Trabalho Portuário Avulso, do Porto Organizado de Natal e a convocação da
transportadora contratada Transparceiro Logística de Container que faz, em conjunto com os
guindastes do navio e as empilhadeiras, a função de descarga, embarque e remoção de CNTRs
na operação do navio.
No terminal Portuário de Natal não há guindaste em sua infraestrutura, logo os navios que
atracam e transportam Cntrs, necessariamente em suas estruturas tem que apresentar lanças
que farão o deslocamento dos Cntrs de dentro para fora e de fora para dentro da embarcação.
De acordo com a quantidades de Cntrs que chegam nos navios ou a quantidade que há para
embarcar, é selecionada a equipe de capatazia e a quantidade de equipamentos a serem
utilizados, normalmente funcionam 06 (seis) carretas e 02 (duas) empilhadeiras que fazem a
movimentação em terra. Para cada lança/Guindaste são necessárias 03 (três) carretas que
fazem o manuseio de Cntrs para otimizar o tempo, em grande parte das operações realizadas
no terminal portuário são utilizados dois guindastes e o termo usado para designar tal
agrupamento é; terno.
No Porto há uma linha regular semanal internacional de contêineres, que conta com apenas
um navio, do qual depende toda a exportação da produção e importação do estado. Há
também a condicionante sazonalidade. Um navio graneleiro de trigo atraca periodicamente no
Porto de Natal, mas trata-se de uma atividade dedicada.
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No período da pesquisa de campo constatou-se que eram usadas duas empilhadeiras, por
conta do pequeno volume movimentado. Na opinião dos entrevistados estas suprem as
necessidades, mas informaram que, no caso de aumento expressivo de volumes, pela entrada
eventual de outros navios, com escala no Porto, seria de grande valia um maior investimento
da CODERN para aquisição de mais equipamentos de movimentação de carga. Um destes
equipamentos pode ser visto na Figura 4.
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verificou-se que não existe uma higienização adequada do espaço de armazenamento, nem
área refrigerada para receber e acomodar cargas que exigem baixas temperaturas. A
profissional informou que, as fiscalizações são feitas em uma área externa ao armazém, mas
interna ao Porto, expondo, às vezes, o exportador a situação desconfortável, visto que este
procedimento exige disponibilidade de um local que atenda as normas para o recebimento dos
produtos importados e para exportação (ver Figura 4).
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Verificou-se nas entrevistas que todas as percepções dos agentes, que atuam direta ou
indiretamente na gestão operacional do Porto de Natal convergem na direção da necessidade
de melhorias sistêmicas na infraestrutura e também para o aumento da capacidade de
movimentação e armazenagem de cargas, com vistas a um desempenho superior da logística
portuária, corroborando com o preconizado por KEEDI (2004), SANTOS (2015) e VIEIRA
(2015).
5. Considerações finais
Constatou-se na pesquisa que as operações portuárias no Porto de Natal funcionam, mas que
há desafios simples a serem superados, como por exemplo, a limpeza e manutenção dos
armazéns, que causam transtorno para os exportadores e importadores, pela falta de
higienização e autorização da Vigilância Sanitária para os armazenamentos das cargas. Há
também os mais complexos como as obras de modernização dos espaços para armazenagem e
aquisição de equipamentos mais avançados para a movimentação de contêiner (guindaste em
terra) para maior agilidade e alternativa operacional na movimentação de mercadorias no
Porto de Natal.
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Em função das entrevistas conclui-se que o Porto de Natal possui capacidade gerencial e
operacional, bem como condições competitivas básicas para continuar contribuindo para o
desenvolvimento socioeconômico do Estado, mas seu potencial encontra-se limitado em
ofertar melhores serviços a exportadores e importadores por questões burocráticas e de falta
de investimentos. Neste sentido conclui-se, também com base na opinião dos entrevistados,
que o Porto de Natal possui condições para ampliação do seu escopo operacional, o que
poderia ser dinamizado pela entrada de uma linha de navegação de cabotagem, pois o Porto
apresenta a vantagem de operar abaixo do limite da capacidade, em grade parte do ano, e ser
considerada uma instalação pequena (quando comparado aos Portos de Suape/PE e
Pecen/CE), na qual praticamente não há filas de espera, que geram grandes
congestionamentos e atrasos nos embarque e desembarque de mercadorias.
REFERÊNCIAS
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