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2.

1 – A fixação do
território

Módulo 2
1.2.1. A
Reconquista
Cristã
A autonomização e independência de Portugal

A Península Ibérica, foi alvo de


uma série de invasões, de
romanos, de germânicos e de
muçulmanos.

O reino de Portugal vai surgir


num contexto de expansão
demográfica, económica, social e
religiosa, entre os séculos XI e
XIII, e inserido no movimento de
Reconquista.
12 A
A Península
Península Ibérica
Ibérica (séc.
(séc. IV-VI). 
a.C.).

Percursos da História 10º ano | 1. O espaço português - segunda parte


A autonomização e independência de Portugal
A partir de 711, os muçulmanos, comandados
por Tariq, invadem e ocupam grande parte da
Península Ibérica, chegando mesmo a atacar
o reino dos Francos, sendo derrotados, em
Poitiers, por Carlos Martel (732).
Perante a invasão muçulmana, os Cristãos
refugiaram-se nas Astúrias, a norte da
Península Ibérica, onde criaram um núcleo
de resistência.
Foi em 722, na Batalha de Covadonga,
liderada por Pelágio, que teve início o
processo de Reconquista Cristã e é neste A Península Ibérica (séc. VIII). 
contexto de expansão que vai surgir o
Condado Portucalense.
A autonomização e independência de Portugal

A Reconquista Cristã insere-se


no contexto das Cruzadas e…
 foi um processo feito de
avanços e recuos, que se
desenvolveu de norte para sul
da Península Ibérica;
 terminou no território ibérico
em 1492, com a conquista do
reino muçulmano de Granada.

DURANTE O PROCESSO
DA RECONQUISTA,
FORMARAM-SE DIVERSOS
REINOS CRISTÃOS.
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A autonomização e independência de Portugal
É no reinado de Afonso VI, rei de Leão, que chegam à Península Ibérica, D.
Raimundo e D. Henrique, cavaleiros borgonheses, imbuídos do ideal de guerra de
cruzada.
• Casa com D. • Casa com D.
Urraca, filha Teresa, filha
legítima de ilegítima de
Afonso VI; Afonso VI;

• Recebe o • Recebe o
condado da condado
Galiza. Portucalense.

1 Afonso VI de Leão. 2 D. Raimundo. 3 D. Henrique.

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A autonomização e independência de Portugal

O Condado Portucalense foi instituído no âmbito de


um contrato feudo-vassálico que compreendia uma
unidade política que se estendia do rio Minho ao rio
Mondego.

Em 1112, D. Henrique morre passando a administração


do condado para a sua mulher D. Teresa. A sua
proximidade a Fernão Peres de Trava, e ao condado da
Galiza, vai levar ao conflito com a nobreza
portucalense.

1 Condado Portucalense (território à morte de D. Henrique).

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A autonomização e independência de Portugal
D. Afonso Henriques e a independência de Portugal
- principais etapas

• Em 1128, com o apoio militar da nobreza


portucalense, vence a Batalha de São Mamede,
derrotando as forças leais a D. Teresa e assume o
governo do condado.

• Em 1139, lidera as forças cristãs contra


os contingentes muçulmanos e depois da vitória
na Batalha de Ourique, passa a usar o título de
Rex.
1 D. Afonso Henriques.

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A autonomização e independência de Portugal
D. Afonso Henriques e a independência de Portugal
- principais etapas

• Na conferência de Zamora (1143) D. Afonso VII


reconhece D. Afonso Henriques como rei e Portugal
como reino. 

• Conquista rápida de várias cidades, destacando-se o


controlo da linha do Tejo com a tomada de Lisboa e
Santarém em 1147.

• Consolidada a linha do Tejo, as conquistas continuam


para sul, porém, os almóadas recuperam esses
1 Reconquista no reinado de
D. Afonso Henriques. territórios.
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A autonomização e independência de Portugal
D. Afonso Henriques e a independência de Portugal
- principais etapas
• O reconhecimento oficial do reino, pela Santa Sé, chega, em 1179, com a
bula Manifestis probatum pelo papa Alexandre III. 

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A autonomização e independência de Portugal

Estabilização das fronteiras de Portugal

• D. Sancho I (1154-1211) promove o povoamento


do território, entre o Minho e o Mondego, com a
concessão de forais.

• D. Afonso II (1185-1223) promove uma política de


consolidação do poder régio.

• No reinado de D. Sancho II (1209-1248), o


Alentejo é integrado no reino de Portugal.

21 Reconquista no reinado de D. Sancho I.


II.
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A autonomização e independência de Portugal

Estabilização das fronteiras de Portugal

• A Reconquista termina, no início do reinado de


D. Afonso III (1210-1279), com a tomada do
Algarve (1249-50).

• O rei D. Dinis (1261-1325) liderou o processo que


conduziu ao Tratado de Alcanices (1297), que
estabelece as fronteiras luso-castelhanas.

21 Fronteiras
Reconquistadono
Tratado
reinado
dede
Alcanices.
D. Afonso III.
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2.2 – O país rural e
senhorial

Módulo 2
O país rural e senhorial
Durante a Reconquista, os reis Como estava organizado o território?
ibéricos estabeleceram laços de
As concessões de terras originaram formas
vassalidade com a nobreza e o distintas de ocupação
clero com o objetivo de
organizar a defesa, administrar o
território e promover o Rei Reguengos
repovoamento.
A origem dos senhorios remonta Senhorios
Clero
à apropriação de terras Eclesiásticos
(coutos)
recuperadas pelos Cristãos – Nobreza
Laicos (honras)
direito de presúria. Outros
surgiram das frequentes doações
Comunidades
territoriais feitas pelo rei como Concelhos
populares
recompensa dos serviços
prestados.
O país rural e senhorial
Localização dos senhorios:
 Reguengos – pertencem ao rei e remontam à apropriação do território aquando das
Reconquista, encontrando-se espalhados por todo o país;

 Honras - encontravam-se, sobretudo no norte onde as famílias nobres se tinham


instalado nos mais antigos territórios conquistados aos muçulmanos. Têm origem em
doações régias ou apropriações indevidas praticadas pelos senhores. Estes senhorios
identificavam-se pela presença de um castelo, torre ou solar.

 Coutos – Encontravam-se também no norte, mas os de maiores dimensões


encontravam-se no centro e sul, nas mãos das ordens religoso-militares dos
Templários, Hospitalários, de Calatrava/Avis e de Santiago da Espada. Têm origem
nas doações régias e heranças. Identificavam-se com a presença de um mosteiro,
uma Sé Catedral ou mesmo de um castelo no caso das Ordens Religioso-Militares.
Eram as maiores propriedades do país.

Senhorios laicos e eclesiásticos

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O país rural e senhorial
O exercício do poder senhorial: privilégios e imunidades
Privilégios:
Os senhores exerciam não só poderes económicos ou direitos dominiais, mas
também políticos ou públicos denominados de direitos senhoriais, sobre os
habitantes do senhorio. Estes poderes públicos, que correspondiam ao poder banal
(bannus) e traduziram-se nos seguintes privilégios:

• Possuir armas e comandar os exércitos de cavaleiros e peões armados e recrutar


homens para a guerra (comando militar);

• O senhor aplicava a justiça aos homens dos seus territórios, exceto as penas de
morte e talhamento de membros e cobrava multas judiciais relativas ao exercício
da justiça;

• Cobrar exigências fiscais às populações do seu território (rendas, corveias,


banalidade, peagens e portagens), ao mesmo tempo que estavam isentos de
pagar impostos ao rei.
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O país rural e senhorial
A posse da terra era um símbolo de poder. Entre os direitos aplicados sobre o domínio, os senhores tinham
direito:

• Foro, ou renda - pago pelo camponês em troca do aluguer da terra;


• Jeiras ou corveias – trabalho gratuito na terra do senhor;
• Banalidades – pagamento que se fazia pelo uso dos instrumentos agrícolas e dos meios de produção
– o moinho, o forno ou o lagar;
• Aposentadoria e jantar – direito do senhor ser recebido e alimentado quando circulava pelo
senhorio.
• Anúduva - direito de o senhor exigir a participação dos dependentes na reparação de construções;
• Carraria – obrigação dos dependentes de transportarem géneros em favor do senhor;
• Lutuosa ou manaria – pagamento feito pelos camponeses aquando da transmissão dos bens por
morte.
• Fossado – recrutamento de homens para o exército.
• Fossadeira – pagamento pela isenção de acompanhar o senhor no fossado.
O país rural e senhorial
O exercício do poder senhorial: privilégios e imunidades
Imunidades:
O poder público dava ao senhor o direito de imunidade, o qual impedia os
funcionários régios de entrar e exercer funções militares, judiciais e fiscais nos
senhorios e concedia a isenção de pagamento de impostos à Coroa. Ao contrário
de outros reinos da Europa medieval, a monarquia portuguesa não abdica de
todos os poderes, embora partilhe parte deles com os grandes senhores do clero
e da nobreza. A concessão de imunidade aos senhores fez-se através:
• De uma carta de couto, palavra que se vulgarizou para designar os
senhorios eclesiásticos;

• Da atribuição do poder público a um nobre, que se considerava honrado


por o monarca nele delegar a administração dos territórios ou castelos.
Daí o seu território ser designado por honra;

• Do exercício abusivo do poder público por parte dos senhores que se


apoderavam de terras da cora (reguengos) ou de lavradores
(herdamento).
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O país rural e senhorial
A exploração económica do senhorio
Os domínios senhoriais em Portugal, tal como os senhorios europeus, eram compostos por duas áreas distintas:

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O país rural e senhorial
A exploração económica do senhorio
Os domínios senhoriais em Portugal, tal como os senhorios europeus, eram compostos por duas áreas distintas:

• A reserva conhecida como quintã (nobreza) ou granja (clero), era composta por várias dependências.
Era o local de habitação do senhor e onde se localizava a igreja. Incluía celeiros, moinhos, lagares, fornos
e estábulos. Continha ainda pequenas parcelas agrícolas para exploração direta que serviam o senhor e os
seus familiares. Não era o senhor que trabalhava diretamente na terra, mas os seus dependentes, que
prestavam serviços obrigatórios ou gratuitos – as jeiras que equivaliam às corveias europeias – durantes
determinados períodos de tempo contratualizados por ambas as partes.

• Os casais (iguais aos mansos europeus) eram unidades de exploração arrendadas através de um contrato
que podia ser perpétuo ou por duas ou três vidas/gerações aos dependentes, habitualmente famílias. O
espaço incluía a habitação familiar, compartimento para criação de gado e celeiro para produtos agrícolas
e as alfaias. As rendas variavam de acordo com a riqueza do solo e com o seu aproveitamento. No caso
das propriedades eclesiásticas, o clero ainda tinha o direito de cobrar a dízima, equivalente a 10% da
produção bruta.
O país rural e senhorial
A situação social e económica das comunidades rurais dependentes
Nos seus territórios, a nobreza e o clero controlavam uma multiplicidade de pessoas os dependentes:
• Os herdadores possuíam terra própria, herdada dos seus antepassados. Até ao século XIII, as suas
propriedades, os alódios, não estavam sujeitas ao pagamento de direitos senhoriais. Porém, uma lei de Afonso
II determinou que todo o homem tinha que depender de um senhor, por isso estes herdadores passam a
dependentes de um senhor, sujeitos ao pagando de direitos senhoriais.

• Os colonos, foreiros, malados ou vilãos eram homens livres que trabalhavam a terra dos senhores através de
contratos que impunham o pagamento de direitos senhoriais. 

• Os servos, ou colonos de origem servil, eram antigos escravos libertados em troca de um censo, a quem o
senhor atribuía casais para exploração agrária. Sujeitos a pesadas prestações, como as jeiras, rendas e outros
tributos, não podiam abandonar as terras dos senhorios nem ser expulsos das mesmas.

• Os assalariados eram trabalhadores sem pouso certo e que apareciam frequentemente pelos senhorios em
épocas de trabalhos específicos mais intensos e por lá permaneciam durante o tempo em que eram
necessários.
• Os escravos eram cativos mouros, empregues em trabalhos domésticos, artesanais ou agrícolas.

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