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Teoria contingencial

A Teoria Contingencial “é uma abordagem que reúne conceitos da teoria


dos sistemas acerca da interdependência e da natureza orgânica
da organização, além de considerar seu caráter adaptativo e
aberto, que exige flexibilidade para adaptação constante e para a busca
de equilíbrio entre as necessidades internas e a situação ambiental externa.
Busca unir teoria e prática e explica que não existe nada que seja absoluto nos
princípios gerais da administração, tudo é relativo, e depende das circunstâncias”.
Enfim, é um modelo para a adaptação das práticas administrativas às
condições do ambiente organizacional (MORAES; FRANCO, 2009, p. 27).
Assim, “a Teoria da Contingência enfatiza que não há nada de
absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é
relativo. Tudo depende”.

Nesse contexto, existe uma relação funcional entre as condições do ambiente


(variáveis independentes) e as técnicas administrativas (variáveis
dependentes). Não é uma relação de causa e efeito, pois o ambiente não causa a
ocorrência de técnicas administrativas, somente a impacta. Retomando a relação
funcional, esta é do tipo “se-então”, em que as técnicas administrativas
apropriadas em relação funcional às condições contingenciais podem levar
para a eficácia no alcance dos objetivos organizacionais (CHIAVENATO, 2014a,
p. 502).
O surgimento da Teoria da Contingência está ligado aos resultados de “pesquisas feitas
para verificar os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados
tipos de empresas”, as quais investigaram se a eficácia organizacional estava associada
aos pressupostos da Teoria Clássica. Mas os resultados indicaram um novo caminho. Na
nova concepção, “a estrutura da organização e o seu funcionamento são
dependentes da interface com o ambiente externo". Dessa forma,
comprovaram que não existe um único e melhor jeito (the best way) de se
organizar as empresas.

Essas pesquisas procuraram compreender e entender o funcionamento das empresas sob


condições variadas, conforme o ambiente ou contexto em que a empresa opera, a partir
das oportunidades e das ameaças que influenciam a estrutura e os processos internos
das empresas, por isso foram consideradas pesquisas contingenciais (CHIAVENATO,
2014a, p. 502).
Pierre du Pont, no início do século XX, inovou ao implantar técnicas de administração,
finanças e operações. Em 1904, Pierre criou o comitê executivo responsável pelo
planejamento estratégico, definindo objetivos de longo prazo, lucro, direção a seguir e
políticas básicas e monitoramento da concorrência e de melhoria do posicionamento
estratégico da companhia.

Ao assumir a presidência da DuPont em 1915, promoveu a expansão da


companhia do setor químico e criou uma estrutura organizacional
hierárquica e centralizada, desenvolveu técnicas de contabilidade e previsão
de mercado, adotou estratégias de diversificação e investiu em pesquisa e
desenvolvimento, o que era bastante moderno para aquela época.
Também introduziu o princípio do retorno sobre o investimento, conhecido como
fórmula DuPont. Em 1921, adequou a estrutura organizacional
descentralizando as decisões por meio da linha de gerência, que conferia
autonomia aos gerentes das divisões da companhia, sem prejudicar o
consenso sobre as diretrizes gerais da empresa (MAXIMIANO, 2010, p. 122-
123).

Esse modelo é ideal para agilizar respostas às mudanças em cada área, porque os
gerentes têm autonomia, enquanto a cúpula controla os resultados por meio de
relatórios, o que reduz a necessidade de retirar os gerentes de suas funções
constantemente.
Chandler foi o responsável por pesquisar a DuPont e a General Motors. Também investigou
a Standard Oil Co. e a Sears Roebuck & Co, “relacionando-as com a estratégia de
negócios para demonstrar como a estrutura dessas empresas foi sendo
continuamente adaptada e ajustada à sua estratégia”.

A estrutura organizacional corresponde ao desenho da organização, isto é, a forma


organizacional que ela assumiu para integrar seus recursos, enquanto a estratégia
corresponde ao plano global de alocação de recursos para atender às demandas do
ambiente.
Para Chandler, as grandes organizações passaram por um processo histórico que envolveu
quatro fases distintas” (CHIAVENATO, 2014a, p. 502-504):

1. Acumulação de recursos: em um momento pós-guerra, surge o conceito de integração


vertical para a economia de escala, em que as empresas ampliaram suas instalações de
produção, organizam uma rede de distribuição e adquirem fornecedores detentores do
mercado de seus insumos, ocasionando o crescimento da área de compras;

2. Racionalização do uso dos recursos: o acúmulo excessivo de recursos e de pessoal


decorrente da integração vertical demandou novas formas de organizar e, como os lucros
dependiam da racionalização da empresa, as empresas passaram a adotar
estruturas com forte relação com o processo gerencial focado no controle de
produção e de custos;

3. Continuação do crescimento: com o aumento da competitividade, as gigantes indústrias


buscaram a diversificação e a inovação dos produtos, fazendo surgir a área de pesquisa e
desenvolvimento de produto, engenharia de produto e desenho industrial; facilitando a
4. Racionalização do uso de recursos em expansão: o foco passa para as atividades
mercadológicas para abranger novos produtos e novos mercados, facilitando a estrutura
divisional para lidar com o novo contexto.
Já a pesquisa de Burns e Stalker, em 1960, buscou compreender dois tipos de
organização: mecanísticas e orgânicas, conforme você observa na Figura abaixo :
(CHIAVENATO, 2014a, p. 504-506):
A mudança ambiental é o principal evento dos ajustes na estrutura organizacional, então,
“diferentes ambientes levam as empresas a adotar diferentes estratégias”, as
quais exigem estruturas organizacionais diferentes. Dessa forma, a estratégia define a
estrutura organizacional (CHIAVENATO, 2014a, p. 503).

Algumas características do desenho mecanístico são baseadas nas premissas de


racionalidade da estrutura, com divisão do trabalho, burocracia, centralização da tomada
de decisão, hierarquia rígida e ênfase nos princípios universais da Teoria Clássica. Já no
desenho orgânico, as principais características são pautadas na flexibilidade com
pouca divisão do trabalho, forte interação humana, descentralização, base no
conhecimento das pessoas e ênfase nas premissas da Teoria de Sistemas (CHIAVENATO,
2014a, p. 504-505).
Por fim, Lawrence e Lorsch marcaram o surgimento da Teoria da Contingência em 1967,
cuja pesquisa procurou identificar “as características que as empresas devem ter para
enfrentar com eficiência as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado” e
concluíram que “os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e a
integração”, de forma que todas as organizações têm as seguintes características: (i)
diferenciação, em que a empresa é dividida em subsistemas (departamentos) que
respondem somente para a parte do ambiente relacionada às suas atividades; e (ii)
integração, em que as pressões do ambiente externo exigem esforços e coordenação entre
os vários departamentos (CHIAVENATO, 2014a, p. 506-507).

Sendo assim, os aspectos da Teoria da Contingência são: (i) a organização é de natureza


sistêmica; (ii) as características organizacionais interagem entre si e com o ambiente; e
(iii) as características ambientais são as variáveis independentes e as características
organizacionais são variáveis dependentes.
Vídeo- Organizações mecanicistas X organizações orgânicas

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